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PENTATOMOIDEA (INSECTA: HEMIPTERA) EM FRAGMENTOS DE MATA ATLÂNTICA NO SUL DE SANTA CATARINA

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Academic year: 2021

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PENTATOMOIDEA (INSECTA: HEMIPTERA) EM

FRAGMENTOS DE MATA ATLÂNTICA NO SUL DE SANTA

CATARINA

Tanise Boeira Pelegrini Bertolin

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PENTATOMOIDEA (INSECTA: HEMIPTERA) EM FRAGMENTOS DE MATA ATLÂNTICA NO SUL DE SANTA CATARINA

Tanise Boeira Pelegrini Bertolin

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais – PPGCA, da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais.

Área de Concentração: Ecologia e Gestão de Ambientes Alterados

Orientador: Prof. Dr. Luiz Alexandre Campos

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

F B546p Bertolin, Tanise Boeira Pelegrini.

Pentatomoidea (Insecta: Hemiptera) em fragmentos de Mata Atlântica no Sul de Santa Catarina / Tanise Boeira Pelegrini Bertolin; orietador: Luiz Alexandre Campos. – Criciúma : Ed. do autor, 2007.

62 f. : il. ; 30 cm.

Dissertação (Mestrado) - Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, 2007.

1. Inseto – Populações. 2. Hemiptera. 3. Plantas

hospedeiras. I. Título.

CDD. 21ª ed. 595.7

Bibliotecária Rosângela Westrupp – CRB 364/14ª - Biblioteca Central Prof. Eurico Back - UNESC

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AGRADECIMENTOS

Ao Júlio e a Camila, pela compreensão e apoio.

A Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, pela oportunidade de realizar o mestrado.

Ao Prof. Dr. Luiz Alexandre Campos, pela orientação, acompanhamento e oportunidades de aprendizado.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, em especial ao Prof. Dr. Jairo Zocche, Profª. Drª. Vanilde Citadini Zanette e Profª. Drª. Birgit Harter-Marques, pela contribuição na realização da dissertação.

Aos meus colegas do Laboratório de Biogeografia e Sistemática de Insetos, pelo apoio, auxílio às coletas e companheirismo.

Ao meu amigo Samuel, que esteve sempre pronto a me ajudar durante esta caminhada.

A toda minha família, pelo reconhecimento e incentivo, especialmente ao meu irmão Tiago que contribuiu dando auxílio às coletas.

A todos aqueles que, de alguma forma, ajudaram na realização da dissertação.

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RESUMO

Este trabalho está dividido em dois capítulos, o primeiro trata da composição e a variação sazonal de Pentatomoidea (Hemiptera) avaliada entre setembro de 2005 e agosto de 2006 em três fragmentos de Mata Atlântica na região sul do Estado de Santa Catarina (Brasil): Parque Ecológico José Milanese (Criciúma), Parque Ecológico de Maracajá (Maracajá) e Balneário Morro dos Conventos (Araranguá). Foram realizadas coletas mensais ao longo de trilhas em borda de mata nestas áreas utilizando guarda-chuva entomológico, rede de varredura e inspeção visual. Para um esforço amostral de 108 horas foram coletados 595 indivíduos, distribuídos em 4 famílias, 29 gêneros e 50 espécies. Entre as famílias encontradas, Pentatomidae foi a mais abundante com 492 espécimes (82,69%) seguida de Corimelaenidae (15,97%), Scutelleridae (0,84%) e Tessaratomidae (0,50%). Pentatomidae também apresentou a maior riqueza com 38 espécies. As espécies mais abundantes foram Mormidea notulifera Stål, Oebalus ypsilongriseus (De Geer), Arvelius albopunctatus (De Geer), Edessa subrastrata Bergroth, Galgupha schulzii Fabricius e Agroecus scabricornis (Herrich-Schäffer). O período de maior captura foi entre o final da primavera e início do outono, representando 71,76% do total coletado. As áreas foram comparadas por meio do cálculo de índices de diversidade, de similaridade e de curvas de rarefação. A área que apresentou os maiores valores de diversidade foi o Balneário Morro dos Conventos H’ = 2,81 (índice de Shannon-Wiener) e D = 13,14 (índice de Simpson) devido ao elevado número de espécies raras, ou seja, 67,85% das espécies encontradas são pouco freqüentes. Este estudo retrata a primeira avaliação da diversidade de Pentatomoidea em habitat natural para o estado de Santa Catarina. O segundo capítulo apresenta a associação entre os percevejos-de-plantas e as espécies vegetais avaliada entre setembro de 2005 e agosto de 2006 e teve como objetivo conhecer as plantas silvestres utilizadas pelos percevejos da superfamília Pentatomoidea nos fragmentos florestais Parque Ecológico José Milanese (Criciúma) e Parque Ecológico de Maracajá (Maracajá). Foram realizadas coletas mensais ao longo de trilhas nas bordas de mata utilizando o método guarda-chuva entomológico. Foram coletados 152 indivíduos, distribuídos em duas famílias, 18 gêneros e 22 espécies, associadas a aproximadamente 50 espécies vegetais pertencentes a 27 famílias. Entre as famílias de percevejos-de-plantas, Pentatomidae foi a mais abundante, com maior riqueza de espécies e riqueza genérica. As espécies mais abundantes foram Edessa subrastrata seguida de Galgupha schulzii, Arvelius albopunctatus, Agroecus scabricornis e Mormidea notulifera que juntos somam 67,11% dos indivíduos capturados. No total foram registradas 80 associações entre espécies de percevejos-de-plantas e espécies vegetais. Dentre as plantas hospedeiras mais importantes quanto às associações destacam-se as famílias Asteraceae, Bignoniaceae e Euphorbiaceae e as espécies Solanum pseudocapsicum L., Mikania micrantha Kunth, Vernonia scorpioides (Lam.) Pers., Colea pinnatifolia Luetzelb. e Alchornea triplinervia (Spreng.) Muell. Arg.. Em ambas as áreas mais de 50% das espécies de percevejos estão associados a uma única planta hospedeira.

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ABSTRACT

This research is divided in two chapters, the first about the composition and the sazonal variation of Pentatomoidea (Hemiptera) evaluated between september 2005 and august 2006 in three fragments of Atlantic Forest in the southern region of the State of Santa Catarina (Brazil): Parque Ecológico Jose Milanese (Criciúma), Parque Ecológico de Maracajá (Maracajá) and Balneário Morro dos Conventos (Araranguá). Monthly collections throughout tracks in bush edge had been carried through in these areas using beating tray, sweeping nets and visual inspection. After an effort of 108 hours 595 individuals were collected, distributed in 4 families, 29 genera and 50 species. Among the families found, Pentatomidae was the most abundant with 492 specimens (82.69%) followed by Corimelaenidae (15.97%), Scutelleridae (0.84%) and Tessaratomidae (0.50%). Pentatomidae also presented the greatest richness with 38 species. The most abundant species were Mormidea notulifera Stål, Oebalus ypsilongriseus (De Geer), Arvelius albopunctatus (De Geer), Edessa subrastrata Bergroth, Galgupha schulzii Fabricius and Agroecus scabricornis (Herrich-Schäffer). The greatest capture period was between the end of the spring and the beginning of autumn, representing 71.76% of the total collected. The areas were compared by the calculation of diversity and similarity indices and curves of rarefaction. The area that presented the largest values of diversity was Balneário Morro dos Conventos with H ' = 2.81 (Shannon-Wiener index) and D = 13.14 (Simpson index) due to the high number of rare species, 67.85% of the found species are little frequent. This study portrays the first evaluation of the Pentatomoidea diversity in natural habitat for the State of Santa Catarina. The second chapter presents the association among stinkbug and plant species evaluated between september 2005 and august 2006 with the aim to know the wild plants used by stinkbug of the Pentatomoidea superfamily in the forest fragments Parque Ecológico Jose Milanese (Criciúma) and Parque Ecológico de Maracajá (Maracajá). Monthly collections throughout tracks in bush edge had been carried using beating tray; 152 individuals were collected, distributed in two families, 18 genera and 22 species, associated with approximately 50 plant species pertaining to 27 families. Among the families of stinkbug, Pentatomidae was the most abundant, with greatest values of species and generic richness. The most abundant species were Edessa subrastrata, Galgupha schulzii, Arvelius albopunctatus, Agroecus scabricornis and Mormidea notulifera that together form 67.11% of the captured individuals. In the total 80 associations were registered among stinkbug and plant species. Among the host plants the most important families that stands out with respect to the associations are Asteraceae, Bignoniaceae and Euphorbiaceae and the species Solanum pseudocapsicum L., Vernonia scorpioides (Lam.) Pers., Mikania micrantha Kunth, Colea pinnatifolia Luetzelb. and Alchornea triplinervia (Spreng.) Muell. Arg.. In both areas more than 50% species of stinkbug are associated with only one host plant.

