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VIABILIDADE DA METODOLOGIA DE SARA SHATFORD PARA A INDEXAÇÃO DE FOTOGRAFIAS:

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Academic year: 2021

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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO CURSO DE BACHARELADO EM BIBLIOTECONOMIA

Martina Luciana Souza Brizolara

A VIABILIDADE DA METODOLOGIA DE SARA SHATFORD PARA A INDEXAÇÃO DE FOTOGRAFIAS: O ACERVO FOTOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA DA

UFRN

NATAL- RN 2017

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A VIABILIDADE DA METODOLOGIA DE SARA SHATFORD PARA A INDEXAÇÃO DE FOTOGRAFIAS: O ACERVO FOTOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA DA

UFRN

Monografia apresentada ao curso de Biblioteconomia do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia

Orientador: Profª. M. Sc. Carla Beatriz Marques Felipe

NATAL - RN 2017

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Brizolara, Martina Luciana Souza.

Viabilidade da metodologia de Sara Shatford para a indexação de fotografias: o acervo fotográfico da Escola de Música da UFRN / Martina luciana Souza Brizolara. – Natal, RN, 2017.

50 f.: il.

Orientadora: Carla Beatriz Marques Felipe.

Monografia (Graduação em Biblioteconomia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Ciência da Informação.

1. Indexação - fotografias. 2. Acervo fotográfico. 3. Documentos iconográficos. 4. Sara Shatford (1994). 5. Escola de Música – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. I. Felipe, Carla Beatriz marques. II. Título.

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A VIABILIDADE DA METODOLOGIA DE SARA SHATFORD PARA A INDEXAÇÃO DE FOTOGRAFIAS: O ACERVO FOTOGRÁFICO DA ESCOLA DE MÚSICA DA

UFRN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Biblioteconomia do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia

Monografia aprovada em ___/___/____

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________ Profª. M.Sc. Carla Beatriz Marques Felipe (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_______________________________________________________ Prof. M. Sc. Francisco de Assis Noberto Galdino de Araújo (Membro)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________ Profª. M. Sc. Raimunda Fernanda dos Santos (Membro)

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Meio que por ordem de chegada:

A Deus. Por tudo.

Ao meu mentor/guia/anjo da guarda/whatever por ter literalmente salvado a minha vida trocentas vezes.

Aos meus pais Marilha Souza Brizolara e Paulo César Galvão Brizolara, por praticamente terem me empurrado até a linha de chegada dessa corrida maluca que foram esses anos na universidade. E bem, porque sem eles eu literalmente não estaria aqui.

Aos meus irmãos Paulo Leonardo Souza Brizolara e Felipe Daniel Souza Brizolara, por serem basicamente os melhores irmãos do mundo.

A Renata Jovita Granze de Oliveira e Maria Beatriz Izidia Baracho de Oliveira, as irmãs que a vida me deu, por todo o amor e cuidado e por me darem motivos pra continuar.

A Sam Cecil Mal Booth, por ter estado ao meu lado, aguentado todos os meus surtos e ter me feito sorrir mesmo quando o mundo parecia estar desabando à minha volta, e por ter me escolhido de amar mesmo nos meus piores momentos.

A todos da turma de Biblioteconomia 2012.1.

A todos os professores do DECIN, especialmente a minha orientadora Carla Beatriz Marques Felipe, porque melhor orientadora ever..

Ao meu gato Miau, por todo o amor e conforto e fofura em geral.

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Apresenta conceitos de imagem e documento iconográfico e discorre sobre seu uso ao longo da história da humanidade. Procura apresentar definições de fotografia, comentando seu uso para fins de registro e transmição de informações e seu papel na sociedade. Narra brevemente a história e evolução da fotografia, comentando as circunstâncias de seu surgimento, os diversos processos fotográficos descobertos ao longo da história, e sua crescente popularização até os dias atuais. Comenta sobre os diferentes usos e funções da fotografia. Discorre sobre a fotografia como documento, destacando a necessidade do tratamento informacional de acervos fotográficos. Oferece conceitos de análise documentária e indexação; discorre sobre os objetivos da indexação, apresentando as etapas do processo, destacando o estágio de análise de assunto. Fala sobre as diferenças entre a indexação de documentos textuais e iconográficos, ressaltando a necessidade da utilização de metodologias mais adequadas à forma do documento, apresentando metodologias adaptadas ao tratamento informacional de imagens. Apresenta pesquisa exploratória realizada no acervo fotográfico da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Objetiva testar a viabilidade da metodologia de Sara Shatford (1994) para a indexação de fotografias em acervos reais, relatando e avaliando o processo de indexação de fotografias selecionadas da referida unidade seguindo a metodologia proposta. Conclui confirmando a viabilidade da metodologia testada, propondo um questionamento sobre sua baixa popularidade.

Palavras-chave: Indexação - fotografias. Acervo fotográfico. Documentos iconográficos. Sara Shatford (1994). Escola de Música – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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This work presents concepts of image and iconographic document and discusses its use throughout the history of humanity. Brings definitions of photography, commenting their use for the purpose of register and convey information, including the importance of image to our society. Relate the history and evolution of photography, commenting on the circumstances of its emergence, the many photographic processes discovered throughout history, and the increasing popularization of photography to the present day. Comment on the different uses and functions of photography. Presents photography as a document, highlighting the need for informational treatment of photographic collections. Brings concepts of documentary analysis and indexing; Discusses the objectives of indexing, presenting the stages of the process, highlighting the stage of subject analysis. Discusses the differences between the indexation of textual and iconographic documents, emphasizing the necessity of using adequate methodologies to each document form, pointing appropriate methodologies to the informational treatment of images. It presents an exploratory research carried out in the photographic collection of the School of Music of the Federal University of Rio Grande do Norte. Aims to test the viability of Sara Shatford's (1994) methodology for the indexation of photographs in real collections, reporting and evaluating the process of indexing photographs selected from the mentioned library following the proposed methodology. It concludes by confirming the feasibility of the methodology tested, proposing a questioning about its low popularity.

Keywords: Indexing - photography. Photography collection. Iconographic documents. Sara Shatford (1994). School of Music of the Federal University of Rio Grande do Norte

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Quadro 01 – Metodologia proposta por Bléry...30

Quadro 02 – Metodologia proposta por Shatford...31

Quadro 03 – Metodologia proposta por Manini...33

Quadro 04 – Metodologia Shatford adaptado...39

Quadro 05 – Analise da figura 02...39

Quadro 06 – Analise da figura 03...40

Quadro 07 – Analise da figura 04...41

Quadro 08 – Analise da figura 05...41

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Figura 01 – A primeira fotografia (Joséph Niépce, 1826.)...19

Figura 02 – Padre Penha...35

Figura 03 – Reitor Daladier Pessoa da Cunha Lima (Descerramento da placa)...36

Figura 04 – Reitor Daladier Pessoa da Cunha Lima...36

Figura 05 – Madrigal UFRN...37

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1 INTRODUÇÃO...12

2 A FOTOGRAFIA...15

2.1 A HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA...17

2.2 USOS E FUNÇÕES DA FOTOGRAFIA...22

3 INDEXAÇÃO...24

3.1 INDEXAÇÃO DE FOTOGRAFIAS...28

4 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS...34

4.1 MATERIAL UTILIZADO...34

5 RESULTADOS...39

5.1 ANÁLISE GERAL DOS RESULTADOS...42

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...44

7 REFERÊNCIAS...46

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1 INTRODUÇÃO

Desde o início da história do homem, com as primeiras pinturas rupestres, sendo, portanto muito anterior à escrita, a imagem tem sido utilizada como forma de comunicação, de registro, de transmissão de informações. O conceito de imagem é, amplo e complexo. Imagens, quando em suportes físicos, podem ser consideradas pela Ciência da Informação como Documentos Iconográficos. Segundo Smit (1996), “O termo 'imagem' abre um vasto leque de documentos iconográficos ou de ilustrações, incluindo pinturas, gravuras, posters, cartões postais, fotografias, etc.” (SMIT, 1996, p. 29).

