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Efeito do Tipo de Óleo sobre a Estabilidade das Emulsões A/O/A

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76/Cosmetics & Toiletries (Brasil) www.cosmeticsonline.com.br Vol. 19, mar-abr 2007

O comportamento do sistema de emulsão a/o/a e a estabilidade da membrana oleosa dependem do tipo de óleo usado para preparar a emulsão. A análise condutimétrica do marcador aprisionado, sulfato de magnésio, que foi liberado, demonstrou que a maior liberação de marcador ocorreu nas emulsões à base de óleos do grupo de triglicerídios. As emulsões à base de hidrocarbonetos apresentaram maior estabilidade.

El comportamiento del sistema de emulsión w/o/w y la estabilidad de la membrana oleosa dependen del tipo de aceite usado para preparar la emulsión. El análisis conductimétrico del marcador aprisionado, sulfato de magnesio, que fue liberado, demostró que la mayor liberación de marcador ocurrió en las emulsiones basadas en aceites del grupo triglicérido. Las emulsiones basadas en aceites de hidrocarburo presentaron mayor estabilidad.

The behavior of the w/o/w emulsion and the stability of the oil membrane depend on the type of the oil used to make the emulsion. Conductimetric analysis of the release of entrapped marker magnesium sulfate showed that the highest release of the marker occurred in emulsions based on oils from the triglyceride group. Emulsions based on hydrocarbon oils showed the best stability.

s emulsões água/óleo/água (a/o/a) possuem ampla gama de usos, mas inúmeros fatores podem afetar sua esta-bilidade. Entre esses fatores está o méto-do de preparação, o tipo de material apri-sionado, o tipo de emulsificante, o tipo de óleo, e os efeitos do eletrólito, volumes das fases e sua concentração.6,7 Neste ar-tigo, estamos destacando o tipo de óleo. Os óleos mais freqüentemente utiliza-dos para formar emulsões múltiplas são hidrocarbonetos, triglicerídios e ésteres. Os hidrocarbonetos são compostos for-mados por uma cadeia de carbono, com átomos de hidrogênio ligados aos átomos de carbono. Entre os hidrocarbonetos, o mais amplamente usado é o óleo mineral, também conhecido como parafina líquida; o óleo mineral é usado em produtos co-merciais acabados e para pesquisa de emulsões múltiplas. O hexadecano, dode-cano, octano e ciclo-hexano têm suas principais aplicações na pesquisa, espe-cialmente em estudos teóricos, para

expli-A

car a estrutura e os mecanismos de

emul-sões múltiplas. O esqualano, a forma hi-drogenada do esqualeno, é usado na in-dústria, em algumas ocasiões, para a pre-paração de emulsões múltiplas. O esqua-lano também é conhecido como cosbiol e per-hidroesqualeno.

Triglicerídios são compostos nos quais o glicerol é esterificado com três ácidos graxos. Os principais triglicerídios usados são os óleos de amendoim, oliva, gergelim, amêndoa, milho, mamona e soja. São usados, principalmente, em experi-mentos in vivo, devido sua tolerabilidade. Os ésteres são compostos nos quais um grupo orgânico substitui um átomo de hidrogênio num ácido de oxigênio. Os és-teres de ácidos graxos de cadeia longa, inclusive miristato ou oleato de isopropi-la vêm sendo usados para obter emulsões múltiplas estáveis.

As diferentes estruturas moleculares desses tipos de óleos indicam que exer-cem efeitos diferentes sobre o

comporta-mento do sistema de emulsão e sobre a estabilidade da membrana de óleo contra a saída do material aprisionado. Caso ocor-ra uma ruptuocor-ra da camada oleosa, os com-partimentos desaparecem instantanea-mente e a fase aquosa interna dos com-partimentos é misturada com o líquido aquoso em suspensão.8

Portanto, polaridade, densidade, visco-sidade e outras propriedades físico-quími-cas dos óleos influem no comportamento das emulsões.9

Pesquisadores relataram que o aprisi-onamento produzido pelas emulsões múl-tiplas depende do tipo de óleo.16 O tipo do óleo também afeta as características da película de interface, e esses dois fatores são de importância fundamental na deter-minação das dimensões dos glóbulos e da estabilidade.11

O objetivo deste estudo foi formular emulsões múltiplas a/o/a usando óleos de tipos diferentes, e avaliar o efeito do tipo de óleo sobre a estabilidade da emulsão.

