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Novo apelo a um cessar-fogo global

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Preço € 1,00. Número atrasado € 2,00

L’O S S E RVATOR E ROMANO

EDIÇÃO SEMANAL

Unicuique suum

EM PORTUGUÊS

Non praevalebunt

Ano LI, número 29 (2.656) Cidade do Vaticano terça-feira 21 de julho de 2020

Durante a oração mariana dominical o Papa manifestou a sua preocupação pelo Cáucaso

Novo apelo

a um cessar-fogo global

Congregação para o clero

A conversão

pastoral

da comunidade

paro quial

A Congregação para o clero pro-mulgou uma Instrução sobre “A conversão pastoral da comunida-de paroquial ao serviço da missão evangelizadora da Igreja”. O do-cumento trata do cuidado pasto-ral das comunidades paroquiais, dos vários ministérios clericais e laicais, no sinal de uma maior corresponsabilidade de todos os batizados. Fundamentalmente, o texto recorda que «na Igreja há lugar para todos e todos podem encontrar o seu lugar» na única família de Deus, no respeito pela vocação de cada um. Publicamos aqui a apresentação da Instrução, telo subsecretário da mesma Con-g re Con-g a ç ã o .

ANDREARI PA NA PÁGINA2

Publicado pela Congregação para a doutrina da fé

Vade-mécum para o tratamento de casos de abusos

contra menores cometidos por clérigos

O Vade-mécum sobre alguns pontos

processuais no tratamento de casos de abusos sexuais contra menores cometidos por clérigos decorre dos numerosos pe-didos enviados à Congregação para a doutrina da fé por bispos, ordinários, superiores de institutos de vida consa-grada e sociedades de vida apostólica, para ter à disposição um instrumento que os possa ajudar na delicada tarefa de abordar corretamente os casos que dizem respeito a diáconos, sacerdotes e bispos, quando são acusados de abuso contra menores.

A história recente atesta a maior atenção da Igreja a este flagelo. Por si só, o percurso da justiça não pode esgotar a ação da Igreja, mas é neces-sário para chegar à verdade dos fac-tos. É um caminho complexo, que penetra na densa floresta de normas e da praxe, perante a qual às vezes os clérigos não sabem que rumo seguir.

LUISF. LADARIA NA PÁGINA3

O Papa Francisco acompanha «com preocupação a recrudescência dos con-flitos armados nos últimos dias na re-gião do Cáucaso, entre a Arménia e o Azerbaijão», como ele mesmo disse no final do Angelus de 19 de julho, dese-jando «uma solução pacífica duradou-ra, que tenha a peito o bem daquelas amadas populações». Assomando ao meio-dia à janela dos aposentos parti-culares do Palácio Apostólico do Vati-cano, antes de recitar a prece mariana com os fiéis presentes na praça de São Pedro — no respeito pelas medidas de segurança tomadas para evitar a propa-gação do contágio da covid-19 — e com quantos o seguiam através dos meios de comunicação, o Pontífice ofereceu uma reflexão sobre o Evangelho do do-mingo, comentando particularmente a parábola do trigo e do joio.

No final do Angelus, o Sumo Pontí-fice quis renovar o «apelo a um ces-sar-fogo global e imediato, que permita a paz e a segurança indispensáveis para oferecer a necessária assistência huma-nitária» neste tempo de pandemia; e depois de ter rezado pela paz no Cáu-caso, saudou os vários grupos de fiéis p re s e n t e s .

PÁGINA8 Uma mulher no povoado de Chinari, na região fronteiriça entre a Arménia e o Azerbaijão (AFP)

Um momento da liturgia penitencial durante o «Encontro sobre a tutela dos menores na Igreja» (23 de fevereiro de 2019)

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página 2

L’OSSERVATORE ROMANO

terça-feira 21 de julho de 2020, número 29

L’OSSERVATORE ROMANO

EDIÇÃO SEMANAL Unicuique suum EM PORTUGUÊS Non praevalebunt Cidade do Vaticano redazione.p ortoghese.or@sp c.va

w w w. o s s e r v a t o re ro m a n o .v a ANDREAMONDA d i re t o r Giuseppe Fiorentino v i c e - d i re t o r Redação via del Pellegrino, 00120 Cidade do Vaticano

telefone +390669899420 fax +390669883675

TIPO GRAFIAVAT I C A N A EDITRICE

L’OS S E R VAT O R E ROMANO

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p h o t o @ o s s ro m .v a

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Instrução da Congregação para o clero

A conversão pastoral da comunidade paroquial

ao serviço da missão evangelizadora da Igreja

ANDREARI PA *

«Assim o novo Israel, que ainda ca-minha no tempo presente e se dirige para a futura e perene cidade (cf.

Hb 13-14), se chama também Igreja de Cristo» (LG 9). Esse é o Povo que Deus constituiu assim «que o

co-nhecesse na verdade e O servisse santa-mente» (LG 9).

Tal povo vive na história e no tempo, participando na única missão salvífica recebida de Cristo através dos seus membros, que respondem em modo diverso ao chamado de Deus e, por consequência, assumem na Igreja ministérios, funções ou tra-balhos simples para o bem de todos. É o Povo de Deus, então, que evan-geliza, cada um segundo a própria vocação, as concretas possibilidades do momento e em base às responsa-bilidades que lhe correspondem.

Um reflexo de tal evidência teoló-gica acolhe-se na definição de “paró-quia” presente no Código de Direito Canónico (cân. 515 § 1), na qual essa é apresentada antes de mais nada como «uma determinada comunida-de comunida-de fiéis», constituída então comunida-de pessoas de todo género — p re s b í t e -ros, diáconos, consagrados, leigos, associações, famílias — que partici-pam em vários modos no exercício do cuidado pastoral, confiado ao pá-roco como pastor próprio.

A 15 de agosto de 1997 foi promul-gada uma Instrução interdicasterial,

Ecclesia de mysterio, “sobre algumas questões sobre a colaboração dos fiéis leigos no ministério dos sacerdotes”, en-quanto em 2002, a Congregação pa-ra o Clero publicou uma Instrução “O presbítero pastor e guia da

comuni-dade”(4 de agosto de 2002). Trata-se de dois documentos tuto-res de grande intetuto-resse, em tuto-respeito aos quais a Instrução pretende colo-car-se como uma tentativa de apre-sentar uma síntese adequada ao atual contexto eclesial, voltada a de-dicar atenção a todos os ministérios atuantes na comunidade paroquial, para evidenciar como cada um tem uma sua especificidade ao serviço da única missão evangelizadora.

Poder-se-ia dizer que o sentido do documento é recordar que “na Igreja há lugar para todos e todos podem encontrar o seu lugar” na única fa-mília de Deus, no respeito da voca-ção de cada um, procurando valori-zar cada carisma e preservar a Igreja de algumas possibilidades de des-vios, como “clericalizar” os leigos ou “laicizar” os clérigos, ou ainda de fa-zer os diáconos permanentes “meio p a d re ” ou “super leigos”.

