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DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

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DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

1. Previsão: CTN, art. 113

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.

2. Linha do tempo compacta

HI (hipótese de incidência)– FG (fato gerador) – OT (obrigação tributária) – CT (crédito tributário)

3. Hipótese de incidência

a) Conceito: “É a descrição que a lei faz de um fato tributário que, quando ocorrer, fará nascer a obrigação tributária (obrigação de o sujeito passivo ter de pagar ao sujeito ativo o tributo correspondente)1”.

b) Segundo Cassone, “a lei cria um fato hipotético e enquanto este fato não se realizar, nada ocorre, não há obrigação, pois fica-se apenas no campo das hipóteses2”.

c) Nas lições de Eduardo Sabbag, “caracteriza-se pela abstração, que se opõe à concretude fática, definindo-se pela escolha feita pelo legislador de fatos quaisquer do mundo fenomênico, propensos a ensejar o nascimento do episódio jurídico-tributário”3.

d) Aspectos da Hipótese de Incidência e do Fato Gerador4:

1 CASSONE. Vittorio. Direito tributário. fundamentos constitucionais da tributação, classificação dos tributos, interpretação da

legislação tributária, doutrina, prática e jurisprudência atualizada até a EC nº 42, de 19-12-2003. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p. 277.

2 CASSONE, p. 277.

3 SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. 5ª edição. São Paulo:Saraiva, 2013, p. 684. 4 Cf. CASSONE, p. 278.

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d1) Aspecto pessoal: sujeito ativo (credor da obrigação tributária – União, Estados, Distrito Federal e Municípios – Art. 119, CTN) e o sujeito passivo (o devedor da obrigação tributária – Arts. 121, 122 e 123, CTN).

d2) Aspecto temporal: determina o exato momento em que se considera ocorrido o fato gerador, momento que o legislador escolheu para fazer nascer a obrigação tributária. Ex. ICMS – momento da saída da mercadoria do estabelecimento comercial.

d3) Aspecto espacial: indica o lugar em que terá que ocorrer o fato gerador, dentro dos limites territoriais que o sujeito ativo tem competência tributária. União – território nacional; Estados – território do Estado e Municípios – território do município.

d4) Aspecto material: consiste na descrição que a lei faz do núcleo da hipótese de incidência. Ex.: industrializar produtos, auferir rendas, prestar serviços, etc.

d5) Aspecto quantitativo: É a base de cálculo e a alíquota. A primeira é a expressão de grandeza do aspecto material da hipótese de incidência escolhida pela lei dentre aquelas inerentes ao fato gerador, sobre a qual incidirá a alíquota. Já a alíquota é uma percentagem que incide sobre a base de cálculo para determinação do montante do tributo (está sujeita ao princípio da legalidade tributária).

d) A alíquota também pode ser específica. Segundo AMARO, “o vocábulo ‘alíquota’ (indicativo de quota, parte ou fração) para designar não só o percentual (aplicável sobre a base de cálculo), mas também a cifra (ou valor monetário) que, multiplicada pelo número de unidades de medida do fato gerador, resulta no valor do tributo. Se, por exemplo, a lei previr que, para cada unidade de medida de certo serviço, será pago, como taxa, o valor de 10 reais, essa cifra seria a ‘alíquota’, que, multiplicada pela base de cálculo (número de unidades de medida do serviço público), resultará no quantum do tributo5”.

4. Fato Gerador ou fato imponível

a) É o fato que gera a obrigação tributária. É o fato imponível, o fato que aconteceu e realizou o tipo tributário. Sabbag6 citando os ensinamentos de Geraldo Ataliba ensina que o fator gerador “é a materialização da hipótese de incidência, representando o momento concreto de sua realização, que se opõe à abstração do paradigma que o antecede”.

Ex.: uma pessoa que obter rendimentos tem que pagar Imposto sobre a Renda (IR). Isso é a hipótese de incidência. João da Silva obteve rendimento, tem que pagar Imposto sobre a Renda; este é o fato imponível.

