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Palavras-chave: Ativos Intangíveis. Nível de Conformidade. Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1) Ativo Intangível.

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Nível de evidenciação dos ativos intangíveis das companhias listadas

nos segmentos Nível 1 de Governança Corporativa e Nível 2 de Governança

Corporativa da BM&F Bovespa

Kelly Regina de Mathias (PUCPR) kellymathias@gmail.com Rafael Maximiano Ferreira (UNIVEL) rafamaxf@gmail.com Resumo

O presente artigo apresenta as principais definições sobre Ativo Intangível, suas regras de divulgação e principais classes de contas do grupo. Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa, que foi conduzida por meio da análise documental do tipo ex-post-facto, nas Demonstrações Contábeis de 44 empresas que estão listadas nos segmentos: Nível 1 de Governança Corporativa e Nível 2 de Governança Corporativa da BM&F Bovespa. O estudo teve como objetivo verificar qual o grau de conformidade da evidenciação do grupo do ativo intangível frente ao que é exigido pelo Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1) – Ativo Intangível e também evidenciar a representatividade do grupo do ativo intangível frente ao ativo total e patrimônio líquido das companhias que compõem a amostra selecionada. Buscou-se também identificar quais classes de Ativos Intangíveis foram evidenciados dentro destes relatórios contábeis e verificar se ocorreu uma evolução no nível de evidenciação do grupo do Ativo Intangível. No que se refere à abordagem temporal, o presente estudo se caracteriza como uma pesquisa de corte transversal e compreendeu os exercícios sociais de 2007, 2008 e 2014 das empresas selecionadas na amostra. Os resultados demonstram que foram utilizadas 17 classes de Ativos Intangíveis para evidenciar os componentes do grupo Ativo Intangível, apresentam também que o segmento Nível 1 de Governança Corporativa apresentou um maior índice de apresentação de notas explicativas, os resultados constataram que ocorreu uma evolução no nível de evidenciação do grupo do ativo intangível em ambos os segmentos de listagem.

Palavras-chave: Ativos Intangíveis. Nível de Conformidade. Pronunciamento Técnico CPC

04 (R1) – Ativo Intangível.

Área Temática: Contabilidade Internacional.

1 Introdução

Com o advento da globalização em meados da década de 1980 as áreas econômicas e empresariais experimentaram um processo de negócios integrados como nunca antes testemunhado. Neste novo cenário adquirir ativos tangíveis ficou relativamente mais fácil, o acesso ao crédito é um dos grandes responsáveis por tal fato. Desta maneira os ativos tangíveis não representam uma vantagem competitiva que seja difícil de copiar (Barney, 1991). No cenário atual a maior vantagem competitiva e econômica das organizações são seus ativos intangíveis, uma vez que os mesmos são únicos.

Ao se considerar este cenário cada vez mais competitivo, as empresas não podem se limitar apenas aos recursos tradicionais (Teece, Pisano & Schuen, 1997), pois possuem a necessidade de se manterem competitivas e atrativas para o mercado, ao mesmo passo, que necessitam rapidamente se adaptarem as mudanças. No entanto, para que tal fato ocorra, é

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2 necessário que tais informações sejam evidenciadas, para demonstrar ao mercado que a empresa sabe administrar e avaliar seus ativos intangíveis.

As empresas vêm buscando cada vez mais novos mercados e novas práticas, para assim atingir novos consumidores e aumentar seus ganhos. A ciência contábil evoluiu ao mesmo passo que as empresas, procurando aprimorar as práticas contábeis existentes, para que assim possa refletir com fidedignidade a situação das entidades e reportar o maior número de informações aos stakeholders.

Para que tal fato se tornasse realidade, a contabilidade mundial nas ultimas 3 décadas, caminha para uma situação de harmonização de suas regras e práticas, uma vez que, somente desta maneira, será possível que os usuários consigam extrair dos relatórios informações que lhe permitam realizar avaliações e comparações entre várias companhias. O Brasil busca se inserir neste contexto, prova disto é o Comitê de Pronunciamento Contábeis (CPC), que foi criado a partir da emissão da Resolução nº 1.055/2005 emitida pelo Conselho Federal de Contabilidade e publicada no dia 25 de outubro de 2005 no diário oficial da união, com o objetivo de realizar a processo de convergência e harmonização dos padrões e normas internacionais da ciência contábil, para a prática que é adotada no país.

O processo de harmonização de padrões e normas contábeis, se insere em um contexto totalmente novo, onde a velocidade das informações e transações são cada vez mais rápidas e eficientes, onde o que uma entidade faz, pode ser facilmente copiado e que de acordo com Rumelt (1998) o negócio desenvolvido por uma empresa deve tanto corresponder, ser adaptado e competir com outras empresas que estejam no mesmo ambiente. Tal fato é o motivo pelo qual os ativos intangíveis ganharam um destaque significativo nas últimas décadas, uma vez que hoje eles são os verdadeiros diferenciais de uma empresa, podendo proporcionar a entidade que o detêm, se bem gerenciados, ganhos acima do que é considerado normal.

