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Revista Eletrônica de Biologia

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Revista Eletrônica de Biologia

REB Volume 5 (2): 73-82, 2012

ISSN 1983-7682 .

_______________________________________________________________ A Importância da Formação Tremembé, Bacia de Taubaté (SP), Para O

Ensino de Paleontologia

The Importance of Training Tremembé, Taubaté Basin (SP) For the Teaching of Paleontology

Rafael Delcourt de Seixas Ferreira¹; Eliane de Siqueira². Curso de Ciências Biológicas/PUC- SP. 2 Departamento de Morfologia e Patologia/PUC- SP, Laboratório

de Geociências/UNG. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC-SP, Campus Sorocaba, SP.

e-mail contato: : rafael@kremakao.com

Resumo

A Paleontologia é a ciência que estuda os restos de animais pretéritos por meio de fósseis. Desde longa data que a sociedade apresenta interesse pela disciplina, entretanto somente a cerca de 300 anos é que começou a ser estudada cientificamente. Atualmente encontra-se interessada pela grande maioria das pessoas, por se tratar do estudo das origens da vida, suas modificações, classificações e formação da Terra. No Brasil o contexto paleontológico difere das sociedades mais tradicionais pelo recente interesse das instituições científicas, porém já apresenta pesquisas importantes de cunho internacional. Todavia os núcleos de pesquisa paleontológica concentram-se no Sul e Sudeste do país, e entre o público universitário da área, excluindo o cidadão comum e o ensino básico, apesar dos esforços das instituições para popularizar a ciência. A presente pesquisa fez um estudo da importância da Formação Tremembé, Bacia de Taubaté, para o ensino de paleontologia na educação básica e universitária. A formação foi visitada, teve fósseis coletados com martelos estratigráficos, codificados e guardados no acervo da FCMS, PUC – SP. Os materiais estudados foram descritos quanto às categorias e processos de fossilização. Concluiu-se que a Formação Tremembé oferece ampla capacidade de proporcionar estudos in situ de paleontologia para ensino básico e universitário. Palavras chaves: Paleontologia, Brasil, ensino, Tremembé, Taubaté, acervo.

Abstract

Palaeontology is the science that studies the remains of animals bygone through fossils. Since a long time the company has interest in the discipline, however only

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about 300 years has begun to be studied scientifically. Now is concerned by the vast majority of people, because it is the study of the origins of life, its modifications, classifications and formation of the Earth. In Brazil, the paleontological context differs from more traditional societies by the recent interest of scientific institutions, but already has important research of international orientation. But the paleontological research centers are concentrated in South and Southeast, and among the public universities in the area, excluding ordinary people and basics education, despite the efforts of institutions to popularize science. This research is a study of the importance of Tremembé Formation, Taubaté Basin, to the teaching of paleontology in basic education and university. The formation was visited, had with stratigraphic hammers fossils collected, coded and stored in the FCMS, PUC - SP collection. The materials studied were described by the categories and processes of fossilization. It was concluded that the Tremembé Formation offers ample capacity to provide in situ studies of paleontology for school and university.

Key Words: Paleontology, Brazil, teaching, Tremembé, Taubaté, collection.

1. INTRODUÇÃO

A Paleontologia é a ciência que estuda restos de organismos há muito desaparecidos por meio de evidências: os fósseis (fossilis = extraído da terra). O termo Paleontologia (palaios = antigo, ontos = ser, logos = estudo) foi utilizado pela primeira vez em 1834 pela literatura geológica. Trata-se de uma ciência que abrange a história da deriva continental, mudanças climáticas, evolução da fauna e flora e extinções em massa ao longo do tempo geológico. (Cassab, 2004)

O estudo científico de fósseis começou cerca de 300 anos, entretanto desde os filósofos gregos já havia compreensão a respeito da natureza dos mesmos. Durante a Idade Média foram encarados como obras divinas ou produtos de uma “força plástica”, mas sabia-se que se tratavam de restos de seres antigos (Figueiredo et al., 2007).

