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CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES DE GUAÍBA Gabinete da Presidência Av. Sete de Setembro nº. 325, Centro Guaíba/RS Fone: (51) (51) 3480.

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CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES DE GUAÍBA

Gabinete da Presidência

Av. Sete de Setembro nº. 325, Centro – Guaíba/RS Fone: (51) 3480.1174 | (51) 3480.1119

Decisão

Após análise dos autos, do parecer jurídico e do recurso administrativo referente ao Pregão Presencial nº 02/2017, decido pelo INDEFERIMENTO do recurso interposto pela empresa Objetiva Concursos Ltda, bem como pela manutenção da decisão preferida pela Pregoeira em ata de julgamento pelos seus fundamentos.

Guaíba, 24 de maio de 2017.

Renan dos Santos Pereira

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TERMO: Decisório

FEITO: Recurso Administrativo

REFERÊNCIA: Pregão Presencial nº. 02/2017

PROCESSO ADMINISTRATIVO: 01/2017

OBJETO:

Contratação de empresa para a prestação de serviço de organização, planejamento e realização de concurso público.

RECORRENTE: Objetiva Concursos Ltda

RECORRIDO: Pregoeira

Vistos etc.

I. DAS PRELIMINARES

Trata-se de RECURSO ADMINISTRATIVO interposto pela empresa

Objetiva Concursos Ltda, cadastrada no CNPJ sob nº. 00.849.426/0001-14, por

meio de seu representante legal, em face do resultado da licitação em epígrafe, com fundamento na Lei Federal nº 10.520/2002, subsidiado pela Lei nº. 8.666/93.

Não apresentou as razões a licitante Consesp – Concursos, Residências Médicas, Avaliações e Pesquisas Ltda.

a) Tempestividade

Nos termos do art. 4º, inciso XVIII, da Lei Federal nº 10.520/20021, há no Pregão Presencial a necessidade de manifestação do interesse de recorrer, motivadamente e imediatamente após a declaração do vencedor do certame. Assim, começa daí a contagem do prazo legal para apresentação das razões, que é de 3 (três) dias, sendo igual o prazo para apresentação das contrarrazões, este contado do término do prazo do recorrente.

Assim, no caso em tela, tendo a sessão de abertura do certame ocorrido no dia 02 de maio de 2016, o termo final para apresentação das razões é dia 05 de maio de 2017. Desta feita, considerando que as razões do recorrente foram entregues no dia 05 de maio de 2017, constata-se que a recorrente cumpriu os preceitos legais, manifestando a intenção de recorrer, constante na ata de

1

Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e observará as seguintes regras: XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante poderá manifestar imediata e motivadamente a intenção de recorrer, quando lhe será concedido o prazo de 3 (três) dias para apresentação das razões do recurso, ficando os demais licitantes desde logo intimados para apresentar contra-razões em igual número de dias, que começarão a correr do término do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada vista imediata dos autos;

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abertura, e apresentando suas razões de recurso dentro do prazo legal, sendo o recurso, portanto, tempestivo.

b) Legitimidade

A recorrente participou da sessão pública, através de seu representante legal, apresentando proposta de preços e documentação de habilitação. Logo, a recorrente possui legitimidade para recorrer.

II. DOS FATOS

Na sessão pública designada no dia 02 de maio de 2017 para o recebimento dos envelopes da proposta e da habilitação compareceram as licitantes: Consesp – Concursos, Residências Médicas; Avaliações e Pesquisas Ltda, Sarmento Concursos Ltda - EPP; Legalle Concursos e Soluções Integradas Ltda. - EPP; Premier Concursos Ltda; Objetiva Concursos Ltda; e, INQC Instituto Nacional de Qualificação e Capacitação. Sendo que foram classificados para a fase de lances: Legalle Concursos e Soluções Integradas Ltda.; Premier Concursos Ltda. e Objetiva Concursos Ltda.

Encerrada a fase de lances, a classificação em primeiro lugar foi da licitante Legalle Concursos e Soluções Integradas Ltda, pelo valor final de R$

36.500,00; em segundo lugar a licitante Premier Concursos Ltda, pelo valor final

deR$ 37.000,00; e, em terceiro lugar a licitante Objetiva Concursos Ltda, pelo valor final de R$ 46.000,00.