Acompanhando o aumento significativo da importância dos ativos intangíveis nas empresas e consequentemente na economia e buscando melhorar o nível de informações a respeito dos ativos intangíveis, o Financial Accounting Standards Board (FASB) emitiu em 2001, o pronunciamento técnico I42, que normatiza o tratamento a ser dado aos ativos intangíveis no mercado norte-americano. Buscando se adequar a ideia do pronunciamento da Fasb, o International Accounting Standards Board (IASB), que é o órgão máximo no contexto de normatização da contabilidade no nível internacional, atualizou em 2004 a International

Accounting Standard (IAS) 38, que passa a utilizar novos métodos de reconhecimento,

mensuração e divulgação de informações referentes aos ativos intangíveis. Em 2008, o Brasil por meio do Comitê de Pronunciamentos Contábeis edita o Pronunciamento Técnico CPC 04 – Ativos Intangíveis, visando à convergência e harmonização das normas e práticas brasileiras aos padrões adotados internacionalmente.

Considerando as normatizações propostas no cenário mundial e no contexto brasileiro quanto aos ativos intangíveis à questão de pesquisa do estudo se concentra em determinar qual o grau de conformidade da evidenciação dos ativos intangíveis nos relatórios contábeis das companhias, considerando-se a obrigatoriedade da adoção do Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1) – Ativo Intangível. Deste modo, o estudo tem como objetivo principal, verificar a representatividade do grupo do ativo intangível frente ao ativo total e o patrimônio líquido das companhias selecionadas. De forma específica se faz necessário no desenvolvimento do estudo reportar quais ativos intangíveis são evidenciados nos relatórios contábeis das companhias, bem como relacionar o percentual de companhias que mencionam informações sobre este grupo por meio de notas explicativas, e analisar o percentual de adequação da evidenciação destes ativos

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3 frente ao que se estabelece no CPC 04 (R1), além de mensurar a existência de evolução no nível de adequação as normas propostas considerando os períodos que são alvos do estudo.

2 Ativo Intangível

Os ativos intangíveis constituem uma das áreas mais complexas da ciência contábil, de acordo com Hendriksen e Van Breda (2009, p. 388) “em parte em virtude das dificuldades de definição, mas principalmente por causa das incertezas a respeito da mensuração de seus valores e de suas vidas úteis”. Joia (2001, p. 62) consegue ir ao cerne dos ativos intangíveis ao dizer que “o ativo intangível é o núcleo do conhecimento. O balanço de uma empresa pode representar um raio-X de como ela está hoje, mas não é ferramenta confiável para perceber seu desempenho num futuro próximo.”

Ao se considerar a complexidade de tal tema, para melhor compreensão do trabalho é necessário que se conceitue o que são ativos intangíveis, segundo Iudícibus (2010, p. 166) Ativos Intangíveis são:

[...] as contas representativas das aplicações de recursos em bens incorpóreos que contribuirão para a formação do resultado de exercício (s) futuro (s).

Martins et al. (2013, p. 317) o definem como:

[...] um ativo como outro qualquer. São agregados de benefícios econômicos futuros sobre os quais uma dada entidade detém o controle e exclusividade na sua exploração. Ocorre que, diferentemente dos ativos tangíveis, que são visivelmente identificados, e contabilmente separados, os intangíveis por sua vez não o são.

Hendriksen e Van Breda (2009, p. 388), definem ativo intangível como:

A palavra intangível vem do latim tangere, ou “tocar”. Os bens intangíveis, portanto, são os bens que não podem ser tocados, porque não têm corpo. Mais formalmente, diz-se que ativos intangíveis são incorpóreos (corpus = corpo).

O Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1) – Ativo Intangível (2010, p. 6) considera que o: “Ativo intangível é um ativo não monetário identificável sem substância física.”.

Schmidt e Santos (2002, p. 14) definem “[...] ativos intangíveis como recursos incorpóreos controlados pela empresa capazes de produzir benefícios futuros.”.

Iudícibus (2004, p. 225) nos apresenta a seguinte definição de ativos intangíveis:

O termo tangível nos significa, literalmente, “perceptível ao toque”, ou seja, capaz de ser possuído ou realizado, real. Kohler definiu os intangíveis como “um ativo de capital que não tem existência física, cujo valor é limitado pelos direitos e benefícios que antecipadamente sua posse confere ao proprietário”.

Os ativos intangíveis constituem um importante subgrupo dentro do grupo do ativo, entretanto ele representa uma área muito complexa dentro da contabilidade, como salienta Hendriksen e Van Breda. Tal fato se origina principalmente pelo motivo de não possuírem substância física, conforme explanam Iudícibus, Martins et al e Schmidt e Santos, os autores também salientam que é requisito mínimo para o reconhecimento, que o ativo intangível possa gerar benefícios econômicos futuros para a entidade.

2.1 Reconhecimento de Ativo Intangível

Compondo um grupo tão representativo na contabilidade, os ativos intangíveis necessitam serem devidamente evidenciados, entretanto para serem evidenciados, necessitam primeiramente serem reconhecidos. O Pronunciamento Técnico CPC 04(R1) – Ativo Intangível

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4 (2010, p. 9), doutrina que além de atender as definições de ativo intangível, a entidade deverá observar os seguintes critérios para reconhecer tais ativos:

21. Um ativo intangível deve ser reconhecido apenas se:

(a) for provável que os benefícios econômicos futuros esperados atribuíveis ao ativo serão gerados em favor da entidade; e

(b) o custo do ativo possa ser mensurado com confiabilidade.