Assim, como aqueles de 1997 e de 2002, o presente documento não contém “novidades legislativas”. A

sua intenção é de poder contribuir para a realização de uma pastoral sempre mais missionária e de acordo com a orientação do Papa Francisco na prospectiva de uma Igreja em saí-da capaz de ir ao encontro saí-das al-mas que têm fome e sede de Deus, com o olhar voltado principalmente aos mais necessitados e aos pobres, sob a ótica do Evangelho e para aju-dar a formar uma consciência de pa-róquia missionáriaconstituída verda-deiramente como “Comunidade de comunidades”. A Congregação para o Clero propõe apresente Instrução àqueles que fazem parte dessa por-ção do Povo de Deus — clérigos, consagrados e leigos — como um

desempenham uma atividade na pa-róquia, em uma zona pastoral ou outra realidade a esta corresponden-te; depois, aos diáconos, por sua vo-cação no interior da Igreja; e, não menos importante, a todos os fiéis que colaboram com os diferentes ca-rismas no âmbito da pastoral paro-quial alimentados pelo ardor missio-nário na Igreja Particular.

Observando as realidades atuais com suas exigências novas no que diz respeito à compreensão de espa-ço e relação humana na paróquia ca-racterizadas pela identificação das pessoas não mais segundo o contex-to terricontex-torial, porém vínculo afetivo, identificação de grupos,

movimen-habitam culturas diversas, são os de-safios que o mundo contemporâneo exige para a atuação da Igreja.

No âmbito canónico o princípio territorial continua plenamente vi-gente e a Instrução apresenta a ne-cessidade de um empenho missioná-rio que consiga ultrapassar aquela pastoral de manutenção que mantém o campo de ação exclusivamente nos limites geográficos da paróquia. De facto, a missão torna-se o critério fundamental para a conversão pasto-ral e a renovação das estruturas pa-roquiais em um contextoonde o “ter-ritório” assume novas formas e signi-ficados.

Por conseguinte, as paróquias pre-cisam daquela vitalidade apostólica que impele à vida dos discípulos missionários do Senhor e que os faz participantes e protagonistas das ale-grias, das esperanças, das tristezas e das angústias dos homens de hoje, porque não há realidade alguma

ver-dadeiramente humana que não encontre

eco no seu coração (cf. Constituição

Pastoral sobre a Igreja no mundo atual, Gaudium et spes, 1).

Assim, a renovação do modelo de evangelização exige novas atenções e propostas diversificadas, para que a Palavra de Deus e a vida sacramen-tal possam alcançar a todos, de for-ma coerente ao estado de vidade ca-da um. Será o dinamismo missioná-rio dos discípulos de Cristo um cri-tério de verificação da autêntica obra evangelizadora da Igreja; é preciso individualizar prospectivas que per-mitam a renovaçãodas estruturas pa-roquiais “tradicionais” em chave mis-sionária.

A celebração da Eucaristia, fonte e ápice de toda vida cristã ligada e de-pendente da proposta evangelizado-ra oferecida e atuada na comunidade paroquial, deverá motivar à leitura e à meditação da Palavra de Deus através de diversas propostas de anúncio. Aqui se percebe a necessi-dade de redescobrir a iniciação cris-tã, capaz de apresentar o Senhor Je-sus, segundo o testemunho sempre novo do querigma.

A paróquia não é uma estrutura caduca e estática, recordou-nos Papa Francisco; neste sentido, ela pode assumir formas muito diversas que exigem docilidade e criatividade dos seus integrantes: ministros ordena-dos, consagrados e leigos. Esta Ins-trução apresenta a vida nos santuá-rios — a sua abertura e acolhimento, o facto de serem locais de oração, de espiritualidade — como um modelo a ser considerado para a renovação da auspicada conversão pastoral da comunidade ao serviço da missão

CO N T I N UA NA PÁGINA3

«Bom pastor» (Catacumbas dos Santos Marcelino e Pedro)

instrumento orientador neste contex-to eclesial para o profícuo esforço de todos, na certeza de que é a graça de Deus, pela força do Espírito San-to que impele e é presente na histó-ria.

Nesse entendimento e na convic-ção de que podemos sempre atuali-zar a mensagem do Evangelho em qualquer tempo ou lugar onde o Es-pírito Santo nos enviar, a seguinte Instrução não pretende propor um documento estático ou um manual pastoral, teológico, espiritual, mas pistas para a ação canónica-pastoral-ministerial, responsabilizando todos os envolvidos nessa realidade impor-tante da Igreja. Por sua característi-ca, ela é dirigida, em primeiro lugar, ao Pároco e outros Sacerdotes que

versos contextos sociais e culturais em um mundo em constante evolu-ção e acolhe o convite do Papa Francisco a favorecer uma verdadeira transformação nas estruturas funcio-nais, a fim de realizar o anúncio do Evangelho, celebrar a liturgia, reali-zar as obras de caridade e a assistên-cia aos mais necessitados a partir de uma compreensão dos sinais dos tempos, adequando o próprio servi-ço às suas exigências e das mudan-ças históricas.

Por isso, a presença missionária da comunidade cristã no mundo, a escuta do Espírito Santo para desco-brir novas formas de proximidade e a coragem de iniciar e acompanhar os processos internos dos territórios onde a paróquia se situa e nos quais tos, serviço etc., in-fluenciadas pela cul-tura da virtualidade, a Instrução procura, de certa forma, esti-mular uma nova di-nâmica para compre-ender e interpretar o significado da paró-quia, com uma pro-posta para alcançar a desejada conversão pastoral das ativida-des paroquiais e re-novação das suas es-truturas. Esta Instru-ção oferece uma vi-são positiva do orga-nismo paroquial, re-conhecendo o seu processo histórico de criação, evidenciando o seu valor atual e a ação missionária evangelizadora que se desenvolve nos

di-No site http://www.vatican.va/roman_curia/

congregations/cclergy/index_p o.htm

encontra-se disponível o texto integral da instrução

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número 29, terça-feira 21 de julho de 2020

L’OSSERVATORE ROMANO

página 3

Publicado pela Congregação para a doutrina da fé

Vade-mécum para o tratamento de casos de abusos

contra menores cometidos por clérigos

Instrução da Congregação para o clero

LUISF. LADARIA*

O Vade-mécum sobre alguns pontos processuais no

tratamento de casos de abusos sexuais contra menores

cometidos por clérigos decorre dos numerosos

pedi-dos enviapedi-dos à Congregação para a doutrina da fé por bispos, ordinários, superiores de institutos de vida consagrada e sociedades de vida apostóli-ca, para ter à disposição um instrumento que os possa ajudar na delicada tarefa de abordar corre-tamente os casos que dizem respeito a diáconos, sacerdotes e bispos, quando são acusados de abu-so contra menores. A história recente atesta a maior atenção da Igreja a este flagelo. Por si só, o percurso da justiça não pode esgotar a ação da Igreja, mas é necessário para chegar à verdade dos factos. É um caminho complexo, que penetra na densa floresta de normas e da praxe, perante a qual às vezes ordinários e superiores se encontram na incerteza do rumo a seguir.

Eis então, o Va d e - m é c u m , escrito principalmente para eles, bem como para os profissionais do di-reito que os ajudam na abordagem dos casos. Não se trata de um texto normativo: não é pro-mulgada uma nova lei, não é decretada uma no-va norma. Ao contrário, trata-se de um “manual de instruções”, que pretende estender a mão a quantos devem tratar concretamente os casos do princípio ao fim, ou seja, desde a primeira notícia de um possível crime (notitia de delicto) até à con-clusão definitiva da causa (res iudicata). Entre es-tes dois extremos há prazos a observar, medidas a adotar, comunicações a transmitir, decisões a to-m a r.