Aberto o envelope de habilitação da licitante Legalle Concursos e Soluções Integradas Ltda, essa foi declarada habilitada.

Manifestaram-se, na sessão pública, interesse em recorrer as licitantes: Objetiva Concursos Ltda alegando ser inexequíveis as propostas apresentadas pelas empresas Legalle Concursos e Soluções Integradas Ltda e Premier Concursos Ltda; e, Consesp – Concursos, Residências Médicas,

Avaliações e Pesquisas Ltda alegando ser inexequíveis as propostas

apresentadas pelas empresas Premier Concursos Ltda; Legalle Concursos e Soluções Integradas Ltda; e Objetiva Concursos Ltda.

III. DAS ALEGAÇÕES DA RECORRENTE

Alega a recorrente que são inexequíveis os valores finais ofertados pelas empresas Legalle Concursos e Soluções Integradas Ltda e Premier Concursos Ltda, uma vez que não são capazes de garantir o custeio mínimo de um concurso com estimativa de 4.000 (quatro mil) candidatos, com oferta de 2 (dois) diferentes cargos, o qual inclui serviços especializados.

A recorrente evidencia que o custeio mínimo para o serviço licitado, na magnitude e alta exigência técnica envolvida, deve ser considerado pela

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Administração quando da análise das propostas financeiras apresentadas pelas licitantes, uma vez que a determinação da exequibilidade dos valores inclui minucioso exame das planilhas orçamentárias que apresente detalhadamente que o preço proposto seria suficiente para a plena e satisfatória execução dos serviços, nos moldes das disposições do Instrumento Convocatório.

Salienta que é dever do órgão contratante, através das licitações e nos termos assegurados na legislação, seguir critérios que tragam para si a proposta mais vantajosa, desde que considerada esta plenamente exequível.

Apresenta ainda, seus custos mínimos necessários para garantir a segurança e a qualidade dos processos através de planilha detalhada.

Observou que a empresa recorrente ficou classificada na 3ª posição como valor de R$ 46.000,00, enquanto a empresa Legalle Concursos e Soluções Integradas Ltda propôs valor unitário de R$ 36.500,00 e a empresa Premier Concursos Ltda propôs R$ 37.000,00. Questiona se é possível executar um concurso com a estimativa de inscritos e as obrigações atribuídas à empresa contratada pelo valor de R$ 9,13 ou R$ 9,25 por candidato, respectivamente.

Afirma ainda que o objetivo de qualquer licitação não é simplesmente eleger a proposta de menor valor econômico, ainda que seja adotado o critério de menor preço, mas sim, apurar a proposta de valor mais baixo que possa ser executado de forma satisfatória e adequada.

Evidencia que está comprometida a execução do certame de forma que se torna inviável o cumprimento do contrato com valor extremamente abaixo do razoável, conforme propostas financeiras apresentadas pelas empresas classificadas na 1ª e 2ª posições.

Por fim, requer que seja declarado desclassificadas as propostas das empresas Legalle Concursos e Soluções Integradas Ltda e Premier Concursos Ltda por serem manifestamente inexequíveis, e por fim, declarar como melhor classificada a empresa Objetiva Concursos Ltda, atestando-a como vencedora do certame. Requer ainda que sejam enviadas as razoes à apreciação da autoridade hierarquicamente superior, caso não seja reconsiderada a decisão recorrida.

IV. DAS CONTRARRAZÕES

Apresentou contrarrazões, através de seu representante legal, somente a empresa Legalle Concursos e Soluções Integradas Ltda, no dia 10 de maio de 2017, portanto dentro do prazo legal.

A licitante alega em suas contrarrazões que a planilha de custo, conforme o edital, abrange toda a despesa com a organização do certame, desde a elaboração do edital, até as despesas indiretas e fundo de reserva para

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possíveis eventualidades. Afirma que o orçamento previsto é absolutamente viável e não excluiu nenhuma despesa que possa vir em decorrência da execução do certame.

Na sequência, alega que, não há o que se falar em prejuízo a ser suportado pela licitante vencedora, haja vista que esta apresentou a planilha com o detalhamento acerca das futuras despesas ocasionadas pela realização do concurso e do processo seletivo. A referida planilha demonstra que a proposta ofertada é plenamente viável, sem comprometer nenhuma fase do certame.

