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Médico Veterinário, Especialista em Patologia Veterinária da Histopathus- SEMEV.

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Academic year: 2021

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OSTEOSSARCOMA EXTRA-ESQUELÉTICO EM TESTÍCULO ECTÓPICO EM UM CANINO-RELATO DE CASO

Osteosarcoma extra-skeletal primary in testis ectopic a canine- Case of a report Thaís Bandeira MARTINS¹; Sophia Saraiva de SOUZA¹;Tiago Barbalho LIMA²; Adamas Tassinari BONFADA³; Humberto da Costa VIEIRA-FILHO4; Deusdete

Oliveira GOMES JUNIOR5

¹ Aprimoranda em Cirurgia de Pequenos Animais, UNIME, Lauro de Freitas-BA. ² Médico Veterinário, atuante no serviço de Cirurgia Veterinária UFT, Arraias-TO. ³ Doutorando em Cirurgia Veterinária, FCAV-UNESP, Campus Jaboticabal-SP. 4 Médico Veterinário, Especialista em Patologia Veterinária da Histopathus- SEMEV.

5 Prof. Dr. Cirurgia e Oftalmologia Veterinária – UNIME, Lauro de Freitas-BA

RESUMO:

O osteossarcoma extra esquelético (OSEE) é uma neoplasia mesenquimal maligna, rara e altamente agressiva que surge fora do sistema locomotor, havendo poucos relatos na literatura. Objetiva-se descrever um caso de osteossarcoma extra esquelético primário do testículo ectópico, em um canino criptorquida, nos seus aspectos clínico-patológicos. Um canino criptorquida foi atendido no hospital veterinário com histórico de aumento de volume em região abdominal ventral mais acentuado do lado esquerdo há cerca de 30 dias. Optou-se por realizar uma laparotomia exploratória e orquiectomia. O testículo intracavitário foi totalmente retirado e enviado para realização de exame histopatológico, no qual se firmou o diagnóstico de osteossarcoma extra esquelético. Conclui-se que o OSEE é uma neoplasia de prognóstico desfavorável, devido ao seu comportamento biológico agressivo com desenvolvimento de metástases locais e a distância em um curto espaço de tempo. Sendo o procedimento cirúrgico e o tratamento quimioterápico apenas paliativos e com função de melhorar qualidade de vida e a sobrevida do animal.

Palavras-chave: Osteossarcoma extra esquelético; cão; sarcoma e metástases. Keywords: extra skeletal osteosarcoma; dog; sarcoma and metastasis

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INTRODUÇÃO:

As neoplasias são cada vez um problema mais comum na prática clínica.Sabe-se que dentre as neoplasias do sistema reprodutivo dos cães, as testiculares são as de maior prevalência, representando cerca de 91% dos casos, ocorrendo principalmente em cães de 9 a 11 anos de idade, sendo observado mais comumente no testículo direito em comparação ao testículo esquerdo (Daleck et

al.,2008).Os trabalhos mais descritos de osteossarcoma são da sua forma

esquelética, afinal representa cerca de 80% a 95% dos tumores ósseos primários em cães. Já em sua apresentação extra-esquelética, há comparativamente, poucos relatos em literatura compreendendo cerca de 2% de todos os casos de osteossarcomas em cães (Araújo et al.,2006; Kuntz et al.,1998). Histologicamente, o osteossarcoma extra-esquelético é caracterizado pela proliferação de células mesenquimais malignas produtoras de matriz osteoide (Araújo et al.,2006; Kuntz et

al.,1998).

DESCRIÇÃO DO CASO:

