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AS ORIENTAÇÕES QUANTO AO USO CORRETO DO PROTETOR SOLAR

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AS ORIENTAÇÕES QUANTO AO USO CORRETO DO PROTETOR SOLAR

Adriane Rodrigues da Silva1, Kely Cristina dos Santos2.

1 Acadêmica do curso de Tecnologia em Estética e Imagem Pessoal; Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR);

2 Farmacêutica; Professora; Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR) .

Endereço para correspondência: Adriane Rodrigues da Silva (adryadry@terra.com.br)

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RESUMO: O objetivo deste artigo foi evidenciar sobre a importância do uso do

protetor solar como método preventivo na incidência de fotodanos à pele humana. Adotou-se como metodologia uma pesquisa bibliográfica, de abordagem qualitativa. Pautou-se a constituição da pele humana e definiram-se alguns conceitos relativos aos danos causados pela exposição crônica e aguda à radiação solar. Percebeu-se que dentre as diversas formas de prevenção, os bloqueadores e protetores solares são os produtos cosméticos mais indicados, devido ao efeito na proteção cutânea. Esses produtos, regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), devem possuir em sua composição filtros solares com amplo espectro de proteção UVA e UVB e certa resistência à água. Conclui-se, que para alcançar o efeito preventivo desejado, deve-se estabelecer o hábito diário de utilizar o fotoprotetor adequado ao tipo de pele e na quantidade adequada, bem como levar em consideração o tempo de exposição aos raios solares e a necessidade de reaplicação sistemática do produto.

Palavras-chave: fotoproteção, fotoenvelhecimento, protetor solar.

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ABSTRACT: The aim of this article was to evidence on the importance of using

sunscreen as a preventative method in the incidence of photodamage to human skin. As methodology, a bibliographic research of qualitative studies was adopted. It was based on the constitution of the human skin and some defined concepts related to the damage caused by acute and chronic exposure to solar radiation. It was noticed among the various forms of prevention that blockers and sunscreen are the most indicated cosmetic products due to its protective effect on the skin. These products regulated by the Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) must have in its composition sunscreens with broad spectrum of UVA, UVB protection and certain water resistance. In conclusion, in order to achieve the desired preventive effect, one must establish the daily habit of using suncreen according to one’s appropriate type of skin and in adequate quantity. Also, one must consider the time of exposure to sunlight and the need for a systematic reapplication of the product.

Keywords: photoprotection, photoaging, sun protection.

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1. INTRODUÇÃO

O envelhecimento da pele, tal como ocorre em todos os órgãos do corpo humano é um processo inevitável. Uma vez instalados os sinais de envelhecimento é difícil revertê-los, entretanto podem ser prevenidos ou minimizados. Algumas pessoas apresentam sinais precoces de envelhecimento da pele devido a diversos fatores, dentre os quais, a exposição ao sol.

O sol é essencial a vida, mas a exposição da pele aos seus raios deve ser controlada, pois o dano causado pode se acumular ao longo da vida e se manifestar no futuro na forma de fotoenvelhecimento. O dano provocado pelas radiações ultravioletas (UV), dos tipos longos (UVA) e medianos (UVB), sobre diversas estruturas celulares e cutâneas, leva a alterações morfológicas do organismo humano.1

Diversas pesquisas científicas discutem os efeitos do fotoenvelhecimento e mostram que a prevenção ainda é a estratégia mais bem sucedida. Em decorrência dessas pesquisas e do avanço da tecnologia, houve a inclusão de filtros solares nas preparações de bronzeadores, bases faciais, hidratantes, xampus, batons e outros. A indústria cosmética produz fotoprotetores cada vez mais confiáveis e promove sucessivas campanhas para divulgá-los.2

Atualmente, tornou-se bastante comum, veículos de mídia divulgarem informações multidisciplinares sobre os efeitos nocivos da radiação solar na pele humana. Com isto, muitas pessoas buscam por fotoprotetores efetivos e seguros, isto é, produtos que contenham alto fator de proteção solar (FPS) com amplo espectro de proteção UVA e UVB, resistência à água, excelente sensorial e sem efeitos colaterais na pele.3 Além de eficientes e seguros, os produtos da cosmética fotoprotetora deveriam ser de baixo custo para se tornarem acessíveis a todos os cidadãos.4 Porém, além do fotoprotetor ter todas as características desejadas em termos de eficiência e segurança, é necessário que o produto seja adequado ao tipo de pele de cada indivíduo e que seja usado de forma conveniente para explorar seu efeito protetitivo.