Ressalta que a referida planilha de custos foi aceita sem qualquer ressalva pelo Ente Público responsável pelo procedimento licitatório, tendo este concordado com os valores ali descriminados, o que demonstra mais uma vez que não há qualquer mácula que possa ensejar a inexequibilidade da presente avença.

Constata que, se a referida proposta fosse realmente inexequível, o pregoeiro e a comissão a teriam indeferido de pronto, sendo estes plenamente capazes de deliberar acerca das condições da empresa no que diz respeito à prestação do serviço com qualidade e preço que configure a melhor opção disponível para a Administração Pública.

Considera-se com qualificação técnica, experiência profissional, responsabilidade e comprometimento para realização de mais um concurso público e processo seletivo, sendo que já organizou e executou com êxito diversos certames com valores semelhantes aos da proposta oferecida à Administração.

Por fim, requer o indeferimento do recurso administrativo apresentado pela empresa Objetiva Concursos por ser desprovido de qualquer fundamento e pelo indeferimento do pleito do recorrente no que tange a desclassificação da empresa Legalle Concursos e Soluções Integradas Ltda.

É o breve relatório.

V. DA ANALISE

Em síntese, a recorrente afirmou em suas razões que os valores ofertados pelas empresas não são capazes de garantir o custeio mínimo de um concurso para dois cargos diferentes, com estimativa de 4.000 (quatro mil) candidatos, sendo que inclui vários serviços especializados.

Justificou sua proposta final de R$ 46.000,00 apresentando uma planilha onde descreve, separadamente, o tipo de serviço com seu respectivo custo e afirma que qualquer proposta com valor inferior a esse se constitui flagrantemente como insuficiente para a execução satisfatória do objeto a ser contratado.

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Vale lembrar que os serviços a serem executados são os previstos no Anexo I - Termo de Referência, do Edital do Pregão Presencial nº 02/2017.

Por sua vez, a licitante Legalle Concursos e Soluções Integradas Ltda afirmou em suas contrarrazões que seu custo "abrange toda a despesa com a organização do certame, desde a elaboração discriminada no edital até as despesas indiretas e fundo de reserva para possíveis eventualidades". Afirmou ainda que "o orçamento previsto é absolutamente viável e não exclui nenhuma despesa que possa vir em decorrência da execução do certame".

Entretanto, a contrarrazoada não detalhou, separadamente, os custos que compõe seu preço para executar os serviços a serem contratados nem apresentou em sua proposta. Afirma que entregou uma planilha de custos à Comissão no momento da licitação. Ressalvo que a única proposta apresentada à essa Pregoeira e sua equipe de apoio encontrava-se dentro do envelope e exatamente nos moldes do Anexo V - Modelo de Proposta, do Edital, conforme folha 203, com valor global dos serviços. Aliás, todas as licitantes apresentaram suas propostas nos moldes do Edital. Portanto, não há que se falar em planilha de custos e sim valor global pelo serviço.

VI - DA FUNDAMENTAÇÃO

Primeiramente, ressalta-se que o pregão é uma modalidade de licitação do tipo menor preço caracterizado pelo objetivo da celeridade e eficiência nas contratações públicas por meio da simplificação das regras procedimentais, sendo regido pela Lei Federal 10.520/2002 e no que couber pelas regras da Lei Federal nº 8.666/1993, Decreto Federal nº 3.555/2000 e demais legislações aplicáveis, sempre com a observância das normas constitucionais.

Sendo assim, a licitação visa garantir a isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração, de maneira a assegurar a oportunidade igual a todos os interessados e possibilitar o comparecimento ao certame do maior número possível de concorrentes.

Analisando o Edital do Pregão Presencial nº 02/2017, constata-se que o critério de julgamento utilizado para a seleção da proposta mais vantajosa para a contração foi o de menor preço global, conforme item 33.

Constata-se ainda, que no instrumento convocatório, item 35, prevê a desclassificação das propostas que “apresentem preços excessivos, inexequíveis ou irregulares”, e não há estabelecimento de critério(s) objetivo(s) para que seja verificada a exequibilidade, ou não, das propostas.

Assim, a declaração de inexequibilidade pela simples comparação de preços contraria o princípio do julgamento objetivo, que rege as licitações e encontra-se previsto no art. 3º da Lei 8.666/93, tendo em vista que não há na Lei, tampouco no Instrumento Convocatório, previsão para sua constatação de forma objetiva. Desta feita, esta declaração acabaria por ser realizado com base em

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critérios subjetivos, o que é amplamente contrário aos princípios licitatório e combatido na Lei das Licitações.

