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PROCESSO DE REESTRUTURAÇÃO CURRICULAR DO ENSINO MÉDIO PARANAENSE: O ENSINO E A APRENDIZAGEM EM DISCUSSÃO

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Academic year: 2021

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PROCESSO DE REESTRUTURAÇÃO CURRICULAR DO ENSINO MÉDIO PARANAENSE: O ENSINO E A APRENDIZAGEM EM DISCUSSÃO

Eliane Cleide da Silva Czernisz Aline Arantes do Nascimento Lorena Dominique Vilela Freiberger

Resumo:Este texto tem como objetivo discutir o processo de reestruturação curricular que vem sendo encaminhado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio - DCNEM, Parecer CNE/CEB 05/2011 e Resolução CNE/CEB 02/2012. O problema de pesquisa que origina a presente reflexão é: Como as DCNEM vêm sendo desenvolvidas nas escolas? Quais alterações podem ser observadas no desenvolvimento do trabalho pedagógico?A pesquisa encontra-se em andamento e tem como local de desenvolvimento quatro escolas da rede estadual do Paraná. A metodologia que subsidia a pesquisa é qualitativa pela possibilidade de obtenção de dados que permitam análises mais amplas sobre o objeto específico. Deste modo, optou-se por discussão bibliográfica, análise de documentos, análise de legislação e entrevistas. Trata-se de uma discussão importante,pois propicia reflexões a respeito das diretrizes curriculares e do encaminhamento do trabalho pedagógico, aspecto que implica redimensionamento das ações que envolvem o ensino e aprendizagem, tarefa central da escola.Os resultados apontam que esta tem tido pouco tempo para pensar a reestruturação curricular, fato que pode ser percebido nos projetos pedagógicos das escolas e que demonstra haver desconhecimento das alterações promovidas pelas normativas que estabelecem, tanto as alterações curriculares, como os processos que norteiam o ensino e aprendizagem. Por outro lado, considera-se que tem ocorrido avanços no desenvolvimento do ensino médio. É visível o empenho de professores que, participando do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio – PNEM, procuram diversificar o trabalho pedagógico. Como conclusão, considera-se a importância dos estudos referentes ao currículo do ensino médio como forma de repensar o ensino, o trabalho docente e a aprendizagem dos alunos da escola pública.

Palavras-chave:Diretrizes Curriculares; Ensino Médio; Escola Pública.

Este texto tem como objetivo discutir o processo de reestruturação curricular que vem sendo encaminhado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio - DCNEM- Parecer CNE/CEB 05/2011 e Resolução CNE/CEB 02/2012,aprovadas pelo Parecer CNE/CEB 05/2011 e Resolução CNE/CEB 02/2012. Trata-se de uma reflexão de pesquisa em andamento que investiga a implementação das DCNEM em quatro escolas da rede estadual do Paraná. O problema que origina a pesquisa e que possibilita apresentá-lo na presente reflexão é: De que maneira as DCNEM vêm sendo desenvolvidas nas escolas? Quais alterações podem ser observadas, no desenvolvimento do trabalho pedagógico? A metodologia que subsidia a pesquisa é a qualitativa por favorecer a obtenção de dados que permitam análises mais amplas sobre o objeto

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específico e, deste modo, optou-se por discussão bibliográfica, análise de documentos, análise de legislação e entrevistas.

Conforme nossa compreensão da análise de Ludke e André (1986), desenvolvemos a pesquisa numa perspectiva qualitativa. Entendemos, a partir do estudo das autoras,que tal abordagem metodológica de pesquisapermite um contato com o ambiente estudado. A análise de documentos está sendo desenvolvida, considerando-se as observações de Evangelista (2009), e visa destacar as intenções postas no momento de elaboração dos documentos de políticas educacionais, visando à compreensão de suas intencionalidades.