Nessas considerações, este estudo teve por objetivo evidenciar sobre a importância do uso do protetor solar como método de controle do

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fotoenvelhecimento e, por consequência, redutor da incidência de fotodanos à pele humana.

2. A PELE HUMANA

A pele é o maior órgão do corpo humano, constituindo cerca de 15% do peso corporal. Tem importante função, como regulação da temperatura corporal, recebimento de estímulos de dor e de prazer e a não permissão para que determinadas substâncias entrem no organismo, agindo como uma camada protetora, sendo, então, importante envoltório para as estruturas do corpo humano.5

A pele é composta por duas camadas distintas: epiderme e derme. A epiderme é a camada celular superficial; estratificada e essencialmente composta de queratinócitos.5 Essa camada queratinosa repousa sobre a membrana basal – camada germinativa –, cujas células se dividem para garantir a renovação de epiderme. Nessa camada basal, além dos queratinócitos existem os melanócitos, células responsáveis pela pigmentação da pele.6

A derme situa-se sobre a tela subcutânea para garantir a consistência física da pele. Ela contém uma malha de fibras de colágeno e elastina, produzidas por células específicas, os fibroblastos cutâneos, que são agentes na regeneração da pele e na renovação da trama fibrosa da derme.5

3. RAIOS ULTRAVIOLETA E AS ALTERAÇÕES DA PELE

A percepção de possíveis efeitos nocivos à saúde devido à exposição solar e a participação dessa exposição na causa de alguns problemas degenerativos e/ou mutagênicos encaminhou inúmeras investigações científicas, cujos resultados apontam que a exposição solar constitui fator de riscos para outras neoplasias e doenças, como câncer de lábios e catarata senil, por exemplo.3, 7

Inúmeras alterações da pele humana estão relacionadas à exposição excessiva ao sol, o qual contém comprimentos de ondas variados, como infravermelho, visível e ultravioleta, sendo que estas ultimas são responsáveis pelos efeitos deletérios sobre a pele humana.1,8,9

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Os raios UV danificam o material genético, produzem radicais livres, causam inflamações, enfraquecem a resposta imune da pele e contribuem para a formação de alterações na pele.10 A pele humana reage à ação dos raios UV, podendo surgir queimaduras, fotoalergias e bronzeamento. Os raios UV também provocam reações tardias, devido ao efeito acumulativo da radiação durante a vida, o que causa envelhecimento cutâneo e alterações celulares que, por meio de mutações genéticas, predispõem ao câncer da pele.1

A radiação UV pode ser dividir, de acordo com o comprimento de onda em UVA, UVB e UVC.

A radiação UVA é menos energética, considerada longa (320 – 400 nm), e atinge as camadas mais profundas da pele estimulando a produção de melanina. É responsável pelo bronzeamento da pele e não causa eritema. A radiação UVA provoca o envelhecimento precoce da pele.11 Na superfície da Terra, os raios UVA têm maior incidência. Esses raios, que não dependem diretamente da camada de ozônio, podem provocar casos de câncer de pele em indivíduos regularmente expostos à radiação por espaço de tempo prolongado, em horários de elevada incidência e ao longo de vários anos.3

A Radiação UVB ou média (280 – 320 nm), é a mais energética, atingindo as camadas superficiais da derme, causando “vermelhidão” ou eritema. Sua intensidade varia de acordo com a duração da exposição solar e sensibilidade do indivíduo. Ë também responsável pelo espessamento da camada córnea e pela pigmentação indireta da pele.11 A intensidade da radiação e o comprimento da onda solar dependem de fatores como altitude, latitude, estação do ano, condições climáticas e o horário. Depende da região, a radiação mais leve ocorre entre as 10 e 11 horas e 16 e 17 horas. Porém, tais regras não são fixas.8

A radiação UVC é considerada uma radiação curta (100 – 280 nm), que é filtrada pela camada de ozônio e não atinge a superfície da terra. Exerce ação germicida e bactericida.11