O presente trabalho abordará documentos iconográficos apenas na forma de fotografias, ou seja, imagens produzidas a partir da luz, e registradas em um suporte através de um processo físico-químico ou físico-numérico.

Desde seu advento a fotografia revolucionou as artes, por substituir a pintura e a escultura na tentativa de fazer um registro fiel à imagem do referente, ou seja, do objeto retratado, criando a possibilidade de o artista utilizar suas habilidades para representar suas ideias, e não somente representar a realidade. Além disso, ao tornar-se cada vez mais popular e simples de produzir, retomou o uso da imagem como registro e fonte de informação. Rodrigues (2007, p. 67) alega que:

A invenção da fotografia, ocorrida no período da revolução industrial, permitiu, desde o seu surgimento, uma expansão gradativa na produção e no uso de imagens, primeiramente de forma mais seletiva e quase individual e, posteriormente, de maneira mais massificada, com as ilustrações fotográficas em jornais, revistas e o uso de imagens em mídias publicitárias.

Atualmente a fotografia está presente no dia a dia das pessoas, as grandes massas tem acesso a câmeras digitais em seus celulares e fazem uso de fotografias para comunicar-se e registrar acontecimentos. É possível, atualmente, reconstruir a história de pessoas, seres, lugares ou instituições utilizando fotografias, como no caso dos documentos iconográficos pertencentes ao acervo da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMUFRN), que foram analisados para a realização deste trabalho.

Para utilizar a fotografia como documento, especialmente em um acervo institucional como o que foi trabalhado, faz-se necessário que aconteça um processo de tratamento informacional, iniciado pela Análise Documentária. Diversos autores consideram que a parte mais relevante da análise documentária é a indexação, o processo de análise de um

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documento seguido da seleção de termos que representem o seu conteúdo, permitindo sua recuperação em um sistema de busca. Este trabalho apresenta alguns conceitos de indexação e recomendações metodológicas sobre como proceder durante este processo.

Porém, devido ás grandes diferenças entre os formatos documentários é muito pouco provável que o indexador consiga utilizar as técnicas mais comumente aprendidas na academia para a indexação de documentos iconográficos. Segundo Oliveira (2014, p. 56):

Ao teorizar sobre o processo de organização da informação imagética, e mais especificamente a sua representação temática, os estudiosos [...] vão se deparar com algumas questões essenciais que vão diferir os processos de indexação de documentos textuais dos documentos imagéticos. Em primeiro lugar, aparentemente não é possível aplicar estratégias para leitura documentária em imagens, visto que esse tipo de suporte não se constitui de elementos textuais. Esse aspecto por si só já se configura numa quebra de paradigma fundamental para as técnicas convencionais de indexação, que prioritariamente se utilizam de descritores (compostos por elementos textuais) para representar o conteúdo informacional de um texto.

Desse modo, apresentamos algumas das mais relevantes metodologias para indexação de imagens: Panofsky (1979) e a análise da imagem em três níveis; Bléry (1976) e a análise baseada em questionamentos; Shatford (1994), com sua proposta baseada nos atributos da imagem e nas categorias De e Sobre; e por fim Manini (2002), e sua teoria da dimensão expressiva. Todos eles apresentam metodologias focadas em extrair informações da imagem, guiando o indexador durante o processo de “leitura” do documento iconográfico, para possibilitar a identificação de conceitos, seguida da seleção de descritores que melhor os representem.

Observamos que, embora a metodologia de Shatford seja utilizada como referência teórica para inúmeros trabalhos da área, servindo inclusive de base para elaboração de outras metodologias, esta é pouco utilizada na prática, em indexação de acervos iconográficos. Deste modo propõe-se uma pesquisa experimental, para testar a viabilidade do método. Assim, a pesquisa justifica-se por contribuir com contribuir com a área da biblioteconomia e o trabalho dos bibliotecários indexadores, resgatando uma metodologia que parece ter sido esquecida, experienciando sua aplicação.

Nesse contexto o objetivo geral da pesquisa é investigar se a metodologia sugerida por Shatford pode ser utilizada como metodologia de indexação de imagens em um acervo real. Desdobram-se como objetivos específicos apresentar os procedimentos sugeridos por Shatford e descrever a sua aplicação no acervo da Biblioteca Padre Jaime Diniz pertencente ao sistema de bibliotecas da UFRN.

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Para fundamentar a pesquisa primeiramente foi descrito o que é fotografia, bem como sua trajetória e formas de uso. Posterior a isso, tem se o que é indexação e indexação de fotografias. Tem se ainda a explanação dos procedimentos metodológicos e apresentação dos resultados. Conclui-se que a metodologia proposta por Sara Shatford por ser aplicada a acervos fotográficos na mais variadas instituições.

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2 A FOTOGRAFIA

O homem faz uso da imagem desde os primórdios, quando registrava o seu dia a dia nas paredes das cavernas até hoje em dia quando posta selfies nas redes sociais. Conforme Rodrigues (2007 p. 67), “a imagem sempre foi um dos principais meios de comunicação na história da humanidade, ainda que por longo período a escrita a tenha sobrepujado em importância”. A capacidade de interpretar uma imagem, embora dependa de diversos fatores, pode ser considerada inerente ao homem; imagens foram a primeira forma de registrar acontecimentos, a primeira forma de passar uma mensagem.

As grandes civilizações sempre registraram sua história e mitologia em forma de arte de modo a transmitir suas tradições, ajudando a construir a identidade de seus povos; grandes guerras, lugares, acontecimentos, figuras históricas ou religiosas, sempre foram registrados em forma de escultura, pintura, entre outros, com o objetivo de serem lembrados e fazer com que as próximas gerações os conhecessem e entendessem. Ao longo da história, foram-se aperfeiçoando as diversas técnicas de arte utilizadas para tal, com o objetivo de tornar os produtos finais o mais próximos possível dos objetos retratados, eternizado sua imagem. Nesse contexto, surge a fotografia.

É difícil encontrar uma definição simples porém completa para Fotografia; o dicionário Aurélio define Fotografia como “Arte de fixar a imagem de qualquer objeto numa chapa ou película com o auxílio da luz”. Pode-se inferir que trata-se do resultado de um processo físico-químico (ou físico-numérico, no caso de uma câmera digital); pode ser também considerada um registro visual de um momento, um produto de arte, um documento. Todos esses conceitos estão corretos, uma vez que apresentam pontos de vista diferentes. Segundo Amaral (2009, p.36):

Para a formação de uma imagem fotográfica são necessários: 1) o objeto a ser fotografado; 2) uma câmera fotográfica; 3) luz natural ou artificial; 4) um suporte que registre a imagem; 5) o fotógrafo. Por mais óbvia que possa parecer essa definição, há uma explicação sobre a importância de cada componente. Na falta de qualquer um deles não existirá fotografia, que, por sua própria natureza, já nasce como registro. Devemos ressaltar que, no caso das imagens digitais, todos os elementos acima citados fazem parte da tomada fotográfica, mudando-se apenas a forma de registro: o processo físico-químico é substituído pelo físico-numérico.

Tendo a função de registro, a fotografia pode ser utilizada como documento, com várias aplicações; no dia a dia, por exemplo, deve-se portar um documento com foto, uma

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vez que a imagem dos rostos nele registrados serve de testemunho da nossa identidade. Nesse contexto Sontag (2004, p.16) afirma que:

Fotos fornecem testemunho. Algo de que ouvimos falar, mas de que duvidamos parece comprovado quando nos mostram uma foto. Numa das versões da sua utilidade, o registro da câmera incrimina. [...] Uma foto equivale a uma prova incontestável de que determinada coisa aconteceu. A foto pode distorcer; mas sempre existe o pressuposto de que algo existe, ou existiu, e é semelhante ao que está na imagem.