Nesse sentido, entende o Tribunal de Contas da União:

3.Isso porque não foram estabelecidos no edital do referido certame (Peça 1, p. 27/39) critérios objetivos para aferir a exequibilidade dos preços das propostas apresentadas pelos licitantes, pois, apesar de ter sido estipulado no subitem 11.5 do instrumento convocatório que seriam desclassificadas as propostas que apresentassem ‘... preços simbólicos, irrisórios ou excessivos, incompatíveis com os preços de mercado ou manifestamente inexequíveis’, não foram definidos parâmetros para que tais condições pudessem ser averiguadas.

3.1.Nesse caso, somente se poderia admitir a desclassificação por inexequibilidade se tal condição fosse flagrante, sem prejuízo de oportunizar à licitante que comprovasse a exequibilidade de sua proposta, conforme orienta o Enunciado de Súmula 262 desse Tribunal. (Acórdão 0042/2013, Plenário, Rel. Ministro José Múcio Monteiro)

Além disso, por tratar-se de serviço não pode ser aplicado como parâmetro o disposto no §1º, do art.48 da Lei Federal nº 8.666/932, pois o percentual nele estabelecido se aplica somente para licitações de menor preço para obras e serviços de engenharia.

Portanto, existe uma grande dificuldade prática de identificar um parâmetro mínimo de inexequibilidade, pois a Administração não dispõe de condições precisas e exatas sobre os custos do particular.

O doutrinador Marçal Justen Filho3 explica que:

"Discorda-se do entendimento de que todas as hipóteses de inexequibilidade comportam tratamento jurídico idêntico. Ao contrário, deve impor-se uma diferenciação fundamental, destinada a averiguar se a proposta pode ou não ser executada pelo licitante, ainda que seu valor seja deficitário. A questão fundamental não reside no valor da proposta, por mais ínfimo que o seja - o problema é a impossibilidade de o licitante executar aquilo que ofertou.

A formulação desse juízo envolve uma avaliação de capacidade patrimonial. Se ele dispuser de recursos suficientes e resolve incorrer em prejuízo, essa é uma decisão empresarial privada. Não cabe à Administração a tarefa de fiscalização da lucratividade empresarial privada. Sob esse ângulo, chega a ser paradoxal a

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Art. 48. Serão desclassificadas:

§ 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo consideram-se manifestamente inexeqüíveis, no caso de licitações de menor preço para obras e serviços de engenharia, as propostas cujos valores sejam inferiores a 70% (setenta por cento) do menor dos seguintes valores: a) média aritmética dos valores das propostas superiores a 50% (cinqüenta por cento) do valor orçado pela administração, ou b) valor orçado pela administração.

3

JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 15. ed. São Paulo: Dialética, 2012. p. 754.

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recusa da Administração em receber proposta excessivamente vantajosa."

Ressalva o autor que há de se levar em consideração que existe uma variação de custos dentro do próprio ramo empresarial. Os custos são diversos para cada empresa e cada uma apresenta uma estrutura operacional distinta. Assim, é possível que a mesma proposta possa ser inexequível para uma empresa e ser perfeitamente exequível para outra.4

Marçal5 lembra que a Administração é consumidora de prestações de serviços por particulares, portanto, não atua diretamente como titular da atividade econômica. Isso significa que o particular é o que domina o processo econômico sendo capaz de obter melhores informações que a Administração. Desse modo, afirma6:

"A formulação de proposta inexeqüível é problema particular do licitante, que deve resolver-se ou através da punição exemplar (quando a proposta não for honrada) ou no âmbito da repressão a práticas de abuso de poder econômico (quando o sujeito valer-se de seu poder econômico para infringir a competição econômica leal).”

"(...) a inexequibilidade deve ser arcada pelo licitante, que deverá executar a prestação nos exatos termos de sua oferta. A ausência de adimplemento à prestação conduzirá à resolução do contrato, com o sancionamento adequado".