4. FOTOENVELHECIMENTO

O envelhecimento da pele ocorre de forma intrínseca e extrínseca. O intrínseco é devido ao desgaste natural do organismo humano, causado pelo passar dos anos

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e ocorre sem a interferência de agentes externos. Já o extrínseco ou fotoenvelhecimento é devido principalmente aos efeitos da exposição crônica à radiação solar.9 O sol, que propicia momentos de lazer e que dá o bronzeado – tido como modelo de saúde e beleza –, é também o principal responsável pelo envelhecimento cutâneo, fazendo surgir sinais da pele envelhecida.3

Estudos têm mostrado que há pessoas que vivenciaram hábitos de exposição frequente à radiação ultravioleta UVA durante a infância, já aos 21 anos de idade apresenta sinais de fotodanos na pele desencadeados pelo sol. Esse mesmo indivíduo, ao chegar aos 40 anos de idade seu fotoenvelhecimento é mais acentuado do que aquele cuja pele não sofreu exposição precoce.12 Em geral, indivíduos aos 40 anos de idade têm sinais de fotoenvelhecimento que podem ser caracterizados por: rugas, manchas, ressecamento e espessamento da pele, lesões cutâneas pré-cancerosas e, às vezes, casos câncer da pele.1

Os raios UVA são tidos como os principais responsáveis pelo fotoenvelhecimento e fotodanos, temas desafiadores e inesgotáveis em pesquisas mundiais.5 Conceitualmente, define-se fotodano como qualquer dano causado ao tecido cutâneo devido à exposição aos raios ultravioleta.5 Entende-se por fotoenvelhecimento o resultante da superposição do fotodano crônico provocado pela radiação solar sobre o processo intrínseco do envelhecimento humano. 12 “O termo fotoenvelhecimento refere-se às alterações clínicas, histológicas e funcionais, características da pele cronicamente exposta ao sol”.9

Diversas pesquisas vêm indicando que os hábitos de vida e proteção à radiação solar podem mudar o quadro de ocorrência de fotodano e de fotoenvelhecimento, contribuindo, assim, de maneira diferenciada para os níveis cumulativos de exposição e sua relação sucessiva com determinados tipos de dano cutâneo e de câncer da pele.1,5

A pele fotoenvelhecida tem como principais características a perda da elasticidade, manchas escuras ou claras, rugas finas e profundas e a alteração da superfície da pele, que pode se apresentar mais áspera, ressecada e descamativa.1 Também surgem as ceratoses solares, ou seja, lesões que atingem a camada mais superficial da pele formando uma espécie de ‘crosta’, e que, eventualmente, podem transformar-se em um câncer da pele.3

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Associadas aos hábitos de vida e de proteção, a exposição solar devida ao lazer, trabalho e realização de atividades domésticas, requer o uso de proteção. A Academia Americana de Dermatologia recomenda o uso de vestimentas apropriadas e óculos escuros para exposição prolongada ao sol.13

5. FOTOPROTEÇÃO COSMÉTICA

Os bloqueadores ou protetores solares são preparações para uso externo ou tópico, que atenuam a radiação ultravioleta antes que haja penetração na pele. Esse efeito ocorre por reflexão, por absorção ou por ambos os mecanismos.3

Há duas classes de filtros solares, os orgânicos e os inorgânicos. No âmbito comercial, respectivamente, são conhecidos e classificados como filtros de efeito químico e filtros de efeito físico.3

Os produtos que refletem a radiação UVB e, em menor grau, a radiação UVA, por meio de filme de partículas metálicas inertes, são usualmente à base de óxido de zinco ou dióxido de titânio, em veículo apropriado (preparações refletantes). Os filtros absorventes atuam principalmente sobre UVB em produtos químicos específicos e reemitem a radiação sob a forma de quantidade insignificante de calor. 12Os bloqueadores químicos absorvem a radiação solar, tornando-a menos energética. Têm estrutura química não saturada, absorvem radiações ultravioletas (UV) e para serem efetivos devem absorver radiações entre 290 a 400 nm (UVA ou UVB). Este fenômeno ocorre devido ao deslocamento da ressonância. A pele emite a radiação na forma de calor. Exemplos são: PABA (ácido para-aminobenzóico), cinamatos, benzofenos, salicilatos e antitralinatos. [...] Os bloqueadores físicos refletem a radiação solar. São substâncias opacas que refletem e dispersam a energia da luz, formam barreira física às radiações UVA/UVB, ao infravermelho (Iv) e às radiações visíveis, e formam filtro protetor na pele. Os exemplos são: dióxido de titânio, óxido de zinco, óxido de magnésio, caulim e óxido de ferro.12

