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ANÁLISE COMPARATIVA DAS TRILHAS SITUADAS NA REGIÃO SUL DO MUNICÍPIO DE UBATUBA-SP, VISANDO O SEU MANEJO E AS POTENCIALIDADES TURÍSTICAS

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ANÁLISE COMPARATIVA DAS TRILHAS SITUADAS NA REGIÃO SUL DO MUNICÍPIO DE UBATUBA-SP, VISANDO O SEU MANEJO E AS

POTENCIALIDADES TURÍSTICAS

RAFAEL PEREIRA MOREIRA¹ ANTÔNIO JOSÉ TEIXEIRA GUERRA² LEONARDO DOS SANTOS PEREIRA³ MARIA DO CARMO OLIVEIRA JORGE4 1 Universidade Federal do Rio de Janeiro

rafaelmoreira1987@hotmail.com 2 Universidade Federal do Rio de Janeiro 3 Universidade Federal do Rio de Janeiro 4 Universidade Federal do Rio de Janeiro

Resumo

As trilhas situadas na região sul no município de Ubatuba – SP são umas das principais atividades geoturística, no que concerne visitantes (turistas, ou a população local) atraídos por uma paisagem exuberante, que se destinam ao lazer, educação e ciência. No entanto, o uso incorreto das trilhas pode causar sérios danos ao meio ambiente, como, por exemplo, a formação de canais erosivos que resultam em áreas degradadas, podendo interditar o caminho e, consequentemente, dificultar o acesso às pessoas. Portanto, é de suma importância apontar e diagnosticar as causas e mitigar os impactos ambientais provocados pela ação antrópica, considerando as características físicas, mecânicas e estruturais do solo, além de analisar como o homem intervém no espaço geográfico. Nesse sentido, o trabalho consistiu em coletar amostras de solo deformada e volumétrica (trilha e talude) e fazer uma comparação das trilhas da praia do Bonete e da cachoeira da Água Branca, que estão, parte delas, localizadas no Parque Estadual da Serra do Mar, onde o seguinte estudo teve como objetivo analisar as propriedades físicas do solo. Ao longo do percurso da trilha do Bonete se observa a presença de ravinas e crostas, isso devido ao pisoteio e à retirada da vegetação uma vez que a trilha tem como destino a praia do Bonete. A trilha da cachoeira da Água Branca, apesar de não ter expressivo fluxo de indivíduos, apresenta características físicas do solo suscetíveis aos processos erosivos. Portanto, se faz necessário medidas para alcançar o equilíbrio entre sociedade e natureza, e, assim, associar o manejo de trilhas às suas potencialidades e limitações.

Palavras chave: Áreas degradada. Geoturismo. Trilhas.

Abstract

The trails located in the southern of Ubatuba Municipality, Sao Paulo State, are one of the main geoturistic activities, regarding visitors (tourists or locals) attracted by the landscape, designed to leisure, education and science. However, the incorrect use of the trails can cause serious damage to the environment, for example, the formation of erosion features that result in degraded areas, and may damage the path and therefore hinder access to people. It is

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therefore very important to assess the causes and mitigate environmental impacts caused by human action, considering the physical, mechanical and structural soil, and analyze how man intervenes in geographic space. In this sense, the research work was to collect soil samples from the trail and the contiguous talus and to make a comparison of the Bonete beach trails and the Água Branca waterfall, which is part of them, located in the Serra do Mar State Park where the the study aimed to analyze soil physical propertiesl. On Bonete trail it can be observed the presence of rills and crusts, due to trampling and removal of vegetation once the trail reaches Bonete beach. Cachoeira da Agua Branca trail, although it has no significant flow of tourists its soil physical characteristics may cause erosion. Therefore, it is necessary to attain the balance between society and nature, and thus associate the management of trails to their potential and limitations.

Keywords: Degraded areas. Geotourism. Trails.