O pedido deste instrumento foi formalizado no encontro dos presidentes das Conferências episco-pais do mundo sobre a tutela dos menores na Igreja (21-24 de fevereiro de 2019). Naquela oca-sião, o Santo Padre apresentou 21 pontos de refle-xão para orientar os trabalhos, o primeiro dos quais recitava: «Elaborar um vade-mécum prático no qual sejam especificados os passos a dar pela autoridade em todos os momentos-chave da emer-gência de um caso». A proposta foi acolhida e re-lançada pelos participantes, de modo que na con-ferência de imprensa conclusiva a elaboração do texto foi assumida como uma das propostas con-cretas que deverão ser implementadas.

As fontes deste texto são tanto legais como prá-ticas. A nível normativo, as principais referências

são os Códigos em vigor, as normas substanciais e processuais sobre crimes reservados à Congrega-ção para a doutrina da fé, promulgadas com o motu proprio Sacramentorum sanctitatis tutela (2001, atualizadas em 2010 por Bento XVI), e o mais recente motu proprio Vos estis lux mundi (2019). Para além das normas, há outra fonte do

Vade-mécum: a praxe da Congregação,

amadureci-da ao longo dos anos, em particular a partir de 2001, ano da primeira legislação especificamente dedicada aos crimes mais graves. Recorreu-se à contribuição de numerosos canonistas, tanto

inter-nos como exterinter-nos à Congregação, de tribunais locais e dioceses que, ao longo dos anos, realiza-ram investigações e processos em nome da Con-gregação. Esta praxe foi consolidada no tempo e agora atingiu a sua maturidade.

Hoje o Vade-mécum é apresentado na sua pri-meira versão, chamada “1.0”: um número que pre-vê atualizações futuras. Dado que se trata de um “manual”, deverá seguir eventuais evoluções das normas canónicas, adaptando-se a elas. Deverá enfrentar também os novos desafios que a expe-riência oferecer à abordagem jurídica dos casos em questão.

Finalmente, deverá avaliar as considerações que forem apresentadas pelas diferentes realidades eclesiais: dioceses, institutos, faculdades eclesiásti-cas, centros de escuta instituídos a nível diocesa-no e interdiocesadiocesa-no. A sua contribuição qualifica-da ajuqualifica-dará a corrigir, integrar, indicar e esclarecer os pontos que, como é natural, exigirem uma re-flexão mais profunda.

*Prefeito da Congregação para a doutrina da fé

evangelizadora da Igreja: a paróquia deve ser um lugar acolhedor onde se pode encontrar o rosto de Cristo mi-s e r i c o rd i o mi-s o .

O documento chama atenção para que à conversão das estruturas não seja realizada apressadamente, mas gradualmente e com flexibilidade, respeitando a história própria de ca-da lugar e a relação existente entre os seus membros. A Instrução desta-ca o facto que toda mudança deveria ser fruto de um discernimento que englobe todos os interessados, por-que como tal, não diz respeito so-mente ao pároco, mas a todos os fiéis que formam a comunidade pa-roquial. O sacerdote, como membro e servo do povo de Deus precisa ajudar os fiéis a descobrirem-se pro-tagonistas ativos da evangelização, já que o sujeito responsável da missão

é a inteira comunidade–padres, diá-conos, religiosos e fiéis leigos.

O documento contempla, outros-sim, as várias repartições vivas e atuantes na Igreja particular também em chave missionária e abertas à conversão pastoral; outrossim, as formas de proceder para a união de várias paróquias, as diversas nomen-claturas e modos de organizar o tra-balho pastoral em uma região e as formas ordinárias e extraordinários de confiar o cuidado pastoral de uma comunidade paroquial, quando necessário.

Ademais, a Instrução retoma a re-flexão sobre a importância da parti-cipação dos fiéis leigos com a rique-za de carismas e ministérios ao servi-ço da paróquia, de acordo com a sua índole própria e formação específica. Particular atenção é tomada no que se refere aos organismos de corres-ponsabilidade eclesial, como os

con-selhos para assuntos económicos e de pastoral paroquial, onde os fiéis leigos, por seu sacerdócio comum conferido no batismo, pela capacida-de e especialização, são chamados a auxiliar o pároco na administração paroquial e na pastoral.

O documento indica, também, a genuína finalidade das coletas e ofertas recolhidas na celebração da Santa Missa e dos Sacramentos, co-mo uma importante forma de cons-cientizar a participação dos fiéis e o compromisso para com as necessida-des da Igreja e sustentar a sua mis-são evangelizadora.

A Congregação para o Clero tra-balhou nos últimos anos à redação da presente Instrução, com o objeti-vo de haver um instrumento objeti-voltado para oferecer indicações e normas gerais a ser atualizadas na“diversida-de” do dia de Pentecostes em cada contexto; isto é, para unir, não para

uniformizar, como bemexprimem as inspiradas palavras de um autor pre-cioso ao Papa Francisco, que mere-cem ser aqui recordadas: «O misté-rio de uma unidade que não confun-de, mas conserva claras as distinções, sobretudo aquela por excelência en-tre criatura e Deus e, todavia, isto que distinguiu recolhe em uma su-prema inexprimível unidade» (R. Guardini, Dostoevskij: il mondo

reli-gioso, p. 78).

Esta Instrução a conversão pasto-ral da comunidade paroquial ao ser-viço da missão evangelizadora da Igreja é, portanto, um valioso instru-mento de comunhão eclesial, de par-ticipação consciente de todos os fiéis e de renovado ardor missionário pa-ra todas as paróquias.

* S u b s e c re t á r i o

da Congregação para o clero Uma sessão do ««Encontro sobre a tutela dos menores na Igreja» (Vaticano, 21-24 de fevereiro de 2019)

CO N T I N UA Ç Ã O DA PÁGINA2

No site http://www.vatican.va/

ro m a n _ c u r i a / c o n g re g a t i o n s /

cfaith/do c_do c_index_p o.htm

está disponível o texto integral

do vade-mécum em português

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número 29, terça-feira 21 de julho de 2020 L’OSSERVATORE ROMANO página 4/5

Graham Greene publicou «O poder e a glória» há 80 anos

O olhar inquieto da fé

Publicamos a seguir alguns trechos do prefácio da nova edição de «O poder e a glória», de Graham Greene (Milão, Mon-dadori, 2020, 288 páginas).

LUIGICIOTTI

N

ão tenho competência para fa-zer uma avaliação literária de O

poder e a glória, de Graham Greene, mas acho que posso, aliás, quero dizer que é um livro muito boni-to. E não me surpreende que quem o defendeu, quando nos anos cinquenta suscitou escândalo em certos âmbitos da Igreja, foi com uma carta ao Santo Ofício — a atual Congregação para a doutrina da fé — o então pró-secretário de Estado Giovanni Battista Montini, futuro PauloVI, que em julho de 1965 recebeu em audiência particular o gran-de escritor inglês para manifestar a sua estima na sua defesa.

Paulo VI, um Papa cuja grandeza, na minha opinião, ainda não foi reconhe-cida. Um Papa com um olhar aberto e penetrante, capaz de olhar para longe e em profundidade. Um Papa que quis ser um guia e não, como disse, um “simples tabelião” do Concílio Vaticano II, ponto de viragem de uma Igreja destinada a viver o Evangelho no mun-do, tensão hoje encarnada nos gestos e palavras do Papa Francisco. Há muito do Concílio na sua esperança e teste-munho de uma Igreja «em saída», vol-tada para as periferias urbanas mas também existenciais, uma Igreja pobre para os pobres.