Nesse sentido, julgou o Tribunal de Contas da União:

"20. No que se refere à inexeqüibilidade, entendo que a compreensão deve ser sempre no sentido de que a busca é pela satisfação do interesse público em condições que, além de vantajosas para a administração, contemplem preços que possam ser suportados pelo contratado sem o comprometimento da regular prestação contratada. Não é objetivo do Estado espoliar o particular, tampouco imiscuir-se em decisões de ordem estratégica ou econômica das empresas. Por outro lado, cabe ao próprio interessado a decisão acerca do preço mínimo que ele pode suportar."(Acordão nº287/2008, Plenário, Rel. Min. Ubiratan Aguiar)

"Nos termos da jurisprudência do Tribunal de Contas da União, não cabe ao Pregoeiro ou à Comissão de Licitação declarar a inexequibilidade da proposta da licitante, mas facultar aos participantes do certame a possibilidade de comprovarem a exequibilidade das suas propostas." (Acórdão nº 1.092/2010, 2ªC. Rel. Min. Benjamin Zymler).

4

Ibidem. p. 755 5

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão (comentários à legislação do pregão comum e eletrônico).6.ed.São Paulo: Dialética, 2013. p.183-4.

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Na lição do escritor já citado, a desclassificação por inexequibilidade apenas pode ser admitida como exceção, em hipóteses muito restritas, uma vez que há impossibilidade de eliminação de propostas vantajosas para o interesse sob a tutela do Estado. Nesse sentido, o Estado não pode transformar-se em fiscal da lucratividade privada7.

Recentemente o Tribunal de Contas da União entendeu que:

"10.1 d) por não ter ocorrido desclassificação de proposta de nenhuma das empresas habilitadas, houve recurso por parte da licitante que se encontra provisoriamente em segundo lugar, no qual alega ser inexequível a proposta de preço melhor classificada no certame; apesar do recurso ainda não ter sido objeto de julgamento, convém consignar, desde já, que a posição institucional do .... está alinhada ao entendimento de que a inexequibilidade da proposta não deve ser determinada tão somente pelo valor pecuniário apresentado, visto que outros fatores interferem na exequibilidade ou não da proposta ofertada, que deve ser analisada pontualmente, consideradas as peculiaridades do caso concreto; a entidade não poderá se certificar da idoneidade e qualificação da empresa licitante somente através da proposta ofertada, tendo em vista que tal desiderato deve ser realizado por outro meio, na fase de habilitação;(Acórdão nº 607/2017, Plenário, Rel. Weder de Oliveira).

Em contra partida, é importante destacar que a elaboração de proposta ou lance inexequível é grave, devendo ser punida severamente. Sobre esse aspecto o doutrinador8 esclarece que:

" Se o sujeito não lograr executar sua proposta porque insuficiente, deverá ser excluído dos certames subseqüentes por inidoneidade. A generalização do inadimplemento dos participantes, derivada de propostas inexequíveis, acabaria por colocar em risco a adoção da modalidade do pregão. Logo, impõe-se o dever do licitante avaliar com muita precisão o montante necessário à execução satisfatória do contrato. O descumprimento a esse dever evidencia sua inconfiabilidade e deverá acarretar sua exclusão do universo das contratações administrativas. O sancionamento, em hipótese dessa ordem, deve atingir inclusive as pessoas físicas dos administradores e dos sócios controladores. A formulação de proposta inexeqüível caracteriza infração ao dever de diligência do administrador da empresa privada. Por isso, deverá haver não apenas a responsabilização da pessoa (jurídica) do contratado, mas também ser promovida a responsabilização pessoal dos administradores,que deverão arcar pessoalmente com as sanções administrativas, e com a indenização por perdas e danos. Não elimina, ademais, a responsabilização por exercício abusivo do poder de controle, o que significa que os efeitos do inadimplemento deverão atingir também a sociedade controladora.

7 Idem, 2012. p. 754 8

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Em suma, aquele que formula proposta de pregão tem o dever objetivo de conhecer os limites do custo e lhe é interditado arriscar-se em contratações cujo valor seja tão reduzido que inviabilize sua execução.

Entretanto, alerta o mestre que uma contração resultante de uma proposta apontada como inexequível deve ser atentamente acompanhada, precisamente para evitar expedientes destinados a corrigir a insuficiência9.