5 AMARO, P. 266.

6 SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 684 apud ATALIBA, Geraldo. Hipótese de

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b) A lei descreve a hipótese de incidência, e ocorrendo o fato gerador imponível, é devido o tributo. Segundo Sabbag, “com a realização da hipótese de incidência, teremos o fato gerador ou fato jurígeno7”. c) Importante destacarmos os ensinamentos de Hugo de Brito Machado8:

“É importante notar que a expressão ‘hipótese de incidência’, embora às vezes utilizada como sinônimo de fato gerador, na verdade tem significado diverso. Basta ver-se que uma coisa é a descrição legal de um fato, e outra coisa é o acontecimento desse fato. Uma coisa é a descrição da hipótese em que o tributo é devido. Por exemplo: a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou de proventos de qualquer natureza (CTN, art. 43). Outra coisa é o fato de alguém auferir renda. Por exemplo: João recebeu dividendos de uma sociedade anônima da qual é acionista”.

d) No Código Tributário Nacional, o fato gerador vem tratado nos artigos 114 à 118:

Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.

Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.

e) O art. 114 do CTN trás o tipo tributário fechado. Só ocorrerá o fato gerador se o fato ocorrido contiver todos os elementos descritos pela Lei, devendo tais elementos, em conseqüência, corresponder rigorosamente à descrição que a lei faz do tipo tributário9. Este, segundo Cassone, é o fenômeno da subsunção10.

f) O fato gerador do tributo é uma situação material descrita pelo legislador: adquirir renda, prestar serviços, importar mercadorias estrangeiras, etc11.

g) Outro exemplo12: O estabelecimento comercial S, no dia 05-10-1989, deu saída, a título de venda, a produtos industrializados na quantia de R$ 500,00 à alíquota de 10%, totalizando a nota fiscal R$ 550,00. Há subsunção? Sim, porque:

g1) aspecto pessoal: sujeito ativo – União e passivo – S; g2) aspecto temporal: 05-10-1989

g3) aspecto espacial: território nacional (IPI é de competência da União);

7 SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 614.

8 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 34ª ed. rev. atual. e ampl. Malheiros Editores: São Paulo, 2013, p.

130/131.

9 CASSONE, p. 280. 10 CASSONE, p. 280. 11 AMARO, p. 263. 12 CASSONE, p. 279.

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g4) aspecto material: industrializar produtos (é fato do gerador do IPI a saída de produtos do estabelecimento industrial);

g5) aspecto quantitativo: base de cálculo – R$ 500,00; alíquota – 10% e tributo – R$ 50,00.

h) CTN, Art. 4º. A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:

I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.

i) Tanto o empréstimo compulsório como as contribuições, por serem gravames finalísticos, não são definidos pelo fato gerador.

j)A lei que antecede o fato gerador é a definida para ser aplicada no momento da cobrança do tributo.

l) Nos termos do art. 118 do CTN, para a incidência do tributo não é relevante a regularidade jurídica dos atos, ou a licitude do seu objeto ou dos seus efeitos, nem é decisivo indagar dos efeitos reais dos fatos ocorridos13. Logo, o advogado ou médico impedido de advogar ou clinicar, mas que acabe prestando os respectivos serviços, não podem invocar tais circunstâncias para furtar-se ao pagamento de tributos que incidam sobre suas atividades, ou sobre a renda que aufiram, a pretexto de que o fato gerador não se aperfeiçoa diante das irregularidades apontadas14.

m) O dispositivo do art. 118 do CTN, traduz o princípio da interpretação objetiva do fato gerador ou o princípio do tributo “non olet”, ou seja, o tributo não tem cheiro.

Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:

I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;

II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.

n) Comentando o artigo 118, leciona Ricardo Lobo Torres: “se o cidadão pratica atividades ilícitas com consistência econômica deve pagar tributo sobre o lucro obtido, para não ser agraciado com tratamento desigual frente às pessoas que sofrem a incidência tributária sobre os ganhos provenientes do trabalho honesto ou da propriedade legítima15”.

13 AMARO, p. 275.

14 AMARO, p. 277.

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o) Já com relação ao art. 126 do CTN, temos que a capacidade tributária passiva é plena.

Art. 126. A capacidade tributária passiva independe: I - da capacidade civil das pessoas naturais;

II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios;

III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica ou profissional.

p) Os menores, os ébrios habituais, os pródigos e os excepcionais, em que pesam não serem totalmente capazes, se tiverem implicações tributárias, ocorrerá a consumação de tributos (inciso I). No mesmo sentido, o falido, o interditado, o réu preso, ou o inabilitado para o exercício de certa profissão, têm capacidade tributária passiva (inciso II).

q) A norma do art. 126, aplica-se tanto no que concerne a deveres como a direitos dos contribuintes, entendendo o STJ que a entidade não formalmente constituída como pessoa jurídica, tem direito garantido de ingressar com o REFIS (REsp 413.865/PR, 1ª T., Rel. Min. Luiz Fux, j. 26.11.2002)16.