Essa função de testemunho pode ser corrompida, evidentemente, de acordo com a intenção do fotógrafo, pois a imagem fotográfica sempre é uma representação do que se pretendia mostrar; segundo Kossoy (2002, p. 143), “A fotografia é certamente um registro do visível; ela não é, nem pretende ser, um raio X dos objetos ou das personagens retratadas”. Ainda assim, há diversas informações que pode-se preservar e transmitir com o uso da imagem, como tem ocorrido com a humanidade desde a época das pinturas rupestres; e a fotografia, entre outras coisas, por possibilitar maior riqueza de detalhes, permite lidar com um maior número de informações. Amaral (2009, p. 24) comenta que:

Pode-se afirmar que, desde sua criação, no final do século XVII, a fotografia foi vista como documento de testemunho de fato ocorrido, graças a sua natureza indicial, ou seja, por registrar os fatos selecionados ou recortados diretamente de seu referente, devido às características físico-químicas de sua elaboração.

De fato, fixar a imagem de um objeto (e aqui tomamos objeto num sentido mais amplo, incluindo tudo aquilo passível de ser o tema central de uma fotografia), como diz o dicionário, é fazer um registro visual de como tal objeto é ou parece ser naquele momento. Dessa forma, a fotografia tem um papel relevante na preservação da memória, como afirma Oliveira (2015, p.215):

A fotografia ajudou a livrar a memória do espectro do esquecimento. As imagens antes fixadas na imaterialidade das lembranças, puderam ser aprisionadas em uma superfície bidimensional. Tornaram-se uma recordação palpável, rastro do tempo imortalizado em uma imagem fixa, a ser acessada a qualquer momento, sem a necessidade de ir buscá-la nos arquivos da memória.

Porém a fotografia não é somente um registro. De acordo com Torezan (2007, p.19), “A fotografia nasce com o propósito inicial de reprodução do real e com o desenvolvimento da técnica ela torna-se um elemento de ampla função, passando a ter diversos usos: artístico, social, documental, científico e comunicacional”. Hoje

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amplamente utilizada em nossa sociedade, faz parte do dia a dia da maior parte das pessoas de tal modo que é difícil conceber um mundo sem fotografias. Para compreender a sua importância para a sociedade se faz necessário entender o seu surgimento.

2.1 A HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA

Para melhor compreensão de fato a sua importância para a sociedade aqui será relatado, então, de forma breve, como ocorreu à evolução da fotografia, desde seus primórdios, até o modelo atual.

Todos os novos processos fotográficos descobertos ao longo do séc. XIX ocorreram devido a diversas formas de combinar dois fatores básicos, já anteriormente conhecidos. Como relata Dubois (2009, p. 129):

Qualquer manual de história da fotografia apresenta sua invenção como o resultado da conjunção de duas invenções preliminares e distintas: a primeira, puramente ótica (dispositivo de captação da imagem); a outra, essencialmente química, é a descoberta da sensibilização à luz de certas substâncias à base de sais de prata (dispositivo de inscrição automática).

Quanto à captação de imagem, embora possamos mencionar outros dispositivos que tinham como objetivo auxiliar a produção de figuras sobre diversos suportes, tais como a câmara clara também citada por Dubois (2009), que apenas projetava a imagem do objeto desejado sobre uma folha de papel permitindo ao artista desenhar seus contornos mais facilmente, é preciso notar que a real precursora da atual câmera fotográfica é a câmara escura. Conforme mencionado por Torezan (2007, p.20):

O fenômeno da Câmara Escura começa a ser explorado no século XIII, quando alguns estudiosos iniciam suas pesquisas astronômicas utilizando essa invenção, que posteriormente seria muito apreciada por artistas e utilizada para a reprodução de alguns objetos e desenhos de seres humanos e animais.

Trata-se simplesmente de qualquer caixa ou espaço fechado e escuro que permita a entrada de luz vinda do exterior por um pequeno orifício, projetando uma imagem invertida do objeto, posicionado em frente à entrada de luz no interior da câmara. Esse equipamento, ainda que muito simples, foi muito utilizado por pintores para facilitar seu trabalho, na tentativa de obter imagens fieis à realidade. Segundo Kossoy ( 2001, p.35):

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Durante séculos o homem serviu-se da câmera obscura, instrumento que o favorecia para desenhar uma vista, uma paisagem que por alguma razão lhe interessou conservar a imagem. A imagem dos objetos do mundo visível, formando-se no interior da camera – em conformidade com os preceitos da perspectiva renascentista -, podia ser delineada e, de fato, viajantes, cientistas e artistas fizeram uso do aparelho, obtendo, sobre papel, esboços e desenhos da natureza. Com a invenção da fotografia, a imagem dos objetos na câmara obscura já podia ser gravada diretamente pela ação da luz sobre determinada superfície sensibilizada quimicamente.

Como já mencionado, as soluções químicas que permitiram fixação da imagem no suporte foram descobertas separadamente. Torezan (2007, p.20) registra que “outro alicerce da fotografia aparece nos estudos dos alquimistas, que acidentalmente descobriram que algumas substâncias química são entrarem em contato com a luminosidade eram escurecidas naturalmente, ou seja, a luz as sensibilizava”.

O estudioso Richard Buckley Litchfield, porém, publicou em 1903, como apêndice de seu livro sobre a vida de Tom Wedgewood uma tradução do alemão antigo para o inglês de uma publicação feita pelo professor alemão Johann Hermann Schulze; Litchfield alega que Schulze foi o primeiro a observar e registrar a reação de oxidação dos sais de prata quando expostos. Ele registrou e anunciou sua descoberta no ano de 1727, e embora não tenha usado a palavra fotografia para a sua descoberta, ou tenha sequer pensado em utilizá-la de qualquer maneira relacionada com o que hoje conhecemos como fotografia.

O registro e difusão de suas pesquisas - que descreviam o escurecimento de certas soluções químicas baseadas em sais de prata quando acidentalmente expostos à luz, adquirindo uma tonalidade de vermelho escuro próximo ao violeta, ressaltando que tal reação ocorria apenas por exposição moderadamente longa à luz do sol e não sob ação a nenhuma outra fonte de calor – certamente contribuíram para a invenção da fotografia; os resultados obtidos por Schulze, porém, não eram permanentes. Schulze era considerado um homem brilhante a seu tempo, porém aparentemente ele não teve interesse em desenvolver pesquisas a partir de sua descoberta.

Apenas a partir das pesquisas de Nièpce, que uniu o princípio da câmara escura à reação de oxidação do cloreto de prata, gravando a imagem a um suporte de papel com a uso da luz, tornando-se oficialmente o responsável pela primeira fotografia da história. Como relata Amaral (2009), ele preocupou-se, porém, em tornar a imagem permanente com a utilização de outros componentes para fixá-la ao suporte. Dessa forma Amaral (2009, p. 37) afirma que “em 1824, com as pesquisas desenvolvidas pelo francês Joseph

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Nicéphore Nièpce (1765-1833), foi possível, com a câmara escura, obter a fixação da imagem em papel sensibilizado com cloreto de prata, utilizando-se ácido nítrico”.

A primeira fotografia (Joséph Niépce, 1826.)

Fonte: G1- http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2012/12/primeira-fotografia-da-historia-e-exposta-na-alemanha.html

Além disso, Nièpce também experimentou um composto de asfalto ao invés da prata, criando a Heliografia. Amaral (2009, p.37) ainda relata que:

Em paralelo, outro francês, Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851), realizou pesquisas para o registro de imagens com a utilização da câmara escura. No ano de 1827, em Paris, Daguerre conheceu Nièpce e ambos tornaram-se parceiros nas pesquisas e trocaram correspondência para o desenvolvimento e a melhoria do processo fotográfico. Depois do falecimento de Nièpce, em 1833, Daguerre continuou de forma empírica com as pesquisas.

Em 1837 Daguerre anunciou, com apoio do governo francês, a invenção do Daguerreótipo, um instrumento fotográfico que utilizava vapor de mercúrio, permitindo a produção rápida de imagens de qualidade, com grande nível de detalhamento. Haviam porém outros pesquisadores trabalhando independentemente no aperfeiçoamento de outros processos fotográficos. Conforme Fabris (2008, p. 14):

O anúncio da descoberta de Daguerre é prontamente seguido pelos anúncios de outros inventores que afirmam ter conseguido criar imagens graças à ação da luz. Entre esses, destacam-se as pesquisas de Hypollite Bayard e de Henry Fox Talbot, que conseguem produzir cópias sobre papel.

