• Nenhum resultado encontrado

Avaliação dos Aneurismas Intracranianos Tratados no Instituto de Neurologia de Curitiba

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Avaliação dos Aneurismas Intracranianos Tratados no Instituto de Neurologia de Curitiba"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

Avaliação dos Aneurismas Intracranianos Tratados no

Instituto de Neurologia de Curitiba

Assessment of Intracranial Aneurysms Treated at the Neurological Institute of Curitiba

Camilla Von Steinkirch1

Maria Victoria Fujii Kato1

Mariana Maranho Chyla1

Vanessa Beatris Correia1

André Giacomelli Leal2

1 BM, Universidade Positivo, Faculty of Medicine, Curitiba, Paraná, Brazil 2 MD, MSc, Neurosurgeon, Neurological Institute of Curitiba, Paraná, Brazil

RESUMO

Introdução: Aneurismas intracranianos (AI) são uma dilatação anormal de uma artéria cerebral, causada pelo enfraquecimento da

parede do vaso que ocorre devido fatores genéticos e adquiridos associados ao estresse mecânico do fluxo sanguíneo. Estudos mostram uma prevalência de cerca de 1,5 a 5% na população em geral. A ruptura é o desfecho mais comum de um AI, resultando na chamada hemorragia subaracnóidea. O tratamento dos aneurismas rotos e não rotos pode ser realizado através da técnica cirúrgica (clipagem e/ou wrapping) ou da técnica endovascular (embolização ou implante de diversor de fluxo). Objetivo: Analisar as características dos AI e o perfil dos pacientes tratados no INC. Assim como correlacionar alguns dados entre si. Método: Estudo descritivo com amostra composta por 254 prontuários clínicos de pacientes tratados no INC devido a aneurisma intracraniano, no período compreendido entre 2010 e 2016. Foram avaliadas as seguintes variáveis: quantidade de aneurisma, sexo, idade que realizou o procedimento, fatores de risco, localização, tamanho, ocorrência ou não de ruptura aneurismática, complicação do aneurisma e da técnica. Além disso, foi realizada correlação entre alguns dados. Para realização das correlações foi usado o teste de Qui-quadrado ou o teste exato de Fisher.

Resultado: Os aneurismas foram mais frequentes nas mulheres (n=187; 73,7%) do que nos homens (n=67; 26,3%). A idade média de

realização do procedimento foi de 54,6 anos. HAS estava presente em 126 pacientes (44,7%), o tabagismo em 35 (12,4%), a dislipidemia em 32 (11,3%), presença de história familiar de aneurisma em 18 (6,4%), reposição hormonal em 4 (1,4%), história prévia de rotura de aneurisma em 1 (0,3%) e DAC em 1 (0,3%). Dos aneurismas, 263 (91,8%) encontravam-se na circulação anterior e 19 (8,2%) na circulação posterior. Referente ao tamanho, 218 (77,3%) eram pequenos, 49 (17,4%) médios, 15 (5,3%) grandes. Foram submetidos à técnica cirúrgica (clipagem e wrapping) 112 pacientes (39,7%) e 170 (60,3%) ao tratamento endovascular (embolização e implante de diversor de fluxo). Conclusão: Obteve-se predomínio de pacientes com apenas um AI, do sexo feminino, com idade média de 54,6 anos; os fatores de risco mais prevalentes foram hipertensão e tabagismo. Os AI eram predominantemente pequenos, localizados na circulação anterior e não rotos. A técnica endovascular, principalmente a embolização, foi o tratamento mais realizado para o manejo dos AI.

Palavras-chave: Aneurisma intracraniano; Hemorragia subaracnóidea; Embolização; Clipagem ABSTRACT

Introduction: Intracranial aneurysms (IA) consist of abnormal dilatation of a cerebral artery, caused by weakening of the vessel wall.