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ABSTRACT... vi

APRESENTAÇÃO... 9

CAPÌTULO 1 - Diversidade de Pentatomoidea (Hemiptera, Heteroptera) em três Fragmentos de Mata Atlântica no Sul de Santa Catarina, Brasil... 16 Resumo... 16 Abstract... 16 Introdução... 17 Material e Métodos... 19 Áreas de estudo... 19 Amostragem... 22

Análises dos dados... 22

Resultados... 23

Discussão... 30

Conclusões... 32

Agradecimentos... 33

Referências... 33

CAPÌTULO 2 - Associações entre Percevejos-de-Plantas (Hemiptera, Pentatomoidea) e Espécies Vegetais em Fragmentos de Mata Atlântica no Sul de Santa Catarina, Brasil... 37

Resumo... 37 Abstract... 37 Introdução... 38 Material e Métodos... 39 Áreas de estudo... 39 Amostragem... 40

Análises dos dados... 41

Resultados... 41 Discussão... 47 Conclusões... 49 Agradecimentos... 49 Referências... 49 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 53

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REFERÊNCIAS... 55 APÊNDICES... 59

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APRESENTAÇÃO

O Bioma Mata Atlântica compreende um conjunto de formações florestais e ecossistemas associados que incluem a Floresta Ombrófila Densa, a Floresta Ombrófila Mista, a Floresta Ombrófila Aberta, a Floresta Estacional Semidecidual, a Floresta Estacional Decidual, os manguezais, as restingas, os campos de altitude, os brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste. Originalmente abrangia total ou parcialmente os estados brasileiros situados ao longo da costa atlântica, do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, além de parte dos estados de Mato Grosso do Sul e Goiás (SCHÄFFER; PROCHNOW, 2002).

A Mata Atlântica é considerada atualmente como um dos mais ricos conjuntos de ecossistemas em termos de diversidade biológica do Planeta. Distribuído ao longo de mais de 23 graus de latitude sul é composto de uma série de fitofisionomias bastante diversificadas, o que propiciou uma significativa diversificação ambiental e, como conseqüência, a evolução de um complexo biótico de natureza vegetal e animal altamente rico (CAPOBIANCO, 2002).

Hoje a Mata Atlântica está reduzida a menos de 8% de sua extensão original, segundo os resultados recentes do Atlas da Evolução dos Remanescentes Florestais e dos Ecossistemas Associados no Domínio da Mata Atlântica, desenvolvido pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. A dinâmica da destruição foi mais acentuada durante as últimas três décadas, resultando em alterações severas para os ecossistemas que compõem o bioma, especialmente pela alta fragmentação de habitat e perda de sua biodiversidade (RAMBALDI; OLIVEIRA, 2003).

A fragmentação é o processo no qual um habitat contínuo é dividido em manchas, fragmentos, mais ou menos isolados (MACARTHUR; LEVINS, 1964). Os remanescentes florestais são pedaços de floresta dispersos em um território e segundo Viana (1990), são áreas de vegetação naturais, interrompidas por barreiras antrópicas (estradas, povoados, culturas agrícolas, pastagens, etc.) ou por barreiras naturais (montanhas, lagos, outras formações vegetais, etc.) capazes de diminuir significativamente o fluxo de animais, pólen ou sementes. Os remanescentes são afetados por problemas direta e indiretamente relacionados à fragmentação, tais como o a distância entre os fragmentos ou o grau de isolamento, o tamanho e a forma do fragmento, o tipo de matriz circundante e o efeito de borda (BIERREGARD et al., 1992).

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Dentre as conseqüências mais importantes do processo de fragmentação florestal pode-se citar a diminuição da diversidade biológica, o distúrbio do regime hidrológico das bacias hidrográficas, as mudanças climáticas, a degradação dos recursos naturais e a deterioração da qualidade de vida das populações tradicionais (VIANA, 1990). Além disso, a fragmentação resulta em remanescentes de vegetação nativa que se avizinham a usos agrícolas e a outras formas de uso e, como resultado, o fluxo de radiação, a água e nutrientes dos solos são alterados significativamente (SAUNDERS; HOBBS; MARGULES, 1991).

A crescente perda da diversidade biológica tem alertado os pesquisadores para a necessidade de realizar estudos sobre o conhecimento da biodiversidade e a implementação de medidas adequadas para a conservação (MORENO, 2001). Os levantamentos faunísticos são as ferramentas básicas para se conhecer essa diversidade e monitorar tendências ao longo do tempo, seja perante condições ambientais distintas, seja em resposta aos impactos de processos naturais ou de atividades humanas (LEWINSOHN; PRADO; ALMEIDA, 2001).

Dentre vários grupos de animais, os insetos têm sido alvo de muitos estudos de análise faunística com o objetivo de inventariá-los e encontrar subsídios para que não apenas se conheça a sua diversidade, mas também sirvam de apoio para a avaliação de condições ambientais (HUMPIIREY et al., 1999). Os insetos são adequados para uso em estudos de avaliação de impacto ambiental e de efeitos de fragmentação florestal, pois apresentam elevada densidade populacional, ocupam diferentes nichos ecológicos, além de possuírem um curto período entre gerações, o que resulta numa rápida resposta populacional às mudanças ambientais (ROSENBERG; DANKS; LEHMKUHL, 1986; SOUZA; BROWN, 1994).

Conforme Janzen (1980) os insetos cumprem um papel primordial na aceleração dos processos de decomposição da matéria vegetal, na realocação de alguns nutrientes e na determinação da composição florística da comunidade, por meio do consumo seletivo de algumas espécies. Consomem grandes quantidades de partes das plantas e, por outro lado, são consumidos por enormes quantidades de predadores vertebrados, invertebrados, parasitóides, parasitas e transmissores de agentes patogênicos, determinando assim as relações de estrutura entre vários organismos. São de extrema importância pelo seu papel no funcionamento dos ecossistemas naturais atuando como parasitos, fitófagos, predadores, saprófagos, polinizadores, entre outros (ROSENBERG; DANKS; LEHMKUHL, 1986; SOUZA; BROWN, 1994; SCHOEREDER, 1997; THOMAZINI; THOMAZINI, 2000).

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Segundo Brown (1997) os insetos atualmente estão sendo reconhecidos cada vez mais como fundamentais para a estrutura e funcionamento dos sistemas ecológicos, sendo um importante elemento a ser preservado. A diversidade e a sensibilidade a variações ambientais tornam os insetos um grupo especialmente importante para a conservação. Por isso, os inventários faunísticos de insetos são fundamentais para gerar conhecimento acerca da diversidade biológica.