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obteve grande reconhecimento, talvez devido à complexidade do seu método, que necessitava de pelo menos vinte minutos de exposição para obtenção de uma imagem única, sendo muito mais demorado que o de Daguerre, e não permitia cópias como o de Talbot. Este, denominado Calótipo, merece destaque uma vez que, embora não tenha obtido grande sucesso imediatamente devido à popularidade do daguerreótipo, acabou por contribuir para tirá-lo de mercado, como relata Amaral( 2009, p.38):

No mesmo ano, em 25 de janeiro de 1839, o botânico inglês William Henry Fox Talbot (1800-1877) apresentou seu processo fotográfico negativo/positivo para o Real Instituto da Grã-Bretanha. A grande vantagem desse processo, em comparação com a daguerreotipia, era que o negativo permitia a geração de cópias positivas. Com o surgimento dos negativos de vidro, em 1860, o processo negativo/positivo desenvolveu-se espantosamente e o daguerreótipo deixou de ser fabricado. (AMARAL, 2009. p.38)

Kossoy menciona Hércule Florence, que desenvolveu uma técnica própria aqui no Brasil, no ano de 1833. A história oficial, porém, não o reconhece. Outro que contribuiu para o declínio do daguerreótipo foi Archer, criador do colódio úmido e do ambrótipo, o primeiro reconhecido por unir a alta qualidade vista no daguerreótipo à capacidade de produzir cópias do calótipo; o segundo pelo preço acessível. Segundo Fabris (2008. p.16-17):

colódio úmido, divulgado por Frederick Scott Archer em 1851 […] permite obter um negativo de qualidade, mais nítido do que o calótipo e igualmente reprodutível, e tão preciso e detalhado quanto a imagem daguerreotípica. O tempo de exposição oscilava entre vinte segundos e um minuto para as paisagens e os motivos arquitetônicos, e entre dois e vinte segundos para os retratos pequenos.

Se um fundo preto fosse colocado atrás do vidro exposto se obteria diretamente uma imagem positiva e duradoura, o ambrótipo, também conhecido como “daguerreótipo de pobre”. O preço módico explicava-se pela qualidade inferior da imagem que conhece, entretanto, um grande sucesso.

O processo do colódio úmido é ainda bastante complicado: a placa deveria ser preparada imediatamente antes da fotografia e revelada logo em seguida na câmara escura; todas as operações não poderiam durar mais do que quinze minutos, mas isso não impede o declínio contínuo da daguerreotipia.

O contexto social do século XIX certamente contribuiu para os sucessivos surgimentos de novos e aperfeiçoados processos fotográficos; em plena era da revolução industrial e do positivismo, havia grande incentivo à ciência, pesquisa e tecnologia. De acordo com Kubrusly:

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lua-de-mel com a Máquina. A indústria parecia ter vindo para resolver todos os problemas da humanidade. As linhas de montagem e o poder das máquinas a vapor surgiam como uma garantia de progresso e prosperidade para todos. A industrialização tornava tudo mais barato. Cada um podia ter acesso a um número maior de bens antes inatingíveis. Neste contexto, a fotografia emergiu quase que como uma forma industrial da imagem, que nascia apoiada na misteriosa “máquina de pintar”. Para uma humanidade apaixonada, os frutos da máquina eram sempre bem vindos. […] Aparentemente não é necessária nenhuma habilidade especial para produzir imagens fotográficas, ao contrário do que acontece com a pintura, a gravura ou o desenho. Abria-se assim uma porta larga, fácil e barata ao Olimpo reservado aos artistas, apesar dos protestos veementes de muitos pintores,que se sentiram ameaçados por uma concorrência desleal.” (KUBRUSLY, 1998. p. 10-11)

Dessa forma não é de se espantar que a fotografia tenha sido tão bem aceita, e que sua evolução tenha sido tão rápida; em poucas décadas já era conhecida mundialmente, tornava-se cada vez mais popular e diversos avanços na área continuavam a surgir, conforme assinala Fabris:

Os aperfeiçoamentos propostos para o processo acabam por levar à película de rolo de George Eastman, passando pelas pesadas chapas de gelatina-bromuro de Burgess, Kennett e Benett, pela película cortada de celulóide de Carbutt, pela película de nitrocelulose de Goodwin. (FABRIS, 2008, p.16-17)

Destaca-se a película de Eastman, pois isto ainda é a referência de fotografia, ao menos quando se trata do método tradicional, que temos em mente nos dias de hoje. Trata-se dos rolos de negativo, utilizados nas câmeras portáteis, também criadas por ele e popularizadas por sua empresa, a Kodak, como narra Felipe ( 2016, p.20):

Nos Estados Unidos, em 1879, George Eastman fundador da Kodak Company, patenteia sua primeira máquina fotográfica. George substituiu as chapas secas de vidro — o colódio — por papel, e em 1888, criou a primeira câmera Kodak 100 vistas. Com slogan “aperte o botão, nós fazemos o resto”, a Kodak popularizou de vez o uso das máquinas fotográficas. Com isso, não só os fotógrafos poderiam utilizar os equipamentos, qualquer pessoa poderia fazer o trabalho e tirar fotos a qualquer momento, bastava apenas possuir a pequena câmera.

Deve-se também destacar o surgimento da fotografia colorida, cujo primeiro protótipo foi criado em 1907 pelos irmãos Lumiére, porém começou a popularizar-se apenas a partir de 1935, também através da Kodak. Foi também dentro da Kodak que surgiram as primeiras câmeras digitais; o primeiro protótipo viável foi criado por Steve Sasson, engenheiro da Eastman Kodak em 1975, e gravava as imagens em uma fita cassete, permitindo a visualização ao pôr a fita em um leitor conectado a um monitor; era considerado promissor porém pesava aproximadamente quatro quilos e era difícil de

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manusear.

Durante décadas tanto a fotografia digital como a analógica progrediram juntas; de grandes geringonças, pesadas, difíceis de manipular, passaram a produtos leves e de manuseio simples. Por ser mais facilmente manipulável, dispensando os complexos laboratórios de revelação, bem como exigindo menos gastos ao longo prazo uma vez que não seria necessário adquirir e posteriormente revelar os rolos de filme, eventualmente a câmera digital se sobressaiu; os avanços tecnológicos permitiram a produção de equipamentos cada vez menores e mais eficientes, e no ano 2000 surgiram os primeiros celulares com câmera, tecnologia que incorporou a fotografia no dia a dia do grande público, mudando também, mais uma vez, a forma de utilização da fotografia.

2.2 USOS E FUNÇÕES DA FOTOGRAFIA

Desde os seus primórdios a fotografia vem sendo utilizada pela sociedade para retratar os mais diversos fatos e acontecimentos. Dessa forma, a mesma vem sendo usada para transmitir informação e conhecimento. Rodrigues (2011, p.180) menciona que fotografias podem “[...]cumprir variados papéis na transmissão do conhecimento […], conforme as circunstancias e os momentos em que as mesmas são utilizadas”.

Em seu trabalho, cita as mais diversas funções possíveis para fotografias, sobretudo algo voltado para a memória quando cita a função memória fisionômica, a função memória pessoal e função de memória evolutiva de obras e acontecimentos, cada uma com um ponto de vista diferente. Na qual a memória fisionômica a fotografia registra a evolução física de pessoas e animais, desde o seu nascimento até a morte. Na memória pessoal a fotografia tem como Função registrar toda a vida do indivíduo, antes era realizada por meio dos álbuns de família, atualmente as redes sociais facilitam essa atividade. Por sua vez, a Função de memória evolutiva de obras e acontecimento seria ligada ao registro da história, onde guerras, construções de monumentos e outros fatos importantes da história da humanidade seriam preservados por meio da fotografia.

Para Rodrigues (2011, p. 184) a fotografia possui também função de documento quando fala da Função histórico-documental ou seja, “quando assume – em conjunto com outros tipos de documentos, particularmente os textuais – o papel de memória histórica de fatos, acontecimentos, costumes, cultura, moda, religião, política, esportes, etc”. Essa função de fotografia como documento surge com o belga Paul Otlet em seu trabalho intitulado Traité de Documentation – le livre sur le livre, onde juntamente com mapas e

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outros materiais impressos a fotografia é definida como documento.