It occurs due to genetic and acquired factors associated with mechanical stress of the blood flow. Studies show a prevalence of 1.5 to 5% in the general population. A rupture is the most common outcome of an IA, resulting in subarachnoid hemorrhage. The treatment of ruptured and non-ruptured aneurysm can be performed by surgical technique (clipping and wrapping) or by endovascular technique (embolization, and flow diversion implantation) achieved through endovascular embolization, clipping or wrapping. Objective: To analyze the characteristics of the IA and the profile of the patients treated in the INC. As well as to correlate some data with each other. Methods: A descriptive study with a sample composed of 254 clinical records of patients treated in the INC due to intracranial aneurysm, between 2010 and 2016. The following variables were evaluated: quantity of aneurysm, sex, age of the procedure, risk factors, location, size, presence of aneurysmal rupture or not, IA technique and complications. Chi-square test or Fisher’s exact test was used to calculate the level of significance. Results: The IA were more frequent in women (n = 187; 73.7%) than in men (n = 67; 26.3%). The mean age at the procedure was 54.6 years. SAH was present in 126 patients (44.7%), smoking in 35 (12.4%), dyslipidemia in 32 (11.3%), presence of a family history of IA in 18 (6.4%), hormone replacement therapy in 4 (1.4%), previous history of IA rupture in 1 (0.3%) and, finally, coronary arterial disease in 1 (0.3%). As to location, 259 (91.8%) were in the previous circulation and 23 (8.2%) in the posterior circulation. Regarding size, 218 (77.3%) were small, 49 (17.4%) were medium, 15 (5.3%) were large. A total of 112 (39.7%) patients were submitted to surgical technique (clipping and/or wrapping) and 170 (60.3%) underwent endovascular treatment (embolization or flow diversion). Conclusion: It was observed predominance of patients with only one AI, women, with a mean age of 54.6 years. The most prevalent risk factors were arterial hypertension and smoking. Among the IA characteristics, there were observed predominance of small ones, located in the anterior cerebral circulation and non-ruptured. The endovascular technique, mainly embolization, was the most realized treatment for the management of the IA.

Key-words: Intracranial aneurysm; Subarachnoid hemorrhage; Embolization; Clipping

Received Nov 12, 2017 Corrected Nov 06, 2018 Accepted Nov 06, 2018

(2)

Introdução

Aneurismas intracranianos (AI) são dilatações anormais de uma artéria cerebral, causadas pelo enfraquecimento da parede do vaso. Ocorrem devido a fatores genéticos e adquiridos associados ao estresse mecânico causado pelo fluxo sanguíneo1. Há diversas maneiras de classificá-los: conforme

as paredes da artéria que acometem (verdadeiros ou falsos);

conforme o formato do aneurisma (saculares ou fusiformes)2

e quanto ao tamanho (pequenos quando menores que 7 mm, médios de 7 até 12 mm, grandes de 13 até 25 mm e gigantes quando maiores ou iguais a 25 mm)3.

Estudos mostram uma prevalência de cerca de 1,5 a 5% na população em geral. A estimativa é de que 3 a 5 milhões de pessoas nos Estados Unidos tenham a doença, sendo que a maioria não apresenta sintoma, por isso, muitos são diagnosticados como achado de exame, geralmente por tomografia axial computadorizada (TAC) ou ressonância magnética (RM) e, posteriormente, confirmados com angiografia com subtração digital1. Os sintomas de um AI não-roto são causados quando

exercem um efeito de massa que resulta em uma paralisia de algum nervo craniano ou disfunções4.

A causa inicial para a formação de um aneurisma ainda é incerta. No entanto, se aceita que fatores genéticos e

hemodinâmicos estejam envolvidos5. Secundariamente, podem

ser desenvolvidos devido a aterosclerose, a vasculopatias e a malformações arteriovenosas (MAV). Os fatores hereditários respondem por aproximadamente 5% dos casos e dentre eles destacam-se a Síndrome de Ehlers-Danlos, Síndrome de Marfan e doença autossômica dominante dos rins policísticos6,7.

Outros fatores de risco potenciais para o desenvolvimento de um aneurisma não-roto e para a sua subsequente ruptura são: tabagismo, hipertensão arterial e uso de anticoncepcionais hormonais orais.

A ruptura é o desfecho mais comum de um AI e resulta na chamada hemorragia subaracnóidea (HSA), podendo ocorrer

em até 50% dos casos1,4. Os pacientes com esse quadro

geralmente descrevem uma cefaleia súbita descrita como “a pior da vida”. Acredita-se que cerca de 10% morrem antes de conseguirem auxílio médico, enquanto muitos outros chegam ao hospital em coma ou com algum comprometimento

neurológico importante7. As possíveis complicações de uma

HSA são: ressangramento do AI, vasoespamo, hiponatremia, hidrocefalia, meningite séptica e hematoma intracraniano 8. A

mortalidade em 30 dias é de 45%, enquanto cerca de 30% dos sobreviventes terão sequelas de moderada a grave intensidade1.

A maioria dos pacientes acometidos pela HSA está na faixa etária de 30 a 60 anos de idade, sendo que o pico de incidência máxima é durante a quinta década de vida e com predomínio entre as mulheres. Dentre os riscos de sangramento já citados, está o fator genético, sendo que o risco de HSA em parentes de primeiro-grau dos pacientes acometidos chega a ser de 3 a 7 vezes maior que na população em geral1,9.