Cerca de 25% de todos os macroorganismos conhecidos são insetos fitófagos. Dentre os hemípteros, a maior ordem hemimetábola, mais de 90% das espécies são fitófagas (STRONG et al., 1984 apud SCHWERTNER, 2001). Nesta ordem estão os insetos conhecidos como percevejos-de-plantas, frades ou marias-fedidas, pertencentes à subordem Heteroptera e à superfamília Pentatomoidea, apresentando cerca de 5.720 espécies descritas no mundo e 607 no Brasil (GRAZIA; FORTES; CAMPOS, 1999).

De acordo com Schuh; Slater (1995) a superfamília Pentatomoidea possui 14 famílias, das quais dez apresentam ocorrência na região Neotropical: Acanthosomatidae, Canopidae, Corimelaenidae, Cydnidae, Dinidoridae, Megarididae, Pentatomidae, Phloeidae, Scutelleridae e Tessaratomidae. A família Pentatomidae é uma das mais importantes em número de espécies, reunindo cerca de 4.100 espécies em 760 gêneros e é a quarta família mais diversa dos heterópteros, com ampla distribuição mundial (GRAZIA; FORTES; CAMPOS, 1999).

Os pentatomóideos são insetos exclusivamente terrestres de tamanho variável entre 2 a 20mm e corpo geralmente ovalado. A coloração escura, castanha ou negra ocorre na maioria das famílias, entretanto a coloração viva, às vezes brilhante e até iridescente, constituindo a chamada coloração aposemática, pode ocorrer em alguns grupos. Os fleídeos (Phloeidae) vivem sobre a casca de árvores e cujas margens da cabeça e dos segmentos abdominais se expandem em grandes lobos achatados, tornando o inseto quase indistinto do substrato (SCHUH; SLATER, 1995).

Os pentatomídeos em geral emitem um odor desagradável ao serem perturbados e são facilmente reconhecidos por terem antenas de cinco segmentos e o escutelo grande e triangular. A grande maioria possui hábitos fitófagos, se alimentando de diversas partes da planta; a subfamília Asopinae apresenta hábitos predadores. Entre os fitófagos há registro de várias espécies que constituem pragas de plantas cultivadas e entre os predadores algumas espécies têm ação efetiva

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como controladores biológicos de pragas (GRAZIA; FORTES; CAMPOS, 1999). A fitofagia parece ser a condição ancestral compartilhada por todos os pentatomomorfos: muitos se alimentam de sementes ou de frutos em desenvolvimento ou até flores, mas a grande maioria se nutre pela extração da seiva das plantas diretamente do sistema vascular, particularmente do floema (SCHUH; SLATER, 1995).

As plantas hospedeiras são importantes recursos alimentares para o desenvolvimento das ninfas e a reprodução dos insetos adultos, além de servirem de abrigo (PANIZZI, 1997). Os levantamentos de insetos fitófagos em plantas hospedeiras contribuem para o reconhecimento de um segmento importante e diversificado das biotas locais e regionais, sendo possíveis diversos tipos de estimativas de riqueza de espécies, mesmo a partir de uma lista reconhecidamente incompleta (LEWINSOHN; PRADO; ALMEIDA, 2001). Há diversos trabalhos publicados envolvendo a comunidade de Pentatomoidea relacionada a agroecossistemas, mas são poucos os inventários ou levantamentos faunísticos desses insetos no seu habitat natural.

Grazia; Becker (1977) realizaram um estudo da fauna de Pentatomoidea coletada em três diferentes ecossistemas na Guiana Francesa: savana, floresta e região costeira; as autoras identificaram 130 espécimes distribuídos nas famílias Corimelaenidae, Pentatomidae e Scutelleridae.

No México, Brailovsky (1987) estudou a família Pentatomidae na Estação Biológica “Los Tuxtlas” (Veracruz) e registrou 5.000 indivíduos distribuídos em 59 espécies e 26 gêneros.

Na Indonésia, Casson; Hodkinson (1991) investigaram quantitativamente a composição da comunidade Hemiptera dentro da floresta tropical Dummong-Bone no Parque Nacional em Sulawesi. Neste estudo foram exploradas as relações entre os hemípteros capturados usando diferentes técnicas de amostragem e examinando a variação temporal e espacial da comunidade. Apenas a família Cydnidae foi representada dentre os pentatomóideos.

Bryja; Kula (2000) estudaram a estrutura e biodiversidade da comunidade de Heteroptera no norte da Bohemia na República Checa, avaliando a comunidade em diferentes condições de habitat e as medidas de biodiversidade que integram a riqueza das espécies e a heterogeneidade da comunidade. A superfamília Pentatomoidea foi representada por quatro famílias, Acanthosomatidae, Cydnidae, Pentatomidae e Scutelleridae.

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Também na República Checa, Kula; Bryia (2002) realizaram um estudo comparando vários métodos de amostragem na avaliação da diversidade dos heterópteros em três ambientes de floresta. Dentre os pentatomóideos foram registradas as famílias Acanthosomatidae, Pentatomidae e Scutelleridae.

Na costa leste da Austrália, Andrew; Hughes (2005) avaliaram a riqueza e estrutura da comunidade dos hemípteros fitófagos em relação ao gradiente latitudinal, identificando a importância das espécies raras e elaborando uma hipótese sobre como os hemípteros fitófagos podem responder à mudança do clima. Todos os insetos coligidos durante dois anos de monitoramento foram obtidos de uma única planta hospedeira, Acacia falcata Willd. Da superfamília Pentatomoidea apenas Pentatomidae foi representada.

No Brasil, Paula; Ferreira (1998) realizaram um levantamento da diversidade de heterópteros utilizando armadilhas luminosas em mata ciliar em Viçosa (MG). A comunidade de Pentatomoidea foi representada pelas famílias Pentatomidae com 1.382 indivíduos e Cydnidae com 1.334 indivíduos.

Na região sul, Gastal; Lanzer-de-Souza; Galileo (1981) investigaram a diversidade da comunidade de pentatomídeos na grande Porto Alegre (RS), utilizando armadilha luminosa e avaliando a riqueza e similaridade das espécies.

Bonatto (1984) realizou um levantamento faunístico da superfamília Pentatomoidea nas matas e campos da Estação Ecológica do Taim (RS). Foram coletados 1.063 indivíduos de Pentatomidae e 148 indivíduos de Cydnidae.

Link; Grazia (1987) realizaram um estudo na região de Santa Maria (RS) e registraram 77 espécies de pentatomídeos com 16 registros novos de ocorrência e informações da relação entre percevejos e plantas hospedeiras.

Costa; Borgoni; Bellomo (1995) efetuaram um estudo no município de São Sepé (RS) com o objetivo de conhecer as espécies de Pentatomidae e suas respectivas plantas hospedeiras. Foram obtidos 10 espécies distribuídas em 7 diferentes plantas hospedeiras.

Grazia et al. (2004) estudaram as plantas utilizadas por percevejos-do-mato (Pentatomoidea) nas localidades de Barra do Ouro, município de Maquiné e no Parque Estadual de Itapuã, município de Viamão (RS). A metodologia empregada foi a inspeção visual da vegetação adjacente às trilhas. Foram encontradas 17 espécies de percevejos sendo 14 da família Pentatomidae e 3 da família Corimelaenidae e houve registro de 19 espécies vegetais hospedeiras.

