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MEIO AMBIENTE LABORAL INSALUBRE COMO DESENCADEADOR DAS LER/DORT RESUMO

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MEIO AMBIENTE LABORAL INSALUBRE COMO DESENCADEADOR DAS LER/DORT

RESUMO

Na modernidade, a organização do trabalho tem privilegiado, sobretudo, o desempenho das empresas e sua capacidade de competir no mercado sem considerar, contudo, a totalidade das características do ser humano que nelas trabalha. Neste contexto, as Lesões por Esforços Repetitivos (LER)/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) tem representado atualmente importante fração do conjunto dos sofrimentos físicos e psíquicos do trabalhador. São doenças relacionados ao trabalho, danos estes decorrentes de uma complexidade de fatores, não somente a utilização excessiva imposta ao sistema musculoesquelético e a falta de tempo para recuperação. Este trabalho propôs realizar uma análise bibliográfica em torno do tema.

Palavras-chave: Meio ambiente de trabalho. Doenças Ocupacionais. LER/DORT.

INTRODUÇÃO

Doenças ocupacionais são enfermidades de ordem física e psíquica decorrentes das atividades laborativas que acometem os trabalhadores. Caracterizam-se pela ocorrência de sintomas variados, simultâneos ou não, tais como dor, parestesia, sensação de peso e fadiga, de aparecimento insidioso, em geral, nos membros superiores (BRASIL, 2006). Estas lesões atingem o trabalhador no auge da sua produtividade e experiência profissional e são as principais responsáveis pelo afastamento do mesmo do ambiente de trabalho (BARBOSA et. al., 2007). Assim, sua prevenção é de suma importância para a saúde pública e privada, assim como para as empresas e seus empregados.

Diante dessa realidade, é imperativo compreender que o meio ambiente abrange os aspectos físico ou natural, cultural, artificial e do trabalho. No mais, meio ambiente do trabalho é direito fundamental do trabalhador que percebe-se como o conjunto de condições existentes no local de trabalho relativas à qualidade de vida do trabalhador. Integra-se o conjunto de bens, instrumentos e meios, de natureza material imaterial, em face dos quais o ser humano exerce as atividades laborais. Foi incorporado ao texto da Constituição Federal de 1998 nos artigos 1o; 7o, inciso XXII; 196; 200, incisos II e VIII; e 225 (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988; ALVARENGA, 2015).

O meio ambiente, segundo a Constituição Federal de 1988, compreende os aspectos físico ou natural, cultural, artificial e do trabalho. Meio ambiente do trabalho é o conjunto de condições existentes no local de trabalho relativas à qualidade de vida do trabalhador; ou, ainda, é o integrado conjunto de bens, instrumentos e meios, de natureza material imaterial, em face dos quais o ser humano exerce as atividades laborais (arts. 7º, XXXIII, e 200, VIII). Por isso, o meio ambiente do trabalho deve ser necessariamente incluído na conceituação ampla e moderna de meio ambiente.

Desta forma, a prevenção do aparecimento das doenças ocupacionais LER/DORT, como parte de um meio ambiente de trabalho salubre, tem por objeto a saúde e a segurança do trabalhador na medida em que almeje a vida com qualidade através de processos adequados que evitem a sua degradação. Nesta perspectiva, propõe-se o presente trabalho a responder à seguinte questão: a implantação de medidas preventivas pelos empregadores que possam minimizar ou até eliminar o processo de adoecimento dos trabalhadores por LER/DORT é meio de se atingir o equilíbrio do meio ambiente laboral?

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Ademais, a não observância da correta adequação e segurança do meio ambiente laborativo representa agressão a toda a sociedade visto que esta assume os custos pelos afastamentos e tratamentos em decorrência dessas afecções por meio da Previdência Social e do Sistema Único de Saúde - SUS.

A significância do tema deste trabalho reside na existência de verdadeira sinergia de fatores de risco à saúde do trabalhador associada ao descaso das empresas na adoção de medidas protetivas e preventivas. Isto tem como consequência aumento dos casos de trabalhadores lesionados, sobretudo entre os jovens.

Este estudo se desenvolveu através do método qualitativo, apoiando-se no estudo das doenças ocupacionais LER/DORT e as medidas preventivas possíveis para se evitar tais condições.

O método utilizado foi o hipotético-dedutivo e a técnica o da pesquisa bibliográfica.

