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O adicional de Insalubridade e a remuneração do trabalhador

Leonardo Tadeu* Em síntese, pode-se definir uma atividade insalubre como aquela que afeta ou causa danos à saúde do empregado, provocando, com o passar do tempo, doenças e outros males. Em termos reais, ao empregado exposto ao agente insalubre é garantido o pagamento mensal de uma porcentagem do salário mínimo, de acordo com os limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho que se dividem em 10%, 20% ou 40% do salário mínimo.

Assim, os percentuais de remuneração do adicional de insalubridade têm como base o salário mínimo.

Contudo, esta interpretação contraria a moderna jurisprudência proferida pelo Egrégio Tribunal Regional do Trabalho, 3ª região e ainda, não se presta para os fins efetivamente objetivados pelo legislador constitucional, senão vejamos:

1- A intenção do legislador

Inicialmente, deve-ser ressaltar que o pagamento do adicional de insalubridade tendo como base o salário mínimo funciona como se fosse um permissivo legal para que o trabalhador possa manter-se exposto ao agente nocivo, já que, claro, é bem menos oneroso para a empresa do que efetivamente investir no ambiente de trabalho para que se torne satisfatoriamente saudável.

É exatamente neste ponto que falta a percepção do empresário em notar que o "plus", denominado adicional de insalubridade, não se destina objetivamente a ser pago ao

empregado, mas, sim, a desestimular a negligência do empregador para com o ambiente de trabalho.

Desta forma, também por este motivo, não há como ter o salário mínimo como base de cálculo do Adicional de Insalubridade.

Todavia, há mais questões que devem ser analisadas.

O nosso legislador constitucional ao inserir a palavra “remuneração” ao invés da palavra “salário”, para fins de qualificar os adicionais de penosidade, insalubridade e

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periculosidade, demonstrou de forma clara, que sua intenção era aumentar a base de cálculo destes adicionais, assim o artigo 192 foi tacitamente revogado.

Constituição Federal

XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;(grifos e destaques nossos)

Este entendimento se justifica pela clara diferenciação existente entre a definição de remuneração e salário e ainda pelo comando constitucional contido no inciso XXII do artigo 7º da CF/88, que determina a obrigação de nosso legislador em produzir norma que visem reduzir os risco inerentes ao trabalho.

Constituição Federal

XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;

2- Da jurisprudência

Inclusive, deve-se ressaltar que este entendimento foi adotado pelo Tribunal Regional do Trabalho, 3ª região, que nos termos do voto do Exmo. Juiz Relator Antônio Álvares da Silva, no julgamento do processo 1676-2005-134-03-00-2, data de publicação 13/05/2006, definiu que a base de calculo do adicional de insalubridade pago ao empregado deverá ser sua remuneração e não o salário mínimo.

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO - 3ª REGIÃO Processo:01676-2005-134-03-00-2 RO

Data de Publicação:13/05/2006 Órgão Julgador : Quarta Turma

Juiz Relator:Caio L. de A. Vieira de Mello Juiz Revisor :Antônio Álvares da Silva Juiz Redator:Antônio Álvares da Silva

EMENTA: ADICIONAL DE INSALUBRIDADE SOBRE REMUNERAÇÃO.

Ao usar, no art. 7o., item XXIII, o termo "remuneração" em vez de "salário" para qualificar o adicional que deve ser pago pelo trabalho prestado em condições penosas, insalubres ou

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perigosas, o legislador constituinte teve clara intenção de aumentar a base sobre a qual incide o trabalho realizado em condições adversas, revogando assim o art. 192 da CLT. Esta interpretação está autorizada, não só pela clara distinção entre remuneração e salário, assentada pelo próprio legislador consolidado no art. 457, da CLT, como também pelo espírito do legislador constituinte ao prometer, no item XXII do art. 7o., "redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança".

Qualquer outra interpretação colocaria a Constituição em contradição consigo própria pois, enquanto promete a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança, facilita sua prestação, permitindo que o empregador pague menos pelo trabalho exercido em condições desfavoráveis.

Jamais se preservará o trabalho, valor repetidamente estimado pela Constituição Brasileira (art. 1o., item IV, art. 170 e 193) sem se preservar o trabalhador que é a fonte única dos bens e serviços de que carece toda e qualquer coletividade organizada.

...DA BASE DE CÁLCULO DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

O Recorrente pretende ver reformada a r. sentença no tocante à base de cálculo do adicional de insalubridade, ao argumento de que tal adicional deve incidir sobre a sua remuneração, e não sobre o salário mínimo.

Assiste-lhe razão.

