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BRAZIL Apresentação: Pôster

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Academic year: 2021

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PRÁTICAS AGROPECUÁRIAS COMO OBJETO EDUCACIONAL PARA QUALIFICAÇÃOPROFISSIONAL DE DETENTOS DO SISTEMA SEMI-ABERTO

DA COLÔNIA AGRÍCOLA PENAL DE SANTA ISABEL, PA-BRASIL

AGRICULTURAL PRACTICES AS AN EDUCATIONAL OBJECT FOR PROFESSIONAL QUALIFICATION OF DETAINS OF THE SEMI-OPEN SYSTEM

OF THE COLONY AGRICULTURAL PENAL COLONY OF SANTA ISABEL, PA-BRAZIL

Apresentação: Pôster

Jamile Alves Pedro1; Maria Alessandra Gusmão da Rosa2; Camila Suely Leite do Vale3; Carlos Anderson Sousa de Carvalho4; Marcela da Silva Cordeiro5

DOI: https://doi.org/10.31692/2526-7701.IIICOINTERPDVAGRO.2018.00618

Introdução

A taxa média de crescimento mensal da população carcerárias no Pará, em junho de 2017, estava em 1,38%. População carcerária relativa, Brasil: 306,22 presos/100 mil habitantes e no Pará: 201,04 presos/100mil habitantes. Dos crimes cometidos pelos homens no Pará 21,47% são de roubos qualificados (Art157, parágrafo 2°) e 58,43% respondem a mais de um processo criminal. Se levarmos em consideração que mais da metade (53,60%) dos presos tem ensino fundamental incompleto e 35,51% são jovens entre 18 a 24 anos de idade. É extremamente importante que os mesmos tenham acesso aos meios de educação e formação profissional que os possibilitem de fato readaptação ao convívio social ao final da sua condenação (SANTOS, 2010).

Atualmente, em função de seu status de ex-preso e a falta de qualificação profissional, ocorre um desfavorecimento em sua reinserção na sociedade como um cidadão comum, uma vez que a sociedade contesta um indivíduo com esse perfil, o que acaba, na maioria das vezes, os conduzindo a reincidência no mundo do crime.

1 Graduanda em Agronomia, Instituto Federal do Pará – Campus Castanhal, jamile.agrovet@gmail.com 2

Graduanda em Agronomia, Instituto Federal do Pará – Campus Castanhal, alessandra.ifpa@gmail.com

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Graduanda em Agronomia, Instituto Federal do Pará – Campus Castanhal, camilavale@autlook.com.br

4 Graduando em Agronomia, Instituto Federal do Pará – Campus Castanhal, anderson_casc@hotmail.com 5

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Nesse sentido as atividades educacionais e de formação profissional tem um importante papel nesse processo de reconstrução da cidadania. A maior parte da população (67,82%) de presos realiza trabalhos internos, 21,77% fazem trabalho em convênio e 10,41%, fazem trabalho externo (INFOPEN/2017) e esses projetos socioeducativos se dão através de parcerias e convênios entre instituições governantes, empresas e instituições educacionais. No entanto, os trabalhos e as atividades externas que são realizadas pelos detentos ainda representam uma minoria. Sendo que essas atividades fora do estabelecimento prisional são muito importantes para que eles tenham uma nova perspectiva de vida no convívio social e sintam dignos de liberdade.

É notório que a falta de acesso à educação da população carcerária brasileira faz aumentar o processo de exclusão social. É um problema que, muitas vezes, é anterior à prisão. Segundo Souza, 2013 mais da metade cumpre penas superiores há nove anos e seria uma boa oportunidade para se dedicar à educação. Esse tempo seria suficiente para estudar e se qualificar para o mercado de trabalho, e após a sua remição de pena, podendo tentar uma vaga de emprego como um profissional especializado na área. Assim, logo estaria inserido na sociedade, digno de uma pessoa do bem, independente de seu status como egresso do sistema prisional.

Segundo a Lei 12.433, de 2011, os detentos têm o direito de reduzir a pena freqüentando aulas regulares dentro da prisão. A cada 12 horas de frequência escolar, reduz-se um dia de pena a cumprir. O Estado tem a obrigação de garantir esse acesso à educação. No Pará, das 44 unidades prisionais do Estado, 33 contam com salas de aula. De acordo com a Coordenação de Educação Prisional da Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará(SUSIPE), em 2016, 3.002 internos terminaram os anos regularmente matriculados. No mesmo período de 2015, esse número era de 2.084 alunos nas penitenciárias estaduais (PARÁ, 2016). A educação do preso é um direito. No entanto, é tratada como um privilégio, por meio de projetos, e não como parte de uma política púbica de educação (SILVA, 2017).

O Instituto Federal de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação do Pará – Campus Castanhal desde 2004 tem um convênio com a SUSIPE, onde dez internos da Colônia Agrícola Penal de Santa Isabel (CPASI) participam do projeto Lavoro, atuando diretamente nas atividades de manutenção e desenvolvimento dos setores de: Suinocultura, Ovinocultura/ Caprinocultura, Bovinocultura, Avicultura, Olericultura, Fruticultura, Jardinagem e Culturas

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sazonais. Em contrapartida os internos recebem remição de pena e remuneração conforme estabelecido no Convênio 003/2004.