Efeito do Tipo de Óleo sobre a

Estabilidade das Emulsões A/O/A

Özen Özer e Burcu Aydin

Faculdade de Farmácia da Universidade Ege, Bornovo Izmir, Turquia

Yasemin Yazan

Faculdade de Farmácia da Universidade Anadolu, Eskisehir, Turquia

O Futuro das

Emulsões a/o/a

Emulsões múltiplas a/o/a são sistemas promissores para vários campos, como químico, farmacêutico, cosmético, ali-mentício e nutrição.12 Podem assegurar proteção completa do material aprisiona-do. Podem dissolver substâncias incom-patíveis nas fases interna ou externa do mesmo produto, e modular a liberação de materiais aprisionados.2-5 Também levam a formulações caracterizadas por suas texturas eficientes, leves, não-gorduro-sas, e não-aderentes.

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www.cosmeticsonline.com.br Cosmetics & Toiletries (Brasil)/7777777777 Vol. 19, mar-abr 2007

Materiais

A Tabela 1 traz uma lista dos óleos usados neste estudo. Estes foram escolhidos como representantes de três tipos de óleos comumente usados. O tensoativo lipofílico foi um co-poliol dimeticone de cetila (Abil EM90, Degussa) e o tensoa-tivo hidrófilo um copolímero do óxido de propileno etoxilado (Synperonic PE/FE 127, ICI). Sulfato de magnésio aprisiona-do na fase interna foi usaaprisiona-do como marcaaprisiona-dor aprisiona-do índice aprisiona-do apri-sionamento gerado pela formação, bem como da estabilidade da emulsão múltipla.

Foram preparadas emulsões a/o/a seguindo a Fórmula 1. Ex-ceto o óleo, os componentes e quantidades dos componentes

foram mantidos constantes para poder acompanhar o efeito do óleo sobre as características das emulsões múltiplas. As emul-sões múltiplas a/o/a foram obtidas em temperatura ambiente, num processo de duas etapas.12

Técnicas de Avaliação

Microscopia

A microscopia foi usada para determinar as dimensões dos glóbulos e para caracterizar sistemas de emulsão. Emulsões múltiplas a/o/a foram examinadas num microscópio óptico de imersão, com aumento de 100 e 40 vezes.

Estudos de liberação

As emulsões foram diluídas na proporção de 1:20 em água destilada para medição da condutividade a 20±1oC, após mistura com agitador magnético por meio de um condutímetro (Mode-lo 407, Jenway, Inglaterra). Essa medição permitiu o cálcu(Mode-lo da fração de peso, β(t), do eletrólito liberado dentro da fase aquosa externa num determinado tempo, conforme a seguinte equação:

Tabela 1. Óleos usados neste estudo, e propriedades de emulsões múltiplas recém-preparadas

Diâmetro médio pH médio

Código Tipo de óleo Nome do óleo Análise (n=3) da gotícula (n=3) Rendimento

macroscópica (µµµm±DP)µµ (pH±DP) (%)

Triglicerídio Óleo de amêndoaa Creme branco 2,0+0,1 3,1+0,2 95,4 F2 Éster Miristato isopropilaa Creme branco 2,0+0,1 3,1+0,2 94,9 F3 Triglicerídio Ácido caprílico/cápricob Creme branco 2,0+0,2 3,2+0,2 93,3 F4 Hidrocarboneto Óleo mineralc Creme branco 2,2+0,2 4,1+0,2 99,9

F5 Hidrocarboneto Esqualanod Creme branco 2,1+0,2 3,5+0,2 98,7

F6 Triglicerídio Ácido caprílico/cápricoe Creme branco 2,0+0,0 4,6+0,1 96,1 F7 Ácido carboxílico Ácido oléicof Creme beje 3,0+0,1 2,9+0,1 96,0 F8 Triglicerídio Óleo de sojag Creme branco 2,5+0,1 3,2+0,2 98,3 F9 Triglicerídio Óleo de gergelima Creme branco 2,2+0,2 3,0+0,1 98,5 a Degussa, França b Myritol 318/GR, Degussa c Birpa lac Laboratuan, Turquia d Cosbiol, um per-hidrosqualeno da ICN Biomedicals GmbH, Alemanha e Miglyol 812N, ICN Biomedicals GmbH f From E, Merck, Germany g ICN Biomedicals