Ao usar, no art. 7o., item XXIII, o termo "remuneração" em vez de "salário" para qualificar o adicional que deve ser pago pelo trabalho prestado em condições penosas, insalubres ou perigosas, o legislador constituinte teve clara intenção de aumentar a base sobre a qual incide o trabalho realizado em condições adversas, revogando assim o art. 192 da CLT. Esta interpretação está autorizada, não só pela clara distinção entre remuneração e salário, assentada pelo próprio legislador consolidado no art. 457, da CLT, como também pelo espírito do legislador constituinte ao prometer, no item XXII do art. 7o., "redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança". Qualquer outra interpretação colocaria a Constituição em contradição consigo própria pois, enquanto promete a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança, facilita sua prestação, permitindo que o empregador pague menos pelo trabalho exercido em condições desfavoráveis. Jamais se preservará o trabalho, valor repetidamente estimado pela Constituição Brasileira (art. 1o., item IV, art. 170 e 193) sem se preservar o trabalhador que é a fonte única dos bens e serviços de que carece toda e qualquer

coletividade organizada. Provejo.

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O Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região, por sua Quarta Turma, à

unanimidade, conheceu do recurso; sem divergência, rejeitou a preliminar; no mérito, por maioria de votos, vencido o Exmo. Juiz Relator, deu-lhe provimento parcial para condenar a reclamada a pagar o adicional de insalubridade com base na remuneração conforme ementa de fls. 336

Belo Horizonte, 26 de abril de 2006. ANTÔNIO ÁLVARES DA SILVA Juiz Redator (grifos e destaques nossos)

Inclusive, corroborando este entendimento, recentemente, o Supremo Tribunal Federal, entendeu pela inconstitucionalidade da utilização do salário mínimo como base de cálculo do adicional de Insalubridade, senão vejamos:

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nr. 451215 PROCED. : ESPÍRITO SANTO

RELATOR : MIN. CARLOS BRITTO RECTE.(S) : JOÃO GOMES DA SILVA

ADV.(A/S) : JOAQUIM AUGUSTO DE AZEVEDO SAMPAIO NETTO E OUTRO(A/S) RECDO.(A/S) : COMPANHIA SIDERÚRGICA DE TUBARÃO - CST

ADV.(A/S) : RICARDO ADOLPHO BORGES DE ALBUQUERQUE E OUTRO(A/S) DJ Nr. 115 - 19/06/2006 -

Ata Nr. 91 - Relação de Recursos - Despachos dos Relatores DECISÃO: Vistos, etc.

Cuida-se de recurso extraordinário contra acórdão do Tribunal Superior do Trabalho. Tribunal que referendou a utilização do salário mínimo como base de cálculo do adicional de insalubridade.

2. Tenho que o apelo extremo merece acolhida. Isto porque a jurisprudência desta colenda Corte vem rejeitando a adoção do salário mínimo como base de cálculo do referido adicional, por ofensa ao inciso IV do art. 7o da Lei Maior.

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3. Com efeito, a jurisprudência deste nosso Tribunal impede que se tome o salário mínimo como base de cálculo para qualquer outra relação jurídica de conteúdo pecuniário. Sabido que esse automático atrelamento opera como agente indutor da inflação e, nessa medida, termina por inibir a prolação de leis agregadoras de ganhos reais a ele, salário mínimo. Donde o raciocínio elementar de que, já não podendo incrementar de forma automática os índices de inflação do País, o salário mínimo assim autonomizado de tudo o mais ganha a possibilidade de experimentar substancial densidade em sua expressão monetária. Com isso elevando o real poder aquisitivo dos trabalhadores mais economicamente sacrificados, que são, precisamente, aqueles cuja retribuição pecuniária básica não vai além do piso em que se traduz o instituto do salário mínimo.

4. À guisa de exemplos, anoto os seguintes precedentes:

“Adicional de insalubridade: vinculação ao salário mínimo, estabelecida pelas instâncias ordinárias, que contraria o disposto no art. 7º, IV, da Constituição: precedentes.”(RE 435.011-Ag.R, Rel. Min. Pertence)

“Adicional de insalubridade. Vinculação ao salário mínimo. Impossibilidade, por ofensa ao art. 7o, IV da Constituição Federal. Precedentes. Recurso extraordinário conhecido e provido.” (RE 351.611, Rel. Min. Ellen Gracie)

Isso posto, e frente ao § 1o-A do art. 557 do CPC, dou provimento ao recurso para reformar, no ponto, o acórdão impugnado. Determino o retorno dos autos às instâncias ordinárias, a fim de refixação da base de cálculo para o adicional de insalubridade. Publique-se. Brasília, 29 de maio de 2006. Ministro CARLOS AYRES BRITTO Relator (grifos e destaques nossos)

Não é demais lembrar que esta alteração na jurisprudência, poderá implicar aos

empregadores ao surgimento de um passivo trabalhista de milhões de reais, devidos pelos empregadores aos seus empregados e, consequentemente, milhares de novas demandas trabalhistas.

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*Advogado, graduado em Direito pela PUC/Minas, Coordenador Jurídico nas

Especialidades Direito do Trabalho e Processo Eleitoral do Escritório Danilo Santana Advocacia e do projeto JurisWay

Disponível em: <http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=27>. Acesso em: 14 mai. 2007.

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