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AMOR DE PERDIÇÃO - CAMILO C BRANCO

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Academic year: 2021

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AMOR DE PERDIÇÃO

“Camilo Castelo Branco” Contexto histórico

• Romantismo

O Romantismo surgiu na primeira metade do século XIX, condicionado pelo fenômeno de ascensão da burguesia, provocado pela Revolução Francesa e consolidado com as Revoluções Liberais de 1830 e 1848. É uma reação ao universalismo neoclássico, propondo uma literatura subjetiva e individualista.

O exagero desse individualismo, o tédio e o ceticismo diante da existência criam a sensação indefinida de insatisfação, a que os românticos davam o nome de “Mal do Século”. A dificuldade em distinguir o sonho da realidade; o nacionalismo e a valorização do passado; o desejo de reforma e o engajamento político caracterizam a literatura romântica. O romance romântico aborda a temática do amor nas suas formas mais exaltadas, acima do controle da razão e inevitavelmente ligada à morte, como se vê nesta obra de Camilo Castelo Branco.

• O Romantismo em Portugal

O Romantismo chega a Portugal no momento em que o país vivia uma das suas mais graves crises sociais e políticas. Dividido entre o absolutismo de Dom Miguel e o liberalismo de Dom Pedro IV – Dom Pedro I no Brasil -, a nação portuguesa se viu envolvida numa violenta guerra civil entre os anos de 1832 e 1834. Os liberais – defensores de uma monarquia constitucional – representavam os interesses da burguesa capitalista emergente contra as detentoras dos bens feudais, representado por Dom Miguel. A revolução romântica alimenta-se, em Portugal, dessa revolução social e política. Os primeiros escritores românticos portugueses – Almeida Garrett (1799-1854) e Alexandre Herculano (1810-1877) – participam ativamente da revolução liberal e, após sua vitória, em 1834, retornam do exílio para implantar em Portugal a nova literatura romântica.

• As Gerações Românticas

Costuma-se dividir o Romantismo português em três gerações. A primeira – entre 1825 e 1840 – caracteriza-se pela luta pelo liberalismo e pela libertação das amarras neoclássicas. Tem em Almeida Garrett e Alexandre Herculano seus principais representantes. Na Segunda geração – entre 1840 e 1860 -, prevalece o passionalismo e sobressai a figura ultra-romântica de Camilo Castelo Branco. Na terceira – de 1860 -, representada por Júlio Dinis (1869-1871), é marcada a fase de transição para o Realismo da década de 70.

RESUMO BIOGRÁFICO

Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco é filho ilegítimo de Joaquim Botelho e Jacinta Maria, nasceu em Lisboa, no dia 16 de março de 1825. A biografia de Camilo é uma novela camiliana. O confronto obra-biografia não prejudica a recepção do texto como obra literária, cuja leitura fica enriquecida por um modo de intertextualidade que nos situa entre (com) o “texto” da vida vivida e o texto da obra em que ele se transpõe ou configura. Sua vida é uma sucessão de acontecimentos

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trágicos: com um ano e meio de idade perde a mãe e, aos dez, o pai. De início, vive o estigma da bastardia e orfandade – temas recorrentes em toda a sua obra. É enviado, com a irmã mais velha, para morar em Vila Real de Trás os Montes, com a tia paterna, Rita Emília, que lhe conta histórias de seu tio Simão Botelho, que será o herói de Amor de Perdição; a educação religiosa. Depois passa a viver com a irmã mais velha em Vilarinho da Samardã e estuda latim e textos religiosos com o cunhado da irmã, o padre António de Azevedo; aos 16 anos casa-se com uma aldeã de quinze anos, Joaquina Pereira de França, e passa morar com ela e o sogro em Friúme (lugar conhecido também por Ribeira da Pena). Continua os estudos com os padres das aldeias por onde passou. Aprende francês, lê os clássicos gregos e latinos, os portugueses, além de muita literatura católica. É um grande observador da vida e dos hábitos do povo das serras, das gentes simples de Trás os Montes, o que se pode observar nos seus romances e novelas. Participou episodicamente em restos de guerrilhas miguelistas. Abandonou a esposa e filha (Rosa), indo para o Porto, onde se matriculou no curso de Medicina, mas deixa a faculdade dois anos depois; em seguida matricula-se em Direito, curso que também acaba abandonando.

