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O Role Playing Game Como Ferramenta de Ensino da História

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Academic year: 2021

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O Role Playing Game Como Ferramenta de Ensino da História

Marcos Vinicius de Andrade Gomes – UEMG – Unidade Carangola1 Pedro Celestino Morais Neto – UEMG – Unidade Carangola 2 Samuel Sampaio Fialho – UEMG – Unidade Carangola 3

RESUMO: Este trabalho é a primeira etapa de uma pesquisa, sobre o ensino da história tendo o RPG como ferramenta pedagógica de ensino, baseamos nosso trabalho em pesquisa teórica, nas áreas do ensino da História a utilização do RPG como ferramenta de ensino e o uso do RPG como facilitador do ensino da História, faremos também uma contextualização sobre a abordagem do jogo e de sua história. Além de uma contextualização sobre a situação atual do aluno e da aprendizagem em geral.

Palavras Chave: RPG, Ensino, Alteridade.

INTRODUÇÃO

Este trabalho consiste em uma primeira etapa de um projeto de pesquisa que avaliará de maneira qualitativa e quantitativa o aprendizado da História através da utilização do RPG (Role Playing Game) como ferramenta pedagógica, neste primeiro momento do trabalho será realizada uma pesquisa bibliográfica sobre o tema proposto.

Iniciamos os nossos estudos apresentando as sistemáticas sobre o funcionamento do jogo de RPG e apresentando um histórico resumido de seu surgimento até os inícios dos estudos sobre sua aplicação como ferramenta de ensino. Em seguida através de referencial teórico bibliográfico introduzimos noções básicas sobre o ensino da história, apontando direções que as ações relacionadas ao tema devem tomar. Dando continuidade a proposta, apresentaremos as vantagens de se utilizar o RPG segundo o parâmetro curricular nacional e enquadramos o aluno em seu lugar social através do RPG. Posteriormente elencamos os fatores necessários para a construção de uma aventura baseada em elementos históricos de modo a possibilitar o máximo de aproveitamento aos alunos, onde eles possam ter acesso durante o jogo ao máximo de referências possíveis que o aproximem do período estudado. Finalizando as argumentações teóricas apresentaremos estudos que analisam o comportamento atual

1 Graduando em História pela UEMG - Campus Carangola mvag1906@hotmail.com

2 Graduando em História pela UEMG - Campus Carangola pewwep@live.com

3 Graduando em História pela UEMG - Campus Carangola samuelfialho@gmail.com

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dos jovens e o modo como eles interagem com o aprendizado e a sobre as concorrências externas a sala de aula que o enfrentamos, no sentido que o conteúdo apresentado fora da sala de aula nem sempre tem compromisso com a historiografia.

DE ONDE SURGIU E COMO FUNCIONA O RPG

O RPG em uma definição mais simples para aqueles que não estão habituados é um jogo de interpretação de papéis onde um jogador diferenciado chamado de mestre conta histórias, cujas quais os participantes no caso os outros jogadores irão interagir.

Através desta interação mestre/jogadores a história/jogo passa a ser de criação coletiva.

Para participar do jogo cada jogador deve criar uma ficha de personagem que irá conter todas as informações e especificidades de seu personagem, a interação do jogador com a história criada pelo mestre deve levar em consideração as características dos personagens.

Para garantir uma maior verossimilhança e para garantir certo caráter de imprevisibilidade às histórias o RPG utiliza um sistema de dados fazendo com que a mesma história nunca seja contada duas vezes. Para interagir com os jogadores o mestre irá interpretar diversos personagens, sejam eles aliados ou antagonistas aos jogadores, ao longo de cada história, estes serão chamado de NPC´s (nom playable characters) ou Personagens do Mestre (BOTREL, N; DEL DEBBIO, M 1999).

RPG é um jogo de faz-de-conta, um jogo de contar histórias. A aventura acontece enquanto os jogadores tomam decisões, vivendo seus papéis em mundos de imaginação. Sentados à volta de uma mesa, anotando em papéis e jogando dados, eles experimentam aventuras épicas, viagens emocionantes e perigos apavorantes. A sigla RPG vem de RolePlayingGame, e significa jogo de interpretação de personagem. Jogar RPG é fazer de conta: o jogador finge ser outra pessoa, age como ela agiria e pensa como ela pensaria. (Cardoso, Eli Teresa, 2008 )

O Role Playing Game nasceu em 1974 nos Estados Unidos, criado por Gary Gigax e Dave Anerson, Gigax e Anerson eram jogadores de wargames que são jogos de guerra muito populares nos EUA que simulam batalhas utilizando exércitos e veículos.