A QUESTÃO DAS LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER) / DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO (DORT)

1. As LER/DORT

As LER/DORT tem representado importante fração do conjunto dos adoecimentos relacionados com o trabalhador (BARBOSA, 2007). Segundo Costa (2015), a Instrução Normativa do INSS/DC Nº 98 de 05 de dezembro de 2003 conceituou as LER/DORT como distúrbios relacionados ao trabalho, danos estes decorrentes da utilização excessiva imposta ao sistema musculoesquelético e da falta de tempo para recuperação. São caracterizados pela de aparecimento insidioso, geralmente nos membros superiores, tais como dor, parestesia, sensação de peso e fadiga. Portanto, abrangem quadros clínicos do sistema musculoesquelético adquiridos pelo trabalhador submetido a determinadas condições de trabalho, condições estas de frequente incapacidade laboral temporária ou permanente. Ademais, dispõem Oliveira e Souza (2015) que tais enfermidades provocam inflamações musculoesqueléticas nos trabalhadores, por vezes os incapacitando, ocasionando sofrimento psicológico, absenteísmo e redução da produtividade, comprometendo o lucro das instituições financeiras, sobretudo devido ao alto custo para o tratamento e reabilitação profissional dos trabalhadores afetados.

Segundo o Ministério da Saúde (2012), entidades neuro-ortopédicas definidas como tenossinovites, sinovites e compressões de nervos periféricos podem ser identificadas ou não. São comuns a ocorrência de mais de uma dessas entidades nosológicas e a concomitância com quadros inespecíficos, como a síndrome miofascial.

Oliveira e Souza (2015) dispõem a evolução dessa doença apresenta os seguintes estágios:

a. Inicialmente, sensação de peso e desconforto no membro afetado. Dor espontânea localizada nos membros superiores ou cintura escapular; não há uma irradiação nítida; melhora com o repouso;

b. Em uma segunda etapa, a dor é mais intensa e mais persistente, porém, tolerável, e permite o desempenho da atividade laboral, mas com redução de produtividade. Nesse estágio pode haver uma irradiação definida da dor; mesmo com o repouso, a recuperação é mais demorada;

c. Em um terceiro momento, a dor se torna mais persistente, é mais forte e tem irradiação mais definida. Torna-se frequente a perda da força muscular e a sensação

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de formigamento, picada ou queimadura. Os sinais da patologia estão presentes e o inchaço é frequente e recorrente; o repouso apenas atenua a dor, provoca sensível queda da produtividade e até mesmo impossibilidade de execução do trabalho;

d. No último estágio, a dor é forte, contínua, por vezes insuportável; os movimentos acentuam consideravelmente a dor que, em geral, se estende a todo o membro afetado. A perda da força e a perda do controle dos movimentos se fazem constantes; o inchaço é persistente e as atrofias, principalmente dos dedos, são comuns. A capacidade de trabalho é anulada, levando à invalidez.

Essas doenças ocupacionais acometem homens e mulheres, inclusive adolescentes, em plena fase produtiva da vida. Além disso, ainda contamos com uma diferença quanto a denominação da patologia, que não é homogênea em todos os países, muito menos no Brasil (BARBOSA, 2007).

De acordo com os dados do Anuário Estatístico da Previdência Social, as doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo representam a 2ª maior causa de concessão de benefícios acidentários do tipo auxílio-doença pela Previdência Social no Brasil em 2011. A categoria trabalho bancário ocupa a 1o posição entre as causas de adoecimento de trabalhadores (OLIVEIRA E SOUZA, 2015).

A alta prevalência de LER/DORT estão relacionadas às mudanças havidas no trabalho e organização das empresas, com a introdução de inovações tecnológicas, estabelecimento de metas e produtividade considerando suas necessidades, particularmente de qualidade dos produtos e serviços e aumento da competitividade de mercado, sem levar em conta os trabalhadores e seus limites físico-motores e psicossociais. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012; LORA E GOLDSCHIDT, 2013).

No mesmo sentido, De Oliveira e Souza (2015) afirmam que no ambiente das instituições financeiras modernas, marcado pelo grande avanço tecnológico dos últimos anos tais como a informatização e a automação bancária, houve a geração de novas posturas organizacionais e administrativas, exigindo de seus trabalhadores maior produtividade, qualidade nos produtos e serviços, lucro e concepção de novos procedimentos para enfrentar a competitividade em um mercado globalizado. Do mesmo modo, essas transformações ocorreram sem a adoção de medidas preventivas suficientes, o que favoreceu o surgimento de doenças ocupacionais LER/DORT.

