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AVALIAÇÃO DE BLENDAS RECICLADAS DE PP/PHB

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Academic year: 2021

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AVALIAÇÃO DE BLENDAS RECICLADAS DE PP/PHB

R. R. de Oliveira1*. T. A. de Oliveira2, R. Barbosa2. T. S. Alves2.

1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí- IFPI/ Programa de

Pós-Graduação em Engenharia de Materiais

2 Universidade Federal do Piauí-UFPI/Programa de Pós-Graduação em Ciência dos

Materiais

Praça da Liberdade, 1597, 64000-040, Centro, Teresina – PI.

*rosimery_rodrigues@hotmail.com

RESUMO

O descarte indevido de resíduos poliméricos vem causando diversos problemas ambientais, pois a maioria dos polímeros utilizados nas indústrias demoram centenas de anos para se decompor, tendo como consequência o acúmulo no meio ambiente. Na busca de soluções para este problema destaca-se a reciclagem e a incorporação de polímeros biodegradáveis a plásticos comumente produzidos. Nesse contexto, este trabalho teve o objetivo de avaliar os efeitos da reciclagem em blendas poliméricas de polipropileno(PP) e poli(3-hidroxibutirato)(PHB) através de reprocessamento em extrusora monorosca. O material foi submetido a sete ciclos de extrusão, sendo coletado material referente aos ciclos 1, 3, 5 e 7. O material foi caracterizado por Microscopia Eletrônica de Varredura, onde foi observada a presença de duas fases distintas, uma fase contínua (polipropileno) e uma fase dispersa, esferoidal (PHB). Por meio do Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR) identificaram-se os grupos funcionais característicos do material, com poucas alterações devido ao reprocessamento.

Palavras-chave: Blendas poliméricas, reprocessamento, caracterização.

INTRODUÇÃO

O aumento no consumo de materiais poliméricos vem crescendo a cada ano; com isso, uma grande quantidade destes produtos está presente no cotidiano, como

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por exemplo, utensílios domésticos, brinquedos, peças automotivas, peças de equipamentos eletrônicos, embalagens, até mesmo, próteses ortopédicas (1). Porém,

quando esses materiais são descartados tem como consequência a geração de resíduos poliméricos em grande escala, e o acumulo destes resíduos, por sua vez, causam vários problemas ao meio ambiente, uma vez que a maioria destes materiais levam muito anos para se decompor.

Dentre os polímeros mais utilizados na indústria está o polipropileno (PP), um termoplástico que apresenta boas características como baixo custo, boa resistência química, fácil processamento e reciclagem, além de possuírem boas propriedades mecânicas e um baixo custo de produção (2). Segundo a ABIPLAST (3) o PP

corresponde a 27,9% das aplicações de resinas utilizadas no Brasil, normalmente aplicados na fabricação de tampas para frascos, baldes, brinquedos, seringas descartáveis, copos entre outros. Contudo, necessita de vários anos para se decompor, aumentando cada vez mais o problema do acúmulo destes resíduos ao meio ambiente.

Na busca de soluções para minimizar este problema ambiental, causado pelo descarte de resíduos poliméricos destacam-se a reciclagem e o desenvolvimento de blendas, substituindo parte de polímeros comumente utilizados por polímeros biodegradáveis. A possibilidade de misturar polímeros de naturezas diferentes, na forma de blendas, além de conferir novas propriedades, amplia a sua aplicabilidade e, com isso, melhorar a biodegradabilidade do material resultante (4).

A reciclagem de materiais contribui com a redução do descarte de resíduos sólidos no meio ambiente, em aterros sanitários e em lixões. Também possibilita a reinserção de materiais no processo produtivo, reduzindo a utilização de matéria-prima virgem e consequentemente, o consumo de energia, a extração de matérias-primas fósseis e as emissões de CO2(5). O reaproveitamento dos resíduos

reincorporando aos processos produtivos reduz o seu impacto ambiental (6).

Dentre os polímeros biodegradáveis, tem-se o poli(3-hidroxibutirato) (PHB) que é um polímero termoplástico, biodegradável e insolúvel em água. Estas características permitem que ele tenha as mesmas aplicações de polímeros convencionais. Pode ser utilizado em embalagens de produtos agropecuários, filmes para alimentos, escovas, pentes, materiais escolares, etc.(7). Além de possuir

(3)

Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de blendas poliméricas de PP/PHB utilizando uma extrusora monorosca e avaliar o efeito de reprocessamento na morfologia do material bem como a identificação dos principais grupos funcionais presentes nas blendas reprocessadas.

MATERIAS E MÉTODOS

Materiais

Foram utilizados o Polipropileno copolímero RP 347, fornecido pela Braskem S/A com índice de fluidez de 10dg/min, medido a 230°C com um peso de 2,16 Kg de acordo com a Norma ASTM D1238, conforme ficha técnica do fabricante. Como polímero biodegradável foi utilizado o Poli (3-hidroxibutirato) fornecido pela PHB Industrial S/A, apresentando índice de fluidez de 40g/10min a 190°C/2,16Kg.