Quanto ao tratamento dos AI, tanto rotos quanto não-rotos, existe a opção da técnica endovascular, realizada pela oclusão minimamente invasiva do AI com micromolas de platina (embolização) ou pelo implante de um diversor de fluxo, e da técnica cirúrgica, realizada pela clipagem ou wrapping. Ambas as técnicas visam a exclusão do AI da circulação cerebral. A técnica a ser escolhida depende principalmente do tamanho do AI, de sua localização, do seu formato e da idade

do paciente10-12. Embolização com micromolas consiste na

deposição endovascular desse material no AI por meio de um microcateter, e assim, provocar a sua oclusão. O implante de diversor de fluxo se baseia no remodelamento do fluxo sanguíneo, o qual é impedido de entrar na luz aneurismática, acarretando na trombose do AI. O tratamento cirúrgico pela clipagem do AI é o mais difundido e se baseia na colocação de um clipe metálico no colo aneurismático12. E por último, o wrapping (revestimento) é

uma técnica cirúrgica considerada alternativa para os aneurismas não clipáveis (muito pequenos, fusiformes ou calcificados). Este procedimento se baseia no revestimento do AI com materiais como algodão, músculo, gaze de musselina ou cianoacrilato, provocando uma inflamação local e, consequentemente, uma proteção contra a ruptura aneurismática 13,14.

Objetivos

O presente estudo tem como objetivo analisar as características dos AI e o perfil dos pacientes que foram tratados por este motivo no Instituto de Neurologia de Curitiba (INC), entre 2010 e 2016. Além de correlacionar as características desses AI com o perfil dos pacientes e com o tratamento realizado no hospital.

(3)

ou implante de diversor de fluxo) e técnica cirúrgica aberta (clipagem e/ou wrapping);

● Presença de complicações da técnica empregada: impossibilidade da técnica empregada; complicação da técnica; oclusão arterial intraoperatória; impossibilidade de cateterização do aneurisma; impossibilidade do acesso endovascular ou cirúrgico.

Foram analisadas e correlacionadas: (1) a diferença de AI roto e não roto sob a ótica do sexo, (2) tamanho do AI e a presença de fatores de risco, (3) presença de complicações do AI com os fatores de risco apresentados e (4) o tamanho do AI com o procedimento realizado.

Os resultados da idade foram descritos por média, desvio padrão, mínima e máxima. Para as variáveis categóricas foram apresentadas frequências e percentuais. Esses dados foram organizados em planilha do Excel.

A partir da análise descritiva dos resultados, os dados foram submetidos a associações e correlações, sendo que para avaliar a associação entre duas variáveis categóricas foi utilizado o teste de Qui-quadrado ou o teste exato de Fisher. Valores de p<0,05 indicaram significância estatística. Os dados foram analisados com o programa computacional IBM SPSS Statistics v.20.0. Armonk, NY: IBM Corp.

Resultados

Foram analisados 254 prontuários de pacientes, totalizando 282 aneurismas que foram submetidos a procedimentos no INC. Do total de pacientes, no período analisado, 233 apresentaram um único aneurisma e 21 pacientes apresentaram dois ou mais aneurismas, conforme demonstrado na Tabela 1.

Os aneurismas foram mais frequentes em mulheres (n=187; 73,7%) do que nos homens (n=67; 26,3%).

A idade média de realização do procedimento foi de 54,6 anos,

Materiais e Métodos

Trata-se de um estudo clínico, retrospectivo, transversal e descritivo, com análise dos prontuários de todos os AI tratados no INC no período de 01/01/2010 a 31/12/2016. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Positivo pelo número 2.051.894 da Plataforma Brasil.

No total foram analisados 254 prontuários clínicos os quais continham informações referentes aos AI tratados com as técnicas endovascular e cirúrgica, no INC no período de 2010 a 2016.

