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ARTIGO SUSTENTABILIDADE

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Academic year: 2021

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ARTIGO SUSTENTABILIDADE

É revelador que ao ser aberto o portal da Abrapp direcione o visitante para apenas 5 janelas temáticas e uma delas já abra para o tema Sustentabilidade. Bastaria isso para fornecer um claro sinal da importância que os critérios ambientais, sociais e de governança em boa parte já têm na definição das políticas de investimento das entidades de previdência complementar fechada, mas nos últimos anos vêm surgindo muito mais evidências desse algo que interessa muito ao País.

É natural que assim seja: por viverem ciclos longos, as EFPCs são por vocação investidoras de longo prazo, um perfil que as faz por natureza preocupadas com a sustentabilidade de investimentos cujos retornos sustentarão no futuro os compromissos previdenciários expressos no passivo. Afinal, após décadas acumulando reservas, não há espaço para surpresas que venham a retirar as garantias financeiras dos benefícios previdenciários a serem pagos.

Investidora de longo prazo, ao mesmo tempo em que associada a uma agenda que mais do que do Estado é da sociedade brasileira, qual seja o investimento que une preocupações ambientais, sociais e de governança, a previdência complementar fechada se apresenta assim à Nação como solução para muitas de suas carências. Haja visto que, com uma infraestrutura e uma economia carentes de uma taxa interna de poupança mais robusta e de trabalhadores cuja aposentadoria não deve depender só do Estado, o sistema representado pela Abrapp entende que a formação de uma sólida poupança previdenciária mais que justifica nesse momento todo e qualquer esforço na direção de seu fomento.

Em nome dessa boa causa, de tanto interesse para a sociedade brasileira, bate à porta do Governo, Congresso Nacional, da Academia, dos mercados e das lideranças empresariais, sindicais e associativas.

O fomento da previdência complementar fechada vem ao encontro da solução de várias das carências brasileiras.

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E evidências não faltam de que os investimentos com viés sustentável ganham cada vez mais corpo entre as EFPCs brasileiras. Estudo recente (fonte: Sitawi) mostra, por exemplo, que todas as 25 maiores entidades do País fazem menção em suas políticas de investimentos aos critérios ASG (ambientais, sociais e de governança), contra 72% dois anos antes. Se com a ampliação do universo forem consideradas as 50 maiores, o percentual é de 78%, no lugar dos 67% observados em 2014. Em qualquer dos casos, são percentuais expressivos que traduzem avanços importantes, ainda que se possa melhorar muito. O mesmo trabalho afirma que o emprego de estratégias ASG básicas, como o uso de “filtros negativos” (filtram riscos) se mostra algo relativamente frequente.

A mesma pesquisa mostrou que não longe de uma terça parte dos ativos totais estão investidos atendendo aos critérios ASG.

No Mundo, e o conhecimento dessa nova realidade ajuda a consolidar convicções também no Brasil, ativos geridos profissionalmente com abordagens de investimento responsável cresceram 25% nos últimos 2 anos (Fonte: Sitawi). O fundo de pensão dos servidores do Estado de Nova Iorque, por exemplo, criou o Índice de Baixa Emissão de Carbono, que já envolve operações da ordem de US$ 2 bilhões.

É fato apurado dentro do sistema que entidades desenvolveram metodologias para analisar e classificar socioambientalmente empresas nas quais investiram ou pretendiam fazê-lo. A análise foi estendida a diferentes classes de ativos. Às companhias foram dadas classificações entre 3 e 1, descartando-se investimentos neste último caso.

Mas nem todos os avanços na direção da sustentabilidade estão expressos em números. Em reunião em julho último, presentes representantes de suas iniciativas da ONU, a UNEP – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e PRI – Principles for Responsible Investments, na qual a Abrapp teve uma ativa participação, um relatório concluiu que “o Brasil apresenta um contexto de possibilidades para a integração ASG tanto no âmbito regulatório quanto prático, dando assim sinais de engajamento concreto há mais de uma década”.

A revisão da Resolução CMN 3792, que rege os investimentos das entidades e que pode ganhar um texto renovado até o começo de 2018, oferece a possibilidade de abertura de uma nova frente que venha a reforçar esse compromisso com a sustentabilidade.

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Um caminho que o órgão supervisor, a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) parece mostrar o desejo de ajudar a aplainar, ao admitir como um de seus propósitos “orientar a observância do princípio referente à sustentabilidade econômica, social e ambiental, na medida do possível; induzir e reforçar que as políticas de investimento abordem diretrizes para a observância de princípios de responsabilidade socioambiental e de governança, preferencialmente, de forma diferenciada por segmento de ativos e por setores da atividade econômica”. A autarquia coloca como um dever para si e para os dirigentes de entidades “a avaliação da sustentabilidade econômica, social e ambiental dos investimentos”.

Um compromisso que as EFPCs dão mostras de querer mesmo reforçar cada vez mais. No 38º Congresso Brasileiro da Previdência Complementar Fechada, de 4 a 6 de outubro, em São Paulo, a Comissão Técnica Nacional de Sustentabilidade da Abrapp estará lançando duas novas publicações: O “Guia da EFPC Responsável – Seleção e Monitoramento da Gestão Terceirizada com Critérios ASG” e o “Guia das Melhores Práticas de Equidade de Gênero e Raça”.