22. A entidade deve avaliar a probabilidade de geração de benefícios econômicos futuros utilizando premissas razoáveis e comprováveis que representem a melhor estimativa da administração em relação ao conjunto de condições econômicas que existirão durante a vida útil do ativo.

Segundo Hendriksen e Van Breda (2009, p. 388) os intangíveis necessitam obedecer a quatro regras para serem reconhecidos: “[...] (a) corresponde à definição apropriada, (b) é mensurável, (c) é relevante, (d) é preciso.”.

Os ativos intangíveis carecem de certas características para que possam ser reconhecidos:

Como qualquer outro recurso que atenda ao conceito de ativo, um intangível, para ser reconhecido contabilmente, deve proporcionar benefícios econômicos futuros por meio de seu emprego nas atividades da entidade que o controla. Esses benefícios podem se materializar para a entidade por meio do incremento da receita de venda de produtos ou serviços ou da redução de custos. (MARTINS et al., 2013, p. 317)

Niyama (2015, p. 79), por sua vez destaca a questão da subjetividade quanto ao reconhecimento dos ativos intangíveis, uma vez que critérios que não são fidedignos poderão ser adotados:

De acordo com o IAS 38 do IASB os ativos intangíveis não devem ser reconhecidos desde que gerados internamente, exceto as despesas de pesquisa e desenvolvimento, pois estas podem ser capitalizadas se cumprirem as condições previstas nesse normativo. As condições elencadas na norma são em si mesmas muitos discutíveis, pois envolvem significativos juízos de valor, a começar pela clara identificação do que seja pesquisa e do que seja desenvolvimento. Todavia as despesas com pesquisa são sempre consideradas gastos do período.

Adotar critérios para o reconhecimento de ativos intangíveis é parte importante da teoria, pois somente com um entendimento coletivo a respeito dos critérios de reconhecimento é que se torna possível a evolução da contabilidade enquanto ciência. Tal fato fica confirmado ao verificar que existe consenso entre os autores, dentre eles, Hendriksen e Van Breda (2009) e Martins et al., compartilham a mesma perspectiva a respeito do assunto, no entanto, Niyama

et al., por sua vez acredita que existam algumas situações que comprometem o correto

reconhecimento dos ativos intangíveis em especial os gastos relativos com pesquisa e desenvolvimento.

2.2 Mensuração de Ativos Intangíveis

O Pronunciamento Técnico CPC 04(R1) – Ativo Intangível (2009, p .9), orienta que “Um ativo intangível deve ser reconhecido inicialmente ao custo.”. Entretanto os ativos intangíveis possuem notória dificuldade em serem mensurados, uma vez que, alguns deles possuem um vínculo muito forte com ativos tangíveis específicos, Hendriksen e Van Breda (2009, p. 391) explanam acerca do referido tema:

Pode ser extremamente difícil medir um ativo intangível. Esse é particularmente o caso quando não são identificáveis e separáveis. Por definição, esses intangíveis são associados a outros ativos, resultando assim no que se denomina um problema de

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custo conjuntos. A solução usual é tratar o intangível como resíduo. Ou seja, calcula-se algum valor para os ativos tangíveis e atribui-calcula-se a diferença entre escalcula-se valor e o valor total do ativo como um todo ao intangível. (Hendriksen e Van Breda, 2009, p. 391)

Szuster et al. (2013, p. 239), elaborou a seguinte definição de custo para os ativos intangíveis adquiridos de forma separada:

O custo do ativo intangível adquirido separadamente inclui: (a) Seu preço de compra, acrescido de impostos de importação e impostos não recuperáveis sobre a compra, após deduzidos os descontos comerciais e abatimentos; e (b) Qualquer custo diretamente atribuível à preparação do ativo para a finalidade proposta.

Hendriksen e Van Breda (2009, p. 392), salientam que quando o ativo intangível é formado internamente, existe uma problemática complexa, para que sua avaliação seja realizada o mais apropriadamente possível:

Quando ativos intangíveis são comprados, individualmente ou como parte de um conjunto de ativos, a determinação do custo é semelhante ao cálculo do custo de instalações e equipamentos em condições similares. Quando são desenvolvidos internamente, porém, o cálculo de seu custo envolve todas as dificuldades consideradas no caso de ativos construídos pela própria empresa, mais alguns problemas próprios.

Adotar critérios de mensuração para ativos e passivos é fator determinante para que a informação contábil cumpra com sua finalidade, entretanto quando se aplica tal conceito nos ativos intangíveis, surgem alguma problemáticas, pois segundo os autores Hendriksen e Van Breda (2009) e Szuster et al (2013), a forma mais segura de se mensurar um ativo intangível é através do seu custo, entretanto este somente pode ser aplicado com confiabilidade quando o respectivo é adquirido através de uma transação de compra, quando o ativo é gerado internamente critérios específicos deverão ser aplicados.

2.3 Evidenciação de Ativos Intangíveis

A evidenciação é parte importantíssima para que a informação contábil seja um instrumento seguro para a tomada de decisão, tal fato se torna mais relevante para os

stakeholders quando tratamos de Ativos Intangíveis, visto que os menos não são visíveis.