1. Introdução

O presente estudo procura fazer uma análise comparativa de duas trilhas situadas na região sul de Ubatuba –SP, a trilha que tem como destino a praia do Bonete e a outra trilha que tem como destino a Cachoeira da Água Branca. Com objetivo de avaliar o potencial geoturístico e os impactos ambientais decorrentes do uso incorreto das trilhas.

A trilha é um fator importante para o deslocamento de pessoas até as áreas de atrativos naturais, onde as características no seu entorno são dotadas de belezas cênicas, configurando uma paisagem exuberante de grande potencial geoturístico. No entanto, segundo Kroeff (2010) Em diversos estudos realizados sobre trilhas, percebe-se a procura cada vez maior por áreas naturais, o que ameaça a conservação dessas e preconiza a necessidade de se combater ou atenuar os impactos causados pelo seu uso e por seus usuários.

De acordo com Takahashi (1998), o pisoteio das trilhas compacta os solos alterando sua porosidade em razão da redução do volume de macroporos. Este aumento na compactação eleva a resistência mecânica do solo à penetração de raízes e à infiltração de água, reduzindo a regeneração natural. Assim quando o pisoteio é frequente, o solo compactado provoca a selagem do mesmo e aumenta sua susceptibilidade à erosão e perda de matéria orgânica.

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1.1. Área de Estudo

Ubatuba é um município localizado no litoral norte do estado de São Paulo e limita – se ao norte com Paraty (RJ), a sul com Caraguatatuba, a oeste com Cunha, São Luiz do Paraitinga e Natividade da Serra e a leste com o Oceano Atlântico. O município possui 712 km², com 78.801 habitantes Ibge (2010) e uma população flutuante de cerca de 300 mil pessoas em épocas de temporada (dezembro a março), chegando em alguns momentos a picos de 800.000, como Réveillon e Carnaval, de acordo com a Secretaria de Turismo de Ubatuba. Jorge et al. (2014) Nesse sentido, a principal atividade econômica

é o turismo, embora seja bastante predatório e, com isso, tem causado sérios danos ao meio ambiente

Figura 01. Localização das trilhas da Praia do Bonete e da Cachoeira da Água Branca.

Elaboração Rafael França, 2014.

2. Metodologia de trabalho

A pesquisa consiste em duas etapas, coletas de campo e análises laboratoriais. Ao longo das trilhas foram coletadas oito amostras de solo deformado e volumétrico, tanto no leito da trilha como no talude contíguo

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(TA/TR 6, TA/TR 7, TA/TR 8, TA/TR 9). O mesmo foi coletado para a trilha da cachoeira Água Branca (TA/TR 10, TA/TR 11, TA/TR 12 E TA/TR 13).

Durante as coletas, ao longo da trilha, foi feito o georreferenciamento dos pontos de coleta, com o uso do GPS Garmin, bem como em cada ponto foi feita a medida da largura da trilha e determinada a declividade da trilha e do talude, com o uso da bússola de geólogo Brunton, além do registro fotográfico. Foram elaboradas as seguintes análises no laboratório de Geomorfologia da UFRJ, utilizando a metodologia da Embrapa (2011): densidade aparente, por meio da coleta de solo volumétrico, em anéis de Kopeck de 100 cm3. E as amostras deformadas foram utilizadas para fazer análise de porosidade total através da densidade real, sendo calculada com a densidade aparente para ver o grau de compactação do solo. Além disso, estas amostras serviram para fazer análise granulométrica, com objetivo de verificar o percentual de silte, areia e argila.

No gabinete foi feito o levantamento bibliográfico e a leitura de artigos, teses, dissertações e livros sobre áreas degradadas, erosão, geoconservação, turismo e unidades de conservação.

3. Resultados e Discussão.

A Trilha do Bonete, no seu percurso, variou a declividade no leito da trilha entre 1 a 20 graus, e no talude 19 a 48 graus, e a largura da trilha variou de 90 cm até 2,5m. Essa medida da largura significa uma área relativamente considerável de desmatamento, contribuindo, assim, para os processos erosivos.

