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A ANÁLISE DO PERFIL DOS ADOLESCENTES DEPENDENTES QUÍMICOS INTERNADOS NA ALA PSIQUIÁTRICA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO OESTE DO PARANÁ-HUOP

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1 A ANÁLISE DO PERFIL DOS ADOLESCENTES DEPENDENTES QUÍMICOS INTERNADOS NA ALA PSIQUIÁTRICA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO

OESTE DO PARANÁ-HUOP (2010- 2011).

Thaise Fernanda de Lima Mares1 RESUMO: Este artigo é um recorte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), intitulado: A evasão escolar entre adolescentes dependentes de drogas internados no Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP) apresentado ao curso de Serviço Social, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), no ano de 2012 e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Este artigo, portanto, faz menção a coleta de dados empíricos da pesquisa de campo coletados durante os anos de 2010 e 2011 e explicita mais especificadamente o terceiro capitulo do TCC no qual realiza-se uma aproximação ao perfil dos adolescentes internados na ala psiquiátrica do HUOP. Vale lembrar, que nesta ala são atendidas crianças e adolescentes dependentes químicos, cujo principal objetivo é o tratamento para desintoxicação de drogas no organismo. Assim, a pesquisa foi realizada basicamente, por meio da análise das fichas de cadastro do Serviço Social na ala psiquiatria do HUOP, totalizando assim, 125 fichas contabilizadas. Cujo principal objetivo foi identificar qual o perfil social e escolar do pacientes internados alojamento psiquiátrico do HUOP. Deste modo, este trabalho tem por finalidade apresentar brevemente os resultados da pesquisa em questão.

PALAVRAS-CHAVE: Educação; Evasão Escolar; Adolescentes; Dependentes químicos;

INTRODUÇÃO

A realização desta pesquisa reflete uma das questões suscitadas durante a realização do Trabalho de Conclusão de Curso TCC, intitulado: “A evasão escolar entre adolescentes dependentes químicos internados na ala psiquiátrica do Hospital Universitário do Oeste do Paraná- Cascavel-PR”, apresentado no ano de 2012, ao curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), campus de Toledo, cujo principal objetivo foi o de entender quais os motivos que influenciaram para a evasão escolar entre adolescentes dependentes químicos internados na Ala Psiquiátrica do HUOP. Durante o acompanhamento da ala psiquiátrica do hospital, na realização do estágio supervisionado I e II, nos anos de 2010 e 2011, foi possível perceber que além do uso indiscriminado de drogas, outro aspecto chamou atenção, grande parte dos pacientes internados no hospital, embora estivessem em idade escolar, poucos se encontravam matriculados no sistema de ensino.

1 Discente do 1º ano do Mestrado em Educação da Universidade Estadual do Oeste do Paraná- UNIOESTE.

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2 Deste modo, partimos da hipótese que os motivos para os casos de evasão escolar variaram entre a desistência, a repetência e também pelo fenômeno da dependência química ou drogadição2 entre adolescentes, caracterizando assim na maioria dos casos um quadro de evasão escolar.

Neste sentido, este artigo caracteriza-se como um recorte do TCC, e abrange mais especificamente o terceiro capitulo do trabalho de conclusão de curso intitulado: A representação gráfica e análise dos dados coletados da pesquisa de campo- perfil dos adolescentes internados na ala psiquiátrica do HUOP. Por intermédio desta pesquisa foi possível identificar qual é o perfil educacional e social dos adolescentes internados na ala.

Vale lembrar que se pretende por intermédio deste artigo, apresentar alguns dados encontrados a partir da coleta dos dados empíricos no HUOP, por meio das fichas de cadastro do Serviço Social. Que se pautou em identificar elementos como: Sexo, idade, situação sócio- familiar, tempo de uso de drogas, situação escolar, e o uso de Substâncias Psicoativas (SPA), entre elas: o álcool, cigarro, maconha, cocaína e crack.

OBJETIVOS

O principal objetivo deste artigo é apresentar um recorte do terceiro capitulo do TCC intitulado: “A evasão escolar entre adolescentes dependentes químicos internados na ala psiquiátrica do Hospital Universitário do Oeste do Paraná- Cascavel-PR”. Especificamente o terceiro capitulo do trabalho, cujo objetivo primordial foi identificar qual o perfil social e escolar do pacientes atendidos pelo Serviço Social do HUOP e internados no alojamento psiquiátrico do hospital durante os anos de 2010 e 2011.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta é uma pesquisa documental, com abordagem de natureza quantitativa e qualitativa. Foi realizada por intermédio de levantamento dos dados empíricos da pesquisa de

2 Nesta pesquisa são utilizados os termos dependência química, drogadição, dependência de drogas como

sinônimos por não haver um consenso cientifico a respeito dessa terminologia, optamos pelo uso livre dos termos mais frequentemente utilizados.

