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Doutrina Social da Igreja

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Academic year: 2021

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Doutrina Social da Igreja

Programa

Não é fácil libertar a mente do influxo de uma autoridade aparentemente benéfica, porque uma tal libertação requer que se viva fora do ambiente fofo e agradável da autoridade que se quer pôr em causa

(Leo Strauss, Liberalismo antigo e moderno — VIII. Epílogo) TÓPICOS DE APRESENTAÇÃO

1. Nesta disciplina, o estudo da Doutrina Social da Igreja (DSI) é fundamentalmente orientado segundo a apresentação que já tem tradições em Portugal — desde o livro pioneiro de Adérito Sedas Nunes, Princípios de Doutrina Social, Editorial Logos, Lisboa, 1958, com Prefácio de D. António Ferreira Gomes, Bispo do Porto (livro que teve uma 2ª edição, da Livraria Morais, Lisboa, 1961), e foi também mais recentemente adoptada pelo Bispo D. António dos Reis Rodrigues, na obra que se recomenda como texto de base: António dos Reis Rodrigues, Doutrina Social da

Igreja. Pessoa, sociedade e Estado, Rei dos Livros, Lisboa, 1991.

2. Porém, a orientação aqui proposta é enriquecida porque complementada na perspectiva de estudo comparado da DSI em confronto com as duas maiores ideologias dos séculos XIX e XX: o liberalismo individualista e o socialismo

colectivista — e, finalmente, com o modelo das actuais democracias pluralistas do (assim chamado) modelo social europeu e, mais concretamente, com o caso do Estado de Direito Democrático e Social Português.

3. Sendo a DSI aqui tomada enquanto doutrina, tal como apresentada pela Igreja Católica em documentos formais, e não como ideologia — ou seja, não em qualquer versão de movimentos, sindicatos ou partidos que se reclamem da sua inspiração — torna-se necessário também tomar, do liberalismo individualista e do

socialismo colectivista, uma compreensão na forma de um seu tipo ideal de doutrina — segundo a conhecida prática nos estudos de ciências sociais. Para facilitar esta abordagem metodológica, é disponibilizado um texto introdutório sobre as doutrinas, as ciências e as ideologias sociais1.

4. A comparação entre as três «doutrinas» assim identificadas (deixando de lado as formas ideológicas), focar-se-á nos aspectos fundamentais, designadamente as concepções principiológicas acerca da pessoa, da sociedade e do Estado (v. o livro de texto indicado). E incluirá, na medida do possível, alguns desenvolvimentos

1 Sobre o recurso metodológico à construção de um «tipo ideal», pode consultar-se, a título de iniciação, o ensino de Sedas Nunes,

Introdução ao estudo das sociedades. Apontamentos das lições, Instituto de Estudos Sociais, 1963-1964, pp. 284 ss.

Ano Académico 2016/2017 Prof. Mário Pinto, Prof. Hugo Chelo

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sobre tópicos importantes para a diferenciação das três grandes doutrinas sociais e para a comparação com as situações actuais.

Por exemplo:

-a doutrina acerca da pessoa: dignidade humana, atributos da pessoa

-a doutrina dos direitos fundamentais («direitos, liberdades e garantias» e direitos sociais); os direitos pessoais civis e políticos; o direito de propriedade privada -a doutrina dos deveres fundamentais

-a doutrina da sociedade civil: bem comum, solidariedade e organicidade civil -sociedade civil e virtude: a teoria do capital social

-os fundamentos e fins do Estado: segurança, justiça e bem-estar; liberdade e igualdade de oportunidades no Estado providência

-a doutrina dos limites do poder de Estado; profetismo e poder político constritivo; o princípio da subsidiariedade

5. Os alunos são convidados a fazer uma investigação pessoal, centrada no método comparativo. Para o efeito, as aulas darão incentivo e ajuda, mas não poderão esgotar a exposição da problemática; nem dispensar o trabalho pessoal de estudo da bibliografia disponível, que é ampla mas de que se dá uma selecção

naturalmente indicativa, para maior comodidade. Alguns textos de apoio serão também fornecidos por cópia impressa.