Já na Trilha da Água Branca, o leito da trilha apresentou variação da declividade entre 06 e 12 graus e no talude de 20 e 60 graus, e a largura da trilha variou entre 60 cm e 90cm. A declividade acentuada desta trilha é um fator que potencializa a energia cinética da chuva, podendo gerar canais erosivos.

Ao analisar o gráfico, constatou-se que na trilha do Bonete as amostras do talude e da trilha apresentaram o percentual de porosidade de 47% e 42,2%, respectivamente. Enquanto que na Trilha da Água Branca, a porosidade no

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talude foi de 55,7% e na trilha 50% (Figura 2 A e B). Isso mostra que a passagem de pessoas compacta a trilha e o talude apresenta menor compactação.

A Trilha do Bonete, onde foram coletadas amostras da trilha e do talude, deram em média valores de 1,52 g/cm³ e 1,3 g/cm³ de densidade aparente, respectivamente. Já na Trilha da Água Branca, a densidade aparente teve em média na trilha 1,17 g/cm³ e o talude 1,07 g/cm³ (Figura 2 A e B). O mesmo aconteceu na Trilha da Água Branca, mostrando que a passagem de pessoas compacta a trilha.

Um dado relevante foi o ponto 7 na Trilha do Bonete, pois teve alto valor da densidade aparente na trilha e no talude, chegando a 1,7 g/cm³ e 1,6 g/cm³, respectivamente e, consequentemente, a porosidade obteve um percentual baixo de 34% na trilha e 39% no talude. A Trilha da Água Branca não teve uma variação significativa da densidade aparente e da porosidade.Embora a trilha no ponto 12 apresenta uma alto valor na densidade aparente.

Figura 2- Gráficos da análise de densidade aparente e porosidade. Trilha do Bonete (A) e Trilha da Água Branca (B).

(A) (B)

Feita a análise granulométrica, os pontos da Trilha do Bonete tiveram os seguintes percentuais em média, talude: areia grossa 42,6%, areia fina 15,2%, silte 17,4 % e argila 24,5%. E na trilha os pontos obtiveram em média percentuais de areia grossa 41,7%, areia fina 14,5%, silte 21,2% e argila 22,9% (Figura 3 A).

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Na Trilha da Água branca foi encontrado em média os percentuais do talude: 45,2% de areia grossa, areia fina 13,2 %, silte 27,4 % e argila 13,9%. Já na trilha os percentuais em média foram de areia grossa 50,2%, areia fina 11,7%, silte 27,8 % e argila 9,9% (Figura 3 B).

Figura 3- Gráficos da análise granulométrica. Trilha do Bonete (A) e Trilha da Água Branca (B).

(A) (B)

Na Trilha do Bonete ocorre a transição do solo franco argiloso (TA 6 E TR6) para o franco argilo arenoso (TA 7 E TR7) e em seguida o solo franco arenoso se torna contínuo (TA 8, TR 8, TA 9 E TR9). No ponto 6, a presença de sedimentos vindo da encosta se torna significativo na trilha e no talude. Logo após, no ponto 7, observa – se a presença de ravinas, denotando a alta densidade aparente e baixa porosidade. Já no ponto 8 e 9, a trilha não possui feições que levem a serem suscetíveis aos processos erosivos (Tabelas 1 e 2).

Já na Trilha da Água Branca, a presença de raízes e serrapilheira são visíveis ao longo do percurso e a declividade é bastante acentuada no talude, chegando até 60 graus. O solo é constituído predominantemente por frações arenosas em todos os pontos, sendo classificado como franco arenoso, correspondendo, assim, a um alto grau de susceptibilidade à erosão (Fullen & Catt, 2004; Guerra, 2010). Isso se deve a ser uma trilha com menos passagem de pessoas.

TABELA 1. Classificação textural e características do solo.