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3 campo, coletados durante os anos de 2010 e 2011 por meio das Fichas de Internação, preenchidas pelo Serviço Social do HUOP, a fim de compreender qual é o perfil educacional dos adolescentes internados na Ala Psiquiátrica do hospital. Este pesquisa foi realizada basicamente, por intermédio de análise das fichas de cadastro do Serviço Social na ala psiquiatria do HUOP. Foram contabilizadas 125 fichas.

Sobre os procedimentos éticos adotados para a abordagem dos sujeitos da pesquisa foi necessário primeiramente realizar a solicitação de permissão para a realização da pesquisa no âmbito do Hospital Universitário do Oeste do Paraná e a submissão e aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa, o qual aprovou a pesquisa por meio do parecer 196/2012.

RESULTADOS

A Educação é direito garantido pelo texto Constitucional de 1988 em seu artigo 205, em que prevê a educação como:

Direito de todos e dever do estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 2009, p. 58).

Embora a educação seja direito de todos e dever do Estado garantir e dar condições para o acesso e permanência de seus educandos no ambiente escolar, são necessárias políticas sociais que visem garantir efetivamente a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola o que culminou no processo de elaboração da nova Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), processo que resultou na aprovação da lei n. 9.394 de 1996, a qual regulamenta o ensino no país. Outro avanço importante se deu com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) lei 8.069/90, considerada um grande avanço social no que tange aos direitos sociais e educacionais da infância e juventude.

Contudo, entende-se que por inúmeros motivos o processo de escolarização pode ser interrompido, entre elas esta o uso de drogas e a dependência química entre crianças e adolescentes em idade escolar. São diversos os efeitos e as consequências da drogadição, entre eles o que mais chama a atenção são os aspectos que causam danos e prejuízos e as consequências sociais para os dependentes químicos, pois, “[...] é frequente ocorrer declínio

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4 de rendimento ou abandono em atividades escolares e profissionais. Manifestações sociopáticas com desenvolvimento de ações transgressoras” (REZENDE, 1997, p.27). Sabe-se da relevância da Educação para o desenvolvimento do ser social, e observam-se aqui expressões da “questão social”3. A primeira é o fenômeno da drogadição entre adolescentes como um fator impeditivo da escolarização, evidenciando, então, uma segunda etapa que é a evasão escolar. Ou seja, a primeira expressão vincula-se e pode criar a segunda

Deste modo, o artigo em questão, pautou-se em apresentar os dados coletados a partir do Trabalho de Conclusão de Curso, mais especificamente o terceiro capitulo deste trabalho, o qual apresenta o perfil escolar e social dos adolescentes dependentes de drogas internados na ala psiquiátrica do HUOP, com vistas a responder as questões suscitadas durante a elaboração do TCC, especificamente entender quais os motivos que influenciaram para a evasão escolar entre estes adolescentes?

1. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA E ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS DA PESQUISA DE CAMPO- PERFIL DOS ADOLESCENTES INTERNADOS NA ALA PSIQUIÁTRICA DO HUOP

1.1 Sexo

Dos 125 internamentos ocorridos no período de Janeiro de 2010 a dezembro de 2011. Se tratando de sexo e idade, dos adolescentes internados na ala neste período, 86 são do sexo masculino, o que representa 69% do total e 39 são do sexo feminino, ou seja, 31% entre estes adolescentes. Assim, verifica-se que no período em questão o número de adolescentes do sexo masculino foi o que predominou em relação ao número de adolescentes do sexo feminino conforme pode se verificar no gráfico abaixo:

3 Este Estado burguês, funcional ao capitalismo dos monopólios, através das políticas sociais, responde às

pressões dos segmentos da população afetados pelas várias expressões da “questão social”. No domínio da saúde, da habitação, da educação, da renda, do emprego etc., os focos das políticas sociais recaíram sempre sobre uma expressão ou expressões da chamada “questão social”. O Estado apresenta respostas quando os afetados por essas expressões são capazes de exercer, sobre ele, uma pressão organizada. Não basta que haja expressões da “questão social” para que haja política social; é preciso que aqueles afetados pelas suas expressões sejam capazes de mobilização e de organização para demandar a resposta que o Estado oferece através da política social. (NETTO, 2001, p. 15; 16).