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Bunde (2005) realizou um estudo com objetivo de conhecer a fauna de percevejos-do-mato do bioma Campos Sulinos, avaliando riqueza de espécies, abundância e similaridade da fauna nos municípios de Canguçu e Caçapava do Sul (RS). A metodologia adotada foi guarda-chuva entomológico e rede de varredura em três trilhas de cada local. Foram coletados 334 indivíduos de 47 espécies distribuídos nas famílias Pentatomidae (269 espécimes), Corimelaenidae (43), Scutelleridae (13), Acanthosomatidae (6) e Megarididae (3).

Schmidt; Barcellos (2007) realizaram um inventário da superfamília Pentatomoidea em remanescente de Floresta Pluvial Subtropical do Alto Uruguai, no Parque Estadual do Turvo (RS). A metodologia empregada foi guarda-chuva entomológico ao longo de duas trilhas nas bordas de mata. Foram amostrados 817 espécimes de Pentatomoidea, pertencentes a 7 famílias, sendo a família Pentatomidae a mais abundante com 651 espécimes.

Ainda para o Rio Grande do Sul, Barcellos (2005) estudou a fauna de Pentatomoidea em termos de composição, abundância e riqueza de espécies em duas áreas na planície costeira, Butiazais de Tapes e Lagoa do Casamento, com seus ecossistemas associados. Foi coletado um total de 438 indivíduos de 55 espécies, distribuídas nas famílias Pentatomidae, Scutelleridae, Cydnidae, Cyrtocoridae e Megarididae.

Estudos relacionados com a diversidade de pentatomóideos em formações vegetais nativas no estado de Santa Catarina são inexistentes, havendo conseqüentemente uma carência de coleções científicas e de dados faunísticos sobre o grupo. Além disso, não são conhecidas as relações da fauna do grupo com a flora local e, embora para outras regiões biogeográficas existam estudos faunísticos enfocando a interação entre diversidade florística e diversidade de Heteroptera (BRYJA; KULA, 2000; KULA; BRYJA, 2002; GIULIO; EDWARDS 2003, HELDEN; LEATHER, 2004), o conhecimento sobre este aspecto da ecologia das comunidades de Pentatomoidea é rudimentar, assim como seu possível uso no biomonitoramento.

No presente trabalho buscou-se conhecer e caracterizar a comunidade de Perntatomoidea e as associações entre as espécies desta superfamília e as espécies de plantas silvestres em três fragmentos de Mata Atlântica no sul de Santa Catarina. O registro da diversidade de pentatomóideos nos remanescentes de Mata Atlântica ampliará o conhecimento da biodiversidade existente na região, proporcionando informações para futuros estudos com vistas ao monitoramento

(16)

ambiental. Considerando-se ainda o estado atual de degradação do bioma Mata Atlântica, a necessidade de se avaliar mudanças nos seus ecossistemas e a carência de estudos faunísticos na região, o presente trabalho reveste-se de especial importância contribuindo dessa forma para a conservação dos remanescentes desse bioma na região.

(17)

CAPÍTULO 1

DIVERSIDADE DE PENTATOMOIDEA (HEMIPTERA, HETEROPTERA) EM TRÊS FRAGMENTOS DE MATA ATLÂNTICA NO SUL DE SANTA

CATARINA, BRASIL

Bertolin, T. B. P.; Martins, F. S.; Teixeira. R. A.; Stone, J. V.; Campos, L. A.

Resumo

A composição e a variação sazonal da fauna de Pentatomoidea (Hemiptera) foi avaliada entre setembro de 2005 e agosto de 2006 em três fragmentos de Mata Atlântica na região sul de Santa Catarina (Brasil): Parque Ecológico José Milanese (Criciúma), Parque Ecológico de Maracajá (Maracajá) e Balneário Morro dos Conventos (Araranguá). Foram realizadas coletas mensais ao longo de trilhas em borda de mata nestas áreas utilizando guarda-chuva entomológico, rede de varredura e inspeção visual. Para um esforço amostral de 108 horas foram coletados 595 indivíduos, distribuídos em 4 famílias, 29 gêneros e 50 espécies. Entre as famílias encontradas, Pentatomidae foi a mais abundante com 492 espécimes (82,69%) seguida de Corimelaenidae (15,97%), Scutelleridae (0,84%) e Tessaratomidae (0,50%). Pentatomidae também apresentou a maior riqueza com 38 espécies. As espécies mais abundantes foram Mormidea notulifera Stål, Oebalus ypsilongriseus (De Geer), Arvelius albopunctatus (De Geer), Edessa subrastrata Bergroth, Galgupha schulzii Fabricius e Agroecus scabricornis (Herrich-Schäffer). O período de maior captura foi entre o final da primavera e início do outono, representando 71,76% do total coletado. As áreas foram comparadas por meio do cálculo de índices de diversidade, de similaridade e de curvas de rarefação. A área que apresentou os maiores valores de diversidade foi o Balneário Morro dos Conventos H’ = 2,81 (índice de Shannon-Wiener) e D = 13,14 (índice de Simpson) devido ao elevado número de espécies raras, ou seja, 67,85% das espécies encontradas são pouco freqüentes. Este estudo retrata a primeira avaliação da diversidade de Pentatomoidea em habitat natural para o estado de Santa Catarina.

Palavras-chave: Pentatomoidea, biodiversidade, ecologia de comunidades, Mata Atlântica.

Abstract

The composition and the sazonal variation of fauna Pentatomoidea (Hemíptera) was evaluated between september 2005 and august 2006 in three fragmentsof Atlantic Forest in the southern region of the State of Santa Catarina (Brazil): Parque Ecológico Jose Milanese (Criciúma), Parque Ecológico de Maracajá (Maracajá) and Balneário Morro dos Conventos (Araranguá). Monthly collections throughout tracks in bush edge had been carried through in these areas using beating tray, sweeping nets and visual inspection. After an effort of 108 hours 595 individuals were collected, distributed in 4 families, 29 genera and 50 species. Among the families found, Pentatomidae was the most abundant with 492 specimens (82.69%) followed by Corimelaenidae (15.97%), Scutelleridae (0.84%) and Tessaratomidae (0.50%).

(18)

Pentatomidae also presented the greatest richness with 38 species. The most abundant species were Mormidea notulifera Stål, Oebalus ypsilongriseus (De Geer), Arvelius albopunctatus (De Geer), Edessa subrastrata Bergroth, Galgupha schulzii Fabricius and Agroecus scabricornis (Herrich-Schäffer). The greatest capture period was between the end of the spring and the beginning of autumn, representing 71.76% of the total collected. The areas were compared by the calculation of diversity and similarity indices and curves of rarefaction. The area that presented the largest values of diversity was Balneário Morro dos Conventos with H ' = 2.81 (Shannon-Wiener index) and D = 13.14 (Simpson index) due to the high number of rare species, 67.85% of the found species are little frequent. This study portraysthe first evaluation of the Pentatomoidea diversity in natural habitat for the State of Santa Catarina.

Keywords: Pentatomoidea, biodiversity, community ecology, Atlantic Forest.

Introdução

O Bioma Mata Atlântica é considerado atualmente como um dos mais ricos conjuntos de ecossistemas em termos de diversidade biológica do Planeta.

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Os insetos são fundamentais para a estrutura e funcionamento dos ecossistemas terrestres e têm sido alvo de inventários e estudos faunísticos com o objetivo de encontrar subsídios para que não apenas se conheça a sua diversidade, mas também sirvam de apoio para avaliação de condições ambientais (HUMPIIREY et al., 1999). A diversidade e a sensibilidade a variações ambientais tornam os insetos um grupo especialmente importante para a conservação (BROWN, 1997) e os levantamentos de insetos fitófagos, em particular, contribuem para o reconhecimento de um segmento importante e diversificado das biotas locais e regionais, sendo possíveis diversos tipos de estimativas de riqueza de espécies, mesmo a partir de uma lista reconhecidamente incompleta (LEWINSOHN et al., 2001).