Fórmula 1. Emulsão a/o/a usada para testar o efeito do óleo sobre a estabilidade da emulsão

Óleo 24,0% p/p

Copoliol de cetil-dimeticone (Abil EM90, Degussa) 3,0 Copolímero de óxido de propileno etoxilado 0,8

(Synperonic PE/F127, ICI)

Sulfato de magnésio 0,7

Água 71,5

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78/Cosmetics & Toiletries (Brasil) www.cosmeticsonline.com.br Vol. 19, mar-abr 2007 onde M0 é a quantidade inicial de eletrólito incorporada e M(t)

é a quantidade de eletrólito presente na fase externa, num dado momento (t). As análises foram realizadas após ter sido estabe-lecida uma curva de calibração.13 O valor de β pode levar ao cál-culo do aprisionamento Y, das emulsões múltiplas:

Y = 1 - βββββ (2)

Ao mesmo tempo, é possível obter informações sobre a es-tabilidade da emulsão múltipla avaliando a liberação do marca-dor da fase interna.

Estudos de pH

O pH foi monitorado para ver se houve variação durante a liberação e os estudos de estabilidade. Portanto, os valores do pH foram determinados para emulsões múltiplas recém-prepa-radas e com 45 dias após a preparação.

Estudos de estabilidade

A estabilidade foi acompanhada pelos métodos de teste já mencionados. Estudos acelerados de estabilidade foram reali-zados a 4±1oC, 25±1oC e 40±1oC, com medições realizadas em iguais intervalos de tempo. Foi realizada centrifugação a 4.000 rpm por 15 min na formulação recém-preparada e sistemas múl-tiplos de 24 horas para examinar se houve qualquer separação de fase.

Resultados e Discussão

Características das emulsões múltiplas

Ao serem diluídas com óleo mineral para fazer a emulsão pri-mária e com água para sistemas múltiplos, as misturas homogê-neas foram obtidas indicando que as fases externas eram óleo e água, respectivamente. A análise microscópica mostrou a pre-sença de emulsões primária e múltipla. Os aspectos macroscó-picos e as propriedades das formulações estão na Tabela 1.

Exceto para a formulação F7, preparada com ácido oléico, as emulsões múltiplas tinham aparência homogênea, com boa con-sistência (Tabela 2). A possível ionização do marcador, sulfato de magnésio, tem influência sobre o valor do pH das gotículas aquosas. A liberação desse marcador hidrófilo aprisionado pode alterar o valor do pH da fase aquosa externa. O pH aparente de um produto tópico também pode se alterar durante a armazena-gem. Embora as medições do pH de veículos não tenham

ne-nhum significado especial, estes podem ser medidos para mo-nitorar formulações, conforme vão envelhecendo.14 Neste estu-do, os valores do pH das formulações F4 e F6, preparadas com óleo mineral e ácido caprílico/cáprico ficaram numa faixa de aci-dez baixa, tolerável pela pele.

Estudos do mecanismo de liberação

O tipo de óleo é da maior importância devido à permeabili-dade da camada oleosa que controla a liberação de fármacos ou marcadores da fase aquosa interna. A instabilidade da emulsão múltipla pode ser determinada a partir da liberação do marcador aquoso no sentido do compartimento externo. A quantidade de marcador interno incluído nas gotículas da fase interna aquo-sa, que pode migrar e se fundir com a fase aquosa mais externa, é considerada a medida da estabilidade da emulsão. A medida da condutividade na fase externa é uma maneira de avaliar a li-beração do marcador interno.15 Foram realizadas medidas con-dutimétricas após estabelecida a curva de calibração. Plotando um gráfico de condutividade versus concentração obtivemos a validação do modelo (r2 = 0,0872).

Introduzir um eletrólito na fase aquosa interna tem vários objetivos: promover o equilíbrio osmolar das fases aquosas in-terna e exin-terna para atuarem como o indicador de ruptura, e para aumentar a estabilidade do sistema devido ao fenômeno de sa-linidade. No fenômeno de salinidade, a competição entre o ele-trólito e o tensoativo lipofílico resulta num camada interfacial mais rígida e então numa barreira mecânica mais efetiva.

