• Nenhum resultado encontrado

Thiago Alberto Coloda- Bianca de Andrade

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Thiago Alberto Coloda- Bianca de Andrade"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS EXISTENTES ENTRE AS

PROSTITUTAS E OS DEMAIS GRUPOS PROSTITUÍDOS,

MORADORES CIRCUNDANTES E POLICIAIS DA ÁREA CENTRAL

DE PONTA GROSSA – PR

Thiago Alberto Coloda- (thiagocoloda@hotmail.com) Bianca de Andrade – (biandrade_2006@yahoo.com.br)

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo identificar as representações

sociais de um dos grupos mais presentes na prostituição de Ponta Grossa: as mulheres. Essas mulheres que se prostituem tanto nas ruas da cidade quanto em pontos fixos edificados, mantêm relações com outros grupos que também fazem programas.

Palavras-chave: prostituição, mulheres, relações sócio-espaciais. Introdução

A pesquisa procurará demonstrar se existe uma relação harmônica ou conflituosa entre as prostitutas, os gays, as travestis, os michês, os moradores próximos aos locais de prostituição e os policiais. Mas as mulheres não dependem somente dos programas para sua sobrevivência. Precisam também de um espaço para ficar, e isso está relacionado com os moradores e com o comercio estabelecido nas áreas onde acontece a prostituição. Por isso se torna importante saber a relação existente entre os moradores, comércio e as prostitutas.

Essas mulheres, em muitos casos, ficam em situação de perigo quando os clientes se negam a pagar ou quando batem nelas. Por isso elas precisam da proteção e do apoio da polícia. Mas nem sempre isso acontece de maneira correta, pois ocorre o chamado abuso de poder. Cabe a pesquisa descobrir o que acontece na cidade de Ponta Grossa.

(2)

Ao fim, espera-se que com os resultados alcançados na pesquisa seja possível contribuir para uma melhoria nas questões que envolvem a sociedade juntamente com esse grupo de mulheres que se prostituem por diversos motivos.

Representações Sociais entre Grupos Prostituídos de Ponta Grossa

Na área central da cidade de Ponta Grossa – PR podem ser encontrados muitos grupos de pessoas que sobrevivem da prostituição. Garotas de programa, michês, gays e travestis se dividem em grupos e ficam na espera por pessoas que procurem por seus serviços. Mas afinal como acontece a representação social desses grupos entre si? Não se deve esquecer que esses grupos não mantêm apenas relações entre si, mas também com moradores, comerciantes e policiais. Alguns dos grupos se prostituem em espaços físicos edificados, outros nas ruas e ainda os que se prostituem em ambos locais.

Embasando-se na teoria das representações sociais de Serge Moscovici (2009), onde se pautará em compreender este fenômeno por meio de uma perspectiva coletiva dos grupos sociais acima citados. Mas, sem romper as individualidades dentro de cada grupo, por meio do discurso dos integrantes destes. Considera-se “representações” neste caso, as simbologias que cada grupo envolvido possui em suas características singulares, e o termo “sociais”, enquadra-se nas relações sociais entre os diferentes grupos, anteriormente elencados, presentes na pesquisa. Sendo assim, as simbologias construídas mediante as relações estabelecidas na área central de Ponta Grossa entre todos os grupos envolvidos podem ser compreendidas mediante embasamento nesta teoria. Entender como ocorre essas relações sociais, no dia-a-dia dessas pessoas, é fundamental para poder identificar os principais fatores que reproduzem os preconceitos de exclusão desses grupos anteriormente falados. Essas simbologias construídas, relacionam-se a cultura das pessoas que compõe esses grupos, bem como sua história de vida, que seguramente reflete em muitas de suas escolhas e atitudes atualmente, seja por vontade própria, seja por necessidade de sobrevivência.

(3)

O grupo central do trabalho são as prostitutas. Essa relação entre as prostitutas de rua e os demais grupos prostituídos acontece de distintos modos concomitantemente. Pois existem prostitutas que mantêm amizade com travestis, gays, michês, mas, existem também, prostitutas que possuem certas rivalidades com esses atores. Outra questão relevante relaciona-se ao fato de haverem situações conflituosas entre as próprias prostitutas, o que ocasiona mais uma questão que pode alterar a espacialidade desses grupos.