Foi atendido no setor de cirurgia do hospital veterinário um canino, da raça Labrador Retriever, macho, de 10 anos de idade, pesando 43 kg, com histórico de aumento de volume em região abdominal ventral mais acentuado ao lado esquerdo com crescimento rápido nos últimos 30 dias. Havia queixa de hiporexia, hipodipsia, apatia e vômitos esporádicos por aproximadamente 15 dias. Ao exame físico os parâmetros basais estavam dentro da normalidade. À palpação abdominal, foi verificado aumento de volume firme, em cavidade abdominal desde a região costal (hipogástrica) até a região inguinal. Ademais, foi verificado que o animal era monorquida unilateral direito. Foram realizados exames de sangue com as seguintes alterações hematimétricas: anemia normocítica normocrômica, leucocitose por neurofilia. Ao perfil bioquímico (ALT, FA, Ureia, Creatinina) não foram observadas alterações significativas. Ao exame de ultrassonografia o fígado, rins, baço, pâncreas, bexiga não evidenciavam sinais de alteração, e o testículo na bolsa escrotal estava com aspecto aparentemente normal, porém foi identificada uma massa sólida, expansiva em cavidade abdominal em região envolvendo desde a parede diafragmática até a região inguinal. O testículo ectópico não foi localizado, sugerindo que fosse a origem da proliferação, não sendo observado o testículo ectópico no exame. A radiografia de tórax em três incidências não evidenciou alterações. Foi solicitado tomografia computadorizada, mas o proprietário optou pela

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laparotomia exploratória devido a evolução e dificuldade de movimentação do animal. O paciente foi preparado com protocolos e princípios anestésicos e cirúrgicos adequados. O acesso cirúrgico pré-retroumbilical foi realizado em linha média abdominal. Após a divulsão dos tecidos adjacentes e exposição da cavidade, foi possível a visibilização da uma massa com aproximadamente 25,0 centímetros de diâmetro e pesando 4,8 Kg, aderida ao omento, próximo à curvatura maior do estômago, aderido também ao omento próximo ao baço e aderido a algumas alças intestinais proximais caudais ao duodeno. Após a retirada do testículo, realizou-se lavagem da cavidade abdominal com solução fisiológica estéril. A laparorrafia foi realizada de forma rotineira os pontos em sultan na linha média, simples contínuo subcutâneo, ambos com poliglactina 910, nº0 e pele com padrão sultan e mononáilon, 3-0. Como procedimento cirúrgico secundário, orquiectomia do testículo remanescente foi realizada por acesso pré-escrotal. A massa e o testículo em bolsa escrotal foram enviados para análise hitopatológica.

Após a clivagem as amostras foram processadas pela técnica rotineira de inclusão em parafina e obtidas secções de 4µm, as quais foram coradas em coloração de rotina - Hematoxilina-Eosina (HE). Durante a avaliação histopatológica observou-se proliferação de células mesenquimais moderadamente pleomorficas, disposta em arranjo solido, por vezes frouxo com aspecto mixomatoso, imersas ou envolvendo matriz osteóide e/ou trabéculas ósseas imaturas com extensas áreas de mineralização. As células neoplásicas são fusiformes, estreladas a ovaladas com citoplasma eosinófilico escasso com bordas pouco definidas, núcleos médios, redondos a ovóides com cromatina marginal ou vesiculosa com nucléolo único e evidente.Observaram-se ainda, ilhas de diferenciação condróide, fibrose, extensas áreas de necrose e edema, compatível com osteossarcoma extra esquelético. Quanto ao testículo remanescente, foi verificado apenas atrofia.

Aos dez dias de pós-operatório foram retirados os pontos cirúrgicos e houve significativa melhora no quadro clínico, com melhora no apetite e na atividade do animal. Após cerca de 30 dias da cirurgia, iniciou-se a quimioterapia com carboplatina (50mg.m², IV). No 14º dia após a primeira aplicação, o animal apresentou dispneia, cansaço e apatia, com evidente quadro de dor e desconforto abdominal e respiratório. Após nova radiografia de tórax, houve evidências de metástase em pulmão e evidência de nodulações em fígado no exame de ultrassom, além da progressiva piora clínica do animal, quando o tutor optou pela eutanásia.

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Durante o exame necroscópico foram observadas metástases de osteossarcoma em diafragma, pulmão e fígado.

DISCUSSÃO:

O OSEE é a variação mais maligna do osteossarcoma, sendo considerado pouco frequente na medicina veterinária (Langenbach et al.,1998; Araújo et al.,2006; Ehrhart et al.,2007). No que diz respeito às raças de maior risco, assim como o OSA, alguns autores citam o Rottweiller como a raça mais acometida (Trost et al.,2012), tendo sido documentado um número acentuado de Golden e Labrador Retriever nos casos de OSEE, porém não havendo predileção por sexo (Langenbach et al.,1998). Em um estudo de Langenbach et al.(1998), 35% por cento dos tumores observados tiveram um crescimento lento ao longo de meses ou anos, seguido por um rápido crescimento durante duas a quatro semanas antes da cirurgia. No presente relato, a neoformação foi observada aproximadamente 30 dias antes da consulta com evolução rápida e um crescimento progressivo.