2. A realidade das LER/DORT no Brasil

Segundo Barbosa (2007), toda a situação que envolve as LER/DORT quanto às manifestações patológicas não é recente. A literatura relata que desde 1717, Ramazini já escrevia que os movimentos violentos e irregulares, bem como posturas inadequadas durante o trabalho provocavam sérios danos à máquina vital. Apesar de ultrapassado, esse paradigma mecanicista do homem é bastante forte principalmente no que diz respeito ao trabalho repetitivo. Do mesmo modo, em 1891, Fritz De Quervain associou a tenossinovite do polegar à atividade de lavar roupas e denominou essa patologia como “entorse das lavadeiras”.

Na década de 80, casos de tenossinovite, principal quadro clínico de LER mas não o único, entre digitadores do Rio Grande do Sul, levaram os sindicatos de trabalhadores em processamento de dados, a lutar pelo reconhecimento das lesões como doença profissional, sendo em 1987 reconhecida pelo Ministério da Previdência, através da Portaria 4.602 do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), em 06/08/1987 (OLIVEIRA, 2001; COSTA, 2015).

Segundo Augusto (2008) e Costa (2015), na década de 1990, houve um crescimento acelerado dos casos no Brasil: o que antes parecia uma síndrome isolada,

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causada pela susceptibilidade do trabalhador exposto a riscos, transformou-se numa epidemia. Esse crescimento pode ser atribuído ao processo de reestruturação produtiva, que trouxe a precarização do trabalho, e ao reconhecimento da síndrome de origem ocupacional, composta de afecções que atingem os membros superiores, região escapular e pescoço, pelo Ministério da Previdência Social como Lesões por Esforços Repetitivos (LER) em 1991. A Lei Nº 8.213/1991, de 24 de julho, em seu artigo 20, inciso I, define a doença do trabalho e a diferencia da doença profissional. De acordo com essa lei a doença do trabalho é aquela adquirida e desencadeada em função das condições em que o trabalho é desempenhado e com ele se relaciona diretamente. Já a doença profissional é aquela desencadeada pelo exercício do trabalho, ou seja, pela atividade desempenhada pelo trabalhador. Assim, ambas são reconhecidas como acidente do trabalho (COSTA, 2015). Ao tratar as doenças do trabalho como acidente de trabalho já se reconhece os transtornos gerados, os quais podem ser de ordem física, psíquica, trabalhista, social e até mesmo familiar, o que acaba por afetar diretamente a qualidade de vida do trabalhador (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Em 21/07/92, a partir do Decreto 611, as LER entram para a lista de agentes patogênicos considerados causadores de doenças ocupacionais (OLIVEIRA, 2001).

Em 1997, com a revisão dessa norma, foi introduzida a expressão Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) (AUGUSTO, 2008). Segundo Costa (2015), em 1998, foi publicada pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), no diário Oficial da União, uma minuta de texto para receber contribuição da sociedade, a fim de elaborar a Norma Técnica para Avaliação da Incapacidade Laborativa em Doenças Ocupacionais relacionadas a LER. Tal fato gerou mudanças na abordagem da doença, a começar pela nomenclatura DORT, que veio ampliar a discussão da LER, devido aos transtornos que podem acometer os trabalhadores, e tal sigla passou a ser utilizada por diversos profissionais.

Em dezembro de 2003, foi editada a instrução normativa do INSS/DC1 n. 98 que aprovou nova norma técnica sobre LER/DORT. Estabelece esta o conceito da síndrome e declara que elas não são fruto exclusivo de movimentos repetitivos, mas podem ocorrer pela permanência de segmentos do corpo em determinadas posições, por tempo prolongado. A necessidade de concentração e atenção do trabalhador para realizar suas atividades e a pressão imposta pela organização do trabalho são fatores que interferem significativamente para a ocorrência da síndrome (AUGUSTO, 2008; COSTA, 2015).