4.1 Classificação do fato gerador, sob o ponto de vista de sua ocorrência no tempo:

a) Fatos geradores instantâneos ou simples: “a sua realização se dá num determinado momento de tempo, ‘mediante a prática de um simples fato’, negócio ou operação singular. (...) Para cada ato concretizado no mundo real haverá um fato gerador, ‘uma relação obrigacional tributária autônoma’”17. Exemplos: ICMS, IPI, II, IE, IOF, ITBI, ITCMD, entre outros.

b) Fatos geradores periódicos ou complexivos (complexos): “ ‘ a sua realização se põe ao longo de um espaço de tempo’, portanto não ocorrem hoje ou amanhã, mas sim durante um longo período, ao término do qual se valoriza uma determinada quantia de fatos isolados que, somados, aperfeiçoam o fato gerador do tributo”18. Exemplo. Imposto de Renda.

c) Fatos geradores continuados (ou contínuos): “a sua realização se dá de forma duradoura e estável no tempo; a matéria tributável tende a permanecer, existindo hoje e amanhã. (...), leva um

16 SABBAG, p. 617.

17 SABBAG, p. 689. 18 SABBAG, p. 689.

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período de tempo para se completar. No Brasil, este período é geralmente de um ano”19. Exemplos:

IPTU, IPVA e ITR.

c1) O IPTU, o ITR, o ITBI e o ITCMD tem seu fatos geradores ocorridos no momento em que a lei civil assim determinar.

4.2 Análise dos artigos 116 e 117 do CTN.

Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos:

I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios;

II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.

Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)

Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados:

I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento;

II - sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do negócio.

a) Condição suspensiva: evento futuro e incerto, de cuja realização se faz depender os efeitos do ato. No momento em que se realiza a condição, como no exemplo, doação condicionada a um casamento.

b) Condição resolutória: Evento futuro, incerto e de cuja realização se faz decorrer o desfazimento do ato. “É a condição que subordina a ineficácia do ato ou negócio a um evento futuro e incerto. Por isso, enquanto a condição não se realizar,o ato ou negócio jurídico continua vigorando até que se realize a condição (que é extintiva do direito). Exemplo: C constitui uma renda mensal em favor de D, enquanto D estudar20”. O fato gerador ocorre no momento em que C efetua o pagamento ou o crédito mensal a D21.

19 SABBAG, p. 690/691

20 CASSONE, p. 283. 21 CASSONE, p. 284.

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c) Para a cobrança do imposto de importação, a efetiva entrada do bem no território nacional, adentrando no espaço aéreo brasileiro, seja por terra, pelo mar ou pelo ar, consistente no registro da declaração apresentada pelo importador à repartição alfandegária, para efeito de processamento do despacho aduaneiro da mercadoria importada.

5. Obrigação tributária:

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.

a) “o vínculo que adstringe o devedor a uma prestação em proveito do credor, que, por sua vez, tem o direito de exigir a prestação a que o devedor está adstrito22”. “O objeto da obrigação tributária pode ser: dar uma soma pecuniária ao sujeito ativo, fazer algo (por exemplo, emitir nota fiscal, apresentar declaração de rendimentos) ou não fazer algo (por exemplo, não embaraçar a fiscalização)23”.

b) É uma obrigação que decorre da lei (ex lege), pois independe do concurso de vontade das partes. c) Obrigação principal “é uma prestação designativa do ato de pagar, afeta ao tributo e à multa”24. d) Obrigação acessória “é a prestação positiva ou negativa, que denota atos ‘de fazer’ ou ‘não fazer’, despidos do timbre da patrimonialidade. (...). Exemplos: emitir notas fiscais, escriturar livros fiscais, entregar declarações, não trafegar com mercadoria desacompanhada de nota fiscal, não obstar o livro acesso da fiscalização à empresa (art. 200 do CTN)”25.

e) O que diferencia a obrigação principal da acessória é a circunstância de o seu objeto ser ou não de conteúdo pecuniário (prestação de dar dinheiro)26.

22 AMARO. Luciano. Direito tributário brasileiro. 11. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 245. 23 AMARO, p. 245.