O ensino de Paleontologia desperta interesse na sociedade, que tem demonstrado importância para o estudo da história da Terra, suas origens e desenvolvimento. Sobral et al. (2007) cita Schwanke & Silva (2004) sobre o ensino de paleontologia dizendo que “o universo do saber paleontológico encontra-se permeado por conceitos, interferências, e interpretações referentes ao mundo e à vida passada, que são resultantes de séculos de investigação científica e possibilidades tecnológicas que permitem ao homem atual desvendar e recontar a História da Vida na Terra. Este conhecimento tem sido fruto do trabalho de pesquisadores nacionais e estrangeiros, que ao fazerem

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A necessidade do Brasil de afirmar-se cientificamente ante as comunidades tradicionais através de especializações e exploração dos terrenos fossilíferos tem sido suprida pela atuação do Departamento Nacional da Produção Mineral – DNPM – oriundo do Conselho Nacional de Petróleo, da Petrobrás. Infelizmente a Paleontologia é pouco conhecida no país pelo público geral, inclusive universitário, com exceção das comunidades paleontológicas e geológicas. (Pinto & Souza, 2007)

No Brasil os núcleos de estudos de paleontologia concentram-se nas faculdades de Ciências da Terra e Ciências Biológicas, especificamente no Sul e Sudeste do país. Todavia importantes depósitos sedimentares e fossilíferos no Nordeste já têm proporcionado descobertas e estudos respeitáveis apesar dos poucos centros de referências, como a Universidade Federal de Pernambuco e o Museu de Paleontologia de Santana do Cariri (Figueiredo et al., 2007).

No que diz respeito às formações importantes para estudos paleontológicos, destaca-se a Bacia de Taubaté. É uma bacia caracterizada pela riqueza de material fossílifero e está situada entre os principais centros urbanos brasileiros e dos centros de ensino e pesquisa mais fundamentais. (Freitas, 2007) Geograficamente, está entre as Serra do Mar e da Mantiqueira, no Planalto Atlântico. Apresenta uma forma alongada com média de 170 Km de comprimento e 25 Km de largura, e uma profundidade sedimentar máxima de 850 m (Vidal et al., 2004). Trata-se de uma bacia sedimentar do período Terciário, cuja formação está ligada com a abertura do Oceano Atlântico. (Torres-Ribeiro & Borghi, 2007) É uma bacia formada por embasamentos pré-cambrianos, Formação Resende, Formação Tremembé, Formação Pindamonhangaba, Formação São Paulo e sedimentos quaternários (Freitas, 2007).

Em função do fraco contexto do ensino de paleontologia no país que contempla mais o público acadêmico que a educação básica, e considerando a abundância de material fóssil da Bacia de Taubaté, a presente pesquisa teve como objetivo analisar a importância da Formação Tremembé, Bacia de Taubaté, para o ensino de paleontologia no sudeste brasileiro.

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2. METODOLOGIA

Os materiais estudados foram fósseis da Formação Tremembé, na Fazenda Santa Fé, 22º 57’ S e 45º 32’ W (Oliveira et al., 2002) (figura 1), localizada na Bacia de Taubaté (figura 2). A formação é caracterizada pela riqueza de jazigos fossíliferos, compostos por plantas, vertebrados, invertebrados e icnofósseis (Torres-Ribeiro & Borghi, 2007). O Local possuiu um paleoclima subtropical/tropical no interior do vale e mais frio ao redor, com um paleoambiente lacustre de águas calmas, fator que justifica a qualidade dos materiais fósseis da região (Melo et al., 2007)

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Figura 2: Mapa de localização da Bacia de Taubaté (retirado de MELO et al., 2007).