3. A relação entre as LER/DORT e a sobrecarga funcional no meio ambiente do trabalho

O reconhecimento da complexidade das doenças ocupacionais LER/DORT exige a noção de que não se tratam de um males de etiologia única. A multifatoriedade que as envolvem supera a noção de que a repetitividade de movimentos possa ser a causa exclusiva. A repetição de movimentos, numa abordagem um pouco mais sistêmica, passa a ser apenas mais um dos inúmeros fatores contributivos para a gênese desta problemática (LONGEN, 2003). Neste sentido, Augusto (2008), destaca a origem multifatorial destas doenças ocupacionais e afirma que a imprecisão diagnóstica dificulta o processo de associação entre o adoecimento e o histórico profissional do trabalhador que apresenta os sintomas. Ademais, para aumentar a complexidade dos casos, as crenças e o próprio comportamento do doente exercem influências marcantes sobre a dor, a incapacidade e o resultado do tratamento.

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No sistema financeiro, entre os riscos associados ao aparecimento de LER/DORT estão o ritmo acelerado de trabalho, a concentração de trabalhos repetitivos, a ausência de pausas regulares, ausência de rodízios e o reduzido número de funcionários (OLIVEIRA E SOUZA, 2015).

As LER/DORT são resultantes das condições do ambiente de trabalho e reconhecidos pelo MPAS como doença do trabalho (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Nesta perspectiva, Lora e Goldschidt (2013) afirmam que as LER/DORT são acometimentos que tem origem na atividade do trabalhador, atingindo várias áreas profissionais, em especial os segmentos que exigem movimentos repetitivos ou significativa imobilização postural (LORA E GOLDSCHIDT, 2013). Corroborando com esses entendimento, Oliveira (2001) dispôs que podem ser adquiridas ou desencadeadas em qualquer atividade, sem que exista vinculação direta a certa profissão. São as condições do trabalho que ensejam a quebra da residência do organismo, seguindo-se a eclosão ou exacerbação da doença ou então seu agravamento.

Os limites físico-motores dos trabalhadores estão relacionados à alta demanda de movimentos repetitivos, ausência e possibilidade de pausas espontâneas, necessidade de permanência em determinadas posições por tempo prolongado, além de inadequações quanto à ergonomia do mobiliário, dos equipamentos e dos instrumentos. Adicionam-se às condições anteriores as exigências psicossociais, incompatíveis com características humanas, nas áreas operacionais e executivas, tais como excesso de atenção para se evitar erros, submissão ao monitoramento de cada etapa dos procedimentos, pressões internas e dificuldades de relacionamentos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012; BARBOSA, 2007). Pelo exposto e, considerando as doenças ocupacionais LER/DORT como um fenômeno multifatorial, vários são os fatores causais que contribuem para sua manifestação na realidade laboral. Para Miranda e Dias (1999), Longen (2003) e Peres (2005), destacam-se:

a. Fatores de natureza ergonômica - alta repetitividade de um mesmo padrão de movimento por um longo período, manutenção de postura fixa por tempo prolongado (incluindo posturas incorretas dos membros superiores e compressão das delicadas estruturas dos membros superiores), ambiente de trabalho desconfortável (alterações dos fatores ambientais como frio, vibração, ventilação e ruídos), falta de manutenção em equipamentos e ferramentas, mobiliário ergonomicamente mal projetado, más concepções de postos de trabalho, exigência física (força excessiva) desnecessária em função da disposição ou das dimensões de equipamentos e instrumental de trabalho;

b. Fatores de natureza organizacional e psicossociais - concentração de movimentos para um mesmo indivíduo, horas extraordinárias, dobras de turno, ritmo intenso de trabalho, pressão explícita ou implícita para manter esse ritmo (incluido aqui a cobrança excessiva por produção e qualidade por parte da supervisão ou da chefia), falta de possibilidade de realizar pequenas pausas espontâneas (quando necessário), jornada de trabalho prolongada, gratificação por produtividade, incompatibilidade entre a formação e as exigências do trabalho, atividades monótonas, conflitos disfuncionais, problemas nas relações e interações humanas, ambientes de trabalho hostis, privação da criatividade e potencialidades individuais colocadas em segundo plano, empobrecimento e fragmentação da tarefa;

c. Fatores socio-econômicos e culturais, como o medo do desemprego, baixa remuneração e falta de reconhecimento social, ausência de perspectivas de desenvolvimento humano e pessoal e más condições de vida.