6. Recomenda-se, como texto principal (em português):

- o livro do Bispo D. António dos Reis Rodrigues, Doutrina Social da Igreja. Pessoa,

Sociedade e Estado, Lisboa, Rei dos Livros, 1991.

Este é, em português, um bom livro de síntese da DSI, precisamente apresentada nas suas três grandes partes: [1] doutrina acerca da pessoa, [2] da sociedade e [3] do Estado.

Será a partir desta informação, sobre a doutrina acerca da pessoa, da sociedade e do Estado, que se desenvolverá depois o estudo comparativo com o individualismo liberal e o colectivismo socialista. A Encíclica Social do Papa João Paulo II,

Centesimus annus, na sequência das Encíclicas anteriores, pode ilustrar bem esta

perspectiva comparativista.

7. O estudo do texto de base indicado (livro de D. António dos Reis Rodrigues) pode e deve ser enriquecido e confrontado com os textos oficiais da DSI, designadamente:

- as Encíclicas Sociais dos Papas, desde Leão XIII, que estão compiladas em colectâneas acessíveis no mercado;

- e, mais sinteticamente, com o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, editado pelo Conselho Pontifício «Justiça e Paz», publicado em Portugal pela Editora Principia, Cascais, 2005.

PROGRAMA (LINHAS GERAIS) I – Introdução

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3. Questões gerais e introdutórias ao estudo da Doutrina Social da Igreja

II – Os grandes princípios da DSI

1. Sobre a pessoa humana: o princípio personalista da dignidade humana e a centralidade da pessoa na vida social

2. Sobre a sociedade civil: o princípio orgânico da sociabilidade (os corpos intermédios) e os princípios teleológicos do bem comum e da solidariedade. 3. Sobre o Estado: o problema da natureza e dos fins do Estado; e o princípio da subsidiariedade do Estado e da participação.

III - Tópicos fundamentais da comparação: individualismo, colectivismo e DSI

1. Concepções acerca dos direitos e deveres fundamentais 2. Sociedade civil: as várias concepções e valorizações

3. Funções do Estado e políticas públicas, segundo o individualismo, o colectivismo e o personalismo;

Bibliografia

1. Conselho Pontifício «Justiça e Paz», Compêndio da Doutrina Social da Igreja, Cascais, Principia, 2005 (esta é uma síntese oficial da DSI).

2. António dos Reis Rodrigues, Doutrina Social da Igreja. Pessoa, Sociedade e Estado, Lisboa, Rei dos Livros, 1991 (o melhor livro português de apresentação da DSI). 3. António dos Reis Rodrigues, O Homem e a Ordem Social e Política, Lisboa, Principia, 2003.

4. Mário Pinto, Magistério social da Igreja, Enciclopédia Verbo (entrada sobre os grandes princípios da DSI).

5. Mário Pinto, A doutrina social da Igreja, ontem, hoje e amanhã, separata da revista Direito e Justiça, Vol. XII, 1998, Tomo I (uma apresentação da Encíclica

Centesimus annus com breve introdução à DSI).

6. José Miguel Ibañes Langlois, Doutrina Social da Igreja, Lisboa, Rei dos Livros, 1989 (um bom livro sobre questões fundamentais e teóricas)

7. Caminhos da Justiça e da Paz, Doutrina Social da Igreja, Documentos de 1891 a

1991, Lisboa, Rei dos Livros (reúne os textos fundamentais do magistério papal e

conciliar).

8. Adérito Sedas Nunes, Princípios de Doutrina Social, 2ª edição, Lisboa, Livraria Morais, 1961 (o livro que fundou o estudo da DSI em Portugal, e é ainda uma referência; mas não actualizado).

9. António dos Reis Rodrigues, Sobre o Uso da Riqueza, Cascais, Principia, 2005. 10. Comissão Nacional Justiça e Paz, Gaudium et Spes, Lisboa, Rei dos Livros, 1988 (uma série de reflexões temáticas sobre o texto fundamental da GS).