Seguindo esta linha de pensamento Avelino et al. (2012, p. 27), destaca a necessidade da evidenciação dos ativos intangíveis:

Nesse cenário, a evidenciação pode ser entendida como um elemento de transparência para a gestão das empresas, uma vez que a divulgação de informações é imprescindível para que os usuários externos conheçam a posição da entidade e se certifiquem de que esta opera dentro dos limites considerados aceitáveis pela legislação, reduzindo, inclusive, a possibilidade de irregularidades e fraudes.

Iudícibus (2004, p. 81), aborda a importância da evidenciação:

Pois se não aplicarmos, corremos o risco de literalmente sepultar o usuário em massa de detalhes pouco matérias, e acima de tudo, pouco relevantes. Aqui é necessário frisar que, embora normalmente os termos materialidade e relevância sejam tratados como sinônimos, existe uma diferença, em certas circunstâncias. Algo pode ser material e irrelevante, embora isto seja raro. Outro fenômeno pode ser considerado imaterial, isoladamente considerado, e ser relevante para alguns usuários.

A abordagem adotada por Carvalho et al. (2009, p. 14) demonstra como é importante à evidenciação das informações ao dizer que: “[...] não há mercado de capitais fortes sem

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6 transparência e sem divulgação, e o mecanismo por excelência da transparência e da divulgação nesses mercados é o conjunto de demonstrações ditas financeiras ou contábeis.”.

Conforme salienta Moura et al. (2014) até a promulgação do Pronunciamento Técnico CPC 04(R1), a evidenciação voluntária era a grande responsável pelo maior nível de divulgação de informação aos investidores. Com a aprovação do Pronunciamento Técnico CPC 04(R1) – Ativo Intangível, foram adotados critérios para o reconhecimento, mensuração e consequentemente foi exigido à divulgação de informações especificas a cerca do referido grupo.

2.4 Principais classes de Ativos Intangíveis

Nesta seção serão elencadas as principais contas do grupo do ativo intangível.

2.4.1 Goodwill

Goodwill é talvez o ativo intangível mais conhecido, e também um dos mais complexo

dentro da contabilidade, ele é um ativo intangível que possui benefícios futuros muito incertos, e não é separável da empresa. Ao se considerar a complexidade de tal ativo apresentaremos as principais técnicas de avaliação aplicáveis.

De forma clara e concisa Iudícibus (2004, p. 229) consegue sintetizar o que o goodwill representa para as entidades e para a contabilidade:

Seja qual for a maneira pela qual tentamos mensurar goodwill, percebemos as grandes dificuldades. Em primeiro lugar, existe o problema da projeção do lucro (ou do fluxo de caixa), não desprezível. Os problemas das taxa e do horizonte são talvez até mais complexos. Apesar de tais subjetivismos, o método da capitalização de lucro que racionaliza esta particular “visualização” do que venha a ser goodwill apresenta um arcabouço conceitual que nos permite delimitar ou sistematizar algo que, necessariamente, deve ser subjetivo, por ser o elemento mais intangível dos intangíveis.

Segundo Martins et al. (2013, p. 318), “[...] o goodwill representa o valor pago pelo controle ou pela parcela da entidade adquirida que supera o valor justo do patrimônio líquido, considerando a participação de não controladores”

Ocorre que mesmo com o suporte teórico e técnico, a avaliação do goodwill, muitas vezes é arbitrário, como salienta Hendriksen e Van Breda (2009, p. 392):

Como foi dito por Chambers, “o goodwill de uma empresa em funcionamento pertence a seus investidores, e não à empresa.” Portanto nem a administração, nem os contadores são capazes de dar uma avaliação correta de goodwill. Contudo, o investidor também não é capaz de alocar logicamente esse valor total da empresa a ativos tangíveis, intangíveis e goodwill.

Martins et al. (2013, p. 319), faz referência a norma brasileira que impede que o

goodwill gerado internamente possa ser reconhecido:

Destaca-se que o ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura ou goodwill gerado internamente não deve ser reconhecido, isso porque não é um recurso identificável ou separável controlado pela entidade. Além deste motivo, o ágio gerado internamente não pode ser mensurado com segurança.

O goodwill apresenta uma problemática própria dentro do grupo dos intangíveis, visto que sua mensuração e reconhecimento são de difícil aferição, Hendriksen e Van Breda, Iudícibus e Martins et al (2013), destacam que o goodwill só deve ser reconhecido quando for adquirido através de uma transação de compra e venda, pois quando tal intangível é gerado

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7 internamente sua mensuração se torna arbitrária, se considerando que o método mais adequado possui relação com projeção de lucros futuros.

2.4.2 Pesquisa e desenvolvimento (P&D)

Quando a empresa realiza pesquisa e desenvolvimento para desenvolver novos produtos ou ainda aperfeiçoar um produto antigo, se espera que esse gasto beneficie os períodos futuros e não somente o período presente. Para tanto os gastos deverão ser capitalizados e amortizados.

Iudícibus (2004, p. 230), assume o seguinte posicionamento com relação aos gastos com pesquisa e desenvolvimento:

Se não for possível antecipar o efeito de tais gastos na geração de receitas futuras do empreendimento, devemos descarregá-los diretamente para despesas. Se, todavia, pudermos identificar projetos bem-sucedidos capazes de gerar receitas futuras, pela mentirização, devemos fazê-lo no caso goodwill negativo e positivo.