Foi no Porto que começou sua aventureira e tormentosa vida amorosa; o seu drama pessoal. Aos 21 anos, foge de Vila Real para o Porto com outra jovem Patrícia Emília, órfã e prima. Camilo é acusado de bigamia, é condenado e passa algum tempo preso. Em 1847 morre sua esposa, Joaquina Pereira; no ano seguinte, morre sua filha Rosa; nesse mesmo ano, Patrícia Emília tem uma filha. A partir de 1848 fixa residência no Porto e passa a fazer parte das rodas literárias. Era um moço impulsivo, que facilmente se batia nos jornais e nos campos de duelo (ferido) por amores e por rixas literárias. Por esse tempo passa a fazer parte de rodas literárias como autor de peças teatrais e surgem aí suas primeiras novelas, sob a forma de folhetins, nos jornais O Nacional e O Eco Popular. Nessa ocasião, envolve-se com uma freira, a jovem Isabel Cândido Moura, que lhe educará a filha Bernardina Amélia, nascida em 1848, da sua relação com Patrícia Emília; depois passa a viver com uma humilde costureira; tem envolvimento com a poetisa Maria de Felicidade do Couto Browne, e outros casos com mulheres da sociedade.

Finalmente, o seu grande envolvimento amoroso é com Ana Plácido, mas por imposição paterna, ela casa-se com um rico comerciante “brasileiro” de torna viagem (Manuel Pinheiro Alves), o que origina, em Camilo, uma profunda depressão e aversão a figuras de portugueses enriquecidos no Brasil que regressavam sem cultura nem princípios morais, como ele os caricatura em muitas das suas novelas, apresentando-os como figuras grotescas. Tal crise desencadeia nele, da mesma forma que o faria no coração de seus heróis, uma “vocação” religiosa. Passa dois anos (5052) num seminário do Porto, à imitação do infeliz presbítero Eurico de Alexandre Herculano, pretendendo ser padre. Nesse tempo, escreve artigos para jornais absolutistas e clericais. Seis anos depois, já é novelista reconhecido pelo público e pela crítica. Ana Plácido deixa o marido para viver com o amante, o que era nesse tempo um escândalo passível de ação judiciária. O escândalo traz notoriedade a Camilo. O casal, perseguido pela justiça, passa algum tempo fugitivo, escondendo-se em vários lugares, até que os dois amantes se vêem forçados a entregar-se à prisão (Ana em maio e Camilo em outubro). Acusados de adultérios, ambos, são remetidos para a Cadeia de Relação do Porto. Seu confinamento durou um ano e dezesseis dias, período em que recebeu a visita do rei D. Pedro V. Aí Camilo ocupou o tempo a escrever dentre outros escritos, num momento psicológico

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de alta tensão trágica, em 15 dias, o Amor de Perdição (1862), o seu livro mais acabado, e mais outras novelas, entre outros textos. Julgados em tribunal, foram absolvidos do processo porque o marido de Ana Plácido morre e, portanto, termina o crime de adultério. Passam a viver juntos, finalmente. O resto é suplício de um homem que se torna forçado a produzir por encomendas. É o escritor mais lido de Portugal.

Em 1864, transferiu-se para São Miguel de Seide, para uma quinta de propriedade de Ana Plácido, com quem viveu até seus últimos dias. O isolamento é quebrado somente por curtas ausências, sendo as mais longas no Porto. Essa vida em comum não é pacífica e muitos dramas a tornam lúgubre: nesse tempo já apresentava sinais de doença. Seu estado de saúde agravou-se em 1967, o que não o impediu de produzir dezenas de obras. Os fatos trágicos pareciam não lhe dar descanso: morre Manuel Plácido, com 19 anos, que nascera em 1858, e que se pensa ser filho de Camilo, apesar de nessa altura Ana Plácido viver ainda com o marido; a loucura do filho Jorge; as estroinices do filho Nuno, e numa atitude tipicamente romântica, pondo em prática, por exemplo, um plano rocambolesco para raptar uma jovem herdeira rica, que casará com Nuno, à maneira dos heróis das suas novelas (isto acontece em 1881). A jovem acaba por morrer três anos mais tarde, de tuberculose, assim como a filha que entretanto nascera, continuando Nuno a sua vida de doidivanas, é expulso de casa, depois de uma briga; dificuldades financeiras obrigam-no a vender, em leilão, sua preciosa biblioteca – 5.000 volumes minuciosamente escolhidos, reunidos ao longo de quarenta anos. Camilo tenta obter o título de visconde (assim como Garrett e Castilho) e faz o possível para que Nuno dele possa usufruir, na esperança que isso o ajude a mudar de vida. Essa luta pelo título nobiliárquico desenrola-se de 1870 a 1885, sendo-lhe finalmente concedido o ambicionado título (e ao filho dois anos depois). Enfim, o casamento do escritor com Ana Plácido ocorre em 9 de março de 1888. Como se todo aquele sofrimento não bastasse, Camilo já estava quase cego, em conseqüência de uma sífilis crônica, mas o escritor nutria esperanças, ainda, de voltar a ver. Depois de ser consultado, em casa, o médico comunica que a cegueira é irreversível, e enquanto Ana Plácido acompanha o doutor até a porta, Camilo suicida-se com um tiro no ouvido direito, assim, acabava o mais importante e prestigiado escritor do ultra romantismo em Portugal, exatamente, às 15h15 do dia 1º de junho de 1890.