O primeiro jogo de guerra, Kriegspiel, foi criado em 1811 por um oficial prussiano chamado Herr von Reiswitz e seu filho, os quais modificaram uma versão de um jogo de nome War Chess (Xadrez de Guerra), criado 30 anos antes. Tinham por objetivo criar um recurso para ajudar no treinamento militar de jovens recrutas. (Mackay 2001)

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O jogo criado por Gigax e Anerson, chamava-se Dungeons & Dragons era um jogo de fantasia medieval de exploração de cavernas e masmorras onde o jogador poderia passar-se por: orcs, elfos, magos, anões utilizando espadas e magias para combater monstros e dragões. Esta temática de fantasia medieval é a mais jogada até os dias de hoje no mundo todo. O RPG começou a ser praticado em escala comercial no Brasil apenas na década de 1990 (JACKSON, 1994).

Durante os anos 90 um grupo de professores, como Luis Ricón, Carlos Klimick, Flavio de Andrade, dentre alguns outros, ao buscar novas ferramentas pedagógicas encontraram no RPG um meio de despertar maior interesse de seus alunos. Através deste, o aluno poderia aplicar o conteúdo apresentado em sala de aula de maneira lúdica.

Em 2002 aconteceu em Curitiba o primeiro Simpósio de RPG & Educação o qual foi organizado pela ONG Ludus Culturalis, e pela editora DEVIR, o que possibilitou uma maior visibilidade das praticas de uso do RPG enquanto ferramenta de auxílio pedagógico. (DRAGÃO BRASIL N.117)

O Ensino da História

A formação do professor de História não favorece a prática pedagógica, uma vez que oferece cursos de licenciatura e bacharelado de modos separados o que distancia o professor da pesquisa e o pesquisador do ensino. Causando assim uma noção de superioridade do pesquisador mediante o professor. A interação entre pesquisa e ensino é fundamental para a produção do conhecimento histórico.

O ensino de história é uma área da pesquisa histórica que possui uma fundamentação cientifica própria e, busca em outras áreas do conhecimento como a Sociologia, a Antropologia e a Psicologia só para citar alguns exemplos, subsídios para promover a educação histórica. (SILVA, 2015 p.2)

A proposta metodológica do ensino da História deve valorizar a problematização, aprofundar-se em uma analise critica da realidade, enxergar nos alunos e professores sujeitos que produz a história e conhecimento. Entender a si próprio como sujeito que em seu contexto histórico luta e resiste em diversas esferas de convivência. (GUIMARÃES, 2012)

O RPG Como Ferramenta de Ensino

Assim o aluno teria a oportunidade de visualizar a “utilidade” dessas informações não as tendo mais como algo abstrato e mecânico de uma cópia da lousa. Informações adquiridas em situações-problema têm maior possibilidade de tornarem-se significantes para o indivíduo e dessa forma

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transformar-se em um conhecimento adquirido (MACEDO; PASSOS;

PETTY, 2000).

O RPG enquanto ferramenta de ensino da história demonstra-se uma excelente proposta pedagógica de maneira que exercita: Resoluções de situações problemas, Aplicação de conceitos em situações práticas do dia a dia, interdisciplinaridade, expressão oral, leitura, interpretação e produção de texto, preocupação e respeito ao outro, cooperação, desenvolvimento de conteúdo através do lúdico. (BRASIL, PCN/INTROD, 1988);

O RPG é interdisciplinar. Por que é interdisciplinar? É interdisciplinar por natureza porque o RPG simula a vida. Ao jogarmos uma aventura de RPG, estamos simulando a vida, mesmo que seja uma vida fantasiosa, [...] estamos simulando gestos, modos de falar e hábitos que dizem respeito á nossa vida.

E a vida é sempre interdisciplinar. A vida não é específica [...]. A cada passo, temos de lidar com uma série de conhecimentos das mais variadas áreas.