Todas essas situações acontecendo mutuamente, envolvendo grupos prostituídos diversos, circundados por uma sociedade eticamente construída por um modo de vivência já consolidado, constituem esse fenômeno. Essa perspectiva “correta” de como se deve portar socialmente é muito bem elucidada por Ornat (2008). O objetivo deste resumo visa apontar alternativas, mediante um estudo do evento, que possibilitem a diminuição destes conflitos entre os grupos prostituídos, e também que corroborem para a superação de pré-conceitos relevantes ao tema.

O espaço onde acontecem esses conflitos é variado, complexo e mutável, constituindo-se assim naquilo que Gillian Rose (1993 apud ORNAT, 2008, p. 46) conceitua como “Espaço Paradoxal”.

Segundo Nabozny (2006, p.4) este espaço enquanto um campo de lutas constitui-se como sendo:

(...) complexo, envolve variadas articulações e dimensões e se constitui uma interessante construção metodológica na geografia. A mulher não pode ser vista apenas como constituinte de um gênero, mas também da sexualidade, da raça, da religião e da classe social.

Nessa perspectiva, as mulheres que se prostituem, não podem mais ser vistas como apenas um elemento errado e sem importância social. Sofrendo diversas discriminações, sejam por meio de ofensas diretas ou indiretas, onde o constrangimento espacial se verifica pelas confissões dadas em entrevistas.

(...) Se eu achasse um serviço decente, eu ia encarar um serviço decente sabe? (...) Muita gente descrimina nóis, o pessoal da igreja, que tem gente dali que frequenta nóis. Rejeitam nóis assim como um cachorro (...) Chamam policia pra tirar nóis dali, eles fala que nóis tamo fazendo coisa que a gente não faz (RUIVA, 2011).

(4)

A Prefeitura Municipal de Ponta Grossa contribui para a manutenção da ONG Renascer no sentido financeiro, uma vez que destina parte de sua verba para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e também para a manutenção do salão de beleza que funciona na sede do Grupo Renascer. Isso pode ser visto como um avanço significativo para as pessoas envolvidas nessa causa. E também como uma importante alavancada em relação aos níveis governamentais, mostrando assim, uma postura de superação de pré-conceitos.

Outra concepção que pode ser usada para compreender o presente evento é a perspectiva adotada por Souza (2000), onde ele aponta que um mesmo território mostra diferentes formas durante o linear do tempo. Isto é, o local onde acontece a prostituição possui outras funções além dessa, como o de comércio varejista, a existência de prédios de saúde, locais de lazer etc. E, no período noturno ser uma área que passa a ter a função da prostituição como principal vetor. Alem disso, o mesmo lugar ocupado por um grupo de mulheres para a prostituição durante o dia, a noite é ocupado por um grupo diferente das pessoas que ficam ali no período diurno. Outro fator importante é que os grupos prostituídos possuem seus espaços já determinados, mas muitas vezes também se misturam. E é aqui que se torna importante uma pesquisa quanto às relações existentes entre esses grupos, para que possa haver uma melhor compreensão do cotidiano dessas pessoas.

Mais um dos aspectos importantes a ser analisado é se os moradores concordam ou não com as atividades praticadas pelas mulheres que se prostituem. Uma vez que as mesmas precisam de um lugar para se estabelecerem e trabalhar. As pessoas que moram ao redor das áreas de prostituição são importantes, pois caso as prostitutas vierem a sofrer algum tipo de violência, terão a quem recorrer, já que nem sempre o lugar é protegido por policiais. Aqui é identificado mais uma peça chave na pesquisa: os policiais.

A polícia nem sempre protege esses grupos que estão à margem da sociedade, mesmo que esses possuam razão. E como o estudo se propõe a pesquisar o caso de Ponta Grossa, se torna indispensável à informação de como a polícia age em relação às prostitutas. Um exemplo dessa relação pode ser verificado no trabalho de Rodrigues (2003), onde a autora aponta um abuso de poder por parte dos policiais, afirmando que eles:

(5)

Havia ocasiões ainda em que eram eles, os próprios agentes da lei, que se colocavam como os exploradores. Utilizando-se de seu poder e autoridade, negociavam proteção ou simplesmente a não fiscalização do “negócio” em troca do recebimento de favores sexuais das prostitutas sem, entretanto, submeter-se à relação contratual estabelecida normalmente com os clientes (p.33).

Com isso, a importância de investigar e compreender como acontece a relação entre os policiais e as prostitutas em Ponta Grossa – PR ganha maior relevância.