E é precisamente esta a chave que, a meu ver, é mais apropriada para falar da história narrada magistralmente por Graham Greene, drama de um sacerdo-te em fuga da perseguição anticatólica que ensanguentou o México nos anos 20 e 30, mas que também em fuga de si mesmo, de uma consciência que não deixa de lhe recordar os seus pecados — o alcoolismo, a violação do celibato, uma filha — e as violências pelas quais se sente indiretamente responsável, da-do que lhe faltou a coragem para se de-nunciar a si próprio e escolher o martí-rio: com efeito, ao revistar as aldeias para encontrar os sacerdotes na clan-destinidade, o exército tinha fuzilado todas as pessoas suspeitas de os ter es-condido ou simplesmente acolhido.

A narração de Greene parece-me uma grandiosa metáfora sobre o tema da fé, um tema que não diz respeito à doutrina, mas à ética, ao modo como a nossa relação com Deus se encarna nas nossas palavras, escolhas e comporta-mentos. A ética da fé, hoje no centro do plano reformador do Papa Francis-co, como se pode ver em declarações como: «Uma fé autêntica comporta sempre um profundo desejo de mudar o mundo», ou: «Prefiro uma Igreja aci-dentada, ferida e enlameada por ter saí-do pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se

agarrar às próprias seguranças». Ambas as citações foram tiradas da Evangelii

gaudium, a exortação apostólica com a qual, em 2013, Francisco lançou as ba-ses do seu pontificado.

No entanto, sem a pretensão de me arvorar em intérprete das palavras do Papa, parece-me claro que elas eviden-ciam a profunda diferença entre uma fé fechada na doutrina e uma fé aberta ao mundo. A primeira vivida como fortale-za e porto seguro, com o risco de se re-duzir a dogma, a presunção de verda-de. A segunda, ao contrário, vivida co-mo busca de verdade e compromisso em prol da justiça. E portanto também como dúvida: não sobre a existência de Deus, mas sobre o nosso testemunho da sua Palavra não só com palavras, no sinal de um Evangelho não só pregado mas vivido.

Fé que pressupõe uma consciência inquieta, que nos faz fitar o Céu sem esquecer as responsabilidades para as quais a Terra nos chama. Que nos esti-mule a construir a justiça já a partir deste mundo, reconhecendo Cristo nos numerosos “pobres coitadas” encontra-dos ao longo do caminho. Finalmente, que nunca desvie o olhar diante das in-justiças e das fragilidades: das que nos rodeiam mas também, antes de mais nada, das que estão dentro de nós.

É evidente que a história narrada por Greene, inspirada numa sua viagem ao México em 1938, exagerada por este horizonte, diz respeito a uma maneira de viver a Fé ainda longe das consciên-cias que deram forma e vida ao Concí-lio Vaticano II. Com efeito, no centro está sobretudo o tema da salvação da alma e da vida moralmente refletida, a que os ministros do culto são chama-dos, impassíveis às tentações do mundo e aos desejos da carne. Mas impelido por uma fé inquieta e profunda — p ro -testante, convertido ao catolicismo aos vinte e dois anos — o escritor esboça no caráter do protagonista elementos de uma espiritualidade que sobressairia mais tarde, com a aproximação da Igre-ja ao mundo e a uma experiência mais integral do humano. Acontece assim que o “p ecador”, o sacerdote atormen-tado e incapaz de se conformar com a consciência, torna-se paradoxalmente testemunha de uma vida evangélica. Sim, porque aquela consciência inquie-ta, em constante ebulição, se por um lado é tormento e cruz, por outro con-tinua a ser uma fonte de enlevo e com-paixão, janela aberta para a vida.

Marquei dois trechos que me pare-cem testemunhar vigorosamente este tormento, capaz de se relacionar com os outros e consigo mesmo, portanto, de fazem comunhão com Deus. O pri-meiro está no capítulo em que Greene relata a prisão do sacerdote, trancado numa cela pequena e superlotada: «Sentiu novamente um ímpeto de indi-zível afeto. Era apenas um delinquente no meio de um bando de bandidos:

is-so proporcionava-lhe uma sensação de fraternidade como nunca tinha experi-mentado nos velhos tempos, quando os devotos vinham beijar a sua luva de al-godão preto». O segundo é no ponto em que, encontrando-se num trecho da viagem com o homem febril e em con-dições precárias, que ele suspeita ser um delator — com efeito, uma grande recompensa tinha sido prometida em troca da sua captura — o sacerdote re-flete sobre a nossa criação à «imagem e semelhança» de Deus, concluindo que é «sobre os ombros da imagem de Deus» que, num gesto de «ternura

for-çada», acaba de pôr a mão. Lendo es-tas linhas, não pude deixar de pensar em todas as pessoas pobres e frágeis encontradas ao longo dos caminhos da vida em 55 anos de compromisso social, e na lição que o caminho me ensinou gradualmente: encontramos Deus atra-vés das pessoas mas, ao mesmo tempo, as pessoas frágeis e esquecidas são epi-fanias de Cristo, sinais que nos condu-zem ao encontro com Deus. “Indica-ções de via”, como lhes chamam os montanheses como eu, mas ao longo destas estradas seria mais apropriado chamar-lhes “indicações de vida”.

Quem o sabia não só abstratamente, mas com a consciência e a alma, era o querido dom Tonino Bello, saudoso bispo de Molfetta e presidente de Pax Christi, que sempre que o compromisso sacerdotal o trazia a Roma, nunca dei-xava de se encontrar com o seu amigo Bartolo, pessoa em cuja morada — qua-tro papelões dispostos num passeio da via della Conciliazione — re c o n h e c i a «um ostensório, um recipiente de frag-mentos de santidade».

Então, à luz destas considerações, parece-me que O poder e a glória é um livro mais atual do que nunca, oitenta anos após a sua publicação. E não só porque ainda há muitos cristãos perse-guidos em várias partes do mundo, mas porque hoje a Igreja enfrenta um desa-fio crucial: testemunhar e viver o Evan-gelho num mundo dominado por aqui-lo que o Papa Francisco definiu como «um sistema injusto na sua raiz», ali-mentado por «uma economia que ma-ta». Um sistema que sacrifica no altar do ídolo dinheiro a dignidade e a liber-dade de milhões de pessoas. Desigual-dades inéditas na história, diante das quais o crente não pode permanecer calado e inerte: o que o impede de o fazer é o próprio Evangelho, texto que, como nenhum outro, sintetizou Céu e Terra, espiritualidade e política, no sen-tido dado ao termo por Paulo VI: «A mais alta e exigente forma de carida-de», caridade como serviço ao bem co-mum e denúncia dos abusos e das in-justiças que destroem ou roubam aque-le bem. Uma ética de fé que hoje os cristãos veem encarnada na figura do Papa Francisco, no seu apelo a um Evangelho imerso nas necessidades e nas esperanças das pessoas, a começar pelas mais frágeis e pobres. Recordo que nem sempre encontra ouvidos aten-tos e consciências abertas, se é verdade que já na Evangelii gaudium o Papa constatava, com imaginável amargura, como «incomoda que se fale de um Deus que exige um compromisso a fa-vor da justiça».

Uma última consideração: pergunto-me se um livro como O poder e a glória não é, para um jovem que sente no co-ração o sopro da vocação, um instru-mento precioso para compreender a es-sência dramática mas ao mesmo tempo salvífica da fé — sinto-me tentado a di-zer salvífica porque é dramática. Para compreender que o Evangelho não ad-mite adesões exteriores nem observân-cias de cunho “p re c e t i v o ”, mas exige uma radical aposta da própria vida, uma ascese na História e no núcleo mais profundo do humano, onde habi-tam angústias, contradições, esperanças negadas ou sufocadas.