Nos prontuários foram pesquisadas as seguintes variáveis: ● Número de aneurismas cerebrais;

● Sexo: feminino ou masculino;

● Idade em que realizou procedimento no hospital no período avaliado;

● Fatores de risco: hipertensão arterial sistêmica (HAS), tabagismo, dislipidemia, história familiar, história prévia de rotura de aneurisma, reposição hormonal, doença arterial coronariana (DAC);

● Localização do AI: circulação anterior (artérias cerebrais anterior e média, artéria comunicante anterior, artéria pericalosa, segmentos petroso, lácero, cavernoso, clinóideo, oftálmico, comunicante e coroideo da artéria carótida interna, bifurcação da artéria carótida interna), circulação posterior (artérias vertebral, basilar e cerebelares: AICA, PICA e superior); ● Tamanho do aneurisma: pequenos (menores que 7 mm), (de 7 até 12 mm), grandes (de 13 até 25 mm) e gigantes (maiores ou iguais a 25 mm). Neste trabalho, os aneurismas que mediam 7 mm foram considerados médios e os que mediam de 12 a 25 foram considerados grandes;

● Estado do aneurisma no tratamento: roto e não roto;

● Complicações: vasoespasmo arterial (leve, moderado, severo); fístula liquórica; isquemia cerebral (transitória ou permanente); rotura aneurismática durante o procedimento; paresia de nervos cranianos; oclusão arterial intraoperatória; hemorragia ou hematoma; convulsão; coleção epidural, edema cerebral e outros;

● Tratamento realizado: técnica endovascular (embolização

Tabela 1. Distribuição do número de pacientes de acordo com a quantidade de

aneurismas apresentados. Curitiba, Brasil, 2010-2016

Número de

Aneurismas Número de Pacientes (n) Total de Aneurismas (n)

1 233 233

2 15 30

3 5 15

4 1 4

(4)

variando entre 14-81 anos, com um desvio padrão de 13,3. A prevalência dos aneurismas foi semelhante entre as faixas etárias, com destaque para o intervalo entre 50-59 anos em que a porcentagem foi maior (29,8%), conforme o Gráfico 1. A distribuição dos fatores de risco na amostra seguiu o seguinte padrão: HAS estava presente em 126 pacientes (44,7%), o tabagismo em 35 (12,4%), a dislipidemia em 32 (11,3%),

Gráfico 1. Faixa etária de realização do procedimento. Curitiba, Brasil, 2010-2016.

Gráfico 2. Localização dos aneurismas. Curitiba, Brasil, 2010-2016.

presença de história familiar de aneurisma em 18 (6,4%), reposição hormonal em 4 (1,4%), história prévia de rotura aneurismática em 1 (0,3%) e, por fim, DAC em 1 (0,3%). Quanto à distribuição dos aneurismas, 259 (91,8%) estavam localizados nas artérias da circulação anterior do cérebro, enquanto que 23 (8,2%) encontravam-se nas artérias da circulação posterior, sendo essa divisão ilustrada no Gráfico 2. A Tabela 2 demonstra a relação das artérias em que os aneurismas se localizavam.

Todos os AI analisados eram saculares distribuindo-se quanto ao tamanho, da seguinte forma: 218 (77,3%) pequenos, 49

Tabela 2. Localização dos aneurismas segundo a artéria acometida. Curitiba, Brasil,

2010-2016

Localização Frequência

Absoluta Relativa

A. Cerebral Média 74 26,2%

A. Comunicante Anterior 62 21,2%

A. Carótida Interna - segmento comunicante 42 14,9%

A. Carótida Interna - segmento oftálmico 33 11,7%

A. Carótida Interna - segmento cavernoso 23 8,1%

A. Cerebelar Póstero-Inferior 14 5,0%

Bifurcação da A. Carótida Interna 10 3,5%

A. Carótida Interna - segmento clinóideo 8 2,8%

A. Basilar 8 2,8%

A. Carótida Interna - segmento coroideo 3 1,0%

A. Pericalosa 2 0,7%

A. Cerebelar Ântero-Inferior 1 0,3%

A. Carótida Interna - segmento cervical 1 0,3%

A. Carótida Interna - segmento petroso 1 0,3%

Total 282 100%

a.= artéria

(17,4%) médios, 15 (5,3%) grandes. A amostra não contemplou nenhum AI gigante.

A ruptura esteve presente em 68 (24,1%) AI, sendo a idade média em que o evento ocorreu de 54,2 anos no sexo feminino e 50,1 anos no sexo masculino.

Do total de pacientes, 22 (7,8%) apresentaram alguma complicação referente ao AI. Dentre esses pacientes, foram identificadas 24 complicações, sendo que as mais prevalentes foram o vasoespasmo, incluindo leve, moderado e severo (n=6; 25,0%), isquemia cerebral (n=4; 16,7%), fístula liquórica (n=2; 8,3%) e coleção epidural (n=2; 8,3%). As menos prevalentes foram: rotura aneurismática durante o procedimento, edema cerebral, paresia de nervos cranianos, oclusão arterial intraoperatória, hemorragia, convulsão e isquemia transitória, conforme demonstrado na Tabela 3.