Considerações Finais

Como resultados preliminares encontrados até o presente estágio do trabalho foi possível identificar algumas das relações estabelecidas entre as mulheres que se prostituem, com outros grupos que também se prostituem na cidade.

Outro ponto esclarecido se remete as questões sociais de vida dessas mulheres. Pois os preconceitos muitas vezes aparecem dentro do próprio lar dessas moças, que acabam precisando esconder seu ofício dos pais, dos filhos, dos amigos para poderem se inserir na companhia dessas pessoas. Não sendo assim excluídas dos círculos sociais familiares. Isto é, para que elas possam ter uma vida dentro dos moldes éticos sociais atuais, onde prostituição é vista com olhar de exclusão, elas acabam precisando omitir que são prostitutas para poderem ter família e amigos.

Suas relações com os moradores e comerciantes das áreas circundantes aos locais de prostituição ocorrem de duas maneiras possíveis de caracterização até o momento. A primeira é violenta, onde as meninas são fortemente ofendidas e expulsas das proximidades dos estabelecimentos comerciais principalmente. A segunda maneira é pacífica, ou seja, os comerciantes são cordiais, não exigem que elas não se aproximem da sua área comercial, apenas pedem muitas vezes para que não fiquem em frente à porta ou que façam programas especificamente na frente do posto comercial. Com relação às casas, até o momento não foi possível identificar quaisquer problemas nesse sentido. Já na relação com os policiais, até agora foi possível verificar que os policiais mantêm uma relação harmoniosa com as prostitutas, não abusando de seu poder junto a elas.

(6)

REFERENCIAS

MOSCOVICI, S. Representações Sociais: Investigações em Psicologia Social. Trad. Pedrinho A. Guareschi. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2009. 404 p.

NABOZNY, A. Uma discussão sobre gênero e acesso ao espaço urbano: o paradoxo da participação política cívica e da participação no Estado. Revista de História

Regional. Ponta Grossa: Dep. História, UEPG. Vol.11(1), verão de 2006. p. 07-28.

ORNAT, M. J. Território da prostituição e instituição do ser travesti em Ponta

Grossa – Paraná. 2008, 160 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade

Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 2008.

Prefeitura Municipal de Ponta Grossa. Disponível em: <http: www.pontagrossa.br.gov.br>. Acesso em: 18 ago. 2011.

PROSTITUTA. Entrevista com prostituta de rua. Entrevistadores: Bianca de Andrade e Thiago Alberto Coloda. Ponta Grossa: 2011. Gravador de som.

RODRIGUES, M. T. Polícia e Prostituição Feminina em Brasília – Um Estudo de

Caso. 2003, 369 f. Tese (Doutorado em Sociologia) – Universidade de Brasília,

Brasília, 2003.

SOUZA, M. L. O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento. In: CASTRO, I. E.; GOMES, P C C.; CORRÊA, R. L. (Orgs.). Geografias: Conceitos e

Referências

Documentos relacionados

Neste trabalho é realizada a valoração econômica dos impactos ambientais da cadeia de produção de um sistema solar fotovoltaico de 570 kWp, através de Avaliação de

Considerando o estudo de caso como método de trabalho, que possui como objetivo verificar a aplicação da Lei de Responsabilidade Fiscal no que se refere aos gastos de

Firstly, they provide you with information about two functional roles common in business - a senior member of the salesforce and the chairing of a committee planning the use of

nome representa o nome pelo qual a função será chamada ao longo do programa; argumentos são informações externas transmitidas para a função (podem não existir).. Todo programa

Desse modo, o processo de execugao e meio de acesso a satisfagao de direito j a estabelecido e m sentenga ou em titulo executivo certo, liquido, e exigivel, nao cumprido de

Produto Interno Bruto Programa de Integração Produtiva do Mercosul Programas Intensivos de Formação e Especialização da Mão de Obra Programa de Integração Social Plano Nacional

2.2 Objetivos Específicos i Propagar vegetativamente plantas adultas de erva-mate em estufa, por meio da estaquia de brotos de ano, com diferentes comprimento de estacas e doses de

Centro Empresarial Encol, Liberty Mall, Torre B, sala 1022, Brasília – DF, CEP: 70712-903, outorgando-lhes os poderes da cláusula ad-judicia, em qualquer instância ou