Os pentatomóideos (Hemiptera, Pentatomoidea) são insetos exclusivamente terrestres de tamanho variável entre 2 a 20mm, sendo encontrados em todos os continentes e popularmente conhecidos como percevejos-de-plantas. Segundo Schuh; Slater (1995) na região Neotropical ocorrem 10 famílias: Acanthosomatidae, Canopidae, Corimelaenidae, Cydnidae, Dinidoridae, Megarididae, Pentatomidae, Phloeidae, Scutelleridae e Tessaratomidae. Apresentam cerca de 5.720 espécies descritas no mundo e 607 para o Brasil; a grande maioria possui hábitos fitófagos, alimentando-se de diversas partes da planta e as espécies da subfamília Asopinae (Pentatomidae) apresentam hábitos predadores (GRAZIA; FORTES; CAMPOS, 1999).

Os primeiros estudos abordando a taxocenose de Pentatomoidea no Brasil foram desenvolvidos no Rio Grande do Sul em diferentes formações vegetais, porém não incluindo o Bioma Mata Atlântica (GRAZIA et al., 2004; BUNDE, 2005; BARCELLOS, 2005; SCHMIDT; BARCELLOS, 2007). Para Santa Catarina não há dados ecológicos da fauna desta superfamília, sendo que os poucos dados existentes são taxonômicos ou de ocorrência de espécies de interesse agrícola, estando dispersos na literatura especializada. Neste sentido o presente trabalho é pioneiro no estudo da diversidade de pentatomóideos no Estado de Santa Catarina e associados à Mata Atlântica.

Os objetivos deste estudo foram conhecer e analisar a comunidade de Pentatomoidea em três fragmentos de Mata Atlântica com diferentes fisionomias no sul de Santa Catarina, avaliando composição, abundância e riqueza de espécies, bem como a similaridade entre as áreas e a variação sazonal, contribuindo assim

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com informações que poderão servir como subsídio para o monitoramento e a conservação de fragmentos florestais na região.

Material e Métodos

Áreas de estudo. O presente estudo foi desenvolvido em três localidades no sul de Santa Catarina na região de domínio da Floresta Ombrófila Densa (Fig. 1): Parque Ecológico José Milanese, Criciúma (JM, 28°41'23”S 49°25'55”W; altitude de 34m); Parque Ecológico de Maracajá, Maracajá (PM, 28°52'51”S 49°27'59”W; altitude de 30m) e Balneário Morro dos Conventos, Araranguá (MC, 28°56'05”S 49°21'47”W; altitude de 80m). A distânci a aproximada entre JM e PM é de 21,3 km; entre JM e MC é de 28,1 km e entre PM e MC é de 11,8 km. O clima desta região segundo sistema de classificação de Köeppen é Cfa, ou seja, clima subtropical úmido com verão quente (EPAGRI: CIRAM, 2001).

Geomorfologicamente o extremo sul do estado de Santa Catarina aflora por cerca de 20.000 km2, entre o Oceano Atlântico, a leste, e as coberturas fanerozóicas da Bacia do Paraná, a oeste. Tem seu arcabouço estruturado por terrenos arqueanos, recortados por unidades do Paleoproterozóico a Mesoproterozóico e por associações vulcano-sedimentares e granitóides datados do Neoproterozóico ao Eopaleozóico (SILVA, 2000). Existem diversos tipos de solo, em sua maioria os argissolos e alissolos que são constituídos por material mineral que tem como características diferenciais argila de atividade baixa, além dos cambissolos, gleissolos, nitossolos, organossolos e também os neossolos quartzarênicos sendo encontrados ao longo de todo o litoral (EPAGRI: CIRAM, 2001).

O Parque Ecológico José Milanese é um fragmento com 7,7 ha de Floresta Ombrófila Densa Submontana. De acordo com Teixeira et al. (1986) e Sevegnani (2002) a formação Submontana encontra-se entre altitudes de 30 a 400m, desde áreas planas até áreas acidentadas, apresentado árvores com altura de 25 a 30m com copas largas e densas e os solos são bem drenados e com profundidade variável recebendo nutrientes da decomposição acelerada da serapilheira. O parque está localizado na zona urbana da cidade de Criciúma, no bairro Mina União.

O Parque Ecológico de Maracajá é uma Unidade de Conservação em nível municipal com 112 ha de mata nativa. Encontra-se em cotas de altitude abaixo de

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30m e reveste sedimentos de origem fluvial, marinha e lacustre, por isso são áreas sujeitas a inundações periódicas devido ao relevo plano e de difícil drenagem. Por se encontrar entre a restinga e a Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas é composta por espécies vegetais das duas formações, se caracterizando como uma formação ecótona (LEITE; KLEIN, 1990; SCHÄFFER; PROCHNOW, 2002). O parque é circundado por plantações de arroz e limita-se a sudeste com a BR 101.

O Balneário Morro dos Conventos localiza-se entre a foz do rio Araranguá e o Balneário Arroio do Silva, ocupando 7 km2 de costa e o local amostrado representa um encrave de aproximadamente 25 ha de Floresta Ombrófila Densa Submontana posicionado sobre uma paleofalésia a 80 m de altitude, circundado por cerca de 30 ha de vegetação de restinga. Apresenta cobertura Sedimentar Quarternária, constituída por depósitos fracamente consolidados de areias, siltes, argilas ou conglomerados (SANTA CATARINA, 1991). Na restinga há diferentes tipos de vegetação, variando desde formações herbáceas, passando por formações arbustivas, abertas ou fechadas, chegando a florestas cujo dossel varia em altura, geralmente não ultrapassando os 20m (SILVA, 1999). Essa área apresenta visitação turística, especialmente no verão, sofrendo forte pressão pela passagem de pessoas devido a ausência de delimitação de trilhas.

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Figura 1. Mapa do Brasil com a localização do estado de Santa Catarina e a imagem de satélite das áreas amostradas. Criciúma (JM); Maracajá (PM); Araranguá (MC). Fonte: Fotos por satélites EMBRAPA

PM

MC

JM

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Amostragem. Foram feitas coletas mensais nas três áreas entre setembro de 2005 a agosto de 2006, no período das 8h às 12h. Os pentatomóideos foram coletados ao longo de trilhas nas bordas de mata. O esforço amostral foi medido por horas amostradas, sendo duas horas de coleta com o uso de guarda-chuva entomológico e uma hora com rede de varredura, num total de três horas de coleta para cada área. No decorrer destas três horas de captura utilizou-se também o método de inspeção visual.

Utilizou-se um guarda-chuva entomológico de 1m² para amostrar a vegetação arbustivo-arbórea com ramos entre 0,5m e 2m de altura do solo. A primeira árvore da trilha foi escolhida e as demais sorteadas com auxílio de um dado. A amostra foi obtida através de cinco batidas nos ramos sobre o guarda-chuva aberto; em seguida o material foi triado e acondicionado em potes identificados para posterior sacrifício e análise em laboratório.

A rede entomológica de varredura media 35cm de diâmetro e foi utilizada para amostrar a vegetação herbácea e subarbustiva. A amostra foi obtida através de golpes com a rede na vegetação em movimentos de avanço contido a cada 20 passos, quando o material coletado na rede era transferido para sacos plásticos de 30L, no qual se colocava um chumaço de algodão contendo acetato de etila para sacrificar os insetos evitando a predação e possível perda de espécimes.