(MARCATTO, 2004)

O RPG permite ainda o exercício dos quatro pilares da educação de acordo com os PCN’s: Aprender a conhecer, Aprender a fazer, Aprender a viver, Aprender a ser (BRASIL, PCN/INTROD, 1988);

Aprender a conhecer: que está atrelado ao desenvolvimento de uma visão crítica do aluno aplicando a teoria da história podemos dizer ainda que segundo (CERTEAU, 1982) seria o mesmo que desenvolver no aluno a sua percepção sobre o seu lugar social.

Aprender a fazer: este pilar está intimamente ligado ao desenvolvimento das capacidades do aluno, as quais serão amplamente trabalhadas dentro do jogo pois o aluno é corresponsável na criação das histórias mediante suas ações.

Aprender a viver: aqui temos um pilar que se baseia nas relações do aluno com os outros e com o meio onde vive, aqui acredito que seja onde o RPG age mais profundamente através de seus preceitos de alteridade, de forma que a partir do momento em que o aluno coloca-se no lugar do outro ele passa a compreender melhor a sua realidade.

Aprender a ser este pilar será trabalhado ao longo de todo o jogo de modo que o aluno desenvolvera sua capacidade de expressão a todo instante e a partir do momento que ele é responsável por todas as suas ações enquanto personagem.

A proposta de trabalhar com o RPG em sala de aula não substitui a prática tradicional de ensino, mas pode acrescentar um recurso a mais para o processo ensino aprendizagem, que visa uma estimulação ampla dos potenciais cognitivos e afetivos dos alunos (MARCATTO, 1996; RIYIS, 2004)

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Desenvolvendo Uma Aventura RPG Segundo Um Contexto Histórico

Em uma aventura de RPG de teor histórico o jogador no caso o aluno tem que passar por situações ocorridas durante o período a ser explorado bem como interagir com pessoas que viveram durante determinado período como também os costumes das sociedades as quais o jogo se propõe a abordar, possibilitando assim a compreensão do contexto em que as decisões dos personagens do passado foram tomadas.

Poderíamos tentar adquirir uma visão dupla, ver as pessoas no passado como diferentes de nós (para evitar a atribuição anacrônica de nossos valores a elas), mas ao mesmo tempo como iguais a nós em sua humanidade fundamental. (BURKE, 2011)

Entretanto, para que o aluno possa aprender conceitos dentro de um jogo de RPG não basta jogá-lo, é necessária a aplicação de alguns elementos que aproximem o jogo do modo como o historiador escreve a história, dentre estes temos: a interpretação de fontes históricas diversificadas, (escrita, cartográfica, material, iconográfica, artística, arquitetônica, dentre outras), compreensão contextualizada dos acontecimentos (não basta apenas entender como o fato aconteceu, mas sim o contexto histórico que levou aquele fato a acontecer), comunicação (ser capaz de compreender e criar sua própria percepção da histórica).

O RPG em seu uso na educação serve como ferramenta de alteridade para o aluno possibilitando a este experimentar através da empatia e dos elementos citados anteriormente, condicionando assim o aluno a colocar-se no lugar de outra pessoa em outra época, tornando assim o conhecimento mais simples de ser entendido.

A RELAÇÃO DOS ALUNOS COM O APRENDIZADO

Ao caracterizar o perfil do público escolar, temos uma geração formada por uma grande quantidade de informações obtidas por intermédio de diferentes meios de comunicações (imagens e sons), ao contrário dos meios utilizados pelo professor que basicamente se comunica pela oralidade, lousa, giz, cadernos e livros. Dessa forma, cada vez mais a escola sofre com a concorrência da mídia. (BITTENCOURT 2006)

Se o RPG tem sucesso entre os adolescentes, acreditamos que, como profissionais da História, não podemos desprezar esse tipo de recurso, sabendo extrair dele as vantagens que nos pode oferecer como um instrumento que desperte a atenção e a motivação para o ensino de História.

(SILVA, 2002)

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A autora afirma ainda que a geração atual de estudantes é fruto de um

“presenteismo” o qual as inibi de relacionar-se com o passado, minimiza sua relação com o futuro em função das necessidades de consumo a qual transforma tudo em mercadoria, inclusive o saber escolar.