No sinal de uma fé que não seja edi-ficação, mas dom de si. Aquela fé que Greene, escritor e homem à procura, traçou de modo memorável na figura do seu sacerdote atormentado e peca-d o r.

A liberdade humana

Entre graça e pecado

ANDREAMONDA

«E

le não a podia ver na escu-ridão, mas podia lembrar-se de uma série de rostos dos tempos passados que se adapta-vam à sua voz. Considerando com atenção um homem ou uma mulher, podia-se sempre começar a sentir pena deles. Era uma qualidade inerente à imagem de Deus. Depois de ter visto as rugas nos cantos dos olhos, a forma da boca, o modo como o seu cabelo crescia, era impossível odiar. O ódio era simplesmente uma falta de imagi-nação».

O protagonista da cena é um sacer-dote que se encontra numa cela comu-nitária à noite, com muitas outras pes-soas presas durante uma ação policial. Na realidade, a polícia está precisa-mente à procura dele, porque há uma perseguição dos católicos. Uma mu-lher reconhece-o e aproxima-se dele para se confessar e reclamar do com-portamento de outros prisioneiros. Analisemos este brevíssimo texto por-que, tal como no tecido humano, até na pequena amostra de um fragmento está encerrado o Adn de todo o orga-nismo. Nestas palavras está todo Graham Greene.

O poder e a glória é, talvez, a sua obra-prima. É precisamente a história de um sacerdote, de quem não se co-nhece nem sequer o nome, que vive no México nos anos vinte. É um pa-dre corrupto. O tema da corrupção e do pecado está presente em todas as obras de Greene. Este sacerdote não só traiu a sua vocação, mas teve uma filha de uma relação com uma mulher e falta continuamente à sua missão: é um velhaco e evita incessantemente a perseguição daqueles anos ferozes. O livro inteiro é a descrição daquele “continuamente” e das suas possíveis exceções.

Num artigo breve e intenso, escrito no mesmo ano do romance, em outubro de 1940, intitulado Em casa, G re e -ne escreve, referindo-se aos bombar-deamentos sofridos pelos britânicos da parte da força aérea nazista:

«Habi-tuamo-nos a qualquer situação», mas depois acrescenta: «Há coisas a que nunca nos habituamos, porque não têm ligação alguma: a santidade, a fi-delidade e a coragem dos seres huma-nos abandonados ao livre arbítrio: vir-tudes semelhantes pertencem aos ve-lhos edifícios das universidades e cate-drais, relíquias de um mundo com fé». Pois bem, O poder e a glória fala desta santidade que quebra o hábito, que in-terrompe a “ligação” (vem à mente Eliot, que chamava à Igreja “A Estran-geira”). O sacerdote corrupto, total-mente abandonado ao livre arbítrio, numa certa altura recupera a coragem e a fidelidade e, no final, deixa de fu-gir e torna-se simplesmente o que sempre foi, na sua infidelidade, um padre. Ele próprio explica-o melhor quando fala pela última vez, no mo-mento em que está para ser fuzilado, dirigindo-se ao lugar-tenente, revolu-cionário, racionalista e ateu, que o ti-nha capturado: «Esta é outra diferença entre nós. É inútil que o senhor traba-lhe para o seu objetivo, a não ser que o senhor mesmo seja um homem bom. E nem sempre haverá homens bons no seu partido. E então haverá de novo toda a antiga fome, a violência, o enri-quecimento a qualquer custo. Mas o facto de eu ser um velhaco, e tudo o resto, não é muito importante. Posso continuar a colocar Deus na boca de um homem e posso dar-lhe o perdão de Deus. Mesmo que todos os sacer-dotes da Igreja fossem como eu, sob este aspeto não haveria diferença algu-ma».

Como católico inglês, a “batalha” que Greene combateu foi essencial-mente pela liberdade, reivindicando tal liberdade sobretudo no que diz res-peito à sua condição de crente, catego-ria que para ele não existe do ponto de vista literário; com efeito, não exis-tem escritores católicos, exisexis-tem ape-nas “romancistas que são também tólicos”, como escreve nos Ensaios

ca-tólicos: «Pertenço a um “grup o”, a Igreja católica, um facto do qual, co-mo escritor, poderiam derivar proble-mas muito graves para mim: proble-mas não

os tenho, precisamente porque posso ser desleal».

É precisamente esta deslealdade (ca-raterística dos protagonistas de muitos dos seus romances), que o leva a afir-mar, paradoxalmente, que a literatura nada tem a ver com a edificação espi-ritual: «Com isto não quero afirmar que a literatura é amoral, mas que tem a sua própria moralidade». E é sempre o gosto pelo paradoxo que impele Greene a colocar, no início do roman-ce O roman-cerne da questão, de modo quase programático, o seguinte verso de Pé-guy: «No coração do cristianismo nin-guém é tão competente como o peca-dor, em matéria de cristianismo. Nin-guém, a não ser o santo». Ainda em O

cerne da questão, Greene fala através do seu protagonista e afirma: «Aqui ninguém jamais poderia falar de um paraíso na terra: o céu permanecia ri-gidamente no seu lugar, para além da morte, e deste lado prosperavam as in-justiças, as crueldades e as mediocrida-des que noutros lugares as pessoas ha-bilmente conseguiam mascarar. Aqui, podia-se amar as criaturas humanas quase como o próprio Deus as ama, conhecendo o pior de todas elas».

Segundo Charles Moeller, autor de uma obra monumental de cinco volu-mes sobre Cristianismo e literatura, to-da a obra de Greene é um comentário à sentença evangélica “não julgarás”. A sua é uma literatura enraizada no cristianismo, mas na “versão inglesa”, ou seja, amante do humorismo e do paradoxo, uma literatura onde a pre-sença da Graça brota de fortes con-trastes. Na realidade, Greene descreve o pecado, o inferno. É a visão elucida-da muito claramente por Flannery O’Connor, leitora perspicaz de Gree-ne, quando escreve: «A narrativa diz respeito a tudo o que é humano e nós somos pó, portanto, se desdenhardes empoeirar-vos, não deveis procurar es-crever ficção»; a mesma O’Connor que gostava de lembrar que a tarefa do narrador consiste em descrever a obra de Graça num território ocupado principalmente pelo diabo, um resumo perfeito de O poder e a glória.

Legenda: Graham Greene

Cartaz do filme baseado no célebre romance de Graham Greene, realizado por John Ford (1947)

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L’OSSERVATORE ROMANO

terça-feira 21 de julho de 2020, número 29

«Ultima commendatio» e «Valedictio» nas exéquias do cardeal Zenon Grocholewski

Homem de fé

sempre a caminho

LEONARD OSANDRI

Se morrermos com Cristo, acredita-mos que também vivereacredita-mos com Ele!

1. As palavras do apóstolo Paulo iluminam a nossa assembleia, reuni-da para celebrar a Eucaristia, memo-rial da Páscoa da Morte e Ressurrei-ção de Cristo, em sufrágio do nosso irmão, cardeal Zenon Grocholewski. Queremos confiar ao Senhor a alma de um sacerdote e de um bispo que durante cinquenta e sete anos se ali-mentou do Sacramento da presença real de Jesus, distribuindo-o aos fiéis, e pedindo todos os dias a gra-ça de que aquilo que ele celebrava no altar se tornasse a fonte dos pen-samentos e ações quotidianas, na-quele humilde e atento serviço que teve lugar sub umbra Petri, em Ro-ma, no estudo do Direito canónico, no ensino e nas várias tarefas, pri-meiro na Assinatura Apostólica e fi-nalmente na Congregação para a Educação Católica.

