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O Complexo de Castração e Seus Aspectos Comuns no Menino e na Menina

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Academic year: 2021

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O Complexo de Castração e Seus Aspectos Comuns no

Menino e na Menina

Rodrigo Diniz

Resumo

O complexo de castração é um dos principais conceitos da Psicanálise, descrito pela primeira vez em 1908, por Sigmund Freud. Este estudo trata de uma pesquisa, através de, principalmente, alguns de seus trabalhos, com o propósito de apresentar os principais acontecimentos desta experiência no desenvolvimento psicossexual infantil do menino e da menina e os aspectos em comum no que se refere à experiência de castração entre ambos os sexos. A universalidade do pênis e o papel da mãe como principal personagem até a castração se mostraram dois aspectos fundamentalmente comuns. Junto a estes, o autor propõe a adição de mais um traço em comum entre os sexos em relação a esta experiência: A importância da percepção da “mãe castrada” na experiência de castração.

Palavras-Chave: complexo de castração, aspectos em comum,

menino, menina, universalidade do pênis, falo.

Introdução

É meu propósito, no presente trabalho, apresentar um estudo sobre o complexo de castração a partir de alguns trabalhos de Sigmund Freud, dentre outros autores que abordaram este tema como uma

experiência/etapa no desenvolvimento psicossexual infantil,

atentando para a base, fundamentalmente na obra freudiana.

O complexo de castração é considerado um dos principais conceitos da Psicanálise. Há muito já é sabido, desde a obra freudiana, sobre as diferenças (estrutura, efeitos, etc.) entre os meninos e as meninas no que se refere a sua realização. Através deste trabalho, contudo, não tenho pretensão de fazer um paralelo último, preciso e unívoco do complexo de castração entre os dois

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sexos ou apontar as diversas dessemelhanças que ocorrem entre o menino e a menina no que diz respeito a esta etapa, uma vez que estes seguem caminhos e se situam nela de formas totalmente diferentes, mas, trata-se de uma tentativa de identificar os aspectos

em comum desta experiência em ambos os sexos, sendo este, o

seu objetivo específico, ressaltando, em última instância, o objetivo geral de clarificar quais são os acontecimentos fundamentais

desta experiência no menino e na menina para Freud.

Em Lições sobre os sete conceitos cruciais de Psicanálise, Nasio (1997) aponta para dois únicos aspectos em comum entre o menino e a menina no que se refere ao complexo de castração. O primeiro se refere à universalidade do pênis como ponto de partida do complexo de castração. O segundo diz respeito à importância do papel da mãe como principal personagem até o momento da “separar-se da criança”.

Realizarei, portanto, com base na bibliografia psicanalítica, um “percurso”, apontando para os principais acontecimentos do complexo de castração no menino e na menina, podendo confirmar a presença dos traços apontados por Nasio e/ou identificar outros aspectos em comum entre os sexos, iniciando, por algumas breves considerações a respeito do conceito de castração em Psicanálise.

Conceito de Castração

O complexo de castração foi descoberto/percebido por Sigmund Freud a partir da análise de um caso de fobia em um menino de cinco anos, o “Pequeno Hans”1 e descrito, pela primeira vez, em seu trabalho Sobre as Teorias Sexuais das Crianças (1908). De acordo com Nasio (1997), o conceito de “castração” não está relacionado com a experiência literal de mutilação dos órgãos sexuais masculinos, propriamente ditos. Em psicanálise, o conceito se refere a uma experiência psíquica, vivida pela criança (por volta dos cinco anos de idade) e determinante em sua futura identidade sexual. O aspecto essencial desta experiência leva à diferenciação

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FREUD, S. Análise de uma fobia em um menino de cinco anos. 1909. In: Obras psicológicas completas. Ed. Standard Brasileira (ESB). Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. X.

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anatômica entre os sexos, vivenciada pela criança, ao preço da angústia, levando-a a aceitar que o mundo seja composto de homens e mulheres e à percepção dos limites de seu corpo. A experiência inconsciente da castração é incessantemente renovada ao longo de toda a existência e particularmente recolocada “em jogo” na cura analítica do paciente adulto.