Ainda para Rodrigues (2011) a fotografia tem Função de registro de paisagens naturais e artificiais, função de registro arquitetônico (similar ao de paisagens artificiais) função de registro de obras artísticas e outras. É importante destacar que uma imagem pode cumprir várias das funções citadas, dependendo de como for interpretada. Uma fotografia retratando a torre Eiffel, por exemplo, pode estar retratando uma paisagem urbana (no caso, Paris, a capital da França), atuar como registro arquitetônico (analisando o conjunto estrutural da torre), ser usada para tentar convencer/persuadir (em um folheto turístico, por exemplo), ser utilizada como um símbolo (para remeter à própria França ou a Paris), etc.

Um dos mais importantes modos de utilização da fotografia é a sua Função jornalística, especialmente quando acompanhada de informação textual, ou fotojornalismo quando a foto é usada como principal meio de transmissão da informação visando informar e testemunhar um fato.

Como pode ser visto a fotografia possui as mais variadas funções. Nesse sentido as unidades de informação fazem uso da mesma para compor os seus acervos. Para a utilização dos usuários dessas fotografias em unidades de informação se faz preciso a sua organização, nesse sentido surge a indexação como um meio de facilitar o uso das fotografias.

(24)

3 INDEXAÇÃO

O potencial da fotografia como fonte informacional sempre foi evidente, desde quando os primeiros fotógrafos começaram a acompanhar expedições, registrar guerras, enfim, utilizar a fotografia com o propósito de registrar; porém passaram-se algumas décadas desde sua descoberta até que a fotografia fosse reconhecida de fato como documento. McLaughlin (1989, apud Amaral 2007, p. 23-24) comenta que:

O esforço para empregar fotografias como fonte de informação ocorreu na América pela primeira vez em 1926, quando Ralph Henry Gabriel, da Yale University, publicou The Pageant of America: A Pictorial History of the

United States. Essa publicação auxiliou a legitimação dos documentos

“não-textuais” como fontes de pesquisa e como ferramentas de interpretação do cotidiano do cidadão norte-americano por meio de registros fotográficos. O trabalho influenciou Roy Stryker, que mais tarde dirigiu a Historic Section da Farm Security Administration (FSA), nos Estados Unidos, na época da Grande Depressão. Esse departamento formou uma das mais valiosas fontes de documentação fotográfica do século XIX

Desde então, diversas unidades informacionais têm mantido acervos fotográficos dos mais variados tipos. Porém muitas vezes, ainda que tal acervo pertença à instituição, este não é disponibilizado ao público, e às vezes mesmo que o seja, o usuário não consegue recuperar tais documentos, quando em busca de fontes de informação; surge novamente a questão do tratamento informacional dos documentos fotográficos. Amaral (2007. p. 25) comenta que

a fotografia disponibilizada nessas instituições necessita ser organizada com a finalidade de atender a demandas de pesquisa. Essa organização com o fim de disponibilizar as imagens para diversos usos pressupõe que haja inicialmente uma leitura da imagem (análise de seus atributos) para a compreensão de seu conteúdo informacional.

Ou seja, assim como todo documento, para que seja possível disponibilizar ao usuário as informações contidas em uma fotografia, é preciso que inicialmente ela passe por um processo de análise documentária, que, segundo Manini (2002, p. 21):

se trata da análise do conteúdo de um documento, com o objetivo de selecionar no mesmo as características segundo as quais ele pode ser encontrado ou recuperado quando de sua busca e de manter sob controle a informação nele contida, através de nomeações (uma atividade normalizadora).

O presente trabalho foca na indexação, definida pelo Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística (2005, p. 107) como “Processo pelo qual documentos ou

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informações são representados por termos, palavras-chave ou descritores, propiciando a recuperação da informação”, ou seja, o processo de análise de um documento seguido da seleção de termos que descrevam seu conteúdo permitindo sua recuperação em um sistema de busca.

Sobre indexação de documentos, Fujita e Silva (2004, p.136) expõe que:

No âmbito da Análise Documentária, segundo a linha teórica de Gardin, a Indexação é vista como uma operação de representação documentária com a finalidade pragmática de Recuperação da Informação. Contudo, sob a perspectiva de outros teóricos, principalmente ingleses e norte-americanos, a Indexação é a própria Análise documentária, composta das mesmas etapas operacionais com o objetivo de representação do conteúdo informacional de documentos para a elaboração de índices.

Embora a citada elaboração de índices seja uma prática bastante antiga, que já existia desde as primeiras bibliotecas, inicialmente não havia um real processo analítico de assunto; de acordo com Fujita (2003, p.61):

A indexação como processo de análise documentária é realizada mais intensamente desde o aumento de publicações periódicas e da literatura técnico científica de modo geral, que impulsionaram a necessidade de criação de mecanismos de controle bibliográfico em centros de documentação especializados.

Fujita e Silva destacam ainda que, atualmente, porém, com o surgimento e avanço das diversas tecnologias de recuperação da informação, o principal objetivo da indexação não é mais a elaboração de índices, mas a “representação do conteúdo documentário por termos de indexação em decorrência da análise de assunto.” (FUJITA; silva. 2004. p.137). Tal representação é feita selecionando termos de indexação que possam descrever o conteúdo do documento; termos estes que, inseridos em um sistema, devem permitir a busca e a 'recuperação da informação contida no documento. Por isso Fujita (2003) menciona que:

A indexação em análise documentária, sob o ponto de vista dos sistemas de informação, também é reconhecida como a parte mais importante porque condiciona os resultados de uma estratégia de busca. O bom ou mau desempenho da indexação reflete-se na recuperação da informação feita através de índices. Isso nos leva a considerar que a recuperação do documento mais pertinente à questão de busca é aquele cuja indexação proporcionou a identificação de conceitos mais pertinentes ao seu conteúdo, produzindo uma correspondência precisa com o assunto pesquisado em índices.(FUJITA, 2003. p. 62)

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Para conseguir tais resultados, é preciso seguir certas etapas. Decreve-se aqui no processo mencionado por Fujita (2003). A primeira delas, evidentemente, é a leitura analítica do documento, procurando compreender seu conteúdo e selecionar conceitos, que poderão ser usados na etapa seguinte, que consiste em selecionar termos que possam representar tais conceitos, como citado por Fujita (2003, p. 63):

O processo de indexação, portanto, compreende dois estágios: o analítico, em que é realizada a compreensão do texto como um todo, a identificação e a seleção de conceitos válidos para a indexação e o estágio de tradução, que consiste na representação de conceitos por termos de uma linguagem de indexação:

• Determinação do assunto: estabelecimento dos conceitos tratados num documento;

• Representação de conceitos por termos de uma linguagem de indexação: a tradução dos conceitos nos termos da linguagem de indexação.

O estágio de análise de assunto é considerado o mais importante pois é o que permite “[...]identificar e selecionar os conceitos que representam a essência de um documento” (FUJITA, 2003. p. 85). É também o mais subjetivo e mais complexo, e envolve compreender o conteúdo dos documentos, as necessidades informacionais do usuário e a política de indexação da instituição. Fujita (2003. p. 69) explana que:

[…] o processo de análise de assunto reveste-se de uma subjetividade característica, dadas as circunstâncias e elementos envolvidos, pois a partir da leitura do documento pelo indexador é realizado um processo de comunicação interativo entre três variáveis: leitor, texto e contexto.

Citando Abrechtsen (1993, p. 220, apud Fujita, 202, p. 70), defende que a análise de assunto pode ser abordada de acordo com três concepções:

• concepção simplista: considera os assuntos como entidades objetivas absolutas, que podem derivar de uma abstração linguística do documento ou de somas usando métodos estatísticos de indexação. De acordo com essa concepção a indexação pode ser totalmente automatizada;

• concepção orientada para o conteúdo: envolve uma interpretação do conteúdo do documento que vai além dos limites da estrutura superficial léxica e gramatical. A análise de assunto do conteúdo de documentos envolve identificação de tópicos ou assuntos que não estão explicitamente colocados na estrutura textual superficial do documento, mas que são facilmente percebidos por um indexador humano. Envolve, portanto, uma abstração indireta do documento.