Hendriksen e Van Breda (2009, p. 398), enfatizam que a Fasb se posicionou contrária a esta prática, uma vez que o Pronunciamento Número 2, orienta que todo o gasto com pesquisa e desenvolvimento deva ser apropriado como despesa no período corrente, “Essa recomendação apoiou-se na alegação de que não é possível encontrar qualquer relação de causa e efeito entre gastos de P&D e benefícios futuros”. Tal orientação acarreta um grande problema, pois pesquisa e desenvolvimento é deixado muitas vezes de ser tratado como um ativo estratégico para apenas ser observado como uma despesa no período.

Martins et al. (2013, p. 324), assume o mesmo posicionamento dado por Hendriksen e Van Breda (2009) quanto a tais gastos:

Os custos com os aprimoramentos e modificações em produtos existentes que se destinam a mantê-los atrativos no mercado no curso normal das atividades não devem ser ativados, mas lançados diretamente nas despesas.

Niyama (2010, p. 56) por sua vez destaque que é:

Importante enfatizar mais uma vez que a inclusão desses gastos como ativo está vinculada à razoável segurança que contribuirão para a obtenção de benefícios econômicos futuros e que o critério e amortização devem ser obrigatoriamente mencionados em notas explicativas. A incerteza quanto à viabilidade e os períodos contábeis a serem beneficiados constitui principal dificuldade para a capitalização dos gastos com desenvolvimento como um ativo.

Com a leitura, é exequível verificar certa oposição de ideias entre os autores, visto que Hendriksen e Van Breda (2009), Martins et al (2013) e Niyama (2010) defendem a ativação dos gastos com pesquisa e desenvolvimento, desde que fique claro que tais gastos proporcionarão um benefício econômico futuro para a companhia, Iudícibus et al (2004), por sua vez defende a ideia de descarregar todo o volume de gastos com pesquisa e desenvolvimento para o resultado, deste modo se pode chegar à conclusão que tal medida poderá distorcer o resultado, pois o gasto em questão não será consumido em sua totalidade no período em que for incorrido.

2.4.3 Software

Segundo Hendriksen e Van Breda (2009, p. 399), a Fasb permite a capitalização de custos com desenvolvimento de software, entretanto exige que “a empresa tenha demonstrado a viabilidade tecnológica do produto.”.

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8 Vicenconti e Neves (2013, p. 102), orientam que:

Os gastos com aquisição ou produção de logicais (softwares) devem ser classificados no ativo intangível e, portanto, sujeitos à amortização quando se tratarem de programas que tenham vida própria, podendo ser transferidos para outras máquinas e equipamentos ou até para outras empresas.

A regra da Fasb e a conceito de ativação do gasto com o desenvolvimento de software apresentado por Vicenconti e Neves (2013) vão na mesma direção, se destacando que uma é o complemento da outra. Os conceitos apresentados estão em consonância com a definição de ativo intangível, uma vez que o intangível para ser reconhecido necessita gerar benefícios econômicos futuros para a entidade e que este “produto” possa ser comercializado em um mercado ativo, ou seja, que o ativo intangível possa ser comercializado em separado do conjunto de ativos tangíveis.

2.4.4 Marcas e patentes

Atualmente só podem ser reconhecidas as Marcas que são adquiridas através de uma transação de compra. Na contramão desta prática, a Fundação Australiana de Pesquisa em Contabilidade propõe que os gastos com propaganda e publicidade sejam capitalizados em uma conta chamada marca. Hendriksen e Van Breda (2009, p. 399), assumem o mesmo posicionamento e fazem a seguinte reflexão:

[...] uma marca possui muitas das características de ativos tangíveis: um mercado, em virtude de existência de seus usos alternativos, separabilidade, e segurança razoável de retorno. Dado que as marcas são ativos por definição, e de que alguns especialistas alegam que são capazes de medir seu valor, parece não haver motivo para não reconhecê-las.

Adotando uma abordagem contrária à dada por Hendriksen e Van Breda (2009), Martins (2013, p. 322) enfatiza que:

[...] não se deve reconhecer contabilmente marca ou patente para a qual a companhia detentora do direito de exclusividade na sua exploração não tenha incorrido em custo. Contabilmente não se discute o valor dos benefícios econômicos que o referido ativo possa gerar para a entidade (valor de saída); a bem da verdade, dado o constructo do modelo contábil – confrontação de valor investido com retorno realizado; vinculação ao fluxo de caixa, distribuído temporalmente conforme fato gerador econômico; prudência com relação a expectativas de ingresso de receita (incertezas) – um ativo para ser passível de registro contábil é condição sina qua non que tenha custo (valor de entrada).

Ghani et al. (2012, p. 63) salienta em seus estudos sobre marca, que “A marca não é apenas um logo isolado. É um símbolo, um ativo intangível, que produz toda a identidade de uma organização e é capaz de gerar valor para ela.” Considerando o que foi ponderado por Ghani et al (2012) a marca é um ativo que representa um real benefício futuro para a entidade, uma vez que gerará fluxos de caixas positivos.

Pode se verificar que não existe um consenso entre os autores mencionados no que se refere a contabilização da marca. Assim se considerando o posicionamento que Hendriksen e Van Breda (2009) adotam de contabilizar a marca a seu valor de mercado, cujo o montante é concebido através de avaliação de empresas especializadas, entretanto Martins (2013) considera que tal procedimento não é válido, visto que é necessário incorrer em custos adicionais para que possa ser reconhecido tal intangível.