Os fósseis foram coletados com o uso de martelos estratigráficos e espátulas, embalados em papel jornal e colocados em caixas de papelão, onde foram levados para a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, no campus de Sorocaba, Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (PUC – SP, FCMS). Em seguida os materiais foram abertos, triados, limpos com pincéis e codificados no Laboratório de Ecossistemas pelos diversos grupos de alunos que realizaram as coletas.

Para a catalogação, utilizou-se um sistema de codificação de letras e números, cuja primeira letra correspondente ao grupo fóssil, podendo ser seguida de letra minúscula; a segunda referente à formação de origem e os números referentes à ordenação dos materiais. Por exemplo:

VgT 01

Onde Vg indica vegetal; T indica Formação Tremembé; e 01 é o número do exmplar.

Foram utilizadas fichas de codificação, as quais forneciam numerações para cada grupo fóssil; corretivo escolar, para marcar os fósseis e caneta

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porosa, a fim de escrever por cima da marcação. A marcação foi impermeabilizada com esmalte incolor comum. As coletas são feitas anualmente desde 2007 durante as saídas a campo para a disciplina de Paleontologia, aumentando o número de material constantemente.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os fósseis devidamente codificados fazem parte da coleção do acervo didático da FCMS e estão alocados em um armário de ferro.

O material foi codificado de acordo com os códigos propostos da tabela 1:

Tabela 1: Códigos utilizados para fósseis da Formação Tremembé.

Códigos utilizados Descrição do material

IcT XX Icnofósseis VgT XX Vegetais diversos PT XX Peixes OT XX Ostracodes CoT XX Coprólitos BT XX Borboletas

O processo de fossilização que cada grupo de organismo sofreu é levado em consideração para o ensino de paleontologia no estudo de tafonomia (tabela 2):

Tabela 2: Categorias e processos de fossilização dos materiais da Formação

Tremembé do acervo da FCMS.

Grupo de organismos Categorias de

fossilização

Processos de fossilização IcT Preservação autigênica e

evidências indiretas de vida no passado

Pistas

VgT Carbonificação Por compressão

PT Preservação Duripartic Preservação do material original OT Preservação Duripartic/ Preservação autigênica e evidências indiretas de vida no passado Preservação do material original/Moldes

CoT Preservação autigênica e evidências indiretas de vida no passado Moldes BT Preservação autigênica e evidências indiretas de vida no passado Moldes

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Em função da riqueza do jazigo fossilífero da Formação Tremembé (Torres-Ribeiro & Borghi, 2007), este se torna um ponto importante de coleta e estudo da disciplina de Paleontologia em escolas e faculdades. Organismos fossilizados apresentam boa qualidade, como já explicado, e proporcionam um excelente material didático, também em função da variedade de fósseis encontrados (figura 3).

Figura 3: Fósseis da Formação Tremembé. 1: Icnofósseis; 2: vegetal; 3: ostracodes (pontos

brancos distribuídos pelo folhelho); 4: peixe osteichthye; 5: coprólito. A moeda confere escala de tamanho.

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Quanto a possibilidade de ensino da paleontologia nas escolas, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) preveem flexibilidade e autonomia para os professores lecionarem a disciplina de maneira mais dinâmica, coerente, integrativa e estimulante, todavia a Paleontologia não tem sido priorizada nos estudos de ciências (Sobral et al., 2007), senão em faculdades relacionadas à área.

A facilidade de encontrar fósseis, a boa qualidade desta e a localização da formação e a abertura da lei faz que o ensino de paleontologia seja mais viável e prático, tanto para escolas como para faculdades do sudeste brasileiro. Além da cidade de Taubaté, próxima ao município de Tremembé, contar com o Museu de História Natural de Taubaté (MHNT), que pode ter visitas incluídas às saídas à campo de pesquisa. O MHNT possui um acervo considerado de fósseis e réplicas de importantes holótipos, e incentiva o estudo da disciplina.