• concepção orientada pela demanda: considera o assunto como instrumento para transferência de conhecimento, portanto, direcionado para uma finalidade pragmática de informação e conhecimento. Conforme esta concepção, documentos são criados para comunicação do conhecimento, e assuntos devem, portanto, ser ajustados para funcionar

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como instrumentos de mediação e transmissão desse conhecimento para qualquer pessoa interessada. Dessa forma, quando o indexador analisa um documento não concentra-se em representar ou resumir a informação explícita ou implícita, mas questiona se: como eu poderia tornar esse conteúdo ou parte dele, visível para o usuário potencial? Que termos deverei utilizar para levar esse conhecimento até o leitor interessado?

Ressalta que cada uma delas pode ter vantagens e desvantagens, porém defende que a concepção orientada para o conteúdo e a concepção orientada pela demanda devem ser utilizadas em conjunto quando o objetivo é buscar a melhor representação do documento.

Com fins didáticos, Fujita (2003. p. 64) subdivide a análise de assunto em três sub-estágios. São eles: “compreensão do conteúdo do documento; identificação dos conceitos que representam este conteúdo; e seleção dos conceitos válidos para sua recuperação” ; ainda observa que “[...]esses três sub-estágios são superpostos durante a leitura do documento[...]” (Fujita, 2003. p. 64, grifo no original), o que é possível comprovar na prática da indexação.

Fujita (2003), em análise aos “Princípios de Indexação”, do World Information System for Science and Technlogy (1981, p. 84), diz que o ideal seria a leitura integral do documento durante o sub-estágio de compreensão do conteúdo; o primeiro dos três que integram a análise de assunto, porém sendo inviável (ao menos em se tratando de documentos textuais) numa rotina normal de trabalho, recomenda que:

[…] para que o indexador não negligencie nenhuma informação relevante, aponta um roteiro de partes importantes do texto que merecem especial atenção, durante sua leitura: título, introdução e as primeiras frases de capítulos e parágrafos; ilustrações, tabelas, diagrama e suas explicações; conclusão; palavras ou grupos de palavras sublinhadas ou impressas com tipo diferente. (FUJITA, 2003. p. 64) Cita diversos autores, reiterando a ideia de que não é necessário realizar uma leitura completa, “[...]exceto na indexação para a elaboração de índices internos ou alfabético-remissivos[...]” (FUJITA, 2003. p. 64) porém ressalta que não se recomenda indexar um documento apenas com base em seu título e resumo, ou partes isoladas do documento.

O sub-estágio seguinte, a identificação de conceitos, como o próprio nome sugere, é aquele em que o indexador deve selecionar os conceitos que poderiam melhor representar o conteúdo do documento.

[…] para isso, recomenda que a identificação de conceitos seja feita obedecendo a um esquema de categorias existente na área coberta pelo documento, como por ex.: o fenômeno, o processo, as propriedades, as operações, o material, o

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equipamento, etc. (FUJITA, 2003. p. 64)

Trata-se de um processo complexo, que consiste em abordar o documento de forma lógica, identificando a temática do documento e transformando as informações nele contidas em conceitos que possam ser traduzidos para uma linguagem de indexação; as metodologias examinadas recomendam que o indexador proceda buscando responder a questionamentos sobre o conteúdo do documento. Esse processo exige que o indexador tenha boa capacidade de leitura e interpretação. O último dos três sub-estágios, a seleção de conceitos é a etapa em que o indexador decide quais dos conceitos identificados no documento serão efetivamente utilizados, e para tanto é necessário levar em consideração quais deles serão úteis no contexto da instituição, visando a recuperação da informação pelo usuário. Fujita (2003, p. 86) destaca que “A seleção de conceitos é parte integrante da identificação de conceitos realizada durante a análise de assunto e existe para o indexador prever a adequação dos conceitos representados à recuperação conforme demanda do usuário.”

O estágio seguinte, a representação de conceitos, consiste em traduzir os conceitos selecionados para a linguagem adotada no sistema. A maioria dos teóricos recomenda o uso de vocabulários controlados; estes apresentam muitas vantagens em relação à linguagem natural quanto à recuperação da informação, como por exemplo a minimização de ambiguidades, porém mais uma vez é necessário levar em consideração as necessidades do usuário e a política de indexação adotada pela instituição.

3.2 INDEXAÇÃO DE FOTOGRAFIAS

Até então falou-se da indexação de documentos de um modo mais geral. Será comentado a seguir sobre a indexação de documentos fotográficos, uma vez que a indexação pode ser aplicada a qualquer tipo de material.

Quando se trata de tratamento informacional, qualquer documento não-textual apresenta uma certa dificuldade inicial; especialmente quando se trata de documentos imagéticos, toda a informação nos é apresentada de forma não-verbal, e faz-se necessário traduzi-la. Como afirma Amaral (2007, p. 25):

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acervos textuais. Podemos entender o que uma imagem transmite, estamos acostumados a ver fotografias, mas, para poder organizá-las e deixá-las disponíveis para pesquisa, as imagens coletadas e acumuladas num acervo têm de passar por um processo de transcodificação1 do código icônico para o código verbal.

Essa diferença de formato e linguagem traz como consequência a necessidade de adaptar os processos de indexação; evidentemente uma fotografia não terá introdução, capítulos ou resumo, de modo que deve-se buscar outras metodologias que orientem o indexador quanto a que se deve buscar na imagem. Serão apresentadas, então, algumas das mais relevantes abordagens utilizadas para a indexação de documentos fotográficos.

Se faz necessário iniciar citando os estudos do historiador da arte Erwin Panofsky (1979). O seu trabalho para análise de imagens é usada como referência para diversos autores, tanto nas artes visuais e história da arte como na ciência da informação. Felipe (2016, p.68) esclarece que “Mesmo que a metodologia de Panofsky seja voltada para imagens, esta pode ser aplicada para as fotografias e influenciou algumas metodologias voltadas para a indexação de fotografias”. Ele propôs que a análise da imagem ocorra em três níveis, por ele denominados nível pré-iconográfico, nível iconográfico e nível iconológico.

No nível pré-iconográfico remete ao tema primário da obra. Nesse nível descreve-se apenas os elementos constitutivos da imagem: cores, formas, objetos, ações, itens perceptíveis com uma simples observação; é um nível de interpretação mais objetiva.

No nível iconográfico refere-se ao tema secundário da obra. Busca-se identificar o que representam os itens descritos, visando estabelecer o assunto da imagem e atribuir-lhe um significado; esse nível de análise exige algum conhecimento prévio do indexador a respeito do contexto da obra.

No nível iconológico busca-se, com base nas informações percebidas nos níveis iconográfico e pré-iconográfico, interpretar a imagem pra conferir-lhe um valor simbólico; trata-se de um nível de interpretação muito subjetiva.

A metodologia de Ginette Bléry (1976), assim como diversos outros autores, é baseada nas categorias QUEM, ONDE, QUANDO, COMO e O QUÊ; essas categorias podem também ser utilizadas para indexação de documentos textuais, de modo que parece mais familiar ao bibliotecário indexador. Talvez seja um dos motivos de sua grande popularidade. Porém, como diz Smit (1996,p. 32):

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relacionando-a à técnica empregada para gerar a fotografia (p. ex., vista aérea, alto contraste, etc.). Muitas informações provenientes da técnica são altamente relevantes para a representação da imagem.

A ideia é que, buscando responder e estas questões, o indexador será capaz de localizar e extrair as informações contidas no documento. Podemos visualizar no quadro abaixo o que deve-se analisar em cada questão:

QUADRO 01 – Metodologia proposta por Bléry

Fonte: Felipe (2016, p.70.)