Em um estudo de 169 casos de OSEE, observou-se comprometimento de diversos sítios anatômicos, como nas glândulas mamárias, sistema digestório, rins, coração, entre outros (Langenbach et al.,1998). Devido à escassez de casos relatados e acompanhados na medicina veterinária e a rapidez na evolução e na gravidade das metástases, não se tem um protocolo eficaz para o tratamento do OSEE. Os poucos relatos indicam que a utilização de quimioterapia afeta significativamente o tempo de sobrevivência, mas mesmo assim o prognóstico continua sendo de poucas semanas a meses (Kuntz et al.,1998). Pôde-se considerar que a intervenção cirúrgica no presente paciente teve êxito, contudo considerou-se que houve pouca eficácia da quimioterapia com a carboplatina (Kuntz et al.,1998; Langenbach et

al.,1998). Em um estudo com 14 cães, em dois cães foram utilizadas duas doses de

cisplatina com intervalos de três semanas, e três cães receberam cinco doses de doxorrubicina em intervalo de três semana. Todos os cães que foram submetidos a quimioterapia tinham a ressecção cirúrgica dos tumores primários. No mesmo trabalho, três de cinco cães que receberam quimioterapia já tinham evidências de metástase no momento da cirurgia, porém a sobrevida foi de 164 dias, diferentemente dos outros nove casos com sobrevida de 33 dias (Kuntz et al.,1998). A indicação pelo uso da carboplatina ao invés da cisplatina para o tratamento de osteossarcomas de tecidos moles por ser menos nefrotóxica do que a cisplatina (Rodaski e De Nardi, 2014).

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CONCLUSÃO:

Conclui-se que o OSEE ocorre é uma neoplasia de prognóstico desfavorável, devido ao seu comportamento biológico agressivo com desenvolvimento de metástases locais e a distância em um curto espaço de tempo. Sendo o procedimento cirúrgico e o tratamento quimioterápico apenas paliativos e com função de melhorar qualidade de vida e a sobrevida do animal.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO,A.C.P.;GAIGA,L.H.;SEITZ,A.L.;DREIMEIER,D., Osteossarcoma extraesquelético primário testicular em cão criptorquida. Acta Scientiae Veterinariae, v.34, p.197-200, 2006.

DALECK, C.R.;FONSECA,C.S.;CANOLA,J.C.,Osteossarcoma canino-revisão.

Continuous Education Journal.v.5.fasc.3.São Paulo,2002.p.233-242.

EHRHART,N.P.;RYAN,S.D.;FAN,T.M.,Tumors of the skeletal system.In: WITTHROW. S.J, MACEWEN’S. Small Animal Clinical Oncology, Elsevier,2007. cap. 22, p.395- 445.

KUNTZ,C.A.;DERNELL,W.S.;POWERS,B.E.;WITHROW,S. Extraskeletal Osteosarcomas in Dogs:14 cases. Journal of the American Animal Hospital

Association.p. 26-30, 1998.

LANGENBACH,A.;ANDERSON,M.A.;DAMBACH,D.M.;SORENMO,K.U.SHOF ER,F.D.;Extraskeletal Osteosarcomas in Dogs: A Restrospective Study of 169 Cases (1986-1996), Journal of the American Animal Hospital Association, p.113-120, 1998.

RODASKI,S.;DE NARDI,A.B.Quimioterapia antineoplasica em cães e

gatos.Curitiba:Editora Maio,2004, p.307.

TROST,A.E.KOMMERS,G.D.;BROWN,C.C.;BARROS,C.S.L.;IRIGOYEN,L.F.; FIGHERA,R.A.INKELMANN,M.A.;SILVA,T.M.,Primary boné neoplasms in dogs:90 cases. Pesquisa Veterinária Brasileira.p.1329-11335, 2012.

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