Diversos filtros solares orgânicos estão presentes no mercado. Esses filtros, no entanto, absorvem apenas parte da região do ultravioleta (UVA ou UVB). Então, alcançar uma proteção completa deve-se fazer uma combinação entre estes filtros. Contudo, a combinação de diferentes tipos de filtros pode causar alto grau de irritabilidade quando aplicada à pele.14

Importa lembrar que a eficácia dos filtros orgânicos está relacionada à estabilidade fotoquímica, com dispersão e dissolução facilitadas e permanentes no veículo e com resistência ao enxágue. Atualmente, produtos diversos usam a combinação de diferentes filtros para obter proteção de amplo espectro.13

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Os filtros solares orgânicos, comumente, são agrupados em seis classes devido a sua composição química, a saber: para-aminobenzóico (PABA), cinamatos, salicilatos, benzimidazóis, derivados do benzilideno cânfora e benzofena.

Na primeira classe, o PABA, é a mais antiga usada como filtro solar UVB. Contudo, embora tenha excelente substantividade, o uso do PABA causa diversos inconvenientes, como, por exemplo, o fato de ser facilmente oxidável e manchar os tecidos. Além disso, pode recristalizar no produto acabado, tem tendência em formar ligações de hidrogênio com certos solventes, o que pode acarretar diminuição de sua atividade. Outra inconveniência é a sua capacidade de induzir a eczema de contato e sensibilização cruzada com outros derivados para-aminados, como anestésicos locais (especialmente, benzocaína, procaína), sulfamidas, anti-histamínicos, tinturas capilares. Por essas inconveniências o PABA, na formulação ácido 4– aminobenzóico, concentrado a 15%, é o único princípio ativo autorizado pela Resolução no47/RDC, de 16 de março de 2006, da Diretoria Colegiada da Agência Nacional da Vigilância Sanitária como filtro ultravioleta para produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumaria.15

Na classe dos cinamatos, a presença de ligações duplas conjugadas possibilita maior deslocamento eletrônico, mas o máximo de absorção chega a aproximadamente 308nm. Por serem pouco estáveis fotoquimicamente, quando usados sozinhos não atingem coeficiente de proteção elevado. O p-metoxicinamato de octila, sob efeito da radiação UV, transforma-se no isômero CIS, cujo pico de absorção é mais baixo (265nm), diminuindo ainda mais sua eficácia como fotoprotetor. Havendo necessidade de maior proteção, comumente, os cinamatos são associados a filtros com espectro mais amplo. Atualmente, na cosmética norte americana, o octilmetoxicinamato é o mais indicado.4 No Brasil, sua concentração por atingir máximo de 10% na composição de filtros solares.15

Os salicilatos são compostos orto-disubstituídos lipossolúveis que absorvem zona de 300nm, devendo ser usados em quantidade elevada para atingir proteção eficaz. Como principais características, os salicilatos são muito estáveis, não interagem com os solventes e bem tolerados pela pele humana. Contudo, apresentam melhor ação quando associados com outros filtros.4 O salicilato de octila foi um dos primeiros filtros UV usado como protetor solar, mas foi substituído porque

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absorve luz no espectro do UVB e pouco ou quase nada de UVA. No Brasil, o salicilato de homomentila é permitido na concentração de 12%.15

Na classe dos benzimidazóis seu principal representante é o ácido-2-fenilbenzimidazol 5-sulfônico. Os filtros solares que usam esse ácido são hidrossolúveis e eficazes na proteção UVB. Mas, quando adicionando à fase aquosa das formulações, pode completar a atividade de filtros lipossolúveis. Entretanto, seu uso requer a neutralização do pH para atingir 7,0. No Brasil, é autorizado em formulação de protetores solar na concentração de 8% expresso como ácido.15