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5 Gráfico 1: Distribuição dos adolescentes quanto ao sexo

Fonte: Ficha de cadastro psiquiatria serviço social HUOP, 2010-2011. (MARES, 2012, P. 42)

1.2 Idade

Do levantamento realizado sobre a idade, o resultado foi variável, pois entre os adolescentes de 12 e 17 anos, verificou-se que dos 125 adolescentes internados, 6 tinham 12 anos (5%), 9 estavam com 13 anos (7%), 15 destes adolescentes estavam com 14 anos no período de internamento. No entanto, houve um significativo número de internamentos de adolescentes entre 15 e 17 anos, visto que, os adolescentes com 15 anos representaram 24% do total. Assim como, adolescentes com 17 anos representaram 24% dos dados coletados. Contudo, há uma prevalência em relação aos adolescentes com 16 anos, representaram 28% do total de internamentos, idade que apresentou maior número de adolescentes, conforme gráfico abaixo:

Gráfico 2: Distribuição dos adolescentes por idade

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6 1.3 Tempo de uso

De modo geral, percebe-se um crescimento no número de internamentos a partir dos 15 anos de idade, e finalizando aos 17 anos. Um grande número de internamentos aos 15 anos totalizando, 24%, aos 16 anos num total de 28% e aos 17 anos de idade representando 24% dos pacientes. Estes internamentos podem estar vinculados ao fato de que a Ala Psiquiátrica do HUOP somente atende crianças e adolescentes até 17 anos e 11 meses, e a rede de atendimento aos adultos ser mais escassa em serviços para tratamento dependência química na rede pública de saúde mental.

O número de internações de adolescentes entre 12 e 14 anos também chama a atenção representando ao todo 24%. Esta fase se caracteriza como a fase inicial da adolescência, e que, portanto, se pressupões que o uso de drogas tenha ocorrido muito antes deste período, ou seja, na infância4. O mesmo ocorre com os adolescentes entre 15 a 17 anos, o fato de terem sido internados somente nesta idade não significa que o início de uso das drogas tenha ocorrido apenas neste período. Conforme percebemos no gráfico abaixo sobre a quanto tempo se dá o uso de drogas realizado pelos adolescentes

Gráfico 3: Dados em relação ao tempo de uso de drogas pelos adolescentes

Fonte: Ficha de cadastro psiquiatria serviço social HUOP. (MARES, 2012, p.50)

4 Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) considera criança pessoas entre zero e 12 anos

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7 O gráfico em questão apresenta os dados referentes há quanto tempo os adolescentes fazem uso de drogas, constatou-se, portanto, que 4% adolescentes fazem uso de drogas há mais de 7 anos, o que caracteriza que estes adolescentes iniciaram o uso ainda na infância. No entanto, o que chama atenção é o fato de que a grande maioria, ou seja, 34% dos adolescentes consomem drogas entre 1 e 2 anos e 32% entre 3 e 4 anos. Também é necessário enfatizar que 17% fazem uso de drogas há menos de 1 ano.

1.4 Renda Familiar

A situação social e familiar também chamou a atenção. Em relação a renda das famílias dos adolescentes, constatou-se que 19% das famílias dos 125 entrevistados não possuem renda fixa, como expressa o gráfico abaixo:

Gráfico 4: Distribuição dos adolescentes quanto a renda familiar

Fonte: Ficha de cadastro psiquiatria serviço social HUOP. (MARES, 2012, p.52)

Verificou-se que, embora 27 famílias, ou seja, 26% recebam de 2 à 3 salários mínimos e 10 famílias recebem mais que 3 salários mínimos, a renda mensal que se sobrepõe e foi apresentada em 48 fichas é de 1 à 2 salários mínimos apresentada por 45% das famílias. Esta situação da renda advém da capacidade das famílias em prover seus mínimos sociais e poder potencializar a vulnerabilidade a que estão expostas, dificultando seu cuidado para com seus membros. A falta de recursos financeiros incide na limitação do desenvolvimento de potenciais, no acesso a recursos da comunidade e pode incidir como fator de risco para o uso de drogas. No entanto, embora a falta de recursos e, consequentemente, a vulnerabilidade da

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8 família possam ser fatores que contribuam para o uso de drogas, não se pode afirmar que a questão da dependência de drogas esteja restrita apenas aos estratos menos favorecidos.