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2.4.5 Capital Intelectual

O capital intelectual constitui uma classe muito especifica e complexa dentro do grupo dos ativos intangíveis. Os contadores encontram extrema dificuldade em reconhecer e mensurar tal classe de ativos intangíveis, uma vez que as entidades não detém a propriedade, posse e controle sobre o capital intelectual.

Bukowitz e Williams (2002, apud HONRADE; CORREIA, 2010, p. 186) trazem a seguinte definição para capital intelectual: “o capital intelectual diz respeito ao conhecimento detido pelos colaboradores de uma organização e que influencia seu comportamento.”

O quadro 1 na sequência, traz uma síntese da variedade de elementos que integram o capital intelectual, segundo a definição de alguns autores.

Quadro 1 – Classificação dos elementos que compõem o capital Intelectual EDVISION E

MALONE

Capital Humano Combinação de conhecimento, habilidades, capacidade de inovação e capacidade dos empregados em desenvolver tarefas. Valores, cultura e filosofia empresarial.

Capital Estrutural

Hardware, software, banco de dados, estrutura organizacional, patentes, marca e tudo o mais que dá suporte para a produtividade dos empregados. Clientes e relações desenvolvidas com os mesmos.

BROOKIN G

Ativos de Mercado

Potencial que a empresa possui em decorrência dos intangíveis que estão relacionados ao mercado, tais como marca, clientes, lealdade dos clientes, negócios recorrentes, negócios em andamento, canais de distribuição.

Ativo Humano Benefícios que o indivíduo pode proporcionar para as organizações por meio da sua expertise, criatividade, conhecimento, habilidade para resolver problemas, tudo visto de forma coletiva e dinâmica.

Ativos de Propriedade Intelectual

Ativos que necessitam de proteção legal para proporcionarem às organizações benefícios tais como know-how, segredos industriais, copryght, patentes, design.

Ativos de Infraestrutura

Tecnologias, metodologias e processos empregados como cultura organizacional, sistema de informação, métodos gerenciais, aceitação ao risco, banco de dado de clientes. Estrutura

Externa

Marcas, marcas registradas, relações com clientes e fornecedores, imagem da empresa.

Estrutura Interna Estrutura organizacional, estrutura gerencial, estrutura legal, sistemas, pesquisa e desenvolvimento, software.

SVEIBY Competência Individual

Envolve a capacidade de agir em diversas situações para criar ativos tangíveis e intangíveis.

Fonte: Adaptado de Antunes et al. (2009, p.06).

Segundo os autores supracitados o capital intelectual constitui um diferencial muito importante para as companhias, entretanto estas necessitam gerencia-lo de maneira muito ponderada, visto que as mesmas não possuem a posse de seus colaboradores. Prova disto são os setores de tecnologias que possuem seu maior ativo determinado na capacidade de inovação dos colaboradores (conhecimento), do que em ativos tangíveis, como maquinas e equipamentos.

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3 Metodologia

O presente estudo se caracteriza como sendo do tipo descritivo pois segundo Gil (2010, p. 27) “as pesquisas descritivas têm como objetivo a descrição das características de determinada população. Podem ser elaboradas também com a finalidade de identificar possíveis relações entre variáveis”. A tipologia quanto aos procedimentos se justifica como ex-post-facto, pois segundo Silva (2010, p. 56) “o experimento é efetivado depois dos fatos, o pesquisador não possui controle sobre as variáveis”.

A população selecionada para a pesquisa compreendeu todas as companhias listadas nos segmentos: Nível 1 de Governança Corporativa e Nível 2 de Governança Corporativa da BM&F Bovespa, sendo foram identificadas 50 companhias.

Quanto à coleta e tratamento dos dados utilizados no estudo, após a identificação da população, foi realizado o download do balanço patrimonial e das notas explicativas das companhias listadas nos segmentos selecionados no sítio da BM&F Bovespa e posteriormente foi adotado um corte na população onde foram selecionou-se para fazerem parte do estudo apenas as companhias que possuíam ativos intangíveis dentro de sua composição patrimonial no ano de 2014. Após este procedimento, a amostra do estudo contou com 27 das 30 companhias que estavam listadas no segmento Nível 1 de Governança Corporativa e 17 das 20 companhias listadas no segmento Nível 2 de Governança Corporativa da BM&F Bovespa.

Após a definição da amostra, foram analisadas as demonstrações contábeis, visando identificar quais as classes de ativo intangível foram evidenciadas pelas companhias, também se tornou necessário calcular qual o nível de conformidade do disclosure do grupo do ativo intangível em relação ao que é exigido pelo Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1) – Ativo Intangível. Para tanto, os dados coletados foram tratados no Excel e foi elaborado o quadro 3, que traz em seu conteúdo perguntas que visam verificar quais informações foram ou deixaram de ser divulgadas pelas companhias.

Quadro 2 - Questionário sobre a adequação das informações relativas aos Ativos Intangíveis frente o Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1) – Ativo Intangível

QUESTIONAMENTO SIM NÃO

Vida útil definida ou indefinida? Prazo da vida útil definida?

Fatores que levaram a definição da vida útil indefinida? Método de Amortização da vida útil definida?

Amortização reconhecida no período?