As reflexões acerca das diretrizes curriculares e do encaminhamento do trabalho pedagógico se justificam e são relevantes, posto que estas implicam redimensionamento das ações que envolvem o ensino e aprendizagem, tarefa central da escola quesegue as orientações gerais prescritas nas diretrizes curriculares. Esta análise é importante considerando-se que, nas DCNEM de 1998 – Resolução CNE/CEB 03/1998, aprovada ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso,buscava-se:

[...] o desenvolvimento de competências pessoais e subjetivas de aprendizagem (flexibilidade, adaptabilidade ás mudanças, capacidade de aprender constantemente, criatividade, cooperativismo, polivalência, habilidade de resolução de problemas etc.) para a formação de um sujeito apto a viver num mundo em rápida transformação (RAMOS, 2012, p. 66).

O entendimento,segundo Ramos (2012), era de que havia necessidade de formar o aluno, considerando-se o mundo do trabalho e o desenvolvimento tecnológico. Ramos e Ciavatta (2012) trazem contribuições para esta reflexão, ao analisarem a relação entre o currículo e a área de educação e trabalho. As autoras dizem que: “[...] A direção que assume a relação trabalho e educação nos processos formativos não é inocente. Traz a marca dos embates que se efetivam no âmbito do conjunto das relações sociais, sendo parte da luta hegemônica entre capital e trabalho” (RAMOS; CIAVATTA, 2012, p. 17). Fica clara, na discussão das autoras, a orientação da educação que visa à formação de uma sociabilidade que atenda aos interesses do mercado. Este direcionamento tem obscurecido o sentido do ensino médio, levando alguns estudiosos a questionarem sua identidade. Depreendemos haver esta preocupação na análise de Krawczyk (2011) que comenta que o ensino médio brasileiro carece de entendimento a

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propedêutico. Percebe-se o ensino médio marcado por uma dualidade que explicita as relações desiguais que se dão na sociedade de classes, formando o capital humano que vem sendo requerido pelos capitalistas: um profissional polivalente, flexível e adaptado, discussão que fica bastante evidente em Kuenzer (2005).

As diretrizes em vigor requerem, para além da inserção no mercado de trabalho, uma característica que pode ser vista na LDB 9394/96 e nas DCNEM de 1998: a promoção da inclusão social de adolescentes e jovens que ainda não tiveram acesso à escola média. Para isso, conforme pode ser observado na Resolução CNE/CEB 02/2012, será preciso atenção com a forma como o trabalho pedagógico vem sendo desenvolvido. Aspectos como a integração entre parte comum e diversificada e o respeito à diversidade são considerados na normativa. Constatamos uma preocupação com as características do alunado e uma tendência a recuperar os conteúdos secundarizados nas DCNEM de 1998 que, conforme podemos entender em Ramos (2012), não privilegiam os conteúdos, mas formação flexível que atenda às necessidades capitalistas. A atenção com o alunado diz respeito à sua diversidade e revela uma preocupaçãonão apenas com o acesso do aluno à escola, mas com sua permanência e conclusão. Neste processo, é imprescindível a atuação do professor, como pode ser visto no trecho do § 2ºdo artigo 8º da Resolução CNE/CEB 02/2012:

§ 2º A organização por áreas de conhecimento não dilui nem exclui componentes curriculares com especificidades e saberes próprios construídos e sistematizados, mas implica no fortalecimento das relações entre eles e a sua contextualização para apreensão e intervenção na realidade, requerendo planejamento e execução conjugados e cooperativos dos seus professores.

A preocupação com a condução do trabalho pedagógico para os alunos do ensino médioestá presente na proposição do Programa Ensino Médio Inovador – ProEMI, lançado no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, encaminhado no ano de 2007, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O foco do ProEMIera o atendimento do alunado que, por sua diversidade, requeria o redimensionamento das atividades pedagógicas visando não apenas ao acesso, mas à permanência do aluno na escola. Deste Programa, passa a ser desenvolvido o Pacto Nacional pelo fortalecimento do Ensino Médio – PNEM, envolvendo universidades e escolas públicas num processo de discussão e orientação do trabalho pedagógico que seria realizado no ensino médio.