1.5 Escolaridade

Em relação à frequência na escola, verificou-se que há um alto índice de evasão escolar entre as 125 fichas analisadas, 79% adolescentes estão em situação de abandono escolar, ou seja, os mesmos não estavam estudando antes do internamento. Embora todos estivessem em idade escolar apenas 21% destes adolescentes estavam estudando, totalizando 26 pacientes. Dados estes representados no gráfico abaixo:

Gráfico 5: Situação escolar: quais estavam e quais não estavam estudando antes do internamento

Fonte: Ficha de cadastro psiquiatria serviço social HUOP . (MARES, 2012 p. 53)

Verifica-se a partir do artigo 4º da LDB que “O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade [...]”.(BRASIL, 2010, p.12). Educação básica que compreende, educação infantil, ensino fundamental e médio. Contudo, embora a lei garanta que a educação básica seja obrigatória e gratuita, verifica-se que os maiores índices de evasão entre os adolescentes estão no 6º e 7º ano do ensino fundamental conforme exemplificado na representação gráfica abaixo:

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9 Gráfico 6: Evasão escolar por série/ano

Fonte: Ficha de cadastro psiquiatria serviço social HUOP (MARES, 2012, p. 55)

A pesquisa documental demonstrou ainda, que a idade predominante entre os adolescentes localiza-se entre 15 e 17 anos, idades cronológicas que correspondem ao Ensino Médio. Isto é, 1° ano-15 anos; 2° ano-16 anos e 3º ano- 17 anos. Em relação aos dados coletados, estes apresentam, portanto, uma situação de distorção idade-série, pois apenas 6% dos adolescentes entre 15 e 17 anos se evadiram da escola quando já estava no ensino médio. Observa-se, portanto, entre os outros adolescentes uma defasagem acentuada entre a idade escolar e a idade cronológica.

Chama a atenção os dados referentes à 5ª, 6ª e 7ª séries, nos quais predominam a maior parte dos adolescentes, com ênfase para a 6ª série, em que 28 adolescentes (29%) abandonaram a instituição escolar. Outro dado a ser observado é quanto à frequência de 9% dos adolescentes na Educação de Jovens e adultos (EJA). Esta modalidade de ensino atende pessoas que não concluíram as séries iniciais de 1ª à 4ª série. Em relação aos adolescentes internados que frequentavam esta modalidade de ensino, observa-se que estes representam 9% do total, e o fato de também abandoarem o EJA representa que o abandono escolar ocorreu por mais de vez.

2 DEPENDÊNCIA DE DROGAS POR ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE EVASÃO ESCOLAR

Em relação ao uso de Substâncias Psicoativas (SPA) entre os adolescentes, a maconha prevalece como sendo a droga mais utilizada, seguida pelo álcool, depois o crack, a cocaína e

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10 por fim o cigarro. Embora estas não sejam as únicas substâncias utilizadas pelos adolescentes, são as mais conhecidas e usadas por estes. Conforme o gráfico abaixo é possível visualizar com mais clareza sobre a proporção do uso de cada droga.

Gráfico 7: Substâncias psicoativas utilizadas por adolescentes em situação de evasão escolar

Fonte: Ficha de cadastro psiquiatria serviço social HUOP- (MARES, 2012, p. 56)

Entre janeiro de 2010 e dezembro de 2011, chamou a atenção o número de internamentos em decorrência do uso da maconha, que representou 30% do total. Sobre o uso desta substância pelos adolescentes observa-se em estudos que há “[...] um aumento do uso de maconha nessa população [...]. É fato que temos observado esse aumento e, com ele o aparecimento do uso de outras drogas, como a cocaína, o crack [...]” (NIEL; GOLDSHMIDT, 2009, p. 40).

O crack também foi predominante entre os sujeitos da pesquisa, uma droga utilizada em 22% dos casos, seguido pela cocaína, citada por 16% dos adolescentes. Cabe lembrar que o crack é a cocaína fumada, é a pasta que sobra na produção da cocaína e embora as duas drogas apresentem praticamente os mesmos efeitos, o da cocaína é mais duradouro em comparação com o efeito do crack. Além disso, o crack é uma droga mais barata e parece contribuir para a dependência mais e rapidamente que as outras drogas, talvez estes sejam os motivos para o maior uso da droga entre os adolescentes. Em relação ao uso de álcool por 24% dos adolescentes, verifica-se este consumo como amplo, exatamente por ser de fácil acesso e estar ao alcance destes jovens. O pouco consumo de cigarro entre os adolescentes

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11 chamou atenção, pois foi apresentado por apenas 8% destes. Deste modo, tendo em vista que o cigarro e álcool são drogas acessível por serem legalizadas, muitas vezes não são consideradas de fato como drogas e, portanto, quando questionados sobre os uso de drogas poucos adolescentes relatam que utilizam cigarro ou álcool o que faz com que apareça em poucas fichas cadastrais.