A história conhecida pelas novas gerações é a do espetáculo, filmes, novelas e desfiles carnavalescos. No Brasil fica evidente esta ultima fala da autora quando se percebe o interesse das emissoras de TV em privilegiar a independência quando se está na iminência de comemorarmos os seus 200 anos, em contrapartida não se viu nenhum tipo de manifestação cultural por parte das escolas e principalmente por parte dos professores de história sobre tal fato enquanto a Rede Globo lançou em horário favorável ao público juvenil um folhetim narrando o ocorrido sobre a sua ótica distorcida, selecionando ainda para o papel de Dom Pedro II o ator Caio Castro, um dos queridinhos do público adolescente.

Conclusão

Os estudos sobre o uso do RPG como ferramenta de ensino no Brasil ainda é um assunto restrito a um pequeno círculo de estudiosos, entretanto os estudos já realizados apresentam resultados positivos no desenvolvimento escolar. Diante de tudo que foi apresentado pode-se concluir que o uso do RPG como ferramenta pedagógica possui potencial para estimular o interesse no aluno sobre o conteúdo histórico, as características lúdicas do RPG dão a ele um lugar no ensino da História tal qual os laboratórios no ensino da Química e da Física, assim possibilitando o aluno a exercitar uma prática historiográfica mais contundente de modo que ele poderá avaliar método, teoria e historiografia de uma perspectiva mais próxima do objeto estudado. Contudo o RPG não possui caráter substitutivo ao método pedagógico utilizado atualmente.

Referências

BITTENCOURT, C. (org). O Saber Histórico na Sala de Aula. 11ª. Edição São Paulo: Contexto, 2006.

BOTREL, N.; DEL DEBBIO, M. Trevas. 3.ed. São Paulo: Daemon, 1999.

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Brasil. Parâmetros curriculares nacionais: história / Secretaria de Educação do EnsinoFundamental. Brasília: MEC / SEF, 1998.

Brasil. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental. Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais / Secretaria de Educação do Ensino Fundamental. Brasília: MEC / SEF, 1998.

BURKE, P., VARIEDADES DE HISTÓRIA CULTURAL 3ª ED. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 2011.

CARDOSO, E., T., Motivação Escolar e o Lúdico: o jogo de rpg como estratégia pedagógica para o ensino de história, Campinas, 2008

CERTEAU, M. de. A Operação Historiográfica in: A Escrita da História. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.

GUIMARÃES, S. Didática e prática de ensino de História: experiência, reflexões e aprendizado. 13a Ed.rev. ampl. – Campinas, SP: Papirus, 2012.

JACKSON, S. GURPS Modulo Básico. 3. ed. São Paulo: Devir. 1994.

RIYIS, M. T.. RPG & Educação Brincando de Aprender. Dragão Brasil, São Paulo, n.

117, p.48-9,fev. 2006.

MACKAY, D. – The Fantasy Roleplaying Game: a new perform art. USA, North Carolina: McFarland & Company, Inc., 2001.

MACEDO, L. de PASSOS, N.C.; PETTY, A. L. S. Aprender com jogos e situações- problema. PortoAlegre: Artes Médicas Sul, 2000.

MARCATTO, A. Saindo do Quadro: Uma Metodologia Educacional Lúdica e Participativa baseada no Role Playing Game. São Paulo: Exata Comunicação e Serviços S/C LTDA. 1996.

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MARCATTO, A.RPG como Instrumento de Ensino e Aprendizagem: Uma Abordagem Psicológica. In:ANAIS DO I SIMPÓSIO DE RPG E EDUCAÇÃO, 2002, São Paulo.

Anais... São Paulo: Devir. 2004. 280p.

SILVA, Jeanne. O jogo de RPG e o ensino de História: criação de um RPG sobre a Revolução Inglesa. Cadernos de História da UFU, Vol. 11, Dez/2002 – Dez/2003. p. 53 -66.

SILVA, SEMIRAMIS CORSI, ASPECTOS DO ENSINO DE HISTÓRIA ANTIGA NO BRASIL: ALGUMAS OBSERVAÇÕES, Alétheia: Revista de Estudos sobre a Antiguidade e Medievo, v.1, p.00-00, 2010.

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