Figura 1. Valores de liberação das emulsões sob condições iso-osmóticas (DP±5) 5 4 3 2 1 0 β ( t) % Peso (g) 0 30 60 90 120 150 180 Tempo (min) F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 0 30 60 90 120 150 180

Figura 2. Liberação de eletrólitos

10 8 6 4 2 0 β ( t) % 0 100 200 300 400 Tempo (min) F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9

Tabela 2. Taxas de ruptura de glóbulos múltiplos de óleo em emulsões a/o/a recém-preparadas (to) e após 30 dias (t30) de armazenagem a 20oC

Taxa de ruptura

Cód. Tipo de óleo Nome do óleo t0 (%) t30 (%)

F1 Triglicerídio Óleo de amêndoa 4,6 6,8 F2 Éster Miristato isopropila 0,9 7,1 F3 Triglicerídio Ácido caprílico/cáprico 3,6 8,3 F4 Hidrocarboneto Óleo mineral 0,1 3,1 F5 Hidrocarboneto Esqualano 1,3 5,8 F6 Triglicerídio Ácido caprílico/cáprico 1,1 7,3 F7 Ácido carboxílico Ácido oléico 1,7 6,3 F8 Triglicerídio Óleo de soja 1,7 3,6 F9 Triglicerídio Óleo de gergelim 1,0 3,9

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Foram realizadas medições conduti-métricas em emulsões múltiplas a 20±1oC diluídas (1:20) com solução de glucose com a mesma osmolaridade que a solução da fase interna (50µ osmol por litro). Essa determinação foi realizada com o auxílio de tabelas.16 Como mostrado na Figura 1, medições condutimétricas não mostram nenhuma mudança na fração de sulfato de magnésio liberada. Isso indica que não houve difusão passiva ou transporte fa-cilitado do sulfato de magnésio, confir-mando os estudos prévios.12,17,18

Também foram realizadas medições condutimétricas em emulsões múltiplas a 20±1oC diluídas (1:20) com água destilada para produzir um gradiente de concentra-ção. Neste caso, o transporte aquoso da fase externa para a fase interna leva ao au-mento nas dimensões das gotículas in-ternas, o que aumenta o tamanho dos múltiplos glóbulos de óleo, até que atin-jam um tamanho crítico chamado de eta-pa de intumescimento. Além dessa di-mensão crítica, os glóbulos espalham pela parte frontal da membrana e liberam o sal aprisionado; essa etapa é denomi-nada etapa pioneira. A Figura 2 mostra os valores da liberação de sulfato de magné-sio das diferentes formulações.

Foi constatado que o rendimento va-ria com o tipo de óleo. Concluiu-se que o tipo de óleo pode ter um efeito marcante no comportamento do sistema; além dis-so, a estabilidade da membrana de óleo para evitar o vazamento do material apri-sionado irá depender, entre outras coisas, do tipo de óleo usado na preparação da emulsão.19 A estabilidade de longo prazo da emulsão foi avaliada medindo-se a quantidade de um marcador interno que permaneceu aprisionado, em relação ao tempo. De acordo com os resultados re-latados na Figura 2, a liberação do sulfa-to de magnésio foi maior na emulsão múl-tipla usando a F3 com ácido caprílico/cá-prico, seguida pela F2 com miristato de isopropila e F6 com triglicerídio caprílico-cáprico.

Descobriu-se que os valores iniciais de β(t), liberação de eletrólito com o tem-po, eram diferentes, dependendo das di-versas propriedades dos óleos (Figura 2). Embora os ácidos caprílico-cápricos pertençam ao grupo dos triglicerídios, o miristato de isopropila pertence ao grupo dos ésteres. São considerados óleos de meio polar. As tensões interfa-ciais de triglicéride-água caprílico-cá-prico e miristato-água de isopropila são de 20,2 e 24,3 mNm-1, respectivamen-te.20 As interfaces óleo-água e

esquala-no-água são, respectivamente, 42,5 e 46,2 mN m-1 e são considerados óleos não-polares. Os outros óleos usados neste estudo foram óleos vegetais de polaridade média com tensões interfa-ciais entre 11,5 e 14,73 mN m-1.10,20,21

A polaridade da fase oleosa tem gran-de influência sobre a formulação e propri-edades da emulsão. Tedajo et al relata-ram que quanto mais elevada for a pola-ridade do óleo (isto é, menor tensão in-terfacial), maior é a transferência.22 Nos-sas constatações estiveram de acordo com este estudo. O aprisionamento de sulfato de magnésio de emulsões a/o/a preparadas com hidrocarbonetos com tensão interfacial mais alta foi maior do que o de outros. F3 e F2 apresentaram o menor aprisionamento, enquanto que F6 gerou aprisionamento intermediário. Es-ses resultados levaram à conclusão de que a polaridade do óleo desempenha papel predominante no transporte dos materiais.