Os derivados do benzilideno cânfora são compostos de estrutura bicíclica que formam excelentes filtros UVB, de absorção máxima de 300nm, e possibilitam a absorção de FPS elevado em baixas concentrações. Não há registro de reações negativas na pele.4 Dentre os autorizados no Brasil estão o ácido tereftalideno dicânfora sulfônico, metilbenzilideno cânfora (4%), benzilideno cânfora (2%).15

Na última classe estão as benzofenas, acetonas aromáticas que cobrem a totalidade das UVB e grande parte das UVA. A oxibenzona (benzofenona-3) apresenta excelente estabilidade fotoquímica. Contudo, as benzofenas não são bem toleradas pela pele, podendo produzir inúmeras reações alérgicas ou dermatite de contato. A oxibenzona é muito usada nos Estados Unidos.4 No Brasil, o uso é autorizado na concentração de até 10%.15

Os filtros solares naturais – orgânicos – são derivados de óleos vegetais, extratos glicólicos ou fluidos que absorvem a radiação UVA/UVB, mas têm baixa absorção. Como a fotoestabilidade do produto ainda não é totalmente conhecida, é preciso ter cautela quanto seu uso. O recomendado é utilizá-los como coadjuvantes dos filtros químico-físicos.12

Os filtros solares inorgânicos são representados por dois óxidos, quais sejam: óxido de zinco (ZnO) e dióxido de titânio (TiO2), que constituem a forma mais segura e eficaz de proteção à pele, porque apresentam baixo potencial de irritação, sendo recomendados na desenvolvimento de fotoprotetores para uso infantil e pessoas com peles fotossensíveis.

Fotoprotetores à base de ZnO e TiO2 têm espectro de ação UVA e UVB, são fotoestáveis, não absorvidos sistematicamente e não há registro de sensibilização, sendo considerados atóxicos e inertes.4 Não há uma definição sobre a concentração desses óxidos na formulação de filtros solares.15

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Comumente, os óxidos usados como filtros solares quando incorporados às formulações ficam suspensos, sendo o tamanho das partículas do óxido de suma importância não apenas na eficácia do protetor solar como também na aparência cosmética do produto. Um ponto negativo na utilização deste tipo de filtro solar é a tendência em deixar uma película branca sobre a pele, que pode ser esteticamente desagradável. Uma inovação recente na tecnologia de filtros inorgânicos criou versões micro-particuladas destes óxidos. As partículas são reduzidas, durante o processo de obtenção, a dimensões tais que não absorvam nem espalhem radiação visível, mas absorvam e espalhem a radiação UV.13

Uma prática comum na cosmética atual é a associação de filtros inorgânicos ZnO e TiO2 para obter formulações finais com baixo potencial alergênico e irritante, o que é especialmente importante para formulações de produtos infantis, para uso diário, ou para uso de indivíduos com peles sensíveis e área dos olhos.13, 16 Porém, a cosmética consegue formular produtos com amplo espectro de ação utilizando apenas filtros inorgânicos, uma vez que o TiO2 tem a capacidade de atenuar a radiação UVB, enquanto o ZnO é capaz de atenuar a radiação UVA.16

5.1 FATOR DE PROTEÇÃO SOLAR (FPS)

A proteção solar é definida pela capacidade que tem um produto para absorver, refletir e espalhar 95% das radiações incidentes sobre a pele humana.17 Por isto, nas formulações de protetores solares, a determinação do fator de proteção solar (FPS) é de fundamental importância. Essa determinação é realizada através da relação que compara o tempo necessário para a radiação ultravioleta (UV) provocar uma reação eritematosa mínima em pele com filtro solar, em relação à mesma pele não protegida. A resultante é uma medida de tempo em minutos e não de potência. Como exemplo tem-se: se um indivíduo pode ficar ao sol por dez minutos sem nenhuma proteção, com filtro de FPS 15 este tempo irá se prolongar 15 vezes, ou seja, atinge 150 minutos.14,17

Outra questão importante é a escolha adequada do FPS para cada tipo de pele. Fitzpatrick e colaboradores, em 1960, classificaram a pele humana em seis fototipos conforme apresentado na tabela 1.18