Outra demonstração dessa consciência por parte do quadro associativo da Abrapp é dada nos palcos, onde um grupo de teatro amador formado por participantes ativos e aposentados de uma associada, o “Real em Cena”, apresenta a peça “O Cinturão da Sustentabilidade”, já várias vezes encenada. Num ringue simulado, a luta é encerrada com a lição de que não se pode investir sem um olhar prudentemente sustentável.

Esse olhar socioambientalmente tão necessário não deve ser apenas do gestor, mas também do participante, que deve ser capaz de compreender que os melhores investimentos nem sempre se provam no médio e muito menos no curto prazo;

Isso é algo que está levando as entidades a investir de forma crescente na educação financeira e previdenciária de seus participantes;

Tal esforço vem rendendo uma multiplicação de iniciativas sob a forma de educação via palestras presenciais ou projetos desenvolvidos pela internet, seja por meio de sites das próprias entidades ou portais coletivos como aquele que a Abrapp

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oferece através de empresa contratada. Neste segundo caso os custos são rateados e o investimento feito tende a ser maior;

Essa cultura de um horizonte mais longo tem feito as entidades se voltarem mais para ações com objetivos e prazos definidos.

Investidores tipicamente adotam práticas de investimentos responsáveis por 2 razões: Alfa – para buscar melhores retornos ajustados ao risco em suas carteiras, uma vez que as questões ASG têm se mostrado cada vez mais relevantes quanto à definição dos preços dos ativos; OU Ética – para alinhar-se com as demandas de seus clientes ou investidores. O primeiro motivo mostra-se cada vez mais determinante, por exemplo, para as nossas entidades.

Uma confortável maioria de estudos empíricos já aponta uma relação francamente positiva entre fatores ASG e uma melhor performance financeira.

E os gestores se deixam convencer de que esse é o caminho porque é isso que estão a mostrar as pesquisas. Nesse sentido, a maioria dos estudos empíricos já apontam uma relação francamente positiva entre fatores ASG e uma melhor performance financeira. E isso não apenas na renda variável, mas também na fixa e no private equity.

Estudo do CDP – Carbon Disclosure Project vai nessa direção: 20 de 36 trabalhos acadêmicos concluíram que empresas que seguem os critérios ASG obtém retornos maiores, 13 finalizaram dizendo que os resultados conseguidos não são nem maiores nem menores e 3 chegaram à conclusão de que o efeito pode ser negativo.

Ficou mais fácil nos últimos anos para o gestor obter dados e avaliações de empresas segundo os critérios ASG;

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A chegada de gestores mais jovens reforça tal tendência, considerando a maior sensibilidade das novas gerações aos valores ASG;

A tendência é ainda mais reforçada pelo sentimento de que organizações que se orientam pela sustentabilidade tendem a ser mais inovadoras, têm melhor reputação, reduzem riscos, se envolvem menos em conflitos, usufruem acesso mais fácil às fontes de capital e, um pouco por tudo isso, trabalham com menores custos operacionais.

Aos gestores de carteiras de EFPCs não escapa a percepção de que são acompanhados com mais atenção pelo mercado, por sua condição de importantes investidores institucionais, e por isso mesmo lhes cabe um papel de liderança e exemplo.

Em nome dessa liderança e da missão de dar bons exemplos a Abrapp e suas associadas estão entre as apoiadoras do CDP – Carbon Disclosure Project e do PRI – Principles for Responsible Investments, organizações globais que por diferentes meios buscam orientar os investimentos para empresas e projetos que valorizem os critérios ASG. Para dar uma ideia do que isso significa, o CDP reúne atualmente ao redor de 800 gestores e um total de ativos sob gestão próximo dos US$ 100 trilhões. O PRI agrupa 1700, chegando aos US$ 70 trilhões.

A previdência complementar fechada brasileira sabe hoje e cada vez mais sobre o tema porque, em primeiro lugar, essa está longe de ser uma preocupação recente. Em 2004, a Abrapp lançou os “11 Princípios Básicos de Responsabilidade Social para as EFPCs”. Desde então foram muitas as iniciativas e seminários realizados, publicações editadas, culminando em 5 de setembro de 2017 com a realização, em São Paulo, da Conferência de Diretores e Conselheiros – Dever Fiduciário e Sustentabilidade da Previdência Complementar Fechada. Um detalhe chama a atenção: como o próprio nome do evento mostra, estavam particularmente presentes dirigentes e conselheiros, denotando o envolvimento da alta direção das entidades. A produção da CTN de Sustentabilidade reforça isso.

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Esse último evento veio corroborar, através da divulgação de dados do BNDES, o quanto é oportuna a pregação da Abrapp em favor da urgência do crescimento do sistema. Segundo informado pelo banco na ocasião, o mercado de capitais é fonte ainda hoje de menos de 10% dos recursos destinados à infraestrutura. Diante do desequilíbrio das contas públicas e da restrição de recursos em face disso, interessa muito ao Governo fazer crescer o percentual que cabe aos investidores privados, algo que poderia ser facilmente conseguido por meio do fomento da poupança previdenciária.

Referências

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