2. Ouvimos proclamar as palavras de Job: o homem justo está no meio da provação, os seus bens, os seus afetos familiares e a própria saúde fí-sica foram-lhe tirados, mas o que es-tá ameaçado é o seu coração, a di-mensão mais profunda do seu ser. As palavras dos amigos revelam-se ilusórias perante o desejo mais pro-fundo de Job: ver Deus, dizer diante do seu Rosto a perturbação que sur-ge da pergunta “por que o mal, por que a dor?”. Para fazer isto, o justo deve empreender um caminho inte-rior, que o levará à meta: perante Deus exclamará: “Eu conhecia-te por ouvir falar, mas agora os meus olhos veem-te!”. Na sua vida o nos-so irmão prostrou-se durante a sua ordenação diaconal, presbiteral e episcopal, como sinal de confiança e entrega total a Deus, que o escolheu para ser o instrumento da sua graça: aquele gesto que continuaria nas vá-rias formas de serviço ministerial que lhe foram confiadas, cumpriu-se on-tem à noite, durante o sono, quando se abandonou definitivamente ao abraço do Senhor.

3. No diálogo com Jesus que ou-vimos no Evangelho, a mesma di-mensão evocada em Job é revelada ao apóstolo Tomé: o próprio Cristo partiu, desceu do céu mas agora re-gressa ao Pai e prepara um lugar pa-ra aqueles a quem ele chamou ami-gos, e proclama-se caminho, verdade e vida. A vida do discípulo, revelada pelo Senhor na sua verdade mais profunda, é um caminho rumo ao Pai, onde somos esperados e acolhi-dos como filhos, não já escravos das nossas fragilidades e misérias, como Paulo também nos recordou na epís-tola. A fé pascal, que nós somos os primeiros a renovar nesta celebração, faz-nos pensar e desejar que agora o cardeal Zenon possa receber como herança aquele lugar que Cristo foi preparar junto ao Pai.

4. A figura cordial e sorridente e os cargos exercidos foram vividos nessa entrega de si mesmo e no espí-rito sacerdotal que sempre o distin-guiu. O nosso irmão não ficou para-do, mas permaneceu sempre a

cami-nho: não só fisicamente, e somos testemunhas disto em muitos que te-mos a casa ou o escritório perto da sua residência, e muitas vezes, até nos últimos anos, vimo-lo caminhar em direção ao lugar de trabalho ou a passear recitando o Rosário. Acima de tudo, caminhou dentro de si mes-mo: no exercício da inteligência da fé e no aprofundamento dos estudos

jurídicos, o que lhe valeu vários re-conhecimentos, também como cola-borador ativo da Comissão prepara-tória do novo Código de Direito Ca-nónico e daquela que levou à Refor-ma da Cúria roRefor-mana que culminou com a Constituição Apostólica

Pas-tor bonus. Seguiu de perto os

cami-nhos formativos das escolas e uni-versidades católicas, certo de que a

visão cristã do homem e da história é uma semente frutuosa para o cres-cimento do bem comum e da socie-dade. Acima de tudo, permaneceu sempre um peregrino na fé, preser-vando a sua alma sacerdotal e sa-bendo ver as sementes da santidade no caminho da Igreja em cada épo-ca. Os seus vizinhos e conhecidos experimentaram a sua caraterística humana, a sua capacidade de sorrir e de partilhar até a mesa fraterna co-mo uma ocasião de encontro e de comunhão.

5. Um sinal da fé e do coração sa-cerdotal do saudoso Cardeal são as palavras do seu testamento espiri-tual, que parecem ressoar a Palavra de Deus ouvida anteriormente. Leio um trecho, enquanto o confiamos à Misericórdia Divina, à Virgem Ne-gra de Częstochowa e à intercessão de São João Paulo II: «A Deus, na Santíssima Trindade, expresso a mi-nha profunda gratidão e homena-gem pelo dom da vida, do sacerdó-cio e por todas as graças recebidas. Bendito seja Deus! Profundamente convencido de que a única forma correta de vida na Terra e que a úni-ca grandeza verdadeira do homem é a santidade, e ao mesmo tempo consciente das minhas fraquezas, ne-gligências e pecados, humilho-me perante a Divina Majestade, confian-do na sua infinita misericórdia. Se-nhor, tende piedade de mim, peca-dor! Peço a todos que rezem por mim. Até à vista na casa do Pai!».

Pesar do Santo Padre

Assim que recebeu a notícia do falecimento do ilustre purpurado, o Papa Francisco enviou a Władisław, irmão do saudoso cardeal, o seguinte telegrama de pêsames.

Recebi a notícia da morte do seu amado irmão, Cardeal Zenon Gro-cholewski, e desejo manifestar ao senhor e aos familiares a minha pro-ximidade pelo luto que atingiu quantos conheceram e estimaram o saudoso Purpurado. Recordo com gratidão a benemérita obra por ele levada a cabo, quer como apreciado docente de direito canónico nas Pontifícias Universidades Gregoriana e Lateranense, quer como autor de numerosas publicações científicas. Em particular, ele dedicou-se ge-nerosamente ao serviço da Santa Sé, primeiro como Secretário e to do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica, depois como Prefei-to da Congregação para a Educação Católica. Nestes âmbiPrefei-tos deu tes-temunho de zelo sacerdotal, de fidelidade ao Evangelho e de edifica-ção da Igreja. Enquanto elevo a minha oraedifica-ção ao Senhor Jesus, a fim de que conceda ao saudoso Cardeal a recompensa eterna prometida aos seus discípulos, dou a Bênção Apostólica ao senhor e a quantos choram a sua despedida.

FRANCISCUS P P.

No altar da Cátedra da basílica do Vaticano, na ma-nhã de 18 de julho, realizou-se as exéquias do cardeal polaco Zenon Grocholewski, prefeito emérito da Congre-gação para a educação católica (dos Institutos de estu-dos), falecido no dia 17. No final, o Papa Francisco presidiu ao rito da “Ultima commendatio” e da “Va l e d i c -tio”. A missa foi celebrada pelo vice-decano do Colégio cardinalício (prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, cuja homilia publicamos). Concelebraram vin-te e um cardeais, entre os quais o secretário de Estado, Pietro Parolin, e treze prelados - entre os quais o

arce-bispo Edgar Peña Parra, substituto da Secretaria de Estado, com o assessor, monsenhor Luigi Roberto Cona - e alguns sacerdotes polacos. Com os membros do corpo diplomático acreditado junto da Santa Sé estava o arce-bispo Paul Richard Gallagher, secretário para as Rela-ções com os Estados. Participaram também dois car-deais, alguns religiosos e religiosas - entre eles as Servas do Sagrado Coração de Jesus, que assistiram o cardeal Grocholewski até ao fim - e o diretor do nosso jornal. O saudoso purpurado será sepultado na catedral de Poz-nań, sua diocese de origem.

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número 29, terça-feira 21 de julho de 2020

L’OSSERVATORE ROMANO

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INFORMAÇÕES

Audiências

O Papa Francisco recebeu em audiên-cias particulares:

No dia 10 de julho

O Senhor Cardeal Angelo Becciu, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.

Renúncias

O Sumo Pontífice aceitou a renúncia:

A 11 de julho

De D. Ratko Perić, ao governo pas-toral da Diocese de Mostar-Duvno e da Administração Apostólica ad

nu-tum Sanctae Sedisde Trebinje-Mrkan

(Bósnia e Herzegovina).

