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Tunísia para todos os gostos

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Academic year: 2021

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A Tunísia fica a duas horas de voo e não se esgota nas praias de Hammamet e nos oásis do Grande

Sul. É um país com vastos e diversos atractivos naturais, históricos, patrimoniais, culturais e

gastronómicos capaz de preencher as expectativas de uma franja alargada de clientes.

Tunísia para todos os

gostos

rimeira ideia a reter: a Tunísia fica a duas horas de voo de Lisboa. Muito perto, portanto. Segunda ideia a reter: a Tunísia é um país muçulmano moderno e civilizado que não oferece qualquer perigo a quem a visita. Terceira ideia a reter: A Tunísia tem um bom clima - mediterrânico temperado - e é visitável todo o ano. Quarta e última ideia a reter; a Tunísia não se esgota em Hammamet (praia) e no Grande Sul (deserto e aventura), que são, grosso modo, os destinos mais procurados pelos portugueses. É um país com vastos e diversos atractivos (naturais, históricos, patrimoniais, culturais, gastronómicos) capaz de preencher as expectativas de uma franja alargada de clientes - estejamos a falar de famílias, casais em viagem de ro-mance ou em lua de mel, viajantes solitários, grupos de incentivo/empresas, "city break", congressos e outros eventos do género. Conheço bem este país e ao fim de cinco visitas creio que posso afirmar que a Tunísia é um destino turístico em franca expansão. A oferta hoteleira, sobretudo na costa mediterrânica, é vasta e tem vindo a refinar

a qualidade nos últimos anos, o mesmo se podendo dizer dos arranjos urbanísticos nas cidades e nos pólos turísticos principais. A maioria das cadeias internacionais está presente na Tunísia, em alguns casos em modernos complexos/"resorts" construídos de raiz, casos de Yasmine-Hammamet e Port El Kantaoui. Acresce o facto de os Tunisinos serem um povo aberto, tolerante e naturalmente hospitaleiro, ou não estivessem acostumados a lidar com visitantes estrangeiros há muito tempo. A Tunísia é sobretudo conhecida como destino de praia (leia-se Hammamet e Yasmine-Hammamet, Madhia, Sousse, Port El Kantaoui, Monastir, Bizerte e Djerba) mas o que muitos desconhecem é que nos arredores da capital, Tunes, existe uma linha costeira onde se concentram alguns dos maiores atractivos do país. Falemos um pouco dela.

C

OSTA DE

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UNES

São cerca de 30km à beira do Mediterrâneo num cenário particularmente bonito - o Golfo de Tunes. Enquadrada pelo mar e por

pinhais salpicados de mimosas e buganvílias, esta marginal que liga Tunes a Gammarth (o pólo turístico principal, com uma boa praia) é o poiso habitual da alta-sociedade local e do corpo diplomático residente e, não por acaso, encontram-se aqui alguns dos melhores hotéis e restaurantes tunisinos, onde podemos apreciar as especialidades locais como a méchouia (salada), os briks (entrada), e o "cuscus au poisson" ou a "mloukhia". Congressos e eventos é para aqui, até porque não faltam atractivos nas redondezas, como a praia de Gammarth e a aldeia de Sidi Bou Said, que está encarrapitada na colina sobranceira à baía de Cartago. É um sítio encantador, onde se respira um ambiente de rara harmonia cromática. Trata-se, grosso modo, de uma medina em ponto pequeno pincelada a duas cores - azul e branco - e que tem para oferecer, além da localização feliz e de uma luminosidade extraordinária, uma colecção única de portas, janelas e varandas ricamente decoradas com motivos àrabes. É um lugar sujeito a

Por André Pipa

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invasões turísticas, é verdade, mas onde apetece passar um dia inteiro a cirandar ao acaso pelas ruas e becos estreitos que escondem estupendos palacetes, ou a beberricar um chá de menta e a fumar uma "chicha" (cachimbo de água) na esplanada panorâmica do café Café Sidi Chebaane, admirando o Mediterrâneo de um azul tão límpido, as ruínas de Cartago e a silhueta do monte Bou Kornine. Sidi Bou Said tornou-se muito popular entre a comunidade artística no tempo do domínio francês. Há mesmo um guia que lhe chama a "Montmartre do Mediterrâneo" por causa dos artistas que por aqui passaram (Gustave Flaubert, Paul Klee e August Macke, André Gide, Maupassant, Simone de Beauvoir e Colette, entre outros), e também não falta quem lhe aponte um lado místico, por ter sido fundada por um santo que aqui viveu no séc. XIII (Abu Said) e cujo túmulo se encontra numa mesquita construída expressamente para o efeito, nas traseiras do famoso Café des Nattes, que fica no topo da rua principal e em cujas esteiras se espreguiçam mais fumadores de chicha em amena cavaqueira.