Valor bruto contábil e amortização acumulada? Quadro de Adições indicando separadamente Fez redução ao valor recuperável – CPC 01? Fez menção as informações de reavaliação? Ocorreram mudanças ligadas à variação cambial?

Utilizou o CPC 23 Mudanças de Políticas, estimativa e retificação? Os Ativos Intangíveis estão segregados em classes?

Evidencia os Ativos Intangíveis destinados para a venda como mantidos para a venda?

Foram agrupadas as classes de Ativos intangíveis que sofreram reavaliação? Divulgou os gastos com pesquisa e desenvolvimento (P&D) reconhecidos como despesa no período?

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11 As perguntas realizadas tinham 3 (três) opções de respostas, sendo elas: SIM, NÃO ou N.A (Não se Aplica). Então a partir análise dos documentos estudados foi aplicada a seguinte regra para tabulação dos resultados: as perguntas que possuíram como respostas SIM receberam o peso 1,0. As questões que foram respondidas com NÃO, receberam nota 0,0 e as que receberam como resposta N.A (Não se Aplica) foram desconsideradas na tabulação dos dados, visto que alguns questionamentos propostos como por exemplo: “Ocorreram mudanças ligadas a variação cambial? ”, não foram de aplicabilidade necessária para nenhuma companhia, sendo que se fosse atrelado algum valor a este quesito, poderiam ocorrer distorções nos resultados que foram alcançados. Após este procedimento se efetuou a soma do valor máximo que poderia ser alcançado pela companhia em determinado período resultando em um score, posteriormente se confrontou tais resultados com o total de itens que estavam apresentados em conformidade com o Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1) – Ativo Intangível, possibilitando assim chegar a um índice que representa o grau de adequação das informações que foram divulgadas sobre os Ativos Intangíveis frente ao que determina o Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1) – Ativo Intangível.

Após a coleta e tratamentos dos dados no Excel da amostra selecionada, foram calculados os níveis de evidenciação de cada companhia que faz parte do presente estudo, bem como a representatividade do grupo do ativo intangível frente ao ativo total e ao patrimônio líquido das companhias, os quais são reportados na seção seguinte.

4 Apresentação dos resultados

Primeiramente se apresenta o nível de representatividade do grupo do ativo intangível frente ao ativo total e ao patrimônio líquido da companhia para os anos de 2007, 2008 e 2014. Em sequência é apresentada a estatística de apresentação de nota explicativa que trate especificamente sobre o grupo do ativo intangível. Na sequência são apresentados os resultados obtidos através da aplicação da aplicação dos questionamentos, para verificar qual o nível de conformidade com o disclosure do grupo do ativo intangível frente ao Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1) – Ativo Intangível.

Na tabela 1 é apresentado o grau de representatividade do grupo do ativo intangível frente ao ativo total e ao grupo do patrimônio líquido, para os anos de 2007, 2008 e 2014.

Tabela 1 – Representatividade do grupo do Ativo Intangível frente ao Ativo Total e ao Patrimônio Líquido

Segmento de Listagem AI/AT

2007 AI/PL 2007 AI/AT 2008 AI/PL 2008 AI/AT 2014 AI/PL 2014 Nível 1 de Governança Corporativa 4,48% 13,68% 4,77% 18,82% 6,99% 15,20% Nível 2 de Governança Corporativa 5,40% 9,98% 6,34% 17,13% 8,67% 19,93%

Fonte: Elaborada pelos autores.

As variações de representatividade que ocorreram entre 2007 e 2008 nos segmentos Nível 1 de Governança Corporativa e Nível 2 de Governança Corporativa da BM&F Bovespa estão intimamente relacionadas à promulgação e exigibilidade do Pronunciamento Técnico CPC 04 – Ativo Intangível, que passou a exigir que os ativos intangíveis fossem evidenciados dentro de um grupo próprio, visto que anteriormente a emissão deste pronunciamento os ativos intangíveis se encontravam esparsos dentro grupo do ativo, sendo evidenciados pelas companhias dentro de grupos como o Imobilizado e o Ativo Diferido. Após a emissão deste

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12 pronunciamento, os ajustes necessários foram realizados, resultando assim em uma variação relevante de um período para o outro.

No quadro 3 são apresentadas quais as classes de ativos intangíveis que foram identificados dentro dos relatórios contábeis das companhias que foram alvo do presente estudo.

Quadro 3 - Classes de Ativos intangíveis evidenciados nos relatórios contábeis das companhias do Segmento N1 e 2 de Governança Corporativa.

Classe de ativo intangível evidenciado 1 Acervo Técnico

2 Acordo de Pesquisa e Desenvolvimento 3 Ágio de Coligadas e Controladas 4 Benfeitoria em Imóveis de Terceiros 5 Carteira de Clientes

6 Desenvolvimento de Produtos 7 Direitos de Uso

8 Formulação de Projetos

9 Gasto com Desenvolvimentos Logicais/Operações Estruturadas 10 Gasto com Emissão de Debêntures

11 Implantação de Sistema de Gestão 12 Marcas e Patentes

13 Otimização/ Expansão pré-operacional 14 Relacionamento com Fornecedores 15 Sistema de Processamento de Dados 16 Software/Tecnologia

17 Outros Ativos Intangíveis

Fonte: Elaborado pelos autores.