Foram submetidos à técnica cirúrgica aberta o total de 112 pacientes (39,7%), sendo que 102 (36,2%) passaram por clipagem, 8 (2,8%) por wrapping, e 2 (0,7%) por clipagem e wrapping. Enquanto que 170 (60,3%) foram submetidos ao tratamento endovascular, sendo que 165 (58,5%) passaram por embolização e 5 (1,8%) por implante de diversor de fluxo. No Gráfico 3 observa-se as técnicas utilizadas no tratamento dos aneurismas.

(5)

Gráfico 3. Técnicas empregadas no tratamento dos aneurismas (n=282). Curitiba,

Brasil, 2010-2016.

Tabela 3. Complicações referentes aos aneurismas. Curitiba, Brasil, 2010-2016

Tabela 4. Avaliação da associação entre sexo e o estado do aneurisma (roto ou

não-roto). Curitiba, Brasil, 2010-2016

Tabela 5. Avaliação da correlação entre o tamanho do aneurisma e o estado do

aneurisma (roto ou não-roto). Curitiba, Brasil, 2010-2016

Tabela 6. Avaliação da correlação entre o tamanho do aneurisma e a técnica do

tratamento. Curitiba, Brasil, 2010-2016

Tabela 7. Avaliação da correlação entre o tamanho do aneurisma e a técnica do

tratamento. Curitiba, Brasil, 2010-2016

Tabela 8. Avaliação da correlação entre fator de risco e complicação do aneurisma.

Curitiba, Brasil, 2010-2016

Complicação Absoluta Relativa Frequência

Vasoespasmo (leve, moderado e severo) 6 25,0%

Isquemia cerebral (transitória ou permanente) 4 16,7%

Fístula liquórica 2 8,3%

Coleção epidural 2 8,3%

Rotura aneurismática durante o procedimento 1 4,2%

Paresia de nervos cranianos 1 4,2%

Oclusão arterial intraoperatória 1 4,2%

Hemorragia ou hematoma 1 4,2% Convulsão 1 4,2% Edema cerebral 1 4,2% Outras 4 16,7% Total 24 100% Aneurisma Sexo

Masculino Feminino Total

Roto Frequência (n) 15 53 68

% 21,7% 24,9% 24,1%

Não roto Frequência (n) 54 160 214

% 78,3% 75,1% 75,9% Total Frequência (n) 69 213 282 % 100% 100% 100% p=0,515 p=0,873 Aneurisma Tamanho

Pequeno Médio Grande Total

Roto Frequência (n) 51 13 4 68

% 23,4% 26,5% 26,7% 24,1%

Não roto Frequência (n) 167 36 11 214

% 76,6% 73,5% 73,3% 75,9%

Total Frequência (n) 218 49 15 282

% 100% 100% 100% 100%

Técnica Tamanho

Pequeno Médio Grande Total

Clipagem Frequência (n) 87 13 2 102

% 39,9% 26,5% 13,3% 36,2%

Wrapping (com ou

sem clipagem) Frequência (n) 9 1 0 10

% 4,1% 2,0% 0,0% 3,5%

Embolização Frequência (n) 118 35 12 165

% 54,1% 71,4% 80,0% 58,5%

Diversor de Fluxo Frequência (n) 4 0 1 5

% 1,8% 0,0% 6,7% 1,8%

Total Frequência (n) 218 49 15 282

% 100% 100% 100% 100%

p=0,069

Aneurisma Fator de Risco

Presente Ausente Total

Roto Frequência (n) 38 30 68

% 23,6% 24,8% 24,1%

Não roto Frequência (n) 123 91 214

% 76,4% 75,2% 75,9%

Total Frequência (n) 161 121 282

% 100% 100% 100%

p=0,671

Complicação do

Aneurisma Fator de Risco

Presente Ausente Total

Sim Frequência (n) 14 8 22 % 8,7% 6,6% 7,8% Não Frequência (n) 147 113 260 % 91,3% 93,4% 92,2% Total Frequência (n) 161 121 282 % 100% 100% 100% p=1 presentes em 5 (1,8%) dos procedimentos, sendo elas impossibilidade da técnica; oclusão arterial intraoperatória; impossibilidade de cateterização do AI; impossibilidade do acesso cirúrgico.

Não houve significância estatística para as correlações de

técnica, ruptura dos aneurismas e fatores de risco conforme Tabelas 4, 5, 6, 7 e 8.