Assim, LER/DORT seria uma manifestação da falência dos mecanismos psicológicos, individuais e coletivos, de resistência por parte dos trabalhadores, diante de práticas administrativas e gerenciais autoritárias, rígidas e opressivas existentes nas

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organizações. Na mesma linha, Longen (2003) e Peres (2005) afirmam que são os seguintes fatores de risco que interferem na possibilidade de ocorrência dessas doenças: a repetitividade dos movimentos, a postura da articulação envolvida, a força necessária para realizar a tarefa ou a carga que exige forças, a vibração, as condições ambientais, as características da organização do trabalho, as condições psicossociológicas e os fatores de risco de ordem individual, como o sexo, capacidade funcional, habilidade, enfermidades. As condições de vida fora do ambiente de trabalho também devem ser consideradas, podendo ter contribuição na gênese dos distúrbios.

Segundo Longen (2003), apesar do reconhecimento dos inúmeros fatores que, combinados, podem refletir no adoecimento por parte de um trabalhador, algumas questões individuais e intrínsecas podem facilitar ou predispor o trabalhador ao desenvolvimento de LER/DORT, tais como algumas condições patológicas sistêmicas a saber: diabetes, situações reumáticas, hipotiroidismo, colagenoses vasculares, tuberculose e infecções. Estas condição prévia do indivíduo associadas ao meio ambiente de trabalho insalubre corroboram com o processo de que desenvolvimento das LER/DORT. Na mesma linha, importante considerar, ainda, que os fatores externos ao trabalho não podem ser considerados para a ocorrência das doenças ocupacionais e sim para seu agravamento.

De acordo com o Costa (2015), o trabalhador acometido por LER/DORT necessita se afastar das atividades laborais, tanto como parte do tratamento (repouso obrigatório) como pela necessidade de interromper a exposição aos fatores de risco presentes no ambiente de trabalho. As doenças podem levar ao afastamento do ambiente de trabalho, e tal circunstância leva aos familiares o envolvimento direto no cuidado com esse trabalhador que se encontrar em uma situação de permanente sofrimento físico e também psíquico. Neste sentido, percebe-se, segundo Barbosa (2007), que a organização do trabalho interfere na vida do trabalhador, assim como o tempo que este trabalhador passa no ambiente de trabalho, pois quanto maior a jornada, menor será o tempo possível para o convívio familiar e quanto maior o cansaço, mais será afetada a qualidade do relacionamento do trabalhador com seus familiares.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O meio ambiente do trabalho equilibrado é tema de profunda importância e atualidade. Diversas são as agressões e pressões sobre esse equilíbrio, consequentes de um mercado econômico altamente competitivo, focado na busca de altas taxas de produtividade e lucro, ao mesmo tempo que contribuiu para o detrimento da dignidade do trabalhador e de sua qualidade de vida, atingindo diretamente sua saúde física, mental e psicológica. Desta forma, os problemas no espaço laboral suscitados pela atual sociedade de risco global atingem o ser humano, comprometendo sua capacidade produtiva através do surgimento das LER/DORT.

Neste contexto, faz-se necessário a implementação de medidas assecuratórias que impeçam ou minimizem a ocorrência desses eventos danosos à saúde do trabalhador ao mesmo tempo que garantam o direito fundamental à saúde no meio ambiente do trabalho. Para o atendimento a essa demanda, poderá o empregador buscar soluções efetivas conjuntamente com seus empregados, apresentando o problema e propondo soluções imediatas ou até mesmo a longo prazo. Como exemplo, a instalação de bancadas de trabalho com altura do solo apropriada ao tipo de atividade é forma de tornar o ambiente mais saudável e protegido.

Ademais, para que os dispositivos de proteção à saúde do trabalhador tenham eficácia prática é necessário que ocorra uma mudança da política de gestão empresarial

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com o fim de diminuir o elevado número de casos de LER/DORT registrados anualmente no país. Nesta perspectiva, o acesso à informação sobre essa doença é necessário na medida que os empregados possam cobrar a atuação do Estado, das empresas, dos empregadores, como também agir para uma melhora de seu ambiente laboral através de métodos preventivos ou compensatórios. Dessa forma, a prevenção só será possível se houver a convergência do saber de profissionais com o saber do trabalhador, o que poderá resultar na prática em uma mudança de paradigma organizacional.

Por fim, o meio ambiente do trabalho saudável é possível através da implantação de medidas preventivas pelos empregadores com o intuito de minimizar ou até eliminar o processo de adoecimento dos trabalhadores por LER/DORT.

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