O Primado do falo

Em A Organização Genital Infantil (Uma Interpolação na Teoria da Sexualidade), Freud (1923, p. 159-160) afirma que “o significado do complexo de castração só poderá ser corretamente apreciado se levarmos em consideração sua origem na fase da primazia fálica.” “[...] a característica principal dessa ‘organização genital infantil’ é sua diferença da organização genital final do adulto. Ela consiste no fato de, para ambos os sexos, entrar em consideração apenas um órgão genital, ou seja, o masculino. O que está presente, portanto, não é uma primazia dos órgãos genitais, mas uma primazia do falo.” (Id., Ibid., p.158)

Portanto, Freud correlacionava o fálico à posse do pênis e o castrado à sua ausência, embora, de acordo com Rocha (2002), “pênis” e “falo” pertençam a dois registros totalmente diferentes: “O pênis é, sem dúvida, um órgão narcisicamente muito investido e, enquanto órgão sexual tem um papel decisivo na diferenciação entre o sexo masculino e o sexo feminino por ocasião da fase genital adulta (embora – como é sabido – masculinidade e feminilidade não se esgotem, de maneira alguma, nesta diferença de sexos). A identidade sexual do homem e da mulher, além da diferença orgânica dos sexos, supõe um complexo processo de identificações no qual estão em jogo as instâncias ideais do ego,

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ego-ideal, ideal do ego e superego. [...] O Phallus2 é da ordem dos símbolos.” (Id., Ibid., p. 135-136)

O objeto de castração é, portanto, o falo e não o pênis. Embora Freud utilizasse o termo “pênis”, há muito este já se inscrevia num sentido simbólico e, em 1923, Freud inicia o uso do termo “falo”3 em A Organização Genital Infantil (Uma Interpolação na Teoria da Sexualidade), “inferindo” uma clivagem entre o anatômico e o psíquico. De acordo com Gorski (2000), “A distinção que se vê ao nível da percepção não se inscreve a nível psíquico. O complexo de

castração é tomado como conseqüência da distinção

anatômica.”

Os Principais Acontecimentos do Complexo de Castração

Freud descreveu, em seu trabalho sobre as teorias sexuais infantis, o ponto de partida do complexo de castração no menino e na menina; a ficção, da universalidade do pênis:

“[...] A primeira dessas teorias deriva do desconhecimento das diferenças entre os sexos [...] Consiste em atribuir a todos, inclusive às mulheres, a posse de um pênis, tal como o menino sabe a partir de seu próprio corpo. É justamente na constituição sexual que devemos encarar como ‘normal’ que, já na infância, o pênis é a principal zona erógena e o mais importante objeto sexual auto-erótico.” (Freud, 1908, p.195-196)

A atribuição do pênis (tanto pelo menino, quanto pela menina) a todos os seres humanos assinala, então, a força da negligência da diferenciação dos sexos. Conforme Nasio (1997), o primeiro

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Embora o termo phallus seja correta e habitualmente traduzido, na língua portuguesa, pela palavra

falo, o autor considerou a grafia latina, phallus, como fazem as línguas alemã, inglesa e francesa, por

considerá-la mais expressiva para traduzir a dimensão mítica e simbólica que tem o phallus não só na literatura dos povos primitivos, mas também na teoria psicanalítica.

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FREUD, S. A organização genital infantil (Uma Interpolação na Teoria da Sexualidade). 1923. In: Obras

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tempo4, para o menino, é marcado pela descoberta da realidade de um ser próximo que não possui o atributo supostamente universal – a mãe, a irmãzinha, etc. – fazendo fracassar a ficção e abrindo caminho para a angústia de um dia ficar, ele próprio, similarmente despossuído. O menino pensa que, se pelo menos um ser se revelou desprovido de pênis, não há garantias para a posse do seu próprio. Para a menina, não há a vagina. Assim como o menino, ela ignora a diferença entre os sexos e atribui ao clitóris o mesmo valor que o menino confere ao seu órgão. A partir desta etapa, o desenvolvimento psicossexual no menino e na menina segue por diferentes percursos com relação ao complexo de castração.