De D. José Câmnate na Bissign, ao governo pastoral da Diocese de Bis-sau (Guiné-BisBis-sau).

A 16 de julho

De D. Gianni Ambrosio, ao governo pastoral da Diocese de Piacenza-Bobbio (Itália).

Nomeações

O Santo Padre nomeou:

No dia 9 de julho

Arcebispo Metropolitano da Arqui-diocese de Santiago de Guatemala (Guatemala), D. Gonzalo de Villa y Vásquez, S.J., até agora Bispo da Diocese de Sololá-Chimaltenango. No dia 10 de julho

Membros Ordinários da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, Suas Ex.cias os Professores Pedro Moran-dé Court, Docente Emérito de So-ciologia na Pontifícia Universidade Católica do Chile (Chile); Mario Draghi, ex-Presidente do Banco Central Europeu (Itália); e Kokunre Adetokunbo Agbontaen Eghafona, Docente de Sociologia e Antropolo-gia na Universidade de Benin (Nigé-ria).

No dia 11 de julho

Bispo da Diocese de Mostar-Duvno e Administrador Apostólico ad

nu-tum Sanctae Sedisde Trebinje-Mrkan

(Bósnia e Herzegovina), D. Petar

Palić, até esta data Bispo de Hvar ( C ro á c i a ) .

Arcebispo Coadjutor da Arquidioce-se Metropolitana de Split-Makarska (Croácia), D. Dražen Kutleša, até hoje Bispo da Diocese de Poreč i Pula.

No dia 13 de julho

Bispo Auxiliar da Arquidiocese Me-tropolitana de Colombo (Sri Lanka), o Rev.do Pe. Anton Ranjith

Pillai-nayagam, do clero da mesma Sede, até à presente data Vice-Reitor do «Saint Joseph’s College» em Colom-bo e Diretor do Teologado Tâmil, simultaneamente eleito Bispo Titular de Materiana.

D. Anton Ranjith Pillainayagam nasceu a 23 de setembro de 1966, em Jaffna, no Sri Lanka, e recebeu a Or-denação sacerdotal em 16 de setembro de 2000.

No dia 16 de julho

Bispo da Diocese de Piacenza-Bob-bio (Itália), o Rev.moMons. Adriano

Cevolotto, do clero da Diocese de Treviso, até agora Vigário-Geral da mesma Sede.

D. Adriano Cevolotto nasceu em Treviso, na Itália, a 29 de abril de 1958, e foi ordenado Sacerdote no dia 26 de maio de 1984.

Bispo da Diocese de Cleveland (Es-tados Unidos da América), D. Edward C. Malesic, até esta data Bispo de Greensburg.

No dia 17 de julho

Bispo da Diocese de Joliet in Illi-nois (Estados Unidos da América), D. Ronald A. Hicks, até hoje Bispo Titular de Munatiana e Auxiliar de Chicago.

Prelados falecidos

Adormeceram no Senhor:

A 8 de julho

D. José Antonio Pérez Sánchez, da Ordem dos Frades Menores, Bispo Prelado Emérito de Jesús María, no México.

O ilustre Prelado nasceu na Cidade do México (México), no dia 20 de de-zembro de 1947. Foi ordenado Presbíte-ro em 20 de junho de 1976 e recebeu a Ordenação episcopal a 4 de abril de 1990.

A 11 de julho

D. Edward Urban Kmiec, Bispo Emérito de Buffalo, nos Estados Unidos da América.

O saudoso Prelado nasceu em Tren-ton (Estados Unidos da América), a 4 de junho de 1936. Recebeu a Ordena-ção sacerdotal em 20 de dezembro de 1961 e foi ordenado Bispo no dia 3 de novembro de 1982.

A 13 de julho

D. Moses M. Costa, Arcebispo de Chattogram (Bangladesh), de covid-19.

O ilustre Prelado nasceu a 17 de no-vembro de 1950, em Toomilla, Arqui-diocese de Dhaka (Bangladesh). Foi ordenado Sacerdote da Congregação da Santa Cruz no dia 5 de fevereiro de 1981 e recebeu a Ordenação episcopal em 6 de setembro de 1996.

D. Camilo Lorenzo Iglesias, Bispo Emérito de Astorga (Espanha).

O saudoso Prelado nasceu no dia 7 de agosto de 1940, em La Canda, na Espanha. Recebeu a Ordenação presbi-teral em 23 de dezembro de 1966 e foi ordenado Bispo no dia 30 de julho de 1995.

A 14 de julho

D. Milan èášik, Bispo da Eparquia de Mukachevo de rito bizantino (Ucrânia).

O ilustre Prelado nasceu em Lehota, Diocese de Nitra, na Eslováquia, a 17 de setembro de 1952. Foi ordenado Presbítero da Congregação da Missão (Lazaristas) no dia 6 de junho de 1976 e recebeu a Ordenação episcopal em 6 de janeiro de 2003.

A 15 de julho

D. Eugenio Scarpellini, Bispo de El Alto (Bolívia), de covid-19.

O saudoso Prelado nasceu em Ver-dellino, Diocese de Bergamo, na Itália, a 8 de janeiro de 1954. Recebeu a Or-denação sacerdotal no dia 17 de junho de 1978 e foi ordenado Bispo em 9 de setembro de 2010.

D. Oscar Hugh Lipscomb, Arcebis-po Emérito de Mobile, nos Estados Unidos da América.

O venerando Prelado nasceu no dia 21 de setembro de 1931, em Mobile, Alabama (Estados Unidos da Améri-ca). Foi ordenado Presbítero em 15 de julho de 1956 e recebeu a Ordenação episcopal a 16 de novembro de 1980.

Peregrinação do Porto a Santiago de Compostela

Recordar quem perdeu a vida

durante a pandemia do coronavírus

Trata-se de uma mochila especial, que passará de pessoa em pessoa num grupo de jovens peregrinos que partiram para «honrar todos aqueles que trabalharam ou perde-ram a vida durante a pandemia do coronavírus». A viagem teve início no Porto, Portugal, com destino a Santiago de Compostela, Espanha, onde a chegada está prevista para 24 de julho, véspera da festa de São Tiago Maior, cujos despojos mortais repousam precisamente ali. A mochila, chamada “A luz do ca-minho”, contém uma vela, símbolo de fé, máscaras de proteção e gel desinfetante, para ser utilizados an-tes de cada passagem de um pere-grino para o outro, em total con-formidade com as normas de segu-rança atuais. Contém também um caderno para que cada um possa deixar por escrito uma mensagem,

uma oração ou uma frase significa-tiva relacionada com o percurso feito. No final, todo o material re-colhido será deixado na catedral de Santiago.

Benzida durante uma missa cele-brada no Porto, a mochila - como explicou à agência Ecclesia o idea-lizador desta iniciativa, Guilherme Rodrigues – passará de pessoa em pessoa a cada cinco km, trazendo idealmente luz a cada um de nós». Qualquer pessoa, independente-mente da nacionalidade ou credo, pode participar neste evento. Foi sugestiva a cerimónia de acendi-mento da chama, realizada por Amadeu Ferreira da Silva, cónego da catedral do Porto, «uma primei-ra etapa que dá sentido a todo o percurso». Com efeito, o sacerdote explicou as razões da iniciativa «para entrar no espírito do cami-nho». A primeira etapa ligou o Porto a Vilarinho.