Como é possível visualizar no quadro 3, foram identificados 17 classes de ativos intangíveis dentro dos relatórios contábeis das companhias estudadas. É importante ressaltar que neste contexto surge a rubrica “Outros Ativos Intangíveis” que é usualmente utilizadas para descrever valores que são irrelevantes frente ao total do grupo do Ativo Intangível.

Com relação a apresentação de notas explicativas pelas companhias estudadas que tratava especificamente sobre o grupo do ativo intangível, após analise das mesmas, se tornou possível elaborar a tabela 2, que traz em seu conteúdo o percentual de companhias que seguem as determinações do CPC 04 (R1) – Ativo Intangível quanto à evidenciação de sua composição no Balanço Patrimonial.

Tabela 2 – Percentual (%) de companhias que apresentaram nota explicativa que trata especificamente do grupo do Ativo Intangível

Segmento de Listagem 2007 2008 2014

Nível 1 de Governança Corporativa 78,26% 88,89% 96,30% Nível 2 de Governança Corporativa 62,50% 70,59% 75,00%

Fonte: Elaborada pelos autores.

Ao se realizar uma análise da tabela 2, é possível verificar que ocorreu uma evolução maior no percentual de apresentação de nota explicativa nas companhias que integram o segmento Nível 1 de Governança Corporativa. É possível verificar também que existe um maior

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13 comprometimento das companhias listadas no segmento Nível 1 de Governança Corporativa, visto que algumas informações sobre o grupo do ativo intangível só são possíveis de evidenciação através das mesmas.

Já a tabela 3 nos proporciona visualizar qual o grau de conformidade da evidenciação do grupo do ativo intangível, destas companhias tendo como base as informações que são consideradas obrigatórias pelo Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1) – Ativo Intangível, que por meio da análise dos dados se torna notável que ocorreu uma evolução significativa no nível de conformidade das informações que são evidenciadas pelas companhias listadas dentro do segmento que são alvo desta pesquisa.

Tabela 3 – Nível de evolução da evidenciação do grupo do ativo intangível por segmento da BM&F Bovespa

Ano % Segmento de Listagem da BM&F Bovespa

Nível 1 de Governança Corporativa Nível 2 de Governança Corporativa

2007 Mínimo 11,11% 22,22% Máximo 77,78% 75,00% Média 47,58% 50,52% Desvio Padrão 20,09% 16,38% 2008 Mínimo 36,36% 9,09% Máximo 100,00% 80,00% Média 62,67% 58,07% Desvio Padrão 17,19% 18,24% 2014 Mínimo 9,09% 18,18% Máximo 100,00% 100,00% Média 86,80% 78,82% Desvio Padrão 19,45% 27,43%

Fonte: Elaborada pelos autores.

Ao se realizar a análise desta tabela é possível verificar que as médias mais baixas para os referidos segmentos de selecionados, ocorreram em 2007, em virtude de que neste ano não existia uma base para a divulgação de informações obrigatórias quanto aos ativos intangíveis. Com relação ao desvio padrão é possível verificar que para o segmento Nível 1 de Governança Corporativa ocorreu uma pequena redução, o que demonstra que tem ocorrido uma redução na distância entre o nível de evidenciação de uma companhia e outra, entretanto o oposto vem ocorrendo para as companhias que integram o segmento Nível 2, visto que seu desvio padrão saltou de 16,38% em 2007 e passou para 27,43% em 2014.

5 Considerações finais

O objetivo deste trabalho foi reportar o grau de evidenciação dos ativos intangíveis nos relatórios contábeis das companhias que foram estudadas. No desenvolvimento do estudo se buscou coletar informações sobre as formas de evidenciação dos Ativos Intangíveis nas demonstrações contábeis das companhias selecionadas e verificar qual seu nível de aderência ao Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1) – Ativo Intangível.

Os resultados demonstram que dos dados coletados na BM&F Bovespa, o segmento Nível 2 de governança Corporativa apresenta uma maior representatividade do grupo do ativo intangível frente o ativo total e o patrimônio líquido no ano de 2014, indicam que para os

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14 períodos que foram alvo do estudo as companhias utilizaram 17 classes diferentes de ativos intangíveis dentro de suas demonstrações contábeis, apontam também para um maior percentual de apresentação de notas explicativas que tratem sobre o grupo do ativo intangível para o segmento Nível 1 de Governança Corporativa.

Além disso, foi constatada uma evolução nos níveis de conformidade de evidenciação do grupo do ativo intangível quando confrontado com o Pronunciamento técnico CPC 04 (R1) – Ativo Intangível em ambos os segmentos da listagem da BM&F Bovespa que foram alvo do estudo, entretanto com maior ênfase no segmento Nível 1 de Governança Corporativa, visto que a média do segmento para 2014 foi de 86,80% de adequação com o referido pronunciamento, contra 78,82% de adequação do segmento Nível 2 de Governança Corporativa.

Como sugestões para futuras pesquisas aconselha-se uma seleção maior de número de empresas por meio da inclusão de novos segmentos que são listados na BM&F Bovespa e bem como a adoção de um corte longitudinal para um assim compor um quadro evolutivo que permita verificar possíveis evoluções e/ou tendências nos níveis de conformidade dos ativos intangíveis identificando por área de atuação destas companhias frente o Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1) – Ativo Intangível.

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