O Complexo de Castração no Menino e na Menina

A ameaça de castração incide sobre a fantasia do menino de um dia possuir o objeto amado, a mãe, sendo obrigado a renunciar as suas fantasias incestuosas, por conta da proibição de suas práticas auto-eróticas, como explica Freud:

“A mãe do menino compreende muito bem que a excitação sexual dele relaciona-se com ela, mais cedo ou mais tarde reflete que não é correto permitir-lhe continuar. Pensa estar fazendo certo proibindo-lhe manipular seu órgão genital. Sua proibição tem pouco efeito; no máximo, ocasiona uma certa modificação em seu método de obter satisfação. Por fim, a mãe adota medidas mais severas; ameaça tirar fora dele a coisa com que a está desafiando. Geralmente, a fim de tornar a ameaça mais assustadora e mais crível, delega a execução ao pai do menino, dizendo que contará a este e que ele lhe cortará fora o pênis.” (Freud, 1938, p.203)

Freud (1925) afirma que, para a menina, a etapa de descoberta visual da região genital masculina, através das observações do pênis grande e visível de um irmão ou colega de brincadeiras, a leva a reconhecê-lo como superior ao seu órgão pequeno e oculto,

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O autor esquematiza em quatro tempos o complexo de castração masculino e feminino In NASIO, J.-D.

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o clitóris. Neste ponto, diferentemente do menino, a experiência visual da menina tem efeitos imediatos. Tais observações levam-na a admitir não possuir o verdadeiro órgão peniano, desde o início, por ela, invejado. Segundo Freud (1938), a menina, naturalmente, não receia a perda do pênis, mas, reage ao fato de não ter recebido um. Esta experiência ocorre, no menino, de forma gradual. De acordo com Nasio (1997), o menino não percebe o órgão genital feminino (vagina), mas, a falta do pênis. Inicialmente, o menino aparenta não mostrar interesse por essa falta, entretanto, sua experiência perceptiva (mais particularmente a visual), reativa as ameaças verbais anteriores.

“[...] se na ocasião da ameaça ele pode recordar a aparência dos órgãos genitais femininos ou se pouco depois tem uma visão deles - de órgãos genitais, equivale a dizer, a que falta realmente essa parte supremamente valorizada, então ele toma a sério que ouviu e, caindo sob a influência do complexo de castração, experimenta o trauma mais sério de sua vida em início.” (Freud, op. cit., p.203) Freud (1923) havia denotado em A Organização Genital Infantil, a negligência do menino em conceber a falta do pênis nas meninas: “Sabemos como as crianças reagem às suas primeiras impressões da ausência de um pênis. Rejeitam o fato e acreditam que elas realmente, ainda assim, vêem um pênis. Encobrem a contradição entre a observação e a preconcepção dizendo-se que o pênis ainda é pequeno e ficará maior dentro em pouco, e depois lentamente chegam à conclusão emocionalmente significativa de que, afinal de contas, o pênis pelo menos estivera lá, antes, e fora retirado depois. A falta de um pênis é vista como resultado da castração e, agora, a criança se defronta com a tarefa de chegar a um acordo com a castração em relação a si própria.” (Id., Ibid., p.159)

No menino, diferentemente das meninas, essa negligência perde força gradualmente. Conforme Nasio (1997), a despeito do corpo da menina, este persiste na crença de que as mulheres mais velhas e respeitáveis, como sua mãe, são dotadas de um pênis. Então, mais

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tarde, o menino percebe que a mãe também é desprovida do pênis, possibilitando, assim, o surgimento de uma angústia de castração (diferentemente da angústia que observamos nos pesadelos e medos das crianças, a angústia de castração é inconsciente, não sendo efetivamente sentida pelo menino). A visualização e percepção do corpo feminino sinalizam para a possibilidade de perda do órgão masculino, na medida em que despertam lembranças de ameaças verbais (reais ou imaginárias) proferida pelos pais, visando interditar suas “práticas masturbatórias”. Estas seriam as duas condições principais para o complexo de castração no menino. O menino, sob efeito da emergência da angústia de castração, aceita a proibição e opta por salvar seu pênis, mesmo tendo de renunciar a mãe como parceira sexual, encerrando-se assim, a fase do amor edipiano do menino e tornando-se possível a afirmação da identidade masculina e a capacidade de produzir seu

próprio limite. O término do complexo de castração

(particularmente, violento e definitivo), é para o menino, o término do complexo de Édipo.