4. CONCLUSÃO

O ensino de Paleontologia deve ser aplicado no currículo da formação básica de todo cidadão, independente das aspirações acadêmicas e profissionais, em função da importância desta disciplina, mas sempre superando conceitos tradicionais de classificação taxonômicas e estratigráficas, pois o paleontólogo oferece o conhecimento das origens e da história da vida para o cidadão comum e o especialista (Henriques, 2007).

A Formação Tremembé é um excelente local de afloramentos com estratos ricos em fósseis e proporciona estudos paleontológicos in situ tanto para o público da educação básica como universitário do Sudeste brasileiro, em função da proximidade com os principais centros urbanos. O material coletado fornece importantes dados sobre tafonomia, confere oportunidade de prática de curadoria de museu e classificação taxonômica.

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REFERÊNCIAS

Cassab, R. C. T. Objetivos e Princípios. In: CARVALHO, I. S. (ed.).

Paleontologia. 2ªed., Rio de Janeiro, Interciência, 2004.p.1-11.

Figueiredo, A. E. Q., Fortier, D. C. & Porto, V. B. Caracterização do acervo do Laboratório de Paleontologia da Universidade Estadual do Ceará: Fósseis do Membro Crato. In: CARVALHO, I. S. et alii. (eds.)

Paleontologia: Cenários da Vida. 1ª ed., v. 2, Rio de Janeiro,

Interciência, 2007.p. 90-99.

Freitas, M. S. Estratigrafia de Alta Resolução e Geoquímica Orgânica da

Formação Tremembé, Terciário da Bacia de Taubaté, na região de Taubaté-Tremembé-SP. Programa de Pós-graduação em Análise de

Bacias e Faixas Móveis, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2007. 98 p.

Henriques, M. H. P. Paleontologia – Uma ponte entre as geociências e a sociedade. In: CARVALHO, I. S. et alii. (eds.) Paleontologia: Cenários

da Vida. 1ª ed., v. 2, Rio de Janeiro, Interciência, 2007.p. 41-49.

Melo, D. J., Bergpvist, L. P. & Alvarenga, H. M. F. Considerações paleoecológicas sobre os Notoungulados da Formação Tremembé, Bacia de Taubaté (São Paulo, Brasil) Anuário do Instituto de

Geociências – UFRJ. n.1, v. 30, p. 77-82, 2007.

Oliveira, M. E. C. B., Lacerda, A. F. M., Garcia, M. J. & Campos, C. C. Fazenda Santa Fé (Tremembé), SP – A maior associação de fósseis do Terciário brasileiro. In: SCHOBBENHAUS et alii. (eds.) Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. 1ª ed.,v.1, Brasília, DNPM/CPRN, p. 63-71,

2002.

Pinto, F. M. & Souza, A. R. A Paleontologia e as Geociências no Brasil dos séculos XIX e XX. In: CARVALHO, I. S. et alii. (eds.) Paleontologia:

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Cenários da Vida. 1ª ed., v. 2, Rio de Janeiro, Interciência, 2007. p.

31-39.

Schwanke, C. & Silva, M. A. J. Educação e Paleontologia. In: CARVALHO, I. S. (ed.) Paleontologia, 2ª ed. Rio de Janeiro, Interciência, 2004. p. 123-130.

Sobral, A. C. S., Siqueira, M. H. Z. R. & Machado, S. R. G. Jogos educativos para o ensino de paleontologia na educação básica. In: CARVALHO, I. S. et alii. (eds.) Paleontologia: Cenários da Vida. 1ª ed., v. 2, Rio de Janeiro, Interciência2007. p. 13-22.

Torres-Ribeiro, M. & Borghi, L. O uso de microfácies sedimentares na caracterização de potenciais rochas selantes e geradoras de um sistema lacustre paleogênico na Bacia de Taubaté. In:4ª PDPETRO. p.21-24, 2007.

Vidal, A. C., Fernandes, F. L. & Chang, H. K. Distribuição dos arenitos da Bacia de Taubaté – SP. Geociências – UNESP. n. 1/2, v. 23, p. 55-66, 2004.

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