Omotosho et al relataram que a libe-ração do marcador foi mais rápida a par-tir de emulsões múltiplas formuladas com miristato de isopropila, e mais lenta a partir dos que foram preparados com hi-drocarbonetos,10 constatação que está de acordo com este estudo. As capaci-dades de ganho de volume dos hidrocar-bonetos é maior do que a dos outros óle-os. Conforme explicamos anteriormente, em outros estudos, se aumentar a capa-cidade de intumescimento dos glóbulos de óleos múltiplos, a liberação do sulfa-to de magnésio será retardada.13,23 Por-tanto, a estabilidade dos sistemas prepa-rados usando hidrocarbonetos foi maior do que a dos demais sistemas. Estudos de liberação mostraram que a liberação do sulfato de magnésio foi mais rápida nas emulsões múltiplas formuladas usan-do áciusan-dos caprílico-cápricos que, deviusan-do suas gotículas internas menores, geram maior superfície interfacial. A ausência de alterações significativa no número de a/o/a, as gotículas de óleo preparadas com hidrocarbonetos foi um indicador de estabilidade.

Correlação com estudos de

estabilidade

Os resultados do estudo cinético de intumescimento de ruptura podem ser correlacionados com a estabilidade da emulsão múltipla. A Tabela 3 mostra os resultados de análises condutimétricas da taxa de rompimento dos múltiplos gló-bulos de óleo, imediatamente após a pre-paração e após 30 dias de armazenagem

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80 8080 80

80/Cosmetics & Toiletries (Brasil) www.cosmeticsonline.com.br Vol. 19, mar-abr 2007 a 20oC. Pode-se ver que, mesmo se os parâmetros da formulação

forem mantidos constantes, as porcentagens de ruptura variam com o tipo de óleo. Ao final de 30 dias, a menor taxa de ruptura foi conseguida com F4 de óleo mineral, que também teve o me-nor valor de liberação (Tabelas 1 e 2). Portanto, concluiu-se que F4 foi mais resistente à degradação do que as demais prepara-ções. Isso confirma o fato que maior estabilidade pode ser pre-vista para maior capacidade de intumescimento dos óleos em todas as interfaces de formulações a/o e o/a. A taxa de ruptura de F6 de triglicerídio caprílico/cáprico após 30 dias foi maior do que as outras formulações. Omotosho et al estudaram o efeito do tipo de óleo sobre as características de liberação de emulsões múltiplas e concluíram que liberação e estabilidade poderiam ser afetadas pelo tipo de óleo.26

A estabilidade dos sistemas é de grande importância para as emulsões. Quando as emulsões recém-preparadas e as de 24 horas foram centrifugadas para acelerar o efeito da gravidade, não foi observada separação de fase, exceto F7 e F8 feitas com ácido oléico e óleo de soja, respectivamente.

A Tabela 3 também mostra os resultados dos testes de es-tabilidade térmica realizados a 4±1oC, 25±1oC e 40±1oC. Pode-se ver que a formulação mais estável é F4, preparada usando óleo mineral, um hidrocarboneto. Em vários estudos, foi relatado que emulsões múltiplas a/o/a preparadas com hidrocarbonetos são mais estáveis do que emulsões contendo triglicerídios e outros óleos vegetais.25-27 A estabilidade térmicas das emulsões prepa-radas com óleos mais fortes, polares e não-polares, foram con-sideradas geradoras de emulsões com má estabilidade, o que ocorre, geralmente, com óleos vegetais. Comparados com quaisquer dos hidrocarbonetos, os óleos vegetais têm mais di-ficuldade de dispersão em meio aquoso.22 Esses resultados es-tão bem de acordo com os resultados de liberação obtidos neste estudo.

