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Redução da fadiga, uma estratégia ergonômica de competitividade no processo da produção industrial

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Academic year: 2021

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Redução da fadiga, uma estratégia ergonômica de competitividade no

processo da produção industrial

Herus Pontes – (CEFET-PR) herus@pb.cefetpr.br

Luis Maurício Martins de Resende, Dr. – (CEFET-PR) luis.resende@pg.cefetpr.br

Magda Lauri Gomes Leite, Drª. – (CEFET-PR) magda@pg.cefetpr.br

Antonio Augusto de Paula Xavier, Dr. – (CEFET-PR) augustox@cefetpr.br

Resumo:

A fadiga e a competitividade em manufatura são dois elementos que merecem tratamento individualizado dentro da organização, já que aquela exerce força negativa, e esta, positiva. O presente artigo visa, através de uma revisão bibliográfica, num primeiro momento, discutir a competitividade em manufatura e, num segundo, a fadiga como fator de interferência na competitividade das empresas. Observa os seus reflexos no consumidor final, e discute a preservação da integridade física e mental do trabalhador, dando-lhe condição de melhorar o desempenho funcional. Isso reflete por inteiro na melhoria do processo, aumenta a produtividade, a qualidade dos produtos e serviços e torna a empresa mais competitiva no mercado de atuação. O sucesso da competitividade de uma empresa tem conseqüências na manufatura, apresenta desempenho superior aos dos concorrentes e amplia as condições de atendimento do mercado com maior eficiência e eficácia.

Palavas-Chave: Competitividade, Fadiga, Ergonomia.

1. Introdução

A indústria vem experimentando transformação sem limites, tanto no campo da competitividade, quanto na evolução do potencial humano. O aumento da cultura, a evolução dos equipamentos e a exigência do mercado consumidor, tudo tem contribuído para o repensar na adequação homem-máquina. Com a automação dos processos e o aumento da repetitividade das operações, fator amplamente discutido para se implantar em sistemas automatizados nos processos, busca-se um equilíbrio incansável e harmônico entre o operador e seus equipamentos de trabalho, pois é necessário o aumento da produtividade e da eficiência do trabalhador, para se atingir a competitividade no mercado. Este artigo procura discutir o comparativo entre a produção moderna e automatizada e suas conseqüências biomecânicas e psicológicas impostas aos talentos humanos, já que é necessário obter o máximo rendimento das pessoas, sem lhes ocasionar traumas que interfiram no produto e retire a capacidade competitiva da empresa.

Estudiosos do assunto muito se têm preocupado com os fatores ergonômicos nos postos de trabalho, procurando evitar os acidentes que consomem milhões de reais dos cofres públicos e ocasionam sérios problemas sociais no Brasil.

Com a globalização da economia, as empresas precisam estar mais automatizadas em seus processos, ser mais rápidas, se utilizarem da linha de montagem, das células de produção, para se tornarem mais competitivas no mercado, já que a competitividade é que vai fazer a empresa conquistar novos mercados. Esta automatização exige, no entanto, trabalhadores mais preparados e exercendo tarefas repetitivas e de alta concentração física e mental, desencadeando com isto uma série de perturbações funcionais no trabalhador, entre elas a fadiga que é a diminuição da capacidade funcional de um ou mais órgãos, quando submetidos a trabalhos acima dos seus limites.

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2. Competitividade na produção

Muito se tem discutido sobre a melhoria de processo, qualidade, produtividade, conquista de novos mercados, globalização da economia e outros assuntos que objetivam a conquista do melhor desempenho das organizações. Criar porém, mecanismos competitivos em manufatura depende de uma série de técnicas e adequações, visualizando-se otimizar os recursos financeiros, materiais e humanos objetivando a melhoria de ambiente e a interação homem-máquina. Essa interação deve resultar na transformação de insumos em produto acabado e isso se constitui o objetivo da Administração da Produção e a gestão eficaz dessas atividades (MARTINS e LAUGENI, 1999).