(6)

Discussão

Dos 254 pacientes analisados, 233 (91,7%) apresentaram apenas um AI no período, enquanto que 21 (8,3%) pacientes recorreram ao serviço por apresentarem 2 ou mais AI. Sá Junior et al.15 encontraram uma prevalência semelhante de

recorrência de aneurismas cerebrais, com uma dominância maior de pacientes apresentando apenas um (70,2%), bem como o encontrado no trial ISUIA3 (2003), com uma frequência

de 64,4% de singularidade.

No presente estudo, a maioria dos pacientes era composta pelo sexo feminino (73,6%), corroborando com o encontrado na literatura16, no qual foi descrito que do total dos aneurismas

analisados 72,4% eram em mulheres. O estudo de Cardozo et al.16 ainda sugere que o gênero feminino possui algum fator

que facilite o desenvolvimento dos AI.

A média de idade foi 54,6 anos, semelhante a alguns estudos, como o de Sá Júnior et al.15, que obteve uma média de 52 anos.

A faixa etária mais prevalente no atual estudo foi entre 50 e 59 anos (29,8%), diferente de outro estudo15 que descreveu como mais prevalente o intervalo de 40 a 55 anos (46,0%) e 40 a 49 anos (35,2%), respectivamente. Ainda no estudo de Sá Júnior et al.15, foi descrito que apenas 7,6% dos casos ocorreram em

pacientes com menos de 50 anos, enquanto que no presente estudo foi de 16,3%.

Os fatores de risco de maior relevância neste trabalho foram hipertensão arterial e tabagismo, compatível com o estudo de Sokolowski et al.17, que demonstrou que 76,7% dos pacientes

eram hipertensos e 71,0% fumavam. O estudo de Araújo et al.18 apontou que componentes ambientais, HAS, tabagismo,

etilismo e diabetes são fatores de risco para o desenvolvimento de AI, porém não caracterizam condições para ocorrência de ruptura aneurismática. Fato que também ocorreu neste trabalho, visto que não houve significância estatística ao se correlacionar a presença de fatores de risco com a ruptura aneurismática.

A localização mais frequente dos AI16 foi nas artérias que compõem a circulação anterior do cérebro (90,24%). Edlow et al. encontraram aproximadamente 80-85%19 e Sá Júnior et al.15 91,2%, sendo que a artéria carótida interna foi o principal

local de acometimento (46,7%), seguida da artéria cerebral média (25,3%). No estudo atual, a maioria dos AI também se

localizavam na circulação anterior, com uma frequência de 91,8%, sendo as artérias mais prevalentes a cerebral média (26,2%), a comunicante anterior (21,2%) e o segmento comunicante da artéria carótida interna (14,9%).

Os AI de maior prevalência neste estudo foram os pequenos (77,3%), sendo encontrado na literatura o valor de 57,6%15.

No presente estudo, houve ruptura aneurismática em 68 casos (24,1%), sendo que desses, 21 (30,9%) pacientes foram a óbito. A taxa de AI rotos foi semelhante ao valor encontrado por Grochowski et al.20 de 25,4%; e a taxa de mortalidade em

torno de 40%, próxima à descrita por outros autores19. Além

disso, a ruptura ocorre com maior frequência em mulheres pós-menopausa 19. No trabalho atual, dos 213 (75,5%) AI presentes

em mulheres, 160 (75,1%) eram não rotos e 53 (24,9%) eram rotos. Destes, 18 (34,0%) ocorreram em mulheres abaixo de 50 anos e 35 (66,0%) em mulheres com 50 anos ou mais. Neste estudo, a porcentagem de ruptura foi semelhante nos homens (21,7%) e nas mulheres (24,9%), diferente do descrito na literatura18, que relata que a prevalência de ruptura é, em geral,

duas vezes maior nas mulheres.

Estudos multicêntricos sobre aneurismas não rotos mostraram uma taxa de ruptura relativamente baixa para aneurismas

menores3. No entanto, neste trabalho, foi observado uma

incidência alta de pacientes com aneurismas pequenos rotos, indo de encontro com uma série de trabalhos semelhantes publicados21-23.

A complicação de maior ocorrência neste estudo foi o vasoespasmo arterial (leve, moderado e severo), ocorrendo em 6 dos 26 casos que apresentaram complicação do aneurisma (23,0%). Dado compatível com a literatura que demonstra o mesmo como complicação mais frequente, principalmente entre os HSA por aneurismas rotos 24,25.

O tratamento mais prevalente neste estudo foi a técnica endovascular, particularmente a embolização (58,5%), possivelmente por ser um método com menor tempo cirúrgico, melhor pós-operatório e menor tempo de internamento. Alguns estudos citam a clipagem como método de escolha por, dentre outros motivos, ser o procedimento clássico para o tratamento dos AI 26.