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Tabela 1 – Classificação dos fototipos de pele proposta por Fitzpatrick14

Grupo Eritema Bronzeado Sensibilidade

I Branca Sempre Nunca Muito sensível

II Branca Sempre Às vezes Sensível

III Morena clara Moderado Moderado Normal

IV Morena moderada Pouco Sempre Normal

V Morena escura Raro Sempre Pouco sensível

VI Negra Nunca Pele muito pigmentada Insensível

Com base nesses fototipos, estudos posteriores determinaram o tempo em que o indivíduo pode ficar exposto ao sol, sem a pele sofrer danos.18,19 Assim, por exemplo, um indivíduo que tenha pele do fototipo I, a exposição ao sol não pode ser superior a 5 minutos, a partir desse tempo surgem o eritema. O uso de protetor solar FPS 30 pode prolongar esse tempo sem haver danos. Nesse mesmo tempo, outro indivíduo de pele fototipo VI, usando protetor solar FPS 15, tem seu tempo de exposição multiplicado sem sofrer dano algum. Dessa análise se entende que o FPS, o tipo de pele e o tempo de exposição são determinantes do fotodano.

A eficácia deles é classificada a partir da proteção que oferece na ação contra queimadura solar e resistência contra a remoção, conferida em condições controladas. Nessa relação FPS, tempo de exposição e fototipo de pele, há um consenso de que:

[...] Produtos com alto FPS (10 a 25 vezes mais protetores) são sempre mais aceitáveis do ponto de vista cosmético, ainda que pessoas com pele naturalmente mais escura possam ser protegidas de forma adequada com níveis mais baixos (FPS 5 a 10). No entanto, o tempo de exposição deveria ser limitado até quando o filtro solar é utilizado, uma vez que doses de ultravioleta (UV) recorrentes subteritematogênicas podem também resultar em efeitos cutâneos adversos em longo prazo. Nas fotodermatoses, produtos com alto fator, amplo espectro, baixa capacidade irritante e baixa alergenicidade são sempre melhores, mas a eficácia é mais marcante nas condições puramente induzidas por radiações UVB.12

Outro aspecto relevante é a utilização correta do fotoprotetor para alcançar o efeito desejado. Nesse sentido, algumas orientações são importantes, tais como: (a) aplique o fotoprotetor de 20 a 30 minutos antes da exposição ao sol, para que haja tempo de desempenhar seu efeito protetor; (b) aplique o filtro solar em todas as áreas expostas, exceto na dos olhos, sem esquecer-se de aplicá-lo nas orelhas, dorso das mãos e dorso dos pés; (c) aplique o fotoprotetor cuidadosamente ao redor dos olhos, evitando as pálpebras inferiores e superiores; (d) tenha cuidado especial com crianças, pois têm o hábito de esfregar os olhos e alguns produtos podem ser

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irritantes; se ocorrer eritema da conjuntiva ocular, ardor ou irritação, lave os olhos imediatamente; (e) use fotoprotetor em bastão para áreas sensíveis como lábios, nariz e orelhas; (f) aplique o filtro solar sob as roupas, pois a radiação solar pode penetrar alguns tipos de tecidos, principalmente se estiverem molhados; camisetas de malha de cor branca conferem pouca proteção, pois permitem a passagem da radiação ultravioleta e se estiverem molhadas praticamente não conferem proteção nenhuma.12

Em crianças, por exemplo, o FPS do produto deve ser no mínimo 15, de acordo com o fototipo de pele ou conforme recomendação médica. O protetor solar deve ser reaplicado a cada duas horas. Em praia ou piscina, mesmo que o produto seja resistente à água, é necessário aplicá-lo após a entrada da criança na água ou depois de muita transpiração. 20

Outro elemento importante na fotoproteção diz respeito à quantidade aplicada do produto.12, 21 Ao que parece a quantidade do produto aplicado independe do FPS e do tipo de pele humana. A aplicação da adequada quantidade é determinante para se obter a proteção indicada no rótulo do produto. Estudos indicam que há uma quantidade certa de protetor solar para ser aplicada na face e no corpo. Conforme a agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA), para adquirir a proteção desejada, principalmente, a indicada no rótulo produto, é necessário usar dois miligramas de protetor solar para cada dois centímetros de pele (2,0 mg/cm2), e reaplicá-lo a cada duas horas. Um adulto de estatura média e peso de 70 kg deve usar de 30 a 40 g na aplicação. Já uma mulher, de estatura média, 30 g é suficiente, o que corresponde a duas colheres de sopa.21

Outro estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo revelou que a aplicação de quantidades inadequadas de protetor solar diminui o FPS a menos da metade no tempo esperado. Esse estudo demonstrou que, se uma pessoa usar um filtro solar com FPS 20 e aplicar a metade da porção recomendada, o FPS cai para menos da metade.