A competitividade em manufatura, naturalmente, está ligada à visão estratégica da empresa em seu ambiente microeconômico, não só nos negócios presentes, mas também nos futuros. Para Ansoff e McDonnell (1993, p. 108), existem cinco componentes de potencialidades que são essenciais para o sucesso da estratégia microeconômica, quanto à estimação da posição competitiva futura de uma empresa:

1 A administração geral deve concentrar sua atenção no crescimento e na produção com e eficiência. Também deve controlar e minimizar perturbações que impeçam a minimização dos custos unitários dos produtos.

2 A administração financeira deve gerir o caixa e exercer uma controladoria bem rigorosa.

3 A área de marketing deve focalizar sua atenção nas vendas e na análise das vendas. 4 A produção é função básica dentro da estratégia microeconômica. Ela precisa receber

o maior apoio possível da administração geral e concentrar-se na produção em massa com a maior automação possível e o nível ótimo de custo.

5 A área de pesquisa e desenvolvimento é uma função potencialmente perigosa na estratégia microeconômica. Deve limitar-se a aperfeiçoamento da tecnologia de produção e a evolução gradativa de produtos em resposta a manobras de concorrente. A área de P&D deve ser impedida de provocar perdas de economias de produção. Para os autores, a estratégia é uma ferramenta que não só aprimora e estabelece limites dentro da organização, mas também aumenta a vantagem competitiva no mercado onde atua, solidifica a administração e atribui metas aos departamentos, estabelecendo parâmetros de desenvolvimento e competitividade.

Para Martins e Laugeni (1999, p. 9), “em uma situação normal de mercado oligopolista, uma empresa só sobrevive enquanto mantém alguma vantagem competitiva sobre seus concorrentes. Quanto mais vantagens dispõe, tanto melhor”.

A criação de vantagens competitivas, porém, não garante o sucesso em todos os mercados, pois as características de necessidades podem variar de região para região. Portanto, no mundo globalizado, é necessário que as organizações procurem adaptar-se à real necessidade de seus consumidores, adequando sua linha de produção às necessidades regionais. Para isso é necessário implantar estratégias competitiva que auxiliarão a administração da empresa a enfrentar as dificuldades inerentes a cada processo de manufatura. Para Martins e Laugeni (1999, p. 9 e 10), “a empresa pode estabelecer uma ou mais estratégias competitivas, como, por exemplo: informatização; desmobilização; qualidade total; aquisições; incentivos; projeção de demanda; robotização”. Tais estratégias poderão fazer a diferença na hora de entrar em novos mercados, ou mesmo quando da manutenção do mercado em que vem atuando, o que, definitivamente, vai fazer a diferença entre os concorrentes.

A competitividade em manufatura não depende exclusivamente dos efeitos causados pelas máquinas e equipamentos de primeira geração, mas também do processo, dependendo sim do perfeito funcionamento daqueles e este, por sua vez, está diretamente ligado à capacidade do potencial humano da organização, que deve estar bem preparado, treinado,

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habilitado e perfeitamente adequado ao seu posto de trabalho, o que requer estudo de ambiente, melhoramento e conservação da saúde, estudo da adaptação do trabalho ao homem, para que, realize suas tarefas com o menor esforço possível eliminando ou atenuando-se o nível de fadiga, aumentando, com isto, a produção.

Para que estes fenômenos possam acontecer é necessário, antes de tudo, compreender o trabalho para poder transformá-lo e esta transformação deve acontecer de forma a contribuir para, “a concepção de situações de trabalho que não alterem a saúde dos operadores, e nas quais estes possam exercer suas competências ao mesmo tempo num plano individual e coletivo e encontrar possibilidades de valorização de suas capacidades”, (GUÉRIN, 1997, p. 1), elevando a empresa a um nível de competitividade satisfatória, sem comprometer a integridade física e mental dos trabalhadores.

3. A fadiga na manufatura

Os avanços tecnológicos impostos às organizações nas últimas décadas modificaram sensivelmente a maneira de se processar em bens e serviços, exigindo novas máquinas e equipamentos de alta performance. Estas máquinas e equipamentos, por sua vez, requerem pessoas mais habilitadas e capazes de desempenhar operações cada vez mais complexas, repetitivas e estressantes, considerando que, “numa organização e nas relações que ela mantém com o meio ambiente ocorrem fenômenos físicos, biológicos, culturais e sociais” (CARDELLA, 1999, p. 31), neste ambiente, o homem representa o fator mais preocupante, pois os fatores internos e externos, que influenciam no processo de manufatura, determinam fenômenos que podem interferir na competitividade da empresa, bem como, provocar o acidente de trabalho e/ou as doenças ocupacionais que venham gerar problemas sociais pelas suas conseqüências óbvias.