OBRAS

Como é dispensável a citação das centenas de obras do autor para o que se propõe o presente trabalho, transcrevemos apenas algumas de suas produções mais relevantes:

Poesia

. Os Pundonores Desagravados (1845, obra de estréia) . Inspirações

. Um Livro

. Nostalgias (1888) . Nas Trevas (1890) Novelas

. A Última vitória de um conquistador (1848, 1ª novela, em oito folhetins, no Eco Popular)

. Onde está a Felicidade? . Amor de Perdição (1862)

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. Amor de Salvação (1864) . A doida do Candal

. Novelas do Minho . Carlota Ângela

. O Romance de um homem rico Novelas de terror, mistério e aventura

. O Livro negro do padre Dinis . Coisas espantosas . Os Mistérios de Lisboa . O Esqueleto . O Demônio do Ouro Novelas histórias . Luta de gigante .O Santo da Montanha

. O Judeu (Antônio José da Silva) . O Olho de Vidro

. O Regicida

. A Filha do Regicida . A Caveira do Mártir

Novelas e Romances Satíricos

(Nesta última fase da sua carreira Camilo foi influenciado pelo romance naturalista, que caricaturou nas obras A Corja e Eusébio Macário).

. Anátema (1851, 1º romance) . Coração, Cabeça e Estômago . O que fazem as mulheres

. Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado . A Queda dum Anjo

. O Eusébio Macário . A Corja

. A Brasileira de Prazins (o tratamento sério dado à obra mostra a assimilação, embora

parcial, do RealismoNaturalismo). . Vulcões de Laura

Teatro

. O Marquês de Torres Novas . Agostinho de Ceuta

. O Condenado (obra de circunstância, baseada no assassinato de Claudina Adelaide Vieira

de Castro por seu marido, o escritor e famoso parlamentar José Cardoso Vieira de Castro,

amigo de Camilo).

AMOR DE PERDIÇÃO (1862)

A estética de Camilo é a estética de ambigüidade, não só por esta adesão/repúdio do romantismo que se manifesta de forma mais ou menos explícita, mas por uma série de outros processos formais, estilísticos, discursivos.

A sua visão do mundo, sempre dualista, revela-se nos títulos dos seus livros (Amor de Salvação / Amor de Perdição / Estrelas Propícias / Estrelas funestas / O Bem e o Mal) e até na organização e títulos dos capítulos.

Dividido em vinte capítulos, mais a introdução e a conclusão, o livro segue uma sucessão temporal rigidamente cronológica. Amor de Perdição tem como subtítulo Memórias duma família. De fato, Camilo narra episódios da família Correia Botelho, ou seja, muitas das situações vividas pelo escritor e de sua própria família. Seus

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fundamentos são históricos, embora não se possa determinar com exatidão até onde vai a verdade histórica, onde começa a fantasia. Simão Botelho existiu na realidade. Por trás dele, tio de Camilo, o próprio escritor apaixonado e desequilibrado.

ESTRUTURAS NARRATIVAS ENREDO

Está em jogo aqui, a coincidência entre vida e obra: é certo que a obra de Camilo e a sua vida foram lidas uma em função da outra, como reforço mútuo. E essa conjunção produzia um determinado sentido, tinha uma conseqüência estética. A maneira como Camilo, que era um homem que vivia da pena, fez render esse ponto, com a legenda que criava em torno de si mesmo. O detalhe notável é a constante referência de Camilo ao fato de escrever para viver, e de ter, assim, de dar ao público o que ele quer comprar.