Métodos

Para avaliar os efeitos da reciclagem o material foi submetido a ciclos de reprocessamento em extrusora monorosca, onde foram realizados sete ciclos consecutivos de extrusão, sendo coletado material referente aos ciclos 1, 3, 5 e 7. Inicialmente o material PHB foi seco em estufa. Posteriormente o PP e PHB foram misturados na proporção de 85% de PP e de 15% de PHB e processados em extrusora monorosca Modelo Lab 16 da Ax-Plásticos. O perfil de temperatura utilizado nas zonas foi de 175° C, 180° C e 190° C. Depois de processado, o material foi granulado em um peletizador a uma velocidade de 50 rpm. Depois de granulados, as blendas foram secas em estufa a uma temperatura de 70°C Em seguida, foram moldados corpos de prova.

A análise morfológica do material foi realizada em corpos de prova fraturados via teste de impacto via microscopia eletrônica de varredura (MEV). O equipamento utilizado foi da marca Shimadzu SSX-550, sob atmosfera de nitrogênio e filamento de tungstênio. Para tanto as amostras foram metalizadas com partícula de ouro, usando uma corrente de 10-15mA, no tempo de 2 minutos por amostra.

Os filmes de PP/PHB foram caracterizados por análise na região do infravermelho com o objetivo de identificar grupos funcionais presentes nos materiais. Os espectros de FTIR foram obtidos na faixa de número de ondas 4000 e 400 cm-1 em aparelho IRAffinity-1 SHIMADZU.

(4)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Processamento das blendas

Fotografias dos corpos de provas das blendas de PP/PHB produzidas encontram-se na Figura 1.

Figura 1 corpos de prova dos ciclos reprocessados das blendas de PP/PHB

Pode-se observar que ao passar dos ciclos os corpos de prova intensificam a coloração, de um amarelo claro para um amarelo mais escuro. Isso indica que está ocorrendo um processo de degradação nos sistemas, e a mudança de coloração é o primeiro sinal. Durante o processamento o material foi submetido a aquecimento, tempo e cisalhamento, esses efeitos do processo podem iniciar as reações de degradação. Como eles foram expostos a uma determinada temperatura por muito tempo, observa-se um amarelecimento típico de processos de termo-oxidação (9).

Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV

As morfologias das blendas reprocessadas dos quatro ciclos de PP/PHB com resolução de 500x são apresentadas nas Figuras 2, 3, 4 e 5.

(5)

Figura 2 Morfologia da blenda de PP/PHB 1 ciclo

(6)

Figura 4 Morfologia da blenda de PP/PHB 5 ciclos

Figura 5 Morfologia da blenda de PP/PHB 7 ciclos

A morfologia das blendas poliméricas depende de vários fatores como miscibilidade dos componentes, composição da mistura e condições de processamento (10). Nas imagens das blendas pode-se obsevar a presença de duas

fases distintas, uma fase continua representando o polipropileno e uma fase dispersa, esferoidal considerada a fase de PHB. Resultados semelhantes encontrados por Mélo et. al. (11) que trabalhou com blenda polimérica de PP/HIPS no

qual observou através de micrografias a formação de uma estrutura bifásica com partículas esféricas ou arredondadas de HIPS, de tamanhos variados e muito próximos, dispersos na matriz de PP.

(7)

A presença dessas duas fases distintas mostra que o material apresenta uma morfologia típica de uma blenda imiscível e com pouca adesão interfacial entre os polímeros na mistura. Segundo Silva (12), blendas imiscíveis apresentam uma

separação natural entre os componentes, formando um sistema heterogêneo de duas ou mais fases, essas misturas apresentaram como estrutura uma matriz, que se encontra em maior quantidade e uma fase dispersa do outro polímero em menor quantidade.

Pode-se observar que ao longo dos ciclos não ocorre mudança significativa na morfologia da blenda, verificando que o efeito do reprocessamento não modifica a morfologia do material reciclado.

Espectros de Infravermelho por Transformada de Fourier (FT-IR)

Os espectros de infravermelho dos filmes dos materiais estão expostos na Figuras 6.

Figura 6 Infravermelho das blendas de PP/PHB reprocessadas

Na analise do espectro de FT-IR foram encontradas bandas características do material, bandas típicas de ligações C-H, estiramento simétrico e assimétrico de grupos CH2 e CH3, estiramento de ligações C-C, típicas de ligações presentes na

estrutura do PP e PHB, e bandas de C-O e C=O presentes na estrutura do PHB.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 Tran smit ânci a ( u .a.) Número de onda (cm-1) 1x PP/PHB 3x PP/PHB 5x PP/PHB 7x PP/PHB

(8)

Foram evidenciadas bandas de 2729 a 3190 cm-1, típicas de ligações C-H,

deformação simétrica de CH3 em 1375 cm-1 e deformação angular de CH2 em 1465

cm-1, deformação angular dos grupos C-H em 897 cm-1 e bandas na região de 1200

referentes a ligações C-C (13). Pôde-se observar bandas típicas da estrutura do PHB

nas regiões de 1300 a 1000 cm-1 que são referentes ao estiramento do tipo C-O

característicos do grupo éster, e em 1722 cm-1 a presença da banda do estiramento

do grupo carbonila (C=O) (14).