Trata-se de um método aparentemente mais objetivo, deste modo pode-se extrair informações com facilidade; é preciso destacar porém que nem sempre é possível obter informações necessárias para preencher todos os quesitos apenas analisando a fotografia, sendo necessário, por vezes, a consulta a fontes complementares.

Por sua vez, Sara Shatford Layne (1994), autora cuja metodologia se configura como objeto de estudo desse trabalho, defende que a indexação de imagens deve permitir recuperar a imagem com base em seus atributos, bem como permitir recuperar grupos de imagens com atributos semelhantes.

Imagens de diferentes tipos ou oriundas de diferentes áreas de estudo terão seus próprios atributos em particular, que são ou parecem ser diferentes uns dos outros. Retratos nas belas artes podem ter atributos como artista e técnica utilizada; fotografias de uma expedição científica podem ter atributos como data, tempo e local. Contudo esses atributos podem ser categorizados e generalizados, baseado em parte na natureza das imagens e em parte em teorias de classificação, até onde elas se aplicam a todas as imagens. Ao decidir que atributos de uma imagem, ou conjunto de imagens, podem ser usados como pontos de acesso para essas imagens, é útil pensar neles no contexto das quatro categorias gerais dispostas abaixo, como uma forma de verificar e certificar-se de que

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nenhum atributo potencialmente útil tenha sido negligenciado. Essas quatro categorias são: atributos 'biográficos'; atributos de assunto; atributos de meios; e atributos de relação. (Shatford, 1994, p.583, tradução nossa)

Os atributos “biográficos” da imagem são aqueles que dizem respeito ao histórico da imagem, tanto à sua origem, ou seja: autor, data, local, título; quanto a eventos acontecidos desde então, ou seja: a quem pertence ou pertenceu, valor atual, possíveis restaurações ou alterações, onde se encontra atualmente, etc.

Os atributos de assunto, aqueles mais comumente lembrados quando se trata de indexação e também os mais citados quando se fala na metodologia de Shatford, são aqueles referentes ao significado da imagem. Ela esclarece que, quanto aos atributos de assunto de uma imagem deve-se considerar especialmente três aspectos. Em primeiro lugar, deve-se considerar que esta pode ser De algo (aspectos objetivos da imagem), e/ou Sobre algo (aspectos subjetivos), como por exemplo “uma imagem de uma pessoa chorando pode ser sobre tristeza” (SHATFORD, 1994, p.584, tradução nossa, grifo no original); em segundo lugar, que uma imagem é simultaneamente genérica e específica, ou seja, que esta imagem pode ser útil ao usuário tanto por representar uma categoria geral de objetos quanto por representar especificamente o objeto retratado; em terceiro lugar, podemos classificar os termos retirados de uma imagem em quatro facetas: tempo, espaço, atividades/eventos, e objetos (no caso, referindo-se tanto a seres animados quanto inanimados). Ou seja, segundo Shatford (1994), uma imagem pode tratar genérica e/ou especificamente De ou Sobre qualquer uma (ou mais) dessas facetas. O quadro abaixo representa como os aspectos dos atributos de assunto se relacionam durante a análise da imagem.

QUADRO 02 – Metodologia proposta por Shatford

De Sobre

Facetas Genérico Específico

Tempo Espaço Atividades/eve ntos Objetos Fonte: O autor (2017)

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Atributos de meios referem-se à propriedade de imagens serem ou um exemplo de algo, ou serem exemplificadas. Ou seja, pode-se ter uma imagem em um determinado formato, como por exemplo uma pintura; ou uma imagem de um formato de imagem, como por exemplo, uma fotografia de uma pintura.

Os atributos de relação referem-se à possíveis conexões existentes entre a imagem e outros documentos, independentemente de seu formato. São estes os atributos que deve-se levar em consideração ao selecionar termos que permitam a recuperação de grupos de imagens.

Por fim, Shatford (1994) recomenda fortemente que o indexador procure selecionar termos que possibilitem a recuperação de grupos de imagens, e não de apenas imagens isoladas, considerando que deve-se permitir ao usuário a possibilidade de analisar o conjunto, comparar as imagens entre si, e só então, se o desejar, selecionar aquela que mais se aproxime de suas necessidades informacionais, ressaltando que em certas áreas de estudo o processo de exame e comparação das imagens já é em si parte importante da pesquisa.

É importante destacar que embora seja recomendado considerar todos os atributos da imagem, não é necessário, e às vezes nem sequer é possível, selecionar termos pensando em cada um deles, especialmente quanto aos atributos de assunto.

A metodologia de Shatford permite aprofundar-se nos aspectos mais subjetivos da imagem, ainda apresentando um detalhamento considerável na análise dos aspectos objetivos. Seu trabalho serve de referência a diversos autores da área, porém essa metodologia não é comumente adotada na prática.

Ao apresentar sua metodologia para indexação de fotografias, Manini baseia-se tanto em Shatford, ao manter os conceitos de De (genérico), De (específico) e Sobre ao analisar o conteúdo informacional da imagem, quanto em Bléry, ao manter as questões QUEM/O QUÊ, ONDE, QUANDO e COMO, ainda que considerando-as sub-categorias do De genérico e específico.

Porém acrescenta à análise da imagem o conceito de Dimensão Expressiva, “[...] algo ligado à forma da imagem, que se encontra em justaposição ao seu conteúdo intelectual” (MANINI, 2002, p. 87,). Pode-se interpretar esse conceito como o ponto de vista, ou como os planos e enquadramentos selecionados pelo autor da imagem. Esse conceito já havia sido explorado por Smit (1996) com o nome de Expressão fotográfica, porém Manini considera a Dimensão Expressiva um fator de grande importância para a recuperação da informação.

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Ao explicar o trabalho de Manini, Oliveira (2014, p. 85) afirma que “A autora defende que o que vai determinar a escolha de uma determinada imagem por parte do usuário não se refere apenas ao que a imagem mostra, mas também ao modo como a imagem apresenta o seu referente.”. Para melhor compreensão, observe a metodologia proposta no quadro abaixo:

QUADRO 03 - Metodologia proposta por Manini.

Fonte: Manini, (2002, p. 105)

Manini (2002) propõe que a indexação aborde não somente a descrição da fotografia, sua análise e seu significado, como também detalhes técnicos referentes à produção do documento fotográfico em si. E vai além, como relata Oliveira (2014):

Manini ainda aborda em seu estudo a questão do Studium e do Punctum, onde o primeiro refere-se a tudo aquilo que se pode conhecer de uma imagem, seja através dos elementos mostrados ou por fontes de informações externas, enquanto o segundo trata daquele aspecto particular que vai despertar uma atenção especial a um observador, mas que raramente será percebido da mesma forma por outro. (OLIVEIRA, 2014, p. 86)

Ainda que em sua tese a autora não tenha se aprofundado quanto aos aspectos mais subjetivos da imagem, a ideia da proposta metodológica de Manini é permitir uma análise completa e exaustiva, extraindo todas as informações possíveis da fotografia e considerando, durante o processo de indexação, todos os elementos que possam levar o usuário a buscar por aquele documento.

Este trabalho busca analisar especificamente a metodologia de Shatford (1994), testando sua aplicação prática.

(34)

4 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

A presente pesquisa pode ser caracterizada de acordo com seus objetivos como exploratória, uma vez que a mesma tem como proposta explorar se de fato a metodologia proposta por Sara Shatford pode ser aplicada na prática.

Para alcance dos objetivos foi realizada uma pesquisa bibliográfica a fim de embasar teoricamente a pesquisa bem como uma pesquisa de campo, onde foram coletados os matérias para a realização da mesma.

O acervo de fotografias escolhido foi da Biblioteca Padre Jaime Diniz pertencente ao sistema de bibliotecas da UFRN, localizada na Escola de Música da UFRN. A biblioteca deu origem ao acervo de fotografias no momento em que a Escola completou 50 anos de existem e sua organização fez parte das comemorações.

Anteriormente à realização da experiência houve uma breve visita à unidade, na qual conversou-se sobre os objetivos da experiência, como esta seria realizada e que tipo de materiais poderiam ser utilizados.