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ARTAGO E

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OMANO

Visitar as ruínas de Cartago, mesmo ao lado, é visitar 3.000 anos de história e o berço de uma civilização brilhante (Púnica) que dominou o Mediterrâneo e desafiou Roma. Três vezes arrasada, Cartago guarda num raio de 2km em redor da colina de Byrsa, vestígios do génio púnico, romano, bizantino, vândalo e árabe. A ver obrigatoriamente, o Museu de Cartago e o sítio arqueológico adjacente, os portos púnicos, as termas de Antonino, o santuário da deusa Tophet e o anfiteatro romano... além do Museu do Bardo, que possui a mais rica colecção de mosaicos romanos do mundo. É uma zona muito interessante que passa ao lado da maioria dos visitantes portugueses.

Quem fica nesta zona pode facilmente fazer o circuito histórico das cidades romanas, que normalmente se inicia a partir de Tabarka, antiga feitoria marítima cartaginesa e depois romana, no noroeste da Tunísia. Bulla Regia, Dougga, Thuburbo Majus e Sbeitla-Sufetula, esta mais a sul, são as mais conhecidas, qualquer delas

com vestigios relevantes. Mas o legado romano mais portentoso fica entre Sousse e Sfax, a cerca de 200km de Tunes: falamos do coliseu de El Djem (230 d.C), um enorme anfiteatro que surge no meio do nada... e que se encontra muito melhor conservado que o de Roma. É Património Mundial da Humanidade e merece a deslocação.

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RAIAS

Hammamet continua a ser a principal referência turística da costa tunisina. Não sai de moda. Tem boas praias, uma cidadela (século XVI) com uma medina muito interessante e muita animação. É um destino de massas, bastante cosmopolita e com grande oferta hoteleira. A dois é uma opção válida, mas se tiver crianças, o melhor é escolher Yasmine-Hammamet, um moderno mega-complexo a 20 minutos da cidadela. Fica ao pé do mar e tem 43

hotéis de cadeias internacionais vocacionados para receber famílias com crianças, e uma grande praça central com cafés, lojas, restaurantes e galerias de arte. Além de uma marina, porto desportivo, um parque de diversões para crianças (o Carthage Lands) e a Medina Mediterrânica, uma cidade-museu em ponto pequeno. Os adeptos dos desportos náuticos têm muito com que se entreter.

Monastir e Madhia, pequenas cidades piscatórias reconvertidas ao turismo, têm vindo a ganhar adeptos. Têm ambas boas praias e um ambiente muito mais pacato - e típico - que o de Hammamet. Bom para famílias e para casais avessos a grandes confusões. Monastir tem uma imponente fortaleza-mosteiro e uma medina medieval muito interessantes, assim como um Museu Islâmico digno de visita. É bastante popular entre os adeptos do golfe já que

Reportagem

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tem dois bons "greens". As cadeias internacionais têm vindo a instalar-se aqui e também em Madhia, 48km a sul. Pitoresca e sossegada, Madhia foi capital da Tunísia e guarda poucos vestígios do esplendor atingido na era dos Fatimidas, quando era ainda mais imponente que a cidade de Kairouan. Hoje, a cidade vive da pesca, do fabrico da seda e, claro, do turismo. A medina de Madhia é encantadora, com um número invulgar de lojas e ateliers de artesanato. A ver também a Grande Mesquita e o farol do Cabo de África. Sousse

fica na costa oeste e é outra alternativa a Hammamet. Trata-se da terceira cidade do país, a seguir a Tunes e Sfax. Tem uma medina espectacular (Património da Humanidade) que contrasta com a parte moderna da cidade, bem menos interessante. As praias são bastante boas e a maioria dos hotéis encontram-se alinhados ao longo da marginal que acompanha o areal principal. 15km a norte de Sousse fica o porto recreativo de Port El Kantaoui, um complexo turístico sedeado em redor de uma marina com boas infraeestruturas

hoteleiras. Atrai praticantes de desportos náuticos, um pouco à semelhança de Yasmine-Hammamet. Destino menos conhecido, mas não menos interessante é Bizerte, a capital do Norte, cuja orla costeira semi- selvagem oferece praias abrigadas e recantos solitários. É um destino propicio a casais em viagem de romance ou lua-de-mel e aos amantes do mergulho e da pesca submarina, dada a existência na zona de inumeros recifes, ricos em peixe e moluscos. O centro histórico de Bizerte centra-se em torno do porto de pesca, de um forte e de uma medina. Atravessada por canais, a cidade estende-se pela estrada (Corniche) até ao Cabo Bizerte, onde se encontra a maioria dos hotéis.