E segue explicando que "a evidência de prática de valor irrisório deve conduzir à formulação de diligências, destinadas a apurar a viabilidade da execução, inclusive com a verificação de outros dados no âmbito do licitante."10

Nesse sentido, é prudente a Administração averiguar se a licitante já realizou satisfatoriamente contrato cujo objeto seja compatível com o serviço a ser realizado. Observando o instrumento convocatório, item 49.10, foi solicitado atestado ou certidão de capacidade técnico-operacional fornecido por pessoa jurídica de direito público ou privado confirmando tal situação.

Se analisarmos os documentos de habilitação juntados pela licitante, podemos observar que foi apresentada toda documentação exigida pela Lei Federal nº 8.666/93 e dois atestados concluindo que a licitante cumpriu satisfatoriamente as obrigações assumidas. O primeiro atestado, fornecido pela Prefeitura Municipal de Rosário do Sul, apresenta número de cargos superior ao que será executado, número de inscritos superior ao estimado no termo de referência (5.185) e o valor do contrato menor ao proposto pela licitante (R$ 33.300,00). O segundo atestado, fornecido pela Prefeitura de São José do Norte, apresenta número maior de cargos, número maior de inscritos (9.496), porém com valor superior ao da proposta (R$ 56.700,00), conforme folhas 224 à 226.

Além disso, ao consultar o site do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS)11, mantido pelo Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União (CGU), não há registro da licitante Legalle Concursos e Soluções Integradas Ltda em seu banco de dados, conforme documento anexo.

Complementando a averiguação, foi solicitado que a licitante demonstrasse a real possibilidade de executar o serviço pelo valor proposto.

Assim sendo, foi apresentada sua planilha demonstrativa dos serviços a serem prestados com os respectivos custos e três atestados de capacidade técnica concluindo que a licitante cumpriu satisfatoriamente as

9 Idem, 2012. p.757. 10 Ibidem. p.757. 11

A Lei 12.846/2013 (Lei Anticorrupção) trouxe a obrigatoriedade para os entes públicos, de todos os Poderes e Esferas de Governo, de manter o Cadastro atualizado. Para atender a esta exigência, a CGU desenvolveu o Sistema Integrado de Registro do CEIS/CNEP, que é alimentado diretamente pelos órgãos e entidades do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios brasileiros.Portal da Transparência. Disponível em: <http://www.portaltransparencia.gov.br/ceis?cpfCnpj=20951635%2F000181&nome=Legalle+Concursos+e+Solu%C3%A7% C3%B5es+Integradas+Ltda&tipoSancao=>. Acesso em: 15 maio 2017.

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obrigações assumidas. O primeiro atestado, fornecido pela Prefeitura de Nova Prata, apresenta como objeto concurso público para um número de cargos superiores ao que será executado, número de inscritos superior ao estimado pela Administração (5.593) e o valor do contrato menor ao proposto pela licitante (R$ 33.406,25). O segundo atestado, fornecido pela Prefeitura de Piratini, também apresenta como objeto concurso público para um número de cargos superiores ao que será executado, número de inscritos superior ao estimado pela Administração (4.036) e o valor do contrato menor ao proposto pela licitante (R$ 21.700,00). E o terceiro atestado, fornecido pela Prefeitura de Rosário do Sul, foi o mesmo apresentado na licitação para habilitação, cujo número de inscritos foi superior estimado pela Administração (5.185) e valor do contrato menor ao proposto pela licitante (R$ 33.300,00).

Portanto, até o momento não posso afirmar que há indícios que a proposta seja inexequível.

VII. DA DECISÃO

Assim, após detida análise da manifestação de interposição de recurso, obedecendo aos princípios que norteiam a Licitação e a Administração Pública, a Pregoeira juntamente com a Equipe de Apoio, conclui por: CONHECER o Recurso Administrativo interposto pela licitante Objetiva Concursos Ltda, e também as Contrarrazões apresentada pela licitante Legalle Concursos e

Soluções Integradas Ltda, e opina pelo NÃO PROVIMENTO do recurso

apresentado pela empresa Objetiva Concursos Ltda, mantendo o julgamento inicial, declarando vencedora do objeto em questão a licitante Legalle

Concursos e Soluções Integradas Ltda, pelo valor de R$ 36.500,00.

Assim, sendo encaminho à autoridade superior para analise, adjudicação do objeto ao vencedor e homologação da licitação, se assim entender.

Guaíba, 19 de maio de 2017.

Ana Maria M. B. de Souza Pregoeira

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