Trabalhou-se somente com fotografias que já haviam sido previamente analisadas e que cotiam informações sobre as mesmas, recuperadas pela equipe da Biblioteca da Padre Jaime Diniz, portanto não foi necessário realizar nenhum tipo de pesquisa adicional para extrair informações complementares, uma vez que tais pesquisas foram realizadas pela equipe, por meio de entrevistas com antigos professores e servidores.

Também faz-se necessário destacar que, uma vez que as fotografias trabalhadas já integram o acervo da instituição, a experiência foi apenas uma simulação, voltada mais para o processo de análise dos documentos iconográficos utilizando a metodologia proposta por Shatford (1994) do que para a seleção de termos em si; não chegamos a verificar os termos de indexação oficialmente utilizados pelo sistema.

Optou-se por focar nos atributos de assunto, uma vez que estes são os mais mencionados e discutidos quando se trata de indexação, e os mais comumente lembrados quando se menciona a metodologia de Shatford (1994).

4. 1 MATERIAL UTILIZADO

Uma vez que essa metodologia incentiva o agrupamento de imagens em conjuntos, inicialmente analisou-se os álbuns em que estas se encontram por inteiro; verificou-se que estes contém séries de fotografias de uma mesma ocasião. Toda a coleção pode ser

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considerada um grande conjunto, uma vez que todas elas se relacionam com um mesmo tema, no caso a própria EMUFRN, consistindo em um registro visual de sua história; uma vez que as fotografias passem a integrar o acervo digital da instituição, disponibilizando ao usuário cópias digitalizadas das mesmas, com o processo de indexação é possível reagrupar as fotografias em outros conjuntos usando o sistema de busca de acordo com a necessidade do usuário. Em seguida as fotografias foram selecionadas e analisadas individualmente.

Foram selecionadas 5 fotografias do acervo (figuras 02, 03, 04, 05, 06) que podem ser consultadas ainda nesta seção. O único critério estabelecido para a escolha das fotografias foi o de que estas já deveriam ter informações adicionais sobre si, porque entendemos que somente a fotografia em mãos a indexação não poderia ficar completa, uma vez que a pesquisadora não conhece a fundo o acervo.

Figura 02: Padre Penha

(36)

Figura 03: Reitor Daladier Pessoa da Cunha Lima (Descerramento da placa)

Fonte: Acervo Escola de Música (1991).

Figura 04: Reitor Daladier Pessoa da Cunha Lima

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Figura 05: Madrigal UFRN

Fonte: Acervo Escola de Música (19--?).

Figura 06: Reitor dr. Genibaldo Barros,

(38)

Por fim, após a análise, foram selecionados descritores que poderiam representar as fotografias analisadas em um sistema de busca real, tendo em mente o objetivo do acervo e a instituição a qual ele pertence e seu público-alvo.

(39)

5 RESULTADOS

Como sugerido por Shatford (1994), buscou-se durante a análise focar nos atributos da imagem. Inicialmente intencionava-se utilizar o quadro 02, exatamente como apresentado acima; porém notou-se a dificuldade de encaixar os conceitos extraídos com relação aos aspectos mais subjetivos das imagem desta coleção em qualquer uma das facetas sugeridas por Shatford (1994). Desse modo, embora a teoria mencione essa possibilidade, optou-se por desconsiderar a subdivisão da coluna “Sobre” em facetas. De modo que o quadro de análise ficou como apresentado abaixo:

Quadro 04: Metodologia Shatford adaptado

De Sobre

Facetas Genérico Específico

Tempo Espaço Atividades/eve ntos Objetos Fonte: O autor (2017)

Apresentam-se abaixo os resultados da pesquisa experimental realizada aplicando o método de indexação de Sara Shatford em fotografias do acervo da Escola de Música da UFRN. Os conceitos extraídos durante a análise dos documentos imagéticos foram dispostos em quadros, e os descritores selecionados com base nesses conceitos foram listados abaixo.

Quadro 05: Analise da figura 02

De Sobre

Facetas Genérico Específico

Tempo - Maio de 1991 Gratidão; conquista; respeito; fé.

Espaço Rio grande do

Norte. UFRN. Edifício sede da EMUFRN Atividades/eve ntos Comemoração. Inauguração do edifício sede da EMUFRN

(40)

Objetos Sacerdote e

mulher Padre joão PenhaFilho e diretora Maria Eugênia Bezerra Tinoco

Descritores: Escola de Música da UFRN. Tinoco, Maria Eugênia Bezerra. Penha Filho, João. Comemorações. 1991 – data.

Considerando ainda os atributos biográficos da imagem seria possível acrescentar o nome do servidor que doou a fotografia para o acervo, sr. Glênio Francisco Edson Pereira de Miranda.

Quadro 06: Analise da figura 03

Descritores: Escola de Música da UFRN. Cunha, Daladier pessoa da. Comemorações. 1991- data.

De Sobre

Facetas Genérico Específico

Tempo - Maio de 1991 Solenidade;

expectativa.

Espaço Rio grande do

Norte. UFRN. Edifício sede daEMUFRN Atividades/eve

ntos Comemoração. Inauguração doedifício sede da EMUFRN;

descerramento da

placa de

inauguração. Objetos Homem e placa

comemorativa. Reitor Daladier Pessoa da Cunha Lima e placa de inauguração da EMUFRN.

(41)

Quadro 07: Analise da figura 04

De Sobre

Facetas Genérico Específico

Tempo Maio de 1991 Expectativa;

solenidade.

Espaço Rio Grande do

Norte. UFRN. Edifício sede daEMUFRN. Atividades/eve

ntos Discurso. Discursoinauguração dode reitor Daladier. Objetos Grupo de pessoas. Reitor Daladier, diretora Maria Eugênia e profª Maria do Rosário Cabral da secretaria de educação do município.

Descritores: Escola de Música da UFRN. Cunha, Daladier pessoa da. Tinoco, Maria Eugênia Bezerra. Cabral, Maria do Rosário. 1991- data.

Quadro 08: Analise da figura 05

De Sobre

Facetas Genérico Específico

Tempo Fé; comoção;

respeito.

Espaço Igreja. Igreja de Santa

Terezinha. Atividades/eve ntos Celebração religiosa; apresentação de orquestra. Missa de ação de graças pelo aniversário da EMUFRN. Objetos Orquestra;

sacerdote; vitrais OrquestraMadrigal do

Descritores: Escola de Música da UFRN. Concerto. Orquestra do Madrigal. Comemorações.

(42)

Quadro 09: Analise da figura 06

De Sobre

Facetas Genérico Específico

Tempo Junho de 1984 Solenidade.

Espaço Rio Grande do

Norte. Academia de letrasdo RN Atividades/eve

ntos Discurso Discurso do reitordr. Genibaldo Barros na abertura da XV semana de música.

Objetos Homem; plateia. Reitor Dr.

Genibaldo Barros,

Descritores: Escola de Música da UFRN. Semana de másica. Barros, Genibaldo. 1984- data. Academia de Letras do RN.

5. 1 ANÁLISE GERAL DOS RESULTADOS

Como se pode observar analisando os quadros acima, a análise permite a identificação de diversos conceitos que podem não ser utilizados para a seleção de descritores, uma vez que sempre se deve levar em consideração os interesses da instituição e do usuário; porém, do mesmo modo, é possível identificar diversos conceitos que podem ser de grande relevância para o usuário e devem ser incluídos no sistema de busca utilizado.

A metodologia de Shatford (1994)é tão ou mais simples de ser aplicada que as mais populares, como a de Bléry (1976) ou Manini (2002), e pode ser aplicada com facilidade em acervos imagéticos reais, porém, como em outras metodologias pode ser necessário realizar uma pesquisa complementar, não somente a análise do que é mostrado na fotografia. O processo completo é bastante simples, aparenta tornar-se complexo devido à facetas porém permite uma análise quase que intuitiva, e bastante completa, possibilitando extrair informações tanto dos aspectos mais objetivos quanto subjetivos do documento; é também um processo ágil.

Durante o processo de análise, foi possível notar que uma mesma imagem poderia ser incorporada a diversas coleções; como por exemplo, a fotografia 07 do álbum 01

Referências

Outline

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