Houve complicações referentes à técnica utilizada apenas em cinco procedimentos. Não foram encontradas na literatura informações semelhantes. A maioria dos estudos visa o estudo

(7)

do AI em si ou, então, complicações a longo prazo referentes a cada procedimento.

Conclusão

Este estudo compreendeu a análise das características dos pacientes e de seus AI tratados no INC entre 2010-2016. A amostra foi composta, em sua maioria, por pacientes com apenas um AI, do sexo feminino, com idade média de 54,6 anos e tendo a HAS e o tabagismo como os fatores de risco mais prevalentes. Todos os AI estudados foram do tipo saculares, localizavam-se predominantemente na circulação cerebral anterior e foram considerados pequenos. O vasoespasmo arterial foi a complicação mais encontrada. Quanto à ruptura, a maioria dos pacientes foi tratada apresentando AI não rotos, sendo a técnica endovascular o manejo de escolha na maioria dos casos.

Referências

1. Brisman JL, Song JK, Newell DW. Cerebral Aneurysms. N Engl J Med. 2006;355(9):928-39

2. Romanus AB, Mazer S, Carvalho Neto A, Liu CB, De Toni FS, Jacob GVV, et al. Pseudo-aneurismas: relato de dois casos e revisão da literatura. Radiol Bras. 2002;35(5):303-306. doi: 10.1590/S0100-39842002000500011

3. Wiebers DO, Whisnant JP, Huston J 3rd, Meissner I, Brown RD Jr, Piepgras DG, et al. International Study of Unruptured Intracranial Aneurysms Investigators (ISUIA). Unrupted intracranial aneurysms: natural history, clinical outcome, and risks of surgical and endovascular treatment. Lancet. 2003;362(9378):103-10

4. Nakagawa T, Hashi K. The incidence and treatment of asymptomatic, unruptured cerebral aneurysms. J Neurosurg. 1994 Feb;80(2):217-23. doi: 10.3171/jns.1994.80.2.0217 5. Schievink WI. Intracranial aneurysms. N Engl J Med.

1997;336(1):28-40. doi: 10.1056/NEJM199701023360106 6. Ajiboye N, Chalouhi N, Starke RM, Zanaty M, Bell

R. Unruptured cerebral aneurysms: evaluation and management. ScientificWorldJournal. 2015;2015:954954. doi: 10.1155/2015/954954

7. Wijdicks EF, Kallmes DF, Manno EM, Fulgham JR, Piepgras DG. Subarachnoid Hemorrahage: neurointensive care and aneurysm repair. Mayo Clin Proc. 2005;80(4):550-9

8. Fox JL. Management of aneurysms of anterior circulation by intracranial procedures. 3a. ed. Philadelphia: B. Saunders, 1990

9. Holanda L. Manual de neurocirurgia. 2. ed. São Paulo: Fundo BYK, 1995

10. Naggara ON, Lecler A, Oppenheim C, Meder JF, Raymond J. Endovascular treatment of intracranial unruptured aneurysms: a systematic review of the literature on safety with emphasis on subgroup analyses. Radiology. 2012;263(3):828-35. doi: 10.1148/radiol.12112114

11. Maud A, Rodriguez GJ, Barboza MA. Endovascular treatment of intracranial aneurysms by interventional neurologists: first year single-center experience. J Vasc Interv Neurol. 2014;7(2):13-6 12. Johnston SC, Wilson CB, Halbach VV, Higashida RT, Dowd

CF, McDermott MW, et al. Endovascular and surgical treatment of unruptured cerebral aneurysms: comparison of risks. Ann Neurol. 2000;48(1):11-9

13. Rodrigues DB, Figueiredo EG, Viegas MLC, Teixeira AS, Teixeira MJ. A técnica de clip-wrap: uma revisão de literatura. Arq. bras. neurocir. 2013;32(2):86-89

14. Perrini P, Montemurro N, Caniglia M, Lazzarotti G, Benedetto N. Wrapping of intracranial aneurysms: Single-center series and systematic review of the literature. Br J Neurosurg. 2015;29(6):785-91. doi: 10.3109/02688697.2015.1071320 15. Sá Júnior AT de, Batista MHO, Souza RM, Pereira LS, Siqueira

MCP. Estudo retrospectivo: prevalência de aneurismas cerebrais por topografia vascular no hospital evangélico goiano. Rev Bras de Neurologia e Psiquiatria. 2014;18(3):209-223

16. Cardozo Junior LCM, Barros BP, Holanda MFC. Fatores de risco em pacientes com aneurismas intracraniano atendidos em um hospital de referência de Belém – PA. J Bras de Neurocirurg. 2011;22(3):95-99