24 SABBAG, p. 701. 25 SABBAG, p. 701. 26 AMARO, p. 248.

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f) “Ocorrido o fato gerador (fato imponível, fato gerador in concreto) previsto em lei, nasce a obrigação tributária principal, a obrigação patrimonial do sujeito passivo que tem por objeto o pagamento de tributo e/ou penalidade pecuniária27”.

g) A obrigação acessória tem por objeto a obrigação de fazer ou não fazer prevista em favor da arrecadação tributária ou da fiscalização de tributos28.

h) A obrigação acessória tributária independe da existência da obrigação principal. Exemplos: isenção e imunidade.

i) A obrigação acessória existe mesmo nos casos de isenção.

j) A obrigação acessória tem fundamento na lei, cujo conceito deve ser interpretado em seu sentido mais amplo possível (CTN, art. 96).

l) O descumprimento de uma obrigação acessória faz nascer uma obrigação principal, com relação à multa (art. 113, § 3º do CTN).

6. Obrigação Tributária

Elementos da Obrigação Tributária: sujeito ativo (CTN, arts. 119 e 120), sujeito passivo (CTN, arts. 121 a 123), o objeto (CTN, art. 113) e a causa (CTN, arts. 114 e 115).

6.1 Sujeito ativo

a) Refere-se ao lado credor da relação tributária, representado pelos entes que devem proceder à invasão patrimonial para a retirada compulsória de valores a título de tributos.

b) CTN, Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir o seu cumprimento.

c) Há dois tipos de sujeitos ativos:

c1) Sujeito ativo direto: União, Estados, Municípios e Distrito Federal, detentores da competência tributária (detentores de capacidade tributária ou poder legiferante de instituição do tributo).

c2) Sujeito ativo indireto: Entes parafiscais – CREA, CRM, CRC, etc, detentores da capacidade tributária ativa (poder de arrecadação e fiscalização de tributo).

d) Não é possível a solidariedade tributária no pólo ativo;

27 CHIMENTI, Ricardo Cunha. Direito tributário: com anotações sobre direito financeiro, direito orçamentário e lei de

responsabilidade fiscal. 12. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 80.

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6.2 Sujeito passivo

a) Referem-se ao lado devedor da relação tributária, representado pelos entes destinatários da invasão patrimonial na retirada compulsória de valores, a título de tributos. O sujeito passivo da obrigação tributária principal está previsto no art. 121 do CTN.

b) O art. 122 do CTN trata da sujeição passiva na obrigação acessória, como sendo a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto.

c) As convenções particulares não podem ser opostas ao Fisco para modificar o sujeito passivo. Tais convenções são juridicamente válidas entre as partes contratantes, na órbita do direito privado, mas não produzem nenhum efeito contra a Fazenda Pública. No contrato de locação, a obrigação de pagar IPTU pode ser atribuída ao locatário, porém, tal convenção é irrelevante para o fisco, que exigirá o pagamento do locador (proprietário).

d) Há dois tipos de sujeito passivo:

d1) Sujeito passivo direto (CTN, art. 121, parágrafo único, I): é o “contribuinte”, ou seja, aquele que tem uma relação pessoal e direta com o fato gerador, a exemplo do proprietário do bem imóvel, quanto ao IPTU.

d2) Sujeito passivo indireto (CTN, art. 121, parágrafo único, II): é o “responsável”, ou seja, a terceira pessoa escolhida por lei para pagar o tributo, sem que tenha realizado o fato gerador. É o caso da fonte pagadora, a quem se atribui a responsabilidade pelo recolhimento do imposto de renda.

e) A capacidade tributária passiva independe da capacidade civil ou comercial das pessoas físicas ou jurídicas. Desta feita, os incapazes para os atos da vida civil (menores, alienados mentais, etc), aqueles que sofrem restrições quanto às suas atividades comerciais ou profissionais e aquelas sociedades que não estão regularmente constituídas podem ser sujeitos passivos de uma obrigação tributária (CTN, art. 126). f) Contribuinte absolutamente incapaz: O menor que recebe do pai, a título de doação, um imóvel urbano, é o contribuinte do IPTU e os pais serão os responsáveis, conforme art. 134, I do CTN; g) Bem imóvel alienado com dívidas de IPTU (CTN, art. 130): o adquirente do imóvel será o responsável pelos tributos referentes ao bem imóvel, ao passo que o alienante, por ter relação direta com o fato gerador, permanece como contribuinte. Tal responsabilidade, por força do parágrafo único do art. 130 do Código Tributário Nacional, não se estende ao arrematante em hasta pública, pois o único ônus que recai sobre o mesmo, é o pagamento do preço do bem imóvel.

h) Bem móvel alienado com dívidas de IPVA (CTN, art. 131, I): o adquirente do veículo será o responsável pelos tributos, enquanto o alienante, por ter relação direta com o fato gerador, permanece como contribuinte.