A inspeção visual foi realizada na vegetação junto às trilhas, com a captura de todos os pentatomóideos localizados, os quais eram acondicionandos em potes plásticos devidamente identificados.

No laboratório os indivíduos adultos foram triados e identificados com o auxílio de chaves dicotômicas e consulta a especialistas. As espécies não identificadas foram consideradas como morfoespécies e codificadas pela notação “sp. X”, onde X é número de referência da morfoespécie. A classificação adotada da superfamília Pentatomoidea seguiu Schuh; Slater (1995); os exemplares estão depositados na Coleção Entomológica de Referência da Universidade do Extremo Sul Catarinense (CERSC).

Análise dos dados. Foram analisadas e avaliadas nas três localidades de estudos as diferenças nas composições de espécies utilizando-se a riqueza (S), abundância absoluta (AA) e abundância relativa (AR). Foram calculados índices de diversidade de Shannon-Wiener (H’), de equitabilidade (E), de dominância de Simpson (D) e de similaridade de Jaccard e de Bray-Curtis (MAGURRAN, 2004).

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Foram construídas curvas de acumulação de espécies para cada área com base nos dados de campo e no cálculo de rarefação de Coleman; para determinar a suficiência amostral foram calculados os estimadores de riqueza Jacknife de primeira ordem, Chao 1, Bootstrap e Michaelis-Menten utilizando o programa EstimateS 8.0 (COLWELL, 2005). Esses estimadores foram selecionados por mostrarem-se menos sensíveis a variações no tamanho das amostras (HORTAL et al., 2006). Estudos que envolvam comparações de riqueza de espécies entre áreas diferentes necessitam a utilização da técnica de rarefação (GOTELLI; COLWELL, 2001) e, como o número real de espécies é desconhecido, os estimadores fornecem um retrato mais preciso dos padrões de riqueza (COLWEL et al., 2004). Para a análise da distribuição de abundâncias foram consideradas espécies raras ou pouco freqüentes aquelas com menos de 1% de abundância relativa. As espécies com abundância relativa acima de 10% foram consideradas dominantes.

Os dados foram normalizados por log(x+1) e submetidos ao teste ANOVA para buscar por diferenças significativas na riqueza e abundância entre as áreas. Quando diferenças foram observadas, estas foram submetidas ao teste de Tukey. A similaridade entre as áreas, considerando o registro sazonal de espécies, foi avaliada por meio de uma análise de agrupamento (UPGMA) utilizando o índice de Jaccard, bem como pelo teste ANOSIM. Os cálculos foram realizados com o uso do programa PASt (HAMMER et al., 2001).

Resultados

Em 108h de coleta foi registrado para as três áreas um total de 595 espécimes de Pentatomoidea distribuídos em quatro famílias, 29 gêneros e 50 espécies (Tabela 1).

Tabela 1. Espécies de Pentatomoidea e número de indivíduos (N) registrados em três localidades do sul de Santa Catarina, Brasil, no período de setembro de 2005 a agosto de 2006. (JM) Parque Ecológico José Milanese; (MC) Balneário Morro dos Conventos; (PM) Parque Ecológico de Maracajá;.

N Espécie

PM JM MC Total

Pentatomidae

Asopinae Podisus crassimargo (Stål, 1860) 1 1

Podisus distinctus (Stål, 1860) 14 14

Podisus ventralis (Dallas, 1851) 1 1

Podisus nigrispinus (Dallas, 1851) 2 2 4

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Edessinae Brachystethus geniculatus (Fabricius, 1787) 1 1

Edessa impura Bergroth, 1891 1 1

Edessa lineata Westwood, 1837 1 1

Edessa meditabunda (Fabricius, 1794) 1 3 4

Edessa polita (Lepeletier & Serville, 1825) 2 1 2 5

Edessa subrastrata Bergroth, 1891 41 8 49

Peromatus notatus (Burmeister, 1835) 1 1

Pentatominae Agroecus scabricornis (Herrich-Schäffer, 1844) 16 16 32

Arvelius albopunctatus (De Geer, 1773) 45 6 51

Banasa sulcata Thomas, 1990 3 3

Chloropepla vigens (Stål, 1860) 1 1

Chinavia impicticornis (Stål, 1872) 1 1

Chinavia obstinata (Stål, 1860) 1 1

Dichelops melacanthus (Dallas, 1851) 1 3 6 10

Euschistus aceratos Berg, 1894 4 4

Euschistus triangulator (Herrich-Schäffer, 1842) 3 3

Lopadusa quinquedentata (Spinola, 1837) 1 1

Loxa viridis (Palisot de Beauvois 1805) 1 2 3

Mayrinia curvidens (Mayr, 1864) 2 2

Mormidea hamulata Stål, 1860 1 3 2 6

Mormidea notulifera Stål, 1860 47 44 9 100

Mormidea quinqueluteum (Lichtenstein, 1796) 7 17 1 25

Mormidea rugosa Rolston, 1978 3 3

Myota aerea (Herrich-Schäffer, 1841) 1 1

Oebalus poecilus (Dallas, 1851) 18 4 1 23

Oebalus ypsilongriseus (De Geer, 1773) 30 25 9 64

Pallantia macunaima Grazia, 1980 2 2

Piezodorus guildinii (Westwood, 1837) 2 16 18

Proxys albopunctulatus (Palisot de Beauvois, 1805) 1 2 1 4

Stictochilus tripunctatus Bergroth, 1918 1 1

Thoreyella cornuta Berg, 1883 13 13

Thyanta humilis Bergroth, 1891 6 5 17 28

Corimelaenidae

Corimelaeninae Galgupha corvina Horvath, 1919 3 10 1 14

Galgupha cruralis Stål , 1862 4 11 1 16

Galgupha neobisignata McAtee & Malloch, 1933 2 11 1 14

Galgupha punctifer aff. 1 1

Galgupha reinhardti aff. 1 1

Galgupha schulzii Fabricius, 1781 29 8 9 46

Galgupha sp. 1 1 1 Galgupha sp. 2 1 1 Pericreps sp. 1 1 Scutelleridae Scut sp.1 1 1 Scut sp.2 2 2 4 Tessaratomidae

Oncomerinae Piezosternum thunbergi Stål, 1860 3 3

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Entre as famílias coletadas, as maiores riqueza e abundância foram registradas, em ordem decrescente, para Pentatomidae, Corimelaenidae, Scutelleridae e Tessaratomidae (Tabela 2).

O gênero Galgupha Amyot & Serville foi o que apresentou maior riqueza de espécies (8), seguido de Edessa Fabricius (5), Mormidea Amyot & Serville (4) e Podisus Herrich-Schäffer (4), representando 42% da riqueza total. Os gêneros mais abundantes foram Mormidea (134 indivíduos), Galgupha (94), Oebalus Stål (87), Edessa (60), Arvelius Spinola (51), Agroecus Dallas (32) e Thyanta Stål (28), representando 81,7% da abundância total (Tabela 1).

Tabela 2. Número de indivíduos (N), espécies (S) e gêneros (G) por família e proporção de indivíduos (N%), espécies (S%) e gêneros (G%) por família pelo total amostrado da superfamília Pentatomoidea em três fragmentos de Mata Atlântica no sul de Santa Catarina, no período de setembro de 2005 a agosto de 2006.

Famílias N S G N% S% G% Pentatomidae 492 37 24 82,69% 76% 82,76% Corimelaenidae 95 9 2 15,97% 18% 6,89% Scutelleridae 5 2 2 0,84% 4% 6,89% Tessaratomidae 3 1 1 0,50% 2% 3,46% Total 595 49 29 - - -

Os estimadores de riqueza Bootstrap e Michaelis-Menten apresentaram, respectivamente, valores mais próximos e mais afastados do número de espécies efetivamente amostrado em cada uma das três áreas. Assim, conforme os resultados destes índices, entre 73% e 85,9% da fauna local de Pentatomoidea foram registrados no JM, entre 73,4% e 85,4% no PM e entre 47,2% e 80,7% no MC.