Não se pode esquecer a fotoproteção diária, principalmente na região do colo e das mãos, onde ocorre maior exposição ao fotodano.14 Esse uso deve ocorrer mesmo no inverno ou em dias nublados. A preferência deve ser por filtro com FPS 20. Contudo, é importante observar que o tipo de pele e a atividade que a pessoa desenvolver, com maior ou menor exposição ao sol, determina o FPS.12

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6. METODOLOGIA

Como metodologia adotou-se a técnica de pesquisa bibliográfica, com base em livros e periódicos buscados em sites científicos como Scielo, Scribd, Capes, Abihpec, dentre outros.

7. DISCUSSÃO

As discussões acerca do fotodano, em especial, o fotoenvelhecimento causado pela exposição da pele humana aos efeitos dos raios solares encaminham à compreensão de que a proteção ainda é o caminho mais eficiente.

Existem diferentes formas de prevenção do fotodano, desde o uso de vestimenta adequada ao uso de produtos da cosmetologia. Os produtos cosméticos denominados de bloqueadores solares ou filtros solares são os mais indicados na dermatologia devido ao efeito protetitivo e à segurança no uso.13

Existem duas classes filtros solares: os orgânicos e os inorgânicos. Os filtros inorgânicos dispersam ou absorvem a radiação UV, formam uma barreira física na pele, e por isto são conhecidos como filtros de efeitos físicos. Os filtros orgânicos absorvem a reação UV e, por reação fotoquímica, diminuem a energia UV incidente na pele, promovendo a fotoproteção. Por isto são também denominados de filtros de efeito químico.12

Na indústria cosmética, as substâncias usadas nas formulações, tanto dos filtros solares orgânicos como dos inorgânicos, são autorizadas por órgãos competentes. No Brasil, essa responsabilidade é da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, uma autarquia ligada ao Ministério da Saúde. O fato de essas substâncias serem controladas dá maior credibilidade e garantia de uso seguro ao filtro solar. No entanto, não há um filtro solar ideal para uso generalizado. O filtro ideal é aquele que protege completamente a pele contra o efeito das radiações UVA e UVB, devendo ser cosmeticamente aceitável, de uso agradável, ter confiável fator de proteção solar, amplo espectro de proteção, resistência à água, excelente sensorial e sem efeitos colaterais na pele.3 Contudo, a indicação do protetor solar deve ser adequada ao tipo de pele do indivíduo.12 Também, observou-se que o uso do protetor solar

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requer cuidado na aplicação, em especial, quanto ao tempo de uso e reaplicação e à quantidade adequada.

8. CONCLUSÃO

Nessa pesquisa bibliográfica foi possível atender ao objetivo proposto, ou seja, evidenciar sobre a importância do uso do protetor solar como método preventivo do fotoenvelhecimento e, por consequência, redutor da incidência de fotodanos à pele humana. Compreendeu-se que a exposição da pele humana às radiações ultravioletas (UVA e UVB) sem proteção, causa o fotodano. Quando essa exposição é prolongada, surgem sinais indesejáveis como rugas, aspereza da pele, hipercromias e até mesmo o câncer de pele.

O profissional tecnólogo em estética pode atuar auxiliando o cliente sobre os benefícios do fotoprotetor na prevenção ao fotoenvelhecimento e queimaduras, indicando quais horários deve-se evitar a exposição solar, bem como qual a quantidade a ser aplicada e o tempo necessário para reaplicação do produto.

Além disso o tecnólogo em estética é capacitado para avaliar a pele de um cliente e indicar o fotoprotetor ideal, relevando a importância do indivíduo usá-lo diariamente.

9. REFERÊNCIAS

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