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i) Fusão, cisão, transformação ou incorporação de empresas (CTN, art. 132): A definição de fusão, cisão, transformação ou incorporação de empresas devem ser buscadas na Lei nº. 6.404/76 (dispõe sobre as sociedades por ações). Neste caso, por força do art. 132, a pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas.

j) A continuação da atividade mercantil (CTN, art. 133): A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato.

Nos termos dos incisos I e II do art. 133 do CTN, a responsabilidade pode ser integral ou subsidiária com o alienante, nos exatos termos:

I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade;

II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.

k) Responsabilidade de terceiros (CTN, art. 134):

Requisitos: a) impossibilidade de o contribuinte realizar a satisfação da obrigação devida, e b) o terceiro relacionado nos incisos do art. 134, tenha participado do ato provocador do fato gerador do gravame.

Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis:

I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;

II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;

V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário;

VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício;

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VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.

l) Sócio-administrador de empresa, com relação à dívida tributária da sociedade (CTN, art. 134, VII c.c. art. 135, III): Os diretores e gerentes de pessoas jurídicas de direito privado são pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de infração de lei (comportamento fraudulento).

6.3 Objeto da obrigação tributária

a) Refere-se à prestação a que deve se submeter o contribuinte ou o responsável.

b) Tal prestação pode ser pecuniária (obrigação principal) ou não pecuniária (obrigação acessória).

c) Obrigação principal: tem por objeto o pagamento de tributo ou de penalidade pecuniária (multa). Representa uma “obrigação de dar”.

d) Obrigação acessória: É a prestação positiva ou negativa, que denota atos “de fazer” ou “não fazer”, despidos do timbre de patrimonialidade, mas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. Exemplos: emitir notas fiscais, escriturar livros fiscais, entregar declarações, não trafegar com mercadoria desacompanhada de nota fiscal, não obstar o livre acesso da fiscalização à empresa (CTN, art. 200). e) Pode acontecer que os contribuintes e responsáveis não estejam obrigados em relação à obrigação principal, no entanto, subsiste a acessória. O descumprimento de uma obrigação acessória faz nascer uma obrigação principal, que nada mais é do que o pagamento da multa (CTN, art. 113, § 3º).

6.4 Causa

A causa da obrigação tributária, ou seja, o vínculo jurídico motivador do liame jurídico obrigacional entre o sujeito ativo e o sujeito passivo, é a legislação tributária (art. 114 e 115 do CTN).

Causa da Obrigação Principal (CTN, art. 114) : Lei Tributária (CTN, art. 97).

Causa da Obrigação Acessória (CTN, art. 115): Legislação Tributária (CTN, art. 96).

7 . Domicílio Tributário

a) É o local onde o sujeito passivo é chamado para cumprir seus deveres jurídicos de ordem tributária.

Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considera-se como tal:

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I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade;

II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento;

III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no território da entidade tributante.

§ 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos deste artigo, considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação.

§ 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior.

a) Regra geral: domicílio de eleição;

b) Na ausência de eleição: aplica-se o art. 127, I, II e III do CTN;

c) Na impossibilidade de aplicação dos artigos citados ou na recusa fundada da administração quanto ao domicílio de eleição, quando impossibilite ou dificulte a fiscalização: aplica-se o art. 127, § 1º, do CTN.

d) Pluralidade de domicílios nos casos de pessoa jurídica, a escolha do domicílio deve ser realizada, observando o seguinte:

e1) a escolha não pode recair em local fora do território da entidade tributante, por motivos óbvios;

e2) no que se refere aos tributos cujo fato gerador se verifica em relação a cada estabelecimento, como acontece, por exemplo, com o ICMS, a legislação específica geralmente exclui essa liberdade de escolha, determinando que o domicílio tributário é o local da sede de cada estabelecimento, que considera, para aquele efeito, contribuinte isolado;

e3) quanto aos tributos dos quais, como no imposto de renda, o fato gerador é apurado em relação à empresa, em sua totalidade, prevalece a liberdade de escolha, limitada, porém, pela regra do § 2º do art. 127 do CTN.

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