Rodrigues já percorreu dez vezes as sendas que levam a Compostela e por isso aceitou o desafio de or-ganizar este “tributo”, para prestar o devido tributo a todos os profis-sionais que trabalharam em tempos de pandemia: «Vamos homenagear os médicos, enfermeiros, auxiliares, funcionários de limpeza e de trans-porte, todos os que trabalharam em tempos de pandemia para ga-rantir a vida aos outros, mas tam-bém – e isto é comovente! - todas as vítimas da covid-19».

Do lado francês do Caminho de Santiago houve uma iniciativa se-melhante; ambos os grupos de pe-regrinos, portugueses e franceses, reunir-se-ão no dia 24 de julho pa-ra percorrer juntos a última etapa do caminho.

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L’OSSERVATORE ROMANO

terça-feira 21 de julho de 2020, número 29

Novo apelo

a um cessar-fogo global

Oração de Francisco pela paz no Cáucaso

ANGELUS

O Papa Francisco acompanha «com preocupação a recrudescência dos conflitos armados nos últimos dias na região do Cáucaso, entre a Arménia e o Azerbaijão», como ele mesmo disse no final do Angelus de 19 de julho, desejando «uma solução pacífica duradoura, que tenha a peito o bem daquelas amadas populações». Assomando ao meio-dia à janela dos aposentos particulares do Palácio Apostólico do Vaticano, antes de recitar a prece mariana com os fiéis presentes na praça de São Pedro — no respeito pelas medidas de segurança tomadas para evitar a propagação do contágio da covid-19 — e com quantos o seguiam através dos meios de comunicação, o Pontífice ofereceu uma reflexão sobre o Evangelho do domingo, comentando particularmente a parábola do trigo e do joio.

queimadas. É também uma história de bom senso.

Pode-se ler nesta parábola uma visão da história. Ao lado de Deus - o dono do campo - que semeia sempre e apenas boas sementes, há um adversário, que semeia o joio para dificultar o crescimento do tri-go. O dono age abertamente, à luz do sol, e o seu objetivo é uma boa colheita; o adversário, ao contrário, aproveita-se da escuridão da noite e trabalha por inveja, por hostilida-de, para arruinar tudo. O adversá-rio a quem Jesus se refere tem um nome: é o diabo, o opositor por excelência de Deus. A sua intenção é dificultar o trabalho de salvação, fazer com que o Reino de Deus se-ja impedido por trabalhadores in-justos, semeadores de escândalos. Com efeito, a boa semente e o joio não representam o bem e o mal abstrato, mas nós, seres humanos, que podemos seguir Deus ou o diabo. Muitas vezes, ouvimos dizer que uma família estava em paz, de-pois começaram as guerras, a inve-ja... um bairro estava em paz, de-pois houve situações negativas... E estamos habituados a dizer: “Al-guém foi lá para semear conten-das”, ou “esta pessoa da família,

com bisbilhotices, semeia joio”. Se-mear o mal destrói sempre. E isto é feito pelo diabo ou pela nossa ten-tação: quando caímos na tentação de tagarelar para destruir os ou-t ro s .

A intenção dos servos é eliminar imediatamente o mal, ou seja, as pessoas más, mas o dono é mais sábio, vê além: devem saber espe-rar, pois suportar a perseguição e a hostilidade faz parte da vocação cristã. Certamente, o mal há de ser rejeitado, mas os ímpios são pes-soas com as quais é preciso ter pa-ciência. Não se trata da tolerância hipócrita que esconde ambiguida-des, mas da justiça temperada pela misericórdia. Se Jesus veio em bus-ca mais de pebus-cadores do que de justos, para curar os doentes antes ainda que os saudáveis (cf. Mt 9, 12-13), também a ação dos seus dis-cípulos deve ter em vista não supri-mir os ímpios, mas salvá-los. Eis no que consiste a paciência!

O Evangelho de hoje apresenta duas formas de agir e de habitar a história: por um lado, o olhar do dono, que vê além; por outro, o olhar dos servos, que veem o pro-blema. Os servos preocupam-se com um campo sem ervas dani-nhas, o dono preocupa-se com o trigo bom. O Senhor convida-nos a ter o seu olhar, que se fixa no tri-go bom, que sabe conservá-lo até no meio das ervas daninhas. Não coopera com Deus quem procura os limites e defeitos dos outros mas, ao contrário, quem sabe reco-nhecer o bem que cresce silenciosa-mente no campo da Igreja e da história, cultivando-o até ao ama-durecimento. E então será Deus, e só Ele, que recompensará os bons e castigará os ímpios. Que a Vir-gem Maria nos ajude a compreen-der e a imitar a paciência de Deus, o qual não quer que se perca ne-nhum dos seus filhos, aos quais Ele ama com amor de Pai.

No final do Angelus, o Papa renovou o «apelo a um cessar-fogo global e imediato que permita a paz e a segurança indispensáveis para oferecer a necessária assistência humanitária» neste tempo de pandemia, depois rezou pela paz no Cáucaso e saudou os grupos de fiéis presentes.

Estimados irmãos e irmãs! Neste momento em que a pande-mia não dá sinal de diminuir, gos-taria de assegurar a minha proximi-dade àqueles que enfrentam a doença e as suas consequências económicas e sociais. O meu pen-samento dirige-se especialmente às populações cujo sofrimento é agra-vado por situações de conflito. Com base numa recente Resolução do Conselho de Segurança das Na-ções Unidas, reitero o apelo a um cessar-fogo global e imediato que permita a paz e a segurança indis-pensáveis para oferecer a necessária assistência humanitária.

Em modo particular, acompanho com preocupação a recrudescência dos conflitos armados nos últimos dias na região do Cáucaso, entre a Arménia e o Azerbaijão. Enquanto vos asseguro a minha oração pelas famílias de quantos perderam a vi-da durante os conflitos, faço votos a fim de que, com o empenho da comunidade internacional e através do diálogo e da boa vontade das partes, possamos alcançar uma so-lução pacífica duradoura, que te-nha a peito o bem daquelas ama-das populações.

Dirijo as minhas cordiais sauda-ções a todos vós, fiéis de Roma e peregrinos da Itália e de outros países.

Desejo bom domingo a todos. Por favor, não vos esqueçais de re-zar por mim. Bom almoço e até à vista!

Amados irmãos e irmãs, bom dia! No Evangelho de hoje (cf. Mt 13, 24-43) voltamos a encontrar Jesus, que fala à multidão sobre o Reino dos Céus com parábolas. Comento apenas a primeira, a do joio, atra-vés da qual Jesus nos dá a conhe-cer a paciência de Deus, abrindo o nosso coração à e s p e ra n ç a .

Jesus narra que no campo onde foi semeado o bom trigo, brota in-clusive o joio, termo que resume todas as ervas daninhas que infes-tam o solo. Entre nós, podemos di-zer também que ainda hoje o solo é devastado por muitos herbicidas e pesticidas, que afinal também fa-zem mal para a erva, o solo e a saúde. Mas isto, entre parênteses. Então, os servos vão ter com o se-nhor para saber de onde vem o joio, e ele responde: «Um inimigo fez isto!» (v. 28). Pois semeamos trigo bom! Um inimigo, um con-corrente, veio e fez isto. Eles gosta-riam de arrancar imediatamente as ervas daninhas que cresciam; mas o senhor impede-os, pois com as er-vas daninhas - o joio - se correria o risco se arrancar também o trigo. É necessário esperar até ao momento da colheita: só então haverá a sepa-ração e as ervas daninhas serão

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