11. Manuel Rocha, Trabalho e Salário na Escolástica, Lisboa, Rei dos Livros, 1992 (um livro que comprova a antiguidade da doutrina social cristã).

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13. Michael Novak, O

Espírito do Capitalismo Democrático, Coimbra, Gráfica de Coimbra, 1985 (um livro

indispensável para se conhecer a perspectiva cristã social-liberal).

14. António José Fernandes, Social-democracia e Doutrina Social da Igreja, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1979 (para uma informação sobre a perspectiva cristã social-democrata).

15. João César das Neves, A economia de Deus, Lisboa, Principia e Grifo, 2001. 16. Padre Abel Varzim, Comunismo, Oásis, LISBOA, 2006.

17. L. Cabral de Moncada, Universalismo e individualismo na concepção do Estado: S.

Tomás de Aquino, Arménio Amado, Coimbra, 1943 (um ensaio muito interessante

como introdução às três grandes mundividências do individualismo, do colectivismo e do personalismo.

18. L. Cabral de Moncada, O problema do direito natural no pensamento

contemporâneo, Coimbra Editora, 1949 (excelente oração de sapiência sobre um

tema irrecusável e sempre actual)

19. Tommaso Scandroglio, La legge naturale in John M. Finnis, Editori Riuniti, 2008 (um defensor do neotomismo critica um autor muito prestigiado do

neoclassicismo)

20. Chantal Millon-Delsol, L'État subsidiaire, PUF, 1992 (um livro imprescindível sobre o princípio da subsidiariedade do Estado)

21. Chantal Millon-Delsol, Les idées poliqiques au XXème siècle, PUF, Paris, 1991 (excelente exposição sobre as grandes ideologias do séc. XX).

22. Glenn Tinder, Political thinking, Longman, Nova Yorque, 2004 (grandes temas do debate filosófico político)

23. Marcel Prélot, Histoire des idées politiques, Dalloz, Paris, 1990 (uma boa história das ideias na perspectiva francesa)

24. Miguel Sancho Izquierdo e Javier Hervada, Compendio de derecho natural, 2 vols., EUNSA, Pamplona, 1980-1981 (um excelente manual, com boa informação) 25. Francisco Suárez, De legibus, Livro I, Da lei em geral, Tribuna, Lisboa, 2004 (um livro clássico da escolástica ibérica, precursor da modernidade)

26. Ernst-Wolfgang Böckenförde, Cristianismo, libertà, democrazia, Morcelliana, Brescia, 2007 (tradução italiana de um livro com ensaios notáveis de um autor germânico de referência)

Método de Avaliação

1. A avaliação basear-se-á sobre a prestação de duas provas, uma prova escrita e uma prova oral, que versarão a totalidade da matéria sumariada [de acordo com a concepção de Bolonha, e de resto em concordância com o mais antigo conceito sobre o estudo universitário, a matéria exposta nas aulas deve apenas constituir programa, introdução e guia para o estudo pessoal do aluno].

2. A prova escrita conterá pelo menos três perguntas; e será respondida, sem recurso a quaisquer elementos de consulta, durante duas horas. A prova oral terá a duração de aproximadamente 30-40 minutos.

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4. A todos os alunos está aberta a possibilidade adicional de preparar breves ensaios escritos originais, em princípio não excedendo 15 páginas, sobre temas precisos, bem delimitados, que se incluam no programa.

5. Não serão aceites ensaios cujos temas não tenham sido previamente acordados com o docente, e cujo projecto não tenha sido apreciado em entrevista pessoal, após uma primeira parte da preparação do ensaio, posterior à escolha do tema. 6. A apreciação final do ensaio, após ter sido lido pelo docente com antecedência necessária, será discutida em prova oral complementar, e só poderá melhorar, mas nunca piorar, a classificação obtida nas provas escrita e oral.

7. O ensaio deverá ser original, e todas as citações de textos alheios (sem excepção, quer sejam cópia literal, quer sejam transcrição não literal) devem ser sempre feitas com a indicação que é academicamente normal.

Referências

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