“Os resultados da ameaça de castração são multifários e incalculáveis; afetam a totalidade das relações do menino com o pai e a mãe e, mais tarde, com os homens e as mulheres em geral. [...] A fim de preservar seu órgão sexual, ele renuncia à posse da mãe de modo mais ou menos completo; sua vida sexual com freqüência fica permanentemente dificultada pela proibição.” (Freud, op.cit., p. 203-204)5

Freud (1931) afirmou que a menina, por sua vez, encara a castração, em um primeiro momento, como uma desgraça particular. Quando descobre sua deficiência (falta de um pênis), por perceber um órgão genital masculino, aceita este conhecimento com hesitação e relutância, se ancorando à expectativa de um dia possuir um órgão genital do mesmo tipo. Seu desejo persiste até muito tempo depois de sua esperança ter expirado. Mais tarde, ela vem a compreender que tal infortúnio se estende a algumas outras

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FREUD, S. Esboço de Psicanálise. 1938. In: Obras psicológicas completas. Ed. Standard Brasileira (ESB). Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XXIII.

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crianças e, finalmente, a alguns adultos (seres do sexo feminino). Ao tomar consciência de que as outras mulheres (dentre elas, sua mãe) sofrem da mesma desvantagem, esta despreza a mãe pela censura de não ter podido-lhe transmitir os atributos fálicos. Quando a menina compreende a natureza geral dessa característica, decorre a feminilidade, levando a menina a separar-se dela e escolher o pai como objeto de amor. De acordo com Freud (1938), se a menina persistir no desejo de transformar-se em menino (acreditar que um dia possuirá um pênis) acabará homossexual manifesta ou apresentará traços marcantemente masculinos na vida futura. Outro caminho ocorre através do abandono da mãe, colocando outra pessoa como objeto de amor – o pai. Ao perder um objeto de amor, a reação é identificar-se com ele, substituí-lo dentro de si própria. A identificação com a mãe, assim, pode ocupar o lugar de ligação com ela. A filha se põe no lugar da mãe nas brincadeiras. A menina tenta tomar o lugar da mãe, junto ao pai, passando a odiá-la por conta do ciúme e mortificação do pênis que lhe foi negado. Entretanto, a nova relação com o pai que, pode começar com o desejo de ter o pênis dele à disposição cede lugar para o desejo de ter um filho com ele, como presente. O anseio da menina em possuir um pênis é, na realidade, insaciável e pode encontrar satisfação se ela for bem sucedida em completar seu amor pelo órgão, estendendo-o ao seu portador. Para Nasio (1997) também há que se atentar, na menina, para uma terceira mudança, no que diz respeito aos substitutos do pênis: A mudança da zona erógena. Quando esta descobre a castração da mãe, o “clitóris-pênis” perde a supremacia erógena, implicando em um deslocamento da libido no corpo da menina. No decorrer dos anos que se estendem da infância à adolescência, o clitóris, progressivamente, cede lugar à vagina.

“É interessante que a relação entre o complexo de Édipo e o complexo de castração assuma forma tão diferente - uma forma oposta, na realidade - no caso das mulheres, quando comparada com a dos homens. Nos indivíduos do sexo masculino, como vimos, a ameaça de castração dá fim ao complexo de Édipo; nas mulheres, descobrimos que, ao contrário, é a falta de um pênis que

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as impele ao seu complexo de Édipo. Pouco prejuízo é causado a uma mulher se ela permanece em sua atitude edipiana feminina.” (Freud, op.cit., p. 207)

Conclusão

Concluindo, através deste trabalho, na tentativa de, ao menos, “esclarecer”, com base na perspectiva freudiana, como o complexo de castração, um dos principais conceitos da Psicanálise, ocorre no menino e na menina, também foi possível identificar a presença de aspectos comuns no desenvolvimento psicossexual dos dois sexos, no que diz respeito a esta etapa.

O primeiro aspecto que se mostrou fundamental em ambos os sexos se refere à ficção da universalidade do pênis, enquanto uma teoria infantil que precede o complexo de castração. A segunda característica refere-se à importância do papel da mãe até o momento em que o menino se separa dela com angústia e a menina com ódio. A mãe continua sendo o personagem principal até o momento em que é descoberta como castrada por ambos os sexos.