O teste ANOVA mostrou que houve diferença significativa entre as três áreas para a abundância (F2,33 = 6,425, P < 0,0044) e para a riqueza (F2,33 = 6,525, P < 0,0041). O teste de Tukey indicou diferença apenas entre PM e MC tanto para a abundância (P < 0,0031) quanto para a riqueza (P < 0,0029) (Figs. 2, 3). A área com maiores riqueza e abundância específicas foi o PM (S=33; 66%, N=311; 52,27%), o MC foi a segunda área em termos de riqueza e a terceira em abundância (S=27; 56%, N = 102; 17,14%), situação que se inverteu no JM (S=25; 50%, N=182; 30,59%) (Tabela 3).

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As espécies dominantes diferiram em cada local, com maior dominância no MC e menor no JM; a distribuição das abundâncias resultou em predomínio de espécies com abundâncias intermediárias no JM e no MC, enquanto que no PM a maior proporção foi de espécies pouco freqüentes (Tabela 3, Fig. 4). No PM as espécies mais abundantes foram Mormidea notulifera (15%), Arvelius albopunctatus (14%), Edessa subrastrata (13%) e Oebalus ypsilongriseus (10%); no JM M. notulifera (24%) e O. ypsilongriseus (14%) apresentaram as maiores abundâncias e no MC as espécies dominantes foram Thyanta humilis (17%) e Piezodorus guildinii (16%).

Tabela 3. Número total de indivíduos (N), riqueza de espécies (S), índice de Shannon-Wiener (H’), índice de dominância de Simpson (D) e eqüitabilidade (E) obtidos nas áreas amostradas no sul de Santa Catarina no período de setembro de 2005 a agosto de 2006. (PM= Parque Ecológico de Maracajá; JM= Parque Ecológico José Milanese; MC= Balneário Morro dos Conventos).

Ocorrência de Espécies (%) Local N S

Dominantes Intermediárias Raras H’ D E

PM 311 33 12,12 24,24 63,64 2,73 11,31 0.7807

JM 182 25 8,00 48,00 44,00 2,59 9,46 0.8046

MC 102 27 7,14 50,00 42,86 2,81 13,14 0.8432

Em relação à composição específica, observou-se a ocorrência de 17 espécies únicas, ou seja, com apenas um indivíduo registrado durante o período amostral; seis no MC, Chinavia panizii, Chloropepla vigens, Peromatus notatus, Podisus ventralis, Galgupha punctifer aff. (Corimelaenidae) e uma espécie não identificada de Scutelleridae, Scut sp.1; seis no PM, Brachystethus geniculatus, Edessa lineata, Lopadusa quinquedentata, Myota aerea e Podisus crassimargo (Pentatomidae), e Pericreps sp. (Corimelaenidae); cinco no JM, Chinavia

impicticornis e Edessa impura (Pentatomidae), Galgupha reinhardti aff., Galgupha sp.1

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Figura 2 - Abundância média (log) de pentatomóideos em três fragmentos florestais no sul de Santa Catarina, Brasil. Barras verticais: desvio padrão. Colunas com letras ab não diferem significativamente por ANOVA seguido de teste de Tukey (α = 0,05). (PM = Parque Ecológico de Maracajá; JM = Parque Ecológico José Milanese; MC = Balneário Morro dos Conventos). 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 PM JM MC R iq u e z a ( lo g ) a ab b

Figura 3 - Riqueza média (log) de pentatomóideos em três fragmentos florestais no sul de Santa Catarina, Brasil. Barras verticais: desvio padrão. Colunas com letras ab não diferem significativamente por ANOVA seguido de teste de Tukey (α = 0,05). (PM = Parque Ecológico de Maracajá; JM = Parque Ecológico José Milanese; MC = Balneário Morro dos Conventos). 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 PM JM MC A b u n d â n c ia ( lo g ) a ab b

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0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 A b u n d â n c ia r e la tiv a PM JM MC

Figura 4 - Distribuição da abundância relativa das espécies de Pentatomoidea amostrados no período de setembro de 2005 a agosto de 2006 nas áreas de estudo no sul de Santa Catarina. (PM = Parque Ecológico de Maracajá; JM = Parque Ecológico José Milanese; MC = Balneário Morro dos Conventos).

Dentre as espécies compartilhadas, 14 (28%) foram registradas nas três localidades, indicando uma pequena similaridade entre as áreas apesar da proximidade geográfica; a similaridade entre pares de áreas, entretanto, foi elevada, variando entre 16 e 17 espécies (Tabela 4). Ainda, 28 (56%) são espécies exclusivas de apenas uma das áreas, porém quando consideramos apenas as espécies com mais de dois indivíduos em pelo menos uma das áreas, esse número cai para oito espécies exclusivas, sendo cinco no PM, uma no JM e duas no MC.

Tabela 4. Número e proporção de espécies compartilhadas de Pentatomoidea, índices de similaridade de Jaccard e de Bray-Curtis nas áreas amostradas no sul de Santa Catarina no período de setembro de 2005 a agosto de 2006. (PM= Parque Ecológico de Maracajá; JM= Parque Ecológico José Milanese; MC= Balneário Morro dos Conventos).

Espécies Compartilhadas Área 1 x Área 2

Total (N) Área 1 (%) Área 2 (%) Jaccard Bray-Curtis

PM x JM 17 51,52 68,00 0,415 0,535

PM x MC 17 51,52 60,71 0,386 0,257

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Considerando a distribuição da diversidade ao longo do período amostral, observou-se que os maiores picos de abundância ocorreram em dezembro de 2005 no PM, em março de 2006 no JM e em abril de 2006 no MC. Os maiores picos de riqueza acompanharam os de abundância, com a exceção do PM cujo pico ocorreu em novembro de 2006 (Fig. 5). O período de maior captura de Pentatomoidea ocorreu entre o final da primavera e o início do outono, quando foram registrados 427 indivíduos (71,76%). a 0.00 5.00 10.00 15.00 20.00 25.00 30.00

set nov jan mar mai jul 0 2 4 6 8 10 12 14 0.00 5.00 10.00 15.00 20.00 25.00

set nov jan mar mai jul 0 2 4 6 8 10 12 14 b c 0.00 5.00 10.00 15.00 20.00 25.00 30.00 35.00 40.00 45.00

set nov jan mar mai jul 0 2 4 6 8 10 12 14 16

Figura 5 - Abundância relativa (%) e riqueza de espécies (S) de Pentatomoidea amostrados no período de setembro de 2005 a agosto de 2006 nas áreas de estudo no sul de Santa Catarina. (a) Parque Ecológico de Maracajá; (b) Parque Ecológico José Milanese; (c) Balneário Morro dos Conventos. (– – Abundância relativa%; –■– Riqueza de espécies).

O teste ANOSIM indicou diferença significativa entre as áreas (mean rank within: 26,03; mean rank between: 36,3; R = 0,3113; P < 0,0012). A análise de agrupamento mostrou que esta diferença não foi suficiente, entretanto, para formar

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grupos dentro de cada área, com a exceção do PM (Fig. 6). As coletas por estação no JM resultaram parcialmente agrupadas, com a exceção da coleta de inverno.

Figura 6 - Similaridade de Pentatomoidea para amostragens por estação em três fragmentos florestais no sul de Santa Catarina, Brasil (índice de similaridade de Jaccard, UPGMA). (JM = Parque Ecológico José Milanese; PM = Parque Ecológico de Maracajá; MC = Balneário Morro dos Conventos; p = primavera; v = verão; o = outono; i = inverno).