Através do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico em Agropecuária (NUPAGRO), vem sendo desenvolvidos minicursos em práticas agropecuárias visando qualificação técnica desses internos que participam do projeto Lavoro. O grande diferencial é que as atividades de formação são desenvolvidas dentro das dependências do Instituto Federal, que por ser referência em educação profissional oferece estrutura física mais adequada para a realização das aulas teóricas e, principalmente, das aulas práticas.E o mais importante os temas abordados nos minicursos foram demandas estabelecidas pelos próprios internos, buscando uma aplicação prática em suas vidas quando em liberdade.

Fundamentação Teórica

Os internos do sistema semi-aberto da colônia agrícola Penal de Santa Isabel-PA, realizam trabalhos nos setores de produção do Instituto Federal de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação do Pará – Campus Castanhal. No entanto, as atividades executadas diariamente e rotineiramente, porém sem saber os motivos técnicos das mesmas, despertou em alguns dos detentos a curiosidade de se aprofundar nos conhecimentos teóricos e práticos que algumas dessas atividades. A partir do relato dessa demanda o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico em Agropecuária, NUPAGRO resolveu ofertar minicursos, com temas referentes às práticas agropecuárias diárias, que são desenvolvidas pelos detentos dentro da fazenda escola do IFPA- Campus Castanhal.

Metodologia

Por meio de minicursos, que foram demandados pelos próprios detentos, e junto com a equipe de discentes e docentes que integram o NUPAGRO. Para cada tema abordados professores com formação e especialidade na área do tema assumiram a responsabilidade de formação e orientação dos alunos do NUPAGRO. Após formação teórica e prática os alunos então assumiam a responsabilidade de formação dos 10 detentos, sempre sobre supervisão dos professores especialistas.

No primeiro ciclo, foram realizados oito minicursos (Higiene na Ordenha, Preparo de Área Agrícola, Compostagem Orgânica, Manejo de Pastagens, Cultura do Feijão, Cultura do

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Milho, Cultura da Mandioca, Cultura do Açaí), com duração de 3 horas cada e que ocorreram no período de Junho a Dezembro de 2017.

No segundo ciclo, foram realizados novos minicursos como: Preparo de área para plantio da cultura do Milho, Boas Práticas no Uso de Defensivo Agrícola, Aplicação de Medicamentos em Animais de Interesse Zootécnico, Plantio e tratos culturais de Olericultura, Plantio e tratos culturais do Feijão.

Resultados e Discussões

Em uma breve leitura e avaliação do questionário foi possível perceber que a seleção realizada pela SUSIPE, para que estes possam participar das atividades no IFPA, acaba gerando um grupo de presos que pelas características socioeconômicas e idade (média 32 anos) estão interessados e preocupados com sua reinserção na sociedade após cumprirem suas respectivas penas.

Ao final de cada minicurso foi feito um bate papo, entre discentes, docentes e detentos. Onde, foram colocadas em evidências as demandas dos internos e expectativas em relação aos minicursos, momento este, que foi importante para uma melhor absorção dos conhecimentos ofertados em um tema específico abordado no minicurso.

Na finalização de cada ciclo de formação básica, além dos internos adquirirem conhecimentos teóricos e experiências em práticas agropecuárias, os mesmos receberam certificados de Formação Básica em Práticas Agropecuárias, com descrição da capacitação específica dos conhecimentos ofertados nos minicursos. Essa certificação poderá contribuir para seu projeto de qualificação profissional, para que ao cumprir sua pena este possa usufruir de suas habilidades e conhecimentos, adquiridos durante o cumprimento de pena, e possa retornar a sociedade como cidadão de bem comum. Haja vista, que na maioria das vezes a sociedade não acredita na reintegração de um indivíduo egresso prisional e isso acaba levando à exclusão, privando-os de uma oportunidade no mercado de trabalho.

Portanto, não somente os educadores, a sociedade também, tem um papel importante na ressocialização do preso, principalmente, ao permitir que o indivíduo que está disposto a mudar perceba essa confiança e assim melhore sua autoestima, pois ao se sentirem respeitados, dignos de confiança, estarão mais seguros nesse processo e assim a chance de viverem em harmonia com a sociedade é mais real.

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Conclusões

A população prisional que participa de projetos educação profissional é uma porcentagem pequena, às vezes devido à falta de incentivo e muitas das vezes por falta de investimentos do estado na construção de espaços destinados à formação dos presos, o que torna essa experiência exitosa do IFPA Campus Castanhal um bom exemplo de como as instituições de ensino podem contribuir nesse tema.

Referências

SANTOS, M. A. M. A ressocialização do preso no Brasil e suas conseqüências para a

sociedade/revista Cientifíca de ciências Jurídicas, Politicas e Gerencias do Uni-BH. Belo

Horizante, vol.lll, n. 1.jul-2010. ISSN;1984-2716. Disponivel em:

WWW.unibh.br/revistas/ecivitas/

INFOPEN, Secretaria de Segurança Pública e Desefa Social. Susipe em números, perfil da população carcerária. Brasil, 2017.

SOUZA, G. A. A educação no sistema prisional: uma política de reinserção social, monografia de especialização, Santa Maria, RS, Brasil, 2013.

SUSIPE, Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará, 2017 Disponivel

em http://www.susipe.pa.gov.br/noticias/educa%C3%A7%C3%A3o-de-presos-no-par

%C3%A1-est%C3%A1-acima-da-m%C3%A9dia-nacional

SILVA, Roberto, Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação da Faculdade de Educação da USP e do Programa de Pós-Graduação em Educação da USP,2017, Disponivel em https://www.redebrasilatual.com.br/educacao/2017/07/menos-de-13-da-populacao-carceraria-tem-acesso-a-educacao.

Referências

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