17. Sokolowski JD, Chen CJ, Ding D, Buell TJ, Raper DM, Ironside N, et al. Endovascular treatment for cerebral vasospasm following aneurysmal subarachnoid hemorrhage: predictors of outcome and retreatment. J Neurointerv Surg. 2018;10(4):367-374. doi: 10.1136/neurintsurg-2017-013363

18. Araujo OSF, Sousa CLM, Muniz MV, Oliveira AB, Freire Neto NG, Sousa EPD. Diagnósticos de enfermagem e proposta de intervenções ao paciente com aneurisma cerebral. Com. Ciências Saúde. 2014;25(1):25-34

19. Edlow JA, Malek AM, Ogilvy CS. Aneurysmal subarachnoid hemorrhage: update for emergency physicians. J Emerg Med. 2008;34(3):237-51

20. Grochowski C, Litak J, Kulesza B, Szmygin P, Ziemianek D, Kamieniak P, et al. Size and location correlations with higher rupture risk of intracranial aneurysms. J Clin Neurosci. 2018;48:181-184. doi: 10.1016/j.jocn.2017.10.064

21. Forget TR Jr, Benitez R, Veznedaroglu E, Sharan A, Mitchell W, Silva M, et al. A review of size and location of ruptured intracranial aneurysms. Neurosurgery. 2001;49(6):1322-5 22. Juvela S, Porras M, Poussa K. Natural history of unruptured

intracranial aneurysms: probability of and risk factors for aneurysm rupture. J Neurosurg. 2008;108(5):1052-60. doi: 10.3171/JNS/2008/108/5/1052

23. Ohashi Y, Horikoshi T, Sugita M, Yagishita T, Nukui H. Size of cerebral aneurysms and related factors in patients with

(8)

subarachnoid hemorrhage. Surg Neurol. 2004;61(3):239-45. doi 10.1016/S0090-3019(03)00427-0

24. Nagahama Y, Allan L, Nakagawa D, Zanaty M, Starke RM, Chalouhi N, et al. Dual antiplatelet therapy in aneurysmal subarachnoid hemorrhage: association with reduced risk of clinical vasospasm and delayed cerebral ischemia. J Neurosurg. 2018;129(3):702-710. doi: 10.3171/2017.5.JNS17831

25. Roos YB, de Haan RJ, Beenen LF, Groen RJ, Albrecht KW, Vermeulen M. Complications and outcome in patients with aneurysmal subarachnoid haemorrhage: a prospective hospital based cohort study in The Netherlands. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2000;68(3):337-41

26. Mezzano E, Berra M, Parés H, Olocco R, Papalini F. Tratamiento quirúrgico de aneurismas intracraneanos no rotos. Rev. argent. neurocir. 2009;23(1). Available at: http:// www.scielo.org.ar/scielo.php?script=sci_arttext&pid =S1850-15322009000100005. Acessed on 25 jul 2017

Corresponding Author

André Giacomelli Leal, MD, MSc Neurosurgeon

Neurological Institute of Curitiba Curitiba, Paraná, Brazil

Referências

Documentos relacionados

As relações hídricas das cultivares de amendoim foram significativamente influenciadas pela a deficiência hídrica, reduzindo o potencial hídrico foliar e o conteúdo relativo de

Para tanto foram utilizados 60 ratos (Wistar) machos divididos em quatro grupos de 15 animais cada. Todos os animais foram submetidos à extração do incisivo central superior direito,

Não haverá jamais maior dor que a de perda um ente querido, e a ele ter de dizer o defenitivo adeus, e não existem quaisquer palavras ou gestos que algo possam contra o sofrimento

Os maiores coeficientes da razão área/perímetro são das edificações Kanimbambo (12,75) e Barão do Rio Branco (10,22) ou seja possuem uma maior área por unidade de

Massa folhada 300 Gramas Manteiga integral sem sal 30 Gramas Leite integral 300 Mililitros Farinha de trigo 15 Gramas Canela em pau 01 Unidade Açúcar refinado 100

Figura A.164 – Custos de Exploração por metro cúbico de água faturada em função do número médio de trabalhadores para EG de gestão direta por grau de fiabilidade dos dados.

13 Além dos monômeros resinosos e dos fotoiniciadores, as partículas de carga também são fundamentais às propriedades mecânicas dos cimentos resinosos, pois

Para se buscar mais subsídios sobre esse tema, em termos de direito constitucional alemão, ver as lições trazidas na doutrina de Konrad Hesse (1998). Para ele, a garantia