Os aspectos apontados por Nasio (1997) em Lições sobre os sete conceitos cruciais de Psicanálise foram logo percebidos na obra freudiana. O primeiro aspecto é descrito por Freud como a primeira e talvez principal teoria infantil em seu trabalho Sobre as Teorias Sexuais das Crianças, de 1908. A segunda característica comum pôde ser identificada em praticamente toda a obra freudiana relacionada ao complexo de castração, mas, mais clarificada em Esboço de Psicanálise, de 1938 (no que se refere a ambos os sexos) e em Sexualidade Feminina, de 1931, no qual este “movimento de separação da mãe” é mais explorado com relação às meninas.

Junto a estes aspectos, proponho a adição de um possível outro traço em comum entre os sexos com relação ao complexo de castração, sujeito a um trabalho mais profundamente embasado e relacionando-se novamente com a importância do papel da mãe na perspectiva do complexo de castração como conseqüência da

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distinção anatômica, refere-se ao “choque” que a experiência

perceptiva (mais particularmente visual) da mãe como um ser castrado impõe ao desenvolvimento psicossexual dos meninos e meninas e, principalmente, sua importância e implicações específicas no complexo de castração. A “experiência de percepção” (perceber/ver o órgão ou sua falta) se mostra relevante para o complexo de castração nos trabalhos de Freud, principalmente nos já citados Sexualidade Feminina (1931) e Esboço de Psicanálise (1938), no que abordam a percepção da mãe castrada pelo menino e pela menina, como em alguns outros trabalhos que os precedem, a saber: A Organização Genital Infantil (Uma Interpolação na Teoria da Sexualidade), de 1923, mais significativamente relacionado à experiência perceptiva e gradual dos “seres castrados (meninas)” pelos meninos e Algumas Conseqüências Psíquicas da Distinção Entre os Sexos, de 1925, abordando a percepção da “superioridade peniana de alguns seres (meninos)” pelas meninas.

Notavelmente, esta experiência ocorre de diferentes maneiras para o menino e para a menina, porém, constitui-se um fator crucial na transição entre a negligência de diferenciação dos sexos e a emergência da angústia de castração, renúncia ao amor edípico, masculinidade no menino e o ódio pela mãe, mudança de parceiro amado, zona erógena e, por fim, objeto desejado, possibilitando a feminilidade na menina.

À guisa da metáfora, poderíamos numa brincadeira, pensar que se todo este percurso, desde a teoria infantil da universalidade do pênis (onde não há ausência/castração do objeto fálico) até a

masculinidade e feminilidade fosse o script6 de um filme, a

descoberta da mãe castrada poderia ser um dos principais elementos de seu plot-point7 (ponto de virada).

Referências Bibliográficas

6

Roteiro de cinema.

7

O “plot-point” (ponto de virada) é um termo técnico utilizado na composição de roteiros cinematográficos. É descrito por Syd Field como “um incidente, ou evento, que ‘engancha’ na ação e

reverte em outra direção” no capítulo “O Ponto de Virada (Plot Point)” in “Manual do Roteiro” – Ed.

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FREUD, S. Sobre as teorias sexuais das crianças. 1908. In: Obras psicológicas completas. Ed. Standard Brasileira (ESB). Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. IX.

_________ Análise de uma fobia em um menino de cinco anos. 1909. In: Obras psicológicas completas. Ed. Standard Brasileira (ESB). Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. X.

_________ A organização genital infantil (Uma Interpolação na Teoria da Sexualidade). 1923. In: Obras psicológicas completas. Ed. Standard Brasileira (ESB). Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XIX.

_________ Algumas conseqüências psíquicas da distinção entre os sexos. 1925. In: Obras psicológicas completas. Ed. Standard Brasileira (ESB). Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XIX.

_________ Sexualidade feminina. 1931. In: Obras

psicológicas completas. Ed. Standard Brasileira (ESB). Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XXI.

_________ Esboço de Psicanálise. 1938. In: Obras psicológicas completas. Ed. Standard Brasileira (ESB). Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XXIII.

GORSKI, G. (2000). Algumas considerações sobre o complexo de Édipo em Freud e Lacan. Disponível em http://www.psiconica.com/psimed. Acessado em: 15/07/11.

NASIO, J.-D. Lições Sobre Sete Conceitos Cruciais da Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.

ROCHA, Z. “Feminilidade e castração seus impasses no discurso freudiano sobre a sexualidade Feminina” (Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, vol. V, núm. 1, março, 2002, pp. 128-151). Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental. São Paulo, Brasil.

Referências

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