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JERBA

Falta falar da Ilha de Djerba, na costa sudeste, que atrai já uma quota significativa dos visitantes portugueses. Em alguns aspectos, Djerba lembra as Ilhas gregas do Mar Egeu; noutros, tem semelhanças com Formentera e a Ibiza ru-ral. A Ilha que segundo a lenda cativou Ulisses tem uma desvantagem importante em relação às estâncias acima citadas. É muito ventosa. Ali, nem sempre um dia de Sol radioso é sinónimo de uma manhã ou uma tarde bem passada na praia. O ambiente também é especial. Mais "europeu", mais liberal e permissivo. Os

CONGRESSOS E INCENTIVOS

A Tunísia é, cada vez mais, um destino a considerar para a celebração de congressos, convenções e viagens de incentivos. Por motivos de proximidade (fica a pouco mais de duas horas de avião) mas também porque tem as infra-estruturas hoteleiras adequadas e preços muito competitivos. Vejamos dois exemplos.

Planet Oasis. É o único Centro de Incentivos e Astronomia do Mediterrâneo. Fica na cidade de Tozeur (a uma hora de avião de Tunes), à beira do deserto, localização privilegiada para a observação celeste, que pode ser feita praticamente todas as noites. Em complemento às sessões, são organizadas excursões em viaturas 4 x 4 a oásis ou ao deserto, jantares de gala em tendas gigantes, pequeno-almoço em tendas berberes, espectáculos folclóricos e passeios.

Centro Pégasse. Pioneiro e impulsionador do turismo de aventura, o Centro Pégasse encontra-se também às portas do deserto, em Douz, facultando às empresas diversos programas de viagem. Uma das modalidades favoritas é a descoberta do Sahara em ultraleve, balão, de kart ou a camelo. Outra opção passa pelas expedições aos oásis e às dunas, obedecendo aos trajectos praticados pelas tropas romanas e pelas caravanas beduínas, de moto, 4x4 ou a camelo.

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Reportagem

mais jovens apreciam Djerba por isso. Não há preconceitos nem tabus e a tolerãncia é grande - lembre-se que estamos num país muçulmano, cujos códigos de conduta chocam com algumas especificidades da cultura Ocidental. Por alguma razão os Club Med de Djerba foram durante muito tempo dos mais procurados da cadeia. O interior rural da Ilha pode ser visitado de bicicleta, como em Formentera. A paisagem é pontuada por palmeiras e habitações sem janelas, equipadas com cisternas para aproveitamento da água das chuvas. Houmt Souq (literalmente "quarteirão dos mercados") é o centro administrativo e comercial de Djerba. Fica a 8km da praia e tem uma medina interessante, além de pracetas com esplanadas, lojas e cafés. Refira-se a presença de uma significativa comunidade judaica em Djerba em cuja sinagoga (Ghriba) se encontra uma das Toras mais antigas do mundo.

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De Djerba pode fazer-se o circuito do Grande Sul, que faz parte do Deserto do Sahara. É outra Tunísia, muito diferente do norte luxuriante e das cálidas praias mediterrâneas. É uma Tunisia seca, desértica e agreste, propícia a aventureiros e gente ávida de emoções fortes. Falamos de visitantes que não se importam de fazer longas tiradas de jipe, ou montados num camelo, por vezes sob calor e poeira sufocante, e que acordam às cinco da manhã para assistirem ao nascer do dia no meio de nada. No fundo, o eterno fascínio do deserto, aqui pontuado por uma sucessão de oásis como Tozeur, Nefta e Douz. Há muitas maneiras de fazer este circuito, mas os locais imperdíveis são os mesmos, independentemente do percurso escolhido. Começando por Gabés, a porta de entrada do Grande Sul, e Matmata, famosa pelas suas residências escavadas nas rochas. Continuando por Douz e Kebili, cidades desérticas rodeadas de dunas, e pelo lago salgado Chott O Jerid até chegar à Tozeur, capital do Bled El Jerid (literalmente, "país das palmeiras"). Esta é a cidade das 200 mil árvores de dátiles e dos luxuriantes jardins interiores, num contraste brutal com o deserto que a

rodeia. O oásis que desde há séculos alimenta os habitantes de Tozeur tem quase um milhar de palmeiras que geram as melhores tâmaras do país - as "deglet nour" - além de centenas de árvores de frutos e outros hortícolas. Outro oásis importante é Nefta, de onde se pode aceder à Corbeille, o palmeiral mais belo do sul tunisino, e a Chebika, Tamerza e Midés, três oásis de montanha particularmente belos do ponto de vista cénico e que até há cerca de quarenta

anos eram completamente desconhecidos do mundo. Qualquer circuito que se preze contempla paragem ou estadia em Kairouan, a cidade muçulmana mais sa-grada de África e a quarta no mundo depois de Meca, Medina e Jerusalém. É o único lugar que, visitado sete vezes, dispensa os crentes do dogma da peregrinação à Meca. Tem duas Grandes Mesquitas (Okba e Sidi Sabih) e uma medina labírintica considerada das mais fascinantes do país.

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Referências

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