A novela passional é originada pelo clima emocional da época que foi absorvido pelo mundo novelístico de Camilo e nessa atmosfera satura de paixão e lágrimas, de grandezas e misérias, as personagens movem-se, tal como acontece com o seu criador, não só pelos impulsos próprios, mas também pela estimulação, digamos, do meio mórbido em vivem. E, ainda, que a família de Camilo era da mesma espécie de brigões e cobiçosos que havia a rodo em Portugal no correr do século XIX, na crise que se seguiu à independência do Brasil.

Quanto à família da qual proveio Camilo, eis o apanhado mais geral: um avô magistrado reconhecidamente corrupto; um tio assassino – o tema de Amor de Perdição – que, depois de mil tropelias pouco românticas, acabou degredado para a Índia; uma tia de má fama, concubina de um ricaço, cuja fortuna esbanjou depois de espoliar a herança da filha de seu primeiro casamento e também a dos seus sobrinhos (Camilo, entre eles); o pai, que viveu amancebado sucessivamente com três criadas.

Esta obra prima da ficção de língua portuguesa parece ter encontrado na tragédia Romeu e Julieta, de Shakespeare, uma referência marcante da novela passional de Camilo, que segundo o filósofo e escritor espanhol Miguel de Unamuno é a maior novela de amor da península Ibérica. O romance reúne, em síntese, elementos típicos de uma mundividência que tem raízes na cultura portuguesa, particularmente em sua expressão literária, desde épocas remotas.

Dois quartos da novela constam de uma lenta narração sobre o namoro entre Simão Botelho e Teresa de Albuquerque, a separação do casal por rixas familiares, a obstinação de Teresa mantendo-se fiel a Simão, não cedendo à insistência do pai, Tadeu de Albuquerque, em casá-la com o fidalgo Baltasar Coutinho. Por outro lado, Simão, estudante em Coimbra, regressa a Viseu, resolvido a resgatar a amada, mantido num convento, à guisa de castigo por sua teimosia. Simão, que não conta com o apoio de sua própria família, mantém-se escondido na casa de João da Cruz, um ferrador. Contando com a cumplicidade do ferrador e da filha Mariana, o jovem está a salvo. Mariana apaixona-se pelo hóspede e o auxilia de todas as formas, no sentido de que se comunique com a amada Teresa.

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morte de Baltasar Coutinho. Simão Botelho tentara se encontrar com Teresa, quando da mudança do convento de Viseu para Monchique. Baltasar provocao e Simão atira e o mata. Assim os acontecimentos se precipitam. Os outros dois quartos da novela, ou seja, do capítulo 11 em diante, preparam o desenlace trágico.

Simão é preso na cadeia da Relação, no Porto. Teresa é mantida enclausurada no convento de Monchique, também no Porto. Julgado e condenado à morte na forca, Simão passa os dias em desespero, tendo ao lado a fiel companhia de Mariana.

Domingos Botelho, pai de Simão e corregedor, nega-se a auxiliar o filho e só o faz tardiamente, quando então consegue comutação da pena e um degredo para as Índias. O final trágico dá-se quando da partida de Simão para o exílio. Teresa assiste do mirante do convento á passagem do navio que leva a seu amado e vem a falecer. Simão, não resistindo à dor de perder a amada, também morre, no navio. Mariana suicida-se, abraçada ao cadáver do jovem, já lançado ao mar.

O NARRADOR

Escrita em terceira pessoa por um narrador onisciente intruso, isto é, um narrador que desvenda, comenta os sentimentos e comportamentos do universo interior dos personagens, deixando claro o seu ponto de vista a favor dos que amam e contra os que impedem a realização do amor por apego à honra e/ou preconceitos morais e sociais. O narrador se comporta com parcialidade e, ainda, a manifesta a sua preocupação, essencialmente romântica, de dar verossimilhança à história, tentando aproximá-la da verdade, pela ênfase ao seu caráter documental e biográfico.

PERSONAGENS

Muitas das situações vividas pelos personagens refletem experiências efetivamente vividas pelo escritor, a ponto de um crítico literário, José Augusto França, afirmar que o autor “Camilo e os seus heróis vivem no mesmo universo dramático, de cores intensas, ao mesmo tempo sublime e sórdido”.