A medição das dimensões dos múltiplos glóbulos de óleo é um outro parâmetro para monitorar a estabilidade de emulsões múltiplas. Independente do mecanismo, a desestabilização leva à alteração no diâmetro dos glóbulos; portanto, as dimensões médias dos glóbulos são um parâmetro essencial para caracte-rizar a estabilidade de uma emulsão múltipla. A média dos diâ-metros dos glóbulos de amostras recém-preparadas era 2-3 mm. Os testes para determinação do tamanho dos glóbulos a cada 10 dias revelaram que o tamanho dos glóbulos permaneceu qua-se constante com o tempo (Figura 3). O leve aumento pode qua-ser atribuído à penetração da água na fase interna a partir da fase externa por fluxo osmótico (maior concentração de sulfato de magnésio nas gotículas de água internas). O tamanho dos gló-bulos da formulação F7 de ácido oléico aumentou mais, em com-paração com as demais formulações. Isso pode ser atribuído ao

óleo usado, permitindo que muito mais óleo penetre na fase in-terna, o que pode ter aumentado o volume das gotículas inter-nas. Ao final de 60 dias, constatou-se que o tamanho dos gló-bulos da formulação F4 de óleo mineral apresentou apenas pe-queno aumento; também ficou constatado que F4 é estável em estudos de estabilidade térmica e condutimétricos.

Conclusão

Tendo em vista que a fase oleosa das emulsões múltiplas é o principal constituinte da membrana entre as fases interna e externa, esta pode influir no padrão de liberação e estabilidade dessas emulsões. As características básicas dos óleos influem grandemente nas características coloidais, da formulação e de aplicação das emulsões preparadas. A estabilidade da membra-na de óleo contra o vazamento do material aprisiomembra-nado também depende do tipo de óleo. Portanto, este estudo foi realizado em emulsões múltiplas a/o/a contendo diferentes óleos. O princi-pal objetivo foi preparar emulsões múltiplas estáveis e avaliar a melhora da estabilidade versus o tipo de óleo. A dispersão de todos os óleos vegetais da fase aquosa foi mais difícil do que a dispersão de hidrocarbonetos.

Este estudo constatou que níveis mais elevados de aprisi-onamento de sulfato de magnésio de emulsões a/o/a prepara-das com hidrocarbonetos, têm maior tensão interfacial, enquan-to que o grupo de triglicerídios mostrou menor grau de aprisio-namento, indicando que quanto maior for a polaridade do óleo (isto é, menor tensão interfacial), maior será a transferência. Em comparação com formulações de triglicerídios, as formulações com hidrocarbonetos apresentam maior capacidade de intumes-cimento, e melhor estabilidade.

Figura 3. Alteração do tamanho de gotículas múltiplas da formulação (DP±5) 5 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 D iâ m e tr o m é d io d o s g ló b u lo s ( m m ) Peso (g) 0 30 60 90 120 150 180 Tempo (dias) F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 0 10 20 30 40 50 60 70

Tabela 3. Resultados dos testes de estabilidade térmica nas emulsões a/o/a contendo diferentes óleos

Código Tipo de óleo Nome do óleo 40 oC 25 oC 4 oC

F1 Triglicerídio Óleo de amêndoa 6 meses 6 meses 4 meses

F2 Éster Miristato isopropila 4 meses 6 meses 6 meses

F3 Triglicerídio Ácido caprílico/cáprico 2 semanas >6 meses >6 meses F4 Hidrocarboneto Óleo mineral >6 meses >6 meses >6 meses

F5 Hidrocarboneto Esqualano 6 meses 6 meses 6 meses

F6 Triglicerídio Ácido caprílico/cáprico >4 meses >6 meses 4 meses

F7 Ácido carboxílico Ácido oléico 2 semanas 3 meses 3 meses

F8 Triglicerídio Óleo de soja 3 meses 3 meses 3 meses

F9 Triglicerídio Óleo de gergelim >6 meses >6 meses >6 meses Veja notas no rodapé da Tabela 1

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Concluindo, o tipo de óleo foi consi-derado responsável pelas característi-cas gerais do sistema de emulsão a/o/a, bem como pelas condições de liberação do marcador da fase interna e pelas ca-racterísticas de permeabilidade da cama-da oleosa. Também podem ser usacama-das misturas de óleos para modular as taxas de transferência de marcadores pela membrana oleosa e para melhorar a esta-bilidade da formulação.

Agradecimentos: Os autores

ex-pressam seu agradecimento à fessora Monique Seiller e ao Pro-fessor JL Grossiord por sua orien-tação e ajuda neste trabalho. Os autores também agradecem à Fundação de Pesquisa da Univer-sidade Ege pelo apoio financeiro.

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Referências

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