Discussão

No presente estudo Pentatomidae foi a família mais abundante, com maior riqueza de táxons e maior número de gêneros. Nos trabalhos de Barcellos (2005), Bunde (2005) e Schmidt; Barcellos (2007), todos realizados no estado do Rio Grande do Sul e com a mesma metodologia, a família Pentatomidae também apresenta a maior abundância e maior riqueza de espécies. Kula; Bryia (2002) na República Checa, realizaram um estudo comparando vários métodos de amostragem na avaliação da diversidade dos heterópteros em três ambientes de floresta e a família Pentatomidae destaca-se entre as mais abundantes. Em um outro estudo realizado por Perez-Gelabert; Thomas (2005), em uma ilha na

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 M C p M C v J M p J M o J M v M C o P M o P M p P M v P M i M C i J M i

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República Dominicana foram registradas 55 espécies de pentatomóideos, sendo que a maioria das espécies pertence a Pentatomidae.

Os gêneros que apresentaram maior riqueza de espécies foram Galgupha, Edessa, Mormidea e Podisus e os mais abundantes foram Mormidea, Galgupha, Oebalus, Edessa, Arvelius, Agroecus e Thyanta. No estudo de Bunde (2005), Edessa, Galgupha e Mormidea foram alguns dos gêneros com maior riqueza de espécies, e as maiores abundâncias foram encontradas para os gêneros Mormidea (83 indivíduos), Galgupha (43), Thyanta (39) e Edessa (25). Schmidt; Barcellos (2007) registraram maior riqueza de espécies para os gêneros Edessa, Euschistus, Galgupha, Mormidea e Podisus e maior abundância para os gêneros Euschistus (282), Mayrinia (214), Galgupha (98), Mormidea (90) e Edessa (47).

As curvas de acumulação de espécies nos três locais não apresentaram tendência a estabilização, indicando a necessidade de um maior esforço de amostragem para uma análise mais precisa sobre a comunidade de Pentatomoidea nestes ambientes. Bunde (2005), constatou que os estimadores Michaelis-Menten e Chao 1 foram os que apresentaram tendência a estabilização, indicando serem os mais adequados para estimar a riqueza de espécies; o mesmo autor observou uma correlação positiva entre o número de horas/coletor e a diversidade amostrada, porém maiores estudos são necessários para a determinação do número mínimo de horas/coletor necessário para se obter uma amostragem representativa de pentatomóideos em biomas neotropicais.

Em relação às áreas amostradas, a maior riqueza observada se deu no PM, provavelmente, está relacionada ao tamanho do fragmento e sua composição florística ser composta por espécies vegetais de duas formações. Segundo Odum (1988) em regiões de ecótone há uma tendência de um número de espécies animais e a densidade populacional de algumas destas espécies serem maiores.

As espécies dominantes no PM e no JM, respectivamente M. notulifera e O. ypsilongriseus, são consideradas pragas para a lavoura de arroz (SCHAEFER; PANIZZI, 2000) e tiveram ocorrência entre outubro de 2005 e março de 2006, coincidindo com o cultivo de arroz na região. No MC as espécies mais abundantes foram P. guildinii e T. humilis, sendo que a primeira é uma das pragas mais importantes da lavoura de soja e pode ser encontrada em plantas hospedeiras nativas, especialmente leguminosas (PANIZZI et al., 2000). Bunde (2005), registrou 43 indivíduos de T. humilis, sendo a segunda espécie com maior abundância.

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Nos três locais de amostragem as curvas de distribuição de abundância mostraram o mesmo padrão, com um pequeno número de espécies abundantes e um grande número de espécies com abundância baixa, raras; Price et al. (1995) afirmam que em geral ecossistemas tropicais são constituídos de muitas espécies com baixa abundância, ou seja, apresentam uma alta riqueza de espécies raras.

O período de maior captura de Pentatomoidea ocorreu entre o final da primavera e o início do outono, quando foram registrados 71,76% do total e a menor ocorrência foi no inverno. Bunde (2005) registrou as maiores abundâncias nos períodos de outono e verão. Schmidt: Barcellos (2007) registrou as maiores capturas na primavera de 2003 e outono de 2005. Tais resultados diferem dos obtidos neste estudo, porém em se tratando de regiões florísticas distintas as diferenças encontradas possivelmente estão associadas às diferenças de clima, disponibilidade e abundância de hospedeiros no período da amostragem.

Conclusões

Este trabalho representa o primeiro estudo sobre a composição e estrutura da comunidade de Pentatomoidea em ambientes naturais no estado de Santa Catarina e, pelos resultados obtidos, conclui-se que existe uma alta diversidade de percevejos-do-mato em remanescentes da região apesar da elevada fragmentação. Poucas espécies tiveram ampla distribuição e, em conseqüência, muitas foram restritas, ou seja, encontradas exclusivamente em apenas uma das áreas; da mesma forma houve o registro de poucas espécies abundantes e muitas espécies pouco freqüentes ou raras. A maior captura dos pentatomóideos no final da primavera, no início e final de verão, indica a necessidade de se intensificar amostragens nesses períodos visando um registro de espécies mais completo. Da mesma forma a não estabilização das curvas de acumulação de espécies, especialmente no Balneário Morro dos Conventos, evidencia a necessidade de um maior esforço amostral, ou número de horas/coletor.

Portanto, sugere-se que futuros estudos na região incluam outras técnicas de amostragem, enfatizando padrões de análise ecológica para obter-se uma melhor caracterização da superfamília de Pentatomoidea em fragmentos florestais.

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Agradecimentos

A Drª. Jocélia Grazia (UFRGS) pela confirmação da identificação de várias espécies de Pentatominae e ao Dr. José Antonio Marin Fernandes (UFPA) pela identificação das espécies de Edessinae.

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CAPÍTULO 2

ASSOCIAÇÕES ENTRE PERCEVEJOS- DE- PLANTAS (HEMIPTERA, PENTATOMOIDEA) E ESPÉCIES VEGETAIS EM FRAGMENTOS DE

MATA ATLÂNTICA NO SUL DE SANTA CATARINA, BRASIL

Campos, L. A; Bertolin, T. B. P; Citadini-Zanette, V.; Teixeira, R. A.; Martins, F.

Resumo

A maioria dos percevejos alimenta-se de plantas, sendo encontrados em espécies cultivadas e selvagens. O objetivo deste estudo foi identificar as plantas silvestres utilizadas pelos percevejos da superfamília Pentatomoidea nos fragmentos florestais Parque Ecológico José Milanese (Criciúma) e Parque Ecológico de Maracajá (Maracajá). Foram realizadas coletas mensais ao longo de trilhas nas bordas de mata utilizando o método guarda-chuva entomológico. Foram coletados 152 indivíduos, distribuídos em duas famílias, 18 gêneros e 22 espécies, associadas a aproximadamente 50 espécies vegetais pertencentes a 27 famílias. Entre as famílias de percevejos-de-plantas, Pentatomidae foi a mais abundante, com maior riqueza de espécies e riqueza genérica. As espécies mais abundantes foram Edessa subrastrata Bergroth, seguida de Galgupha schulzii Fabricius, Arvelius albopunctatus (De Geer), Agroecus scabricornis (Herrich-Schäffer) e Mormidea notulifera Stål que juntos somam 67,11% dos indivíduos capturados. No total foram registradas 80 associações entre espécies de percevejos-de-plantas e espécies vegetais. Dentre as plantas hospedeiras mais importantes quanto às associações destacam-se as fa

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