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Entre as ações já destacadas, não podemos deixar de mencionar que a qualidade da educação de modo geral vem sendo objeto de luta da sociedade brasileira que se preocupa com o direcionamento social, político e educacional do país. Lembramos que o Plano Nacional de Educação – PNE, proposto pela sociedade brasileira e elaborado nos Congressos Nacionais de Educação – CONEDs – expressatal preocupação com a educação e com a qualidade. A qualidade da educação socialmente referenciada foi reafirmada nas Conferências Nacionais de Educação que subsidiaram a elaboração do atual PNE, aprovado pela Lei 13005/2014. Este Plano é expressão do interesse da sociedade brasileira a qual passa a ter como incumbência o acompanhamento do mesmo.

Ressaltamos que, tanto como espectadores quanto como participantes das cenas da educação na realidade brasileira, somos tomados de assalto por ajustes fiscais que originam corte de recursos e obstaculizam, conforme já pudemos perceber, o desenvolvimento de ações como o PNEM,podendo inviabilizar, inclusive o alcance das metas do PNE em vigor. Para além das cenas que assistimos no cenário amplo, temos que considerar as do universo particular das escolas públicas, local em que a política se realiza a partir da ótica daqueles que nelas trabalham. No projeto de pesquisa em questão, que ainda se encontra em curso,pode-se adiantar como resultados que as escolas envolvidas não têm feito um debate específico sobre as DCNEM, recentemente aprovadas. Do mesmo modo, os projetos pedagógicos das escolas ainda não deixam explícitas as orientações das DCNEM. Também foi verificado que os estudos que têm oportunizado tal discussão são provenientes das iniciativas de professores orientadores ou participantes do PNEM.

Caminhando para a conclusão deste texto,e apontando a conclusão da cena específica que aqui apresentamos,podemos dizer que, com as atuais discussões sobre a Base Nacional Comum Curricular, faz-se necessário aprofundar também os estudos sobre o encaminhamento das DCNEM de modo a não perder de vista as intenções de melhoria e os avançosdo ensino médio, dentre os quais, destacamos a Emenda Constitucional 059/2009 que traz a obrigatoriedade da educação para estudantes de 04 a 17 anos, que amplia a idade obrigatória para a escolarização. É preciso considerar, também,a importância do trabalho do professor em sala de aula, os esforços dos professores que,com o trabalho no PNEM,têm procurado diversificar o trabalho pedagógico. Na cena final deste texto, afirmamos que muito há para ser feito, razão que

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médio e seu encaminhamento pedagógico, pensando o ensino e aprendizagem dos estudantes do ensino médio público.

Referências:

BRASIL. Parecer CNE/CEB N. 15 de 01/06/1998. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Diário Oficial da União, 26/06/1998. Brasília – DF, 1998.

_______. Parecer CNE/CEB N. 05/2011. Diretrizes curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Diário Oficial da União, Brasília, 24 de janeiro de 2012a, Seção 1, p. 10.

_______. Resolução CNE/CEB N. 02/2012. Define Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Diário Oficial da União, Brasília, 30 de janeiro de 2012b, Seção 1, p. 20.

_______. Emenda Constitucional N. 59, de 11 de novembro de 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil 03/constituicao/Emendas/Emc/emc59.htm> Acesso em 11 de julho de 2015.

________. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Disponível

em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm>. Acesso em 13 fev 2016.

EVANGELISTA, Olinda. Apontamentos para o trabalho com documentos de política educacional. I Colóquio A Pesquisa em trabalho, educação e Políticas Educacionais. Belém: UFPA, 2009.

KRAWCZYCK, Nora. Reflexão sobre alguns desafios do Ensino Médio no Brasil hoje. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 41, n. 144, p. 752-769, set-dez, 2011.

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RAMOS, Marise; CIAVATTA, Maria. A ‘era das diretrizes”: a disputa pelo projeto de educação dos mais pobres. In: Revista Brasileira de Educação. v. 17, n. 49, jan-abr. 2012. p. 11-37.

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