Pontos da trilha Classificação textural do solo Declividade em graus

Características do solo

TA 6 Franco argiloso 48

TR 6 Franco argiloso 20

TA 7 Franco argilo arenoso 42

TR 7 Franco argilo arenoso 19

TA 8 Franco arenoso 25

TR 8 Franco arenoso 2

TA 9 Franco arenoso 19

TR 9 Franco arenoso 1

Solo residual Solo residual com

ravina Trilha não degradada Solo com muita

pedegrosidade

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TABELA 2. Classificação textural e características do solo.

5. Conclusões

Diante das análises pode-se constatar que a passagem de pessoas pela Trilha do Bonete vem compactando os solos, pois a densidade aparente obteve o valor médio de 1,52 cm/g³ e 1,3 cm/g³, sobretudo no ponto TR 6 E TR 7, onde a densidade aparente alcançou valores de 1,6cm/g³ e 1,7 cm/g³, respectivamente. De acordo com Guerra (2012), O aumento da densidade aparente é significativo, pois diminui a porosidade, dificultando a infiltração de água no solo, formando as poças, que se interligam e começam o processo de escoamento, dando início aos processos erosivos.

Na Trilha da Água Branca, a cobertura vegetal densa e o menor fluxo de pessoas provocou um solo pouco compactado e bastante poroso. No entanto, a classificação franco arenosa e o alto grau de declividade ao longo da trilha, proporciona também susceptibilidade aos processos erosivos (Fullen & Catt, 2004; Morgan, 2005; Goudie & Boardman, 2010; Guerra, 2010; Guerra & Cunha, 2012).

Referências

EMBRAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (2011). Manual de Métodos de

Análise de Solo. Ministério da Agricultura e do Abastecimento, Rio de Janeiro, 230p.

FULLEN, M.A.; CATT, J.A. (2004). Soil management – problems and solutions. Oxford, Oxford University Press.

GOUDIE, A.S. e BOARDMAN, J. (2010). Soil erosion. In: Geomorphological Hazards and Disaster Prevention (orgs. I. Alcántara-Ayala & A.S. Goudie), pp. 177-188, Cambridge University Press, Cambridge

GUERRA, A.J.T. (2010). O início do processo erosivo. In: GUERRA, A.J.T., SILVA, A.S. e BOTELHO, R.G.M. (orgs.). Erosão e conservação dos solos - conceitos, temas e aplicações. Rio de Janeiro, Editora Bertrand Brasil, 5ª edição, 15-55.

GUERRA,A.J.T. (2012). Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos.In: GUERRA, A.J.T. e CUNHA, S.B. (orgs.). Rio de Janeiro, Editora Bertrand Brasil,11ª edição, 149 – 155. JORGE,M.C.O.;PEREIRA,L.S.;GUERRA,A.J.T;MOREIRA,R.P.(2014).Potencial geoturístico em unidades de conservação: um estudo da trilha cachoeira da água branca situada no parque estadual da serra do mar, município de Ubatuba – SP. Revista GEONORTE, Edição Especial 4, V.10, N.10, p.458 – 465,2014.

Pontos da trilha Classificação textural do solo

Declividade em graus Características do solo TA 10 Franco arenoso 20 TR 10 Franco arenoso 6 TA 11 Franco arenoso 58 TR 11 Franco arenoso 8 TA 12 Franco 40 TR 12 Franco arenoso 9 TA 13 Franco 60 TR 13 Franco arenoso 12 Presença de raíz e muito arenoso Presença de raíz e muito arenoso Presença de raíz e muito arenoso Presença de raíz e muito arenoso

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TAKAHASHI, L. Y. Caracterização dos visitantes, suas preferências e percepções e avaliação dos impactos da visitação pública em duas unidades de conservação do Estado do Paraná. 1998.

KROEFF, L. L. (2010). Contribuição metodológica ao planejamento de trilhas ecoturísticas no

Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO), RJ. 2010. 199 f. Dissertação (Mestrado em

Geografia)– Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. http://www.ibge.gov.br/home/ - Acesso em 20/10/2014.

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