O consumo de substâncias psicoativas na adolescência afeta as relações pessoais, familiares, profissionais e no caso dos adolescentes o desempenho escolar como apresenta no gráfico abaixo:

Gráfico 8- O uso de drogas foi anterior à evasão escolar:

Fonte: Ficha de cadastro psiquiatria serviço social HUOP. (MARES, 2012, p.57).

O que se constatou foi que mais da metade dos adolescentes, ou seja, 59% abandonaram o ambiente escolar após iniciar o uso de drogas, e outros 27% abandonaram a escola ao mesmo tempo em que iniciaram este uso. Visto que, embora sejam a minoria 11% dos adolescentes que estavam em situação de abandono escolar já haviam se evadido da escola antes de iniciar o uso de drogas.

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12 CONSIDERAÇÕES

De fato, o abandono escolar envolve várias causas e fatores, a partir do levantamento de dados sobre o perfil dos adolescentes internados no HUOP, foi possível perceber os aspectos determinantes para a situação de evasão escolar destes sujeitos. A partir dos dados coletados, constatou-se que estes jovens em sua maioria são do sexo masculino, grande parte tem entre 15 e 17 anos, no entanto a maior parte destes quando evadiram-se da escola estavam frequentando o 6º e 7º anos do ensino fundamental o que configura também uma situação de distorção idade-série. A situação da renda também chama a atenção pelo fato de 20 famílias (19%) entre os 125 entrevistados não possuírem renda fixa e 48 famílias ganharem entre 1 e 2 salários mínimos.

Contudo, o que mais chama a atenção é a questão do uso de drogas pelos adolescentes. A drogadição é um fator que vincula-se com a situação de evasão escolar dos adolescentes desta pesquisa. O que se constatou foi que mais da metade dos adolescentes, ou seja, 59% abandonaram a escola após iniciar o uso de drogas e 27% abandonaram a escola ao mesmo tempo em que iniciaram o uso. Estes elementos caracterizam a drogadição como o principal motivo para a evasão escolar. Contudo, não se deve acreditar que seja o único elemento que motivou estes adolescentes a se evadirem deste ambiente, visto que, embora sejam a minoria 11% dos adolescentes que estavam em situação de abandono escolar já haviam se evadido da escola antes de iniciar o uso de drogas. Deste modo, vale lembrar que a drogadição pode de fato, tornar-se um elemento impeditivo de escolarização, em que em grande parte dos casos tem como consequência a evasão escolar.

Neste sentido, a dependência química é resultante de inúmeras expressões da “questão social” de naturezas variadas como culturais e familiares, exigindo intervenções pontuais, em varias áreas como assistência social, saúde e educação, de forma articulada. Assim, a evasão escolar é apenas uma das consequências da dependência de drogas. Portanto, reitera-se aqui o papel fundamental que a escola, a família, a sociedade, e principalmente o Estado desempenham em proporcionar aos adolescentes dependentes químicos o ingresso, a permanência no ambiente escolar, mas, fundamentalmente o tratamento da dependência química.

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13 REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil (1988). 31ª ed. Brasília-DF: Câmara dos Deputados. Edições Câmara, 2009.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 5ª ed. Câmara dos Deputado, Brasília –DF, 2010.

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei 8069, de julho de 1990. Dispões Sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, e dá outras providências. Brasília, Senado Federal, 2010. MARES, Thaise Fernanda de Lima. A evasão escolar entre adolescentes dependentes químicos internados na ala psiquiátrica do Hospital Universitário do Oeste do Paraná. Cascavel-PR. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Serviço Social). Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus - Toledo, 2012.

NIEL, Marcelo; GOLDSHMIDT, Deborah Yafa. Adolescentes e uso de drogas. In: MOREIRA, Fernanda G; NIEL, Marcelo; SILVEIRA, Dartiu Xavier da (Org) Drogas Família e Adolescência. São Paulo-SP: Editora Atheneu,2009.

NETTO, José Paulo. Cinco notas a propósitos da "questão social". Temporális, Brasília, ABEPSS (Associação Brasileira e Pesquisa em Serviço Social), v. 2, n.3, p. 41 – 49. jan/jul. 2001.

REZENDE, Manuel Morgado. Curto-circuito familiar e drogas análise de relações familiares e suas implicações na farmacodependência. 2. ed., Taubaté-SP: Cabral Editora Universitária, 1997.

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