Cabe salientar que, para se manter a competitividade em manufatura é necessário que se tenha um sequenciamento de tarefas planejado, um balanceamento de linha bem estruturado e que se distribua eqüitativamente a carga de trabalho entre os postos. Para Rios e Pires (2001, p. 84), “carga de trabalho representa o nível de atividade física e psíquica exigido das pessoas na execução das suas atividades”. Para os autores, esta distribuição diminui o impacto advindo do meio interno e externo, denominados de astreinte e contrainte, respectivamente, que dependem das características individuais de cada pessoa. A carga de trabalho pode ainda desenvolver no trabalhador a fadiga que se constitui de um agravante ainda maior, tornando o homem descontente, diminuindo sua capacidade de trabalho, ocasionando a perda da produtividade, aumentando o índice de rejeitos e, em conseqüência, o aumento dos custos de produção. Para Grandjean (1998, p. 135) fadiga representa “uma capacidade de produção diminuída e uma perda de motivação para qualquer atividade”.

Já para Iida (2002, p. 284), “fadiga é o efeito de um trabalho continuado, que provoca uma redução reversível da capacidade do organismo e uma degradação qualitativa desse trabalho”. Ao se comparar as definições dos dois autores, verifica-se que ambos, se preocupam com perda sensível da capacidade para o trabalho e isto, sem a menor sombra de dúvidas, refletirá na competitividade da empresa em seu mercado de consumidores.

Este conjunto complexo de fatores deve ser tratado dentro de padrões técnicos, objetivando dar ao trabalhador o conforto exigido pelo seu posto, respeitando-se a compleição física de cada indivíduo em seus cargos em particular e respeitando-se o descanso natural exigido pelo corpo humano. Para Grandjean (1998, p. 143), “... o conjunto de processos de descanso deve corresponder à soma das exigências de trabalho”, pois cada individuo tem uma capacidade orgânica, psicológica e até mesmo de auto-confiança, as quais devem ser levadas em consideração quando das atividades mais fatigantes do processo produtivo. O autor

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destaca ainda, que os sintomas da fadiga são de natureza subjetiva e objetiva, sendo os mais importantes:

1 a sonolência, lassidão e falta de disposição para o trabalho; 2 dificuldade para pensar;

3 diminuição da atenção;

4 lentidão e amortecimento das percepções; 5 diminuição da força de vontade;

6 perdas de produtividade em atividades físicas e mentais. (GRANDJEAN, 1998, p. 143)

.Estes sintomas, por sua vez, se refletem no processo produtivo da organização, alterando a capacidade do trabalhador, diminuindo a produtividade e, em conseqüência, afetando a qualidade e a competitividade da empresa, sendo que seus reflexos não tratados em tempo hábil, poderão afetar o consumidor, o que tornará mais complexo seu tratamento, quando não irreversível.

Os fatores ergonômicos deverão ser controlados para a manutenção da saúde dos empregados, através do controle dos riscos que o ambiente de trabalho oferece, já que este, é de competência da decisão gerencial nas organizações.

A fadiga é um dos principais fatores que concorrem para a redução da qualidade, da produtividade e da competitividade de uma empresa. O conhecimento técnico das atividades operacionais transforma-se em um fator de vital importância para se amenizarem os efeitos fatigantes, tanto de caráter mental como físico, devido à exposição do trabalhador a longas jornadas de trabalho. Isto merece por parte dos administradores um cuidado especial para se detectar onde estão residindo os problemas para dominá-los e solucioná-los em tempo hábil. Para Guérin et al. (1997, p. 124) “o conjunto dos dados sobre a qualidade da produção nem sempre é perfeitamente dominado pela empresa. A qualidade é muitas vezes considerada como uma conseqüência da produção, e raramente relacionada com o que condiciona a atividade dos operadores”.