A análise de infravermelho indicou pouca variação no espectro no decorrer dos ciclos, observa-se uma diminuição de intensidade em algumas bandas e no ciclo 7 desaparece uma banda 2854, indicando o rompimento de ligação C-H.

CONCLUSÃO

De acordo com os resultados obtidos, percebe-se que a morfologia da blenda PP/PHB apresentou duas fases distintas, uma fase contínua de PP e uma fase dispersa em formato esferoidal de PHB, mostrando que esta blenda é imiscível; bem como mudanças insignificantes na morfologia do material reprocessado. A análise de infravermelho por Transformada de Fourier (FT-IR) evidenciou os picos característicos do material, bem como a diminuição na intensidade das bandas com o passar dos ciclos. Observou-se também o desaparecimento na banda na região 2854, mostrando que o material começa a se degradar ao longo dos ciclos. Observa-se que o reprocessamento até o 7 ciclos apresenta poucas mudanças no material. O desenvolvimento de blendas poliméricas que aliem boas propriedades e que suportem ciclos de reprocessamento torna a mistura PP/PHB uma alternativa promissora para as indústrias que trabalham com produção de plásticos.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Laboratório de Materiais do Instituto Federal do Piauí - IFPI, ao Laboratório de Materiais da Universidade Federal do Piauí - UFPI, ao Programa de Pós-graduação em Engenharia de Materiais do IFPI, ao CNPQ pela bolsa concedida e a FAPEPI pelo apoio financeiro.

(9)

REFERÊNCIAS

(1) PIATTI, T. M.; RODRIGUES,R. A. F. Plásticos: características, usos,

produção e impactos ambientais. Conversando sobre ciências em Alagoas -

Maceió : EDUFAL, 2005.

(2) FONSECA, F. M. C. Desenvolvimento e caracterização de blendas potencialmente biodegradáveis empregando poli(3-hidroxibutirato) (PHB) e polipropileno (PP). In: Congresso Brasileiro de Ciência e Engenharia de Materiais, 18ºCBECIMAT, 2008, Porto de Galinhas, 2008.

(3) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DO MATERIAL PLÁSTICO – ABIPLAST. Perfil da Indústria de Transformação e Reciclagem de materiais plásticos. São Paulo, 2014

(4) FARIA, A. U. & Franchetti, S. M. M. - Polímeros, 20, p.141 (2010).

(5) FRAGA, S.C.L. Reciclagem de materiais plásticos: aspectos técnicos, ambientais e sociais.São Paulo: Érica, 2014.

(6) ROLIM, A. M. A Reciclagem de Resíduos Plásticos Pós-consumo em Oito Empresas do Rio Grande do Sul. 2000. 142p. Dissertação (Mestre em Administração)- Escola de Administração, Universidade federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre-RS, 2000.

(7) SOTERO, A. P. Plásticos biodegradáveis trazem melhorias ambientais. Publicado em: Agosto 2000. Disponível: http.//www.jornalplast.com.br /pago00/ago006.html. Acesso em 29/08/2016.

(8) QUENTAL, A.C. et all. Blendas de PHB e seus copolímeros: miscibilidade e compatibilidade. Quim. Nova. Vol. 33, p.438-446, 2010.

(9) PAOLI, M.A. degradação e Estabilização de polímeros. 2 ed. ChemKeys, 2008.

(10) PADILHA, A. F. Materiais de Engenharia. Curitiba: Hemus S.A, 2000.

(11) MÉLO, T. J. A. et al. Propriedades Mecânicas e Morfologia de uma Blenda Polimérica de PP/HIPS Compatibilizada com SEBS. Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 10, nº 2, p. 82-89, 2000.

(12) SILVA, C. R. Propriedades mecânicas de blendas de polipropileno com polietileno de ultra alto peso molecular. 2013. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Materiais). Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET-MG.

(13) PAVIA, D.L. et al. Introdução a Espectroscopia. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

(10)

(14) SILVERSTEIN, R. M.; WEBSTER, F. X.; KIEMLE, D. J. Identificação espectrométrica de compostos orgânicos. 7ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007.

BLENDS EVALUATION OF RECYCLED PP / PHB

ABSTRACT

Improper disposal of polymeric waste is causing many environmental problems, because most polymers used in industries take hundreds of years to decompose, resulting in the accumulation in the environment. In the search for solutions to this problem there is the recycling and incorporation of biodegradable polymers commonly produced plastics. In this context, this study aimed to evaluate the effects of recycling polymer blends of polypropylene (PP) and poly (3-hydroxybutyrate) (PHB) through reprocessing of single screw extruder. The material was subjected to seven cycles of extrusion, and collected material related to cycles 1, 3, 5 and 7. The material was characterized by Scanning Electron Microscopy, which was observed the presence of two distinct phases, a continuous phase (polypropylene) and a dispersed phase spheroidal (PHB). Through Fourier Transform Infrared (FTIR) have been identified characteristic functional groups of the material with little change because of reprocessing.

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