Simão Botelho, terceiro filho de um corregedor, Domingos Botelho, e de uma dona do Paço,D. Rita Preciosa, é inicialmente apresentado ao leitor como um rapaz de temperamento agressivo que, na faculdade, ficou conhecido como agitador e defensor aguerrido das idéias jacobinistas (Revolução Francesa). As mudanças acontecem a partir do cap. 2, quando conhecera e amara, durante os três meses que esteve em Viseu, a vizinha Teresa de Albuquerque, quinze anos, e ele com dezessete, passam a viver desde então o amor romântico: um amor que tudo mudo e redime os erros, que modifica as personalidades, que tem a na pureza de tenções e na honestidade de princípios as suas principais virtudes. Simão Botelho, desde que experimenta este amor, torna-se recatado, estudioso e até religioso, o que não o impede de sentir ódio e vontade de vingança, que resulta no assassinato do rival Baltasar Coutinho. O modo como assume o crime (mesmo com a possibilidade da forca e do degredo, a miséria, sofrimento no cárcere), recusando-se a aceitar todas tentativas de escamoteá-lo, feitas pelos amigos de seu pai, acaba por configurar o caráter passional do comportamento de Simão que, manifesta dignidade, firmeza e obstinação pelo amor de Teresa o transformam em símbolo heróico da resistência do indivíduo perante as vilezas da sociedade.

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Teresa de Albuquerque, menina de quinze anos que se apaixona por Simão, aos poucos vai adquirindo densidade heróica: firme e resoluta em seu amor, ela mantém-se inflexível perante os pedidos, as ameaças e finalmente as atrocidades e violência cometidas pelo pai severo e autoritário, seja para casá-la com o primo, seja para transformá-la em freira. A obstinação que a caracteriza é a mesma em Simão. Nela o heroísmo consiste não em agir, mas em reagir. Isto

por pertencer ao sexo feminino, símbolo da fraqueza e da passividade perante o caráter viril,másculo, quase selvagem do homem romântico. Dando a vida pelo sentimento que possui e não fazendo o jogo do pai, Teresa constitui uma heroína romântica típica, um exemplo da

imagem da mulher anjo que predominou no Romantismo.

Domingos Botelho, o pai de Simão Botelho e Tadeu de Albuquerque, o pai de Teresa, são tão passionais, tão radicais e prepotentes em seu comportamento, quanto Simão e Teresa. Os dois personagens antagonistas podem ser considerados simetricamente o oposto dos heróis, na medida em que representam a hipocrisia social, o apego egoísta e tirano à honra do sobrenome, aos brasões cuja fidalguia é ironicamente ridicularizada, e, principalmente, desmoralizada pelo narrador.

Baltasar Coutinho é o vilão da história. O primo de Teresa assassinado por Simão, acrescenta à vilania do tio, de quem se faz cúmplice, a dissimulação, o moralismo hipócrita e oportunista de um libertino de trinta anos, que covardemente encomenda a criados a morte de Simão. Nele se concentram toda a perversidade, toda a prepotência dos fidalgos.

Personagens secundários: TEMPO

O romance obedece a uma sucessão rigidamente cronológica. Embora, inicialmente, o narrador rememora em rápidas passagens a vida de Domingos Botelho, pai de Simão, entre o final do século XVIII e o início do século XIX.

ESPAÇO / AMBIENTE

A narrativa acontece principalmente em Viseu, cidade para onde o pai de Simão, magistrado público, foi nomeado. Há algumas referências a Coimbra, onde estuda Simão, e a Lisboa. O desfecho do romance acontece na cidade do Porto, local da prisão de Simão e de sua partida para o exílio, e também do convento de Monchique onde Teresa permanece enclausurada, definhando, atacada por doença incurável. Em 1807, na cidade do Porto, passa-se a cena de maior dramaticidade da novela: Teresa, enclausurada, observa a partida do navio que leva Simão para o exílio nas Índias. Trocam acenos à distância, e sabem que nunca mais irão se ver.

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Bibliografia

Sites:

http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=resumos/docs/amordeperdicao http://www.procampus.com.br

Livro

:

LIMA, Luiz Romero; Literatura: análise e estudo das obras do vestibular. 2ª Edição. Halley, 2008;Teresina.

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Centro Federal de Educação Tecnológica do Piauí - CEFET Unidade de Ensino Descentralizada de Floriano - UNED Prof. (a): Gildete

Disciplina: Literatura

Curso: Técnico integrado ao ensino médio Turno: manhã Turma: 3201 Aluna: Sandrine de Matos Mendes nº.: 08

Amor de Perdição

“Camilo Castelo Branco”

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Referências

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