Para Iida (2002, p. 288). “A administração deve estar sempre atenta para a ocorrência da fadiga. Com assessoramento de médicos, psicólogos industriais, e engenheiros de produção, deve-se selecionar, treinar e alocar os trabalhadores adequadamente, para reduzir a fadiga, previamente, ou fazer correções dos casos mais agudos, encaminhando-os para tratamentos adequados”. Para o autor, não basta apenas reduzir os pontos de fadiga, é necessário preparar o trabalhador para o desempenho de suas funções, é necessário treiná-lo, desenvolver habilidades e dar-lhe as informações necessárias para o bom desempenho, evitando-se os erros no local de trabalho. Para FIALHO e SANTOS (1997 p. 246) “a ausência de um erro não significa, necessariamente, que o funcionamento do sistema é perfeito”. È necessário buscar assessoramento de profissionais habilitados e competentes e ainda, dar a devida importância que cada indivíduo tem para a organização pois, o fator motivacional faz parte da redução da fadiga do aumento da produtividade e da redução de erros na empresa, obtendo-se trabalhadores mais satisfeitos e produtivos. Isto requer trabalho constante de estabelecimento de metas, oferecendo-se ambiente confortável, boa liderança e, principalmente, mantendo os trabalhadores bem treinados e capacitados em seus postos de trabalho.

Portanto, a ergonomia em manufatura reduz sensivelmente os problemas sociais relacionados com a saúde do trabalhador, fazendo com que este, experimente uma sensação de conforto e segurança, se torne mais eficiente, se relacione melhor com suas tarefas e com seu ambiente de trabalho, aumentando sua produtividade e diminuindo o risco de acidentes.

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4. Conclusão

A evolução industrial tem nos mostrado que desde que o homem polia a pedra para transformá-la em utensílio para seu uso, ele adaptava suas ferramentas para lhe dar maior conforto e obter melhor produtividade.

Na indústria moderna esta adaptação se faz necessária, pois o volume de trabalho exigido é muito maior e este volume tem afetado os trabalhadores, ocasionando doenças físicas e mentais que, em sua grande maioria, trazem conseqüências irreversíveis ao corpo humano.

Apesar de estudos para se desenvolver máquinas mais rápidas e eficazes, pouca tem sido a preocupação com o operador, já que este fator deve ser implementado pelos administradores da produção de cada empresa. Há a necessidade de se despertar a conscientização de administradores e trabalhadores para a importância que a ergonomia apresenta para o aumento da competitividade e a melhoria da qualidade sem trazer traumas aos trabalhadores. Pouco se investe em treinamentos de segurança no trabalho e de motivação, o que reflete muitas vezes, em perdas de vidas humanas.

Portanto, é necessário que as organizações busquem equilibrar seu processo produtivo com as exigências que o mesmo tem sobre o ser humano. Este equilíbrio homem-máquina resultará na melhoria da produtividade e da qualidade dos produtos, auxiliando as organizações a atingirem as metas planejadas.

Referências

ANSOFF, H. I. e McDONNELL, E. J. (1993) - Implantando a administração estratégica. Atlas. São Paulo.

CARDELLA, B. (1999) - Segurança no trabalho e prevenção de acidentes. Atlas. São Paulo.

FIALHO, F. e SANTOS, N. (1997) – Manual de análise ergonômica no trabalho. Gênesis. 2ª ed. Curitiba.

MOREIRA, D. A. (1998) - Administração da produção e operações. Pioneira. São Paulo. GRANDJEAN, E. (1998) - Manual de ergonomia – adaptando o trabalho ao homem. Bookman. 4ª ed. Porto Alegre.

IIDA, I. (2002) - Ergonomia - projeto e produção. Edgard Blucher Ltda. São Paulo.

GUÉRIN, F. et al. (1997) - Compreender o trabalho para transformá-lo – a prática da ergonomia. Edgard Blucher Ltda. São Paulo.

MARTINS, P. G. e LAUGENI F. P. (1999) - Administração da produção. São Paulo. Saraiva.

RIOS, R. P.do e PIRES, L. (2001) - Ergonomia – fundamentos da prática ergonômica. LTR. 3ª ed. São Paulo.

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