• Nenhum resultado encontrado

O PROJETO PEDAGÓGICO E A AVALIAÇÃO NOS PROCESSOS FORMATIVOS DO CURSO DE DIREITO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O PROJETO PEDAGÓGICO E A AVALIAÇÃO NOS PROCESSOS FORMATIVOS DO CURSO DE DIREITO"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

O PROJETO PEDAGÓGICO E A AVALIAÇÃO NOS PROCESSOS

FORMATIVOS DO CURSO DE DIREITO

Fernando Leite Carvalho₁

₁ Universidade Católica de Santos (UNISANTOS). Santos, São Paulo, Brasil. Mestrando em Educação. fernando.carvalho@unisantos.br

RESUMO

Trata-se de resumo executivo sobre dissertação em andamento com o objetivo de investigar como são utilizados os dados da avaliação externa no planejamento pedagógico do curso de Direito no Brasil. Para isto, foi realizado um estudo sobre a origem da avaliação externa, através do Banco Mundial, posteriormente, como é realizado o processo atual de avaliação externa feita pelo MEC/INEP, considerando que a avaliação externa já está implantada há 16 anos e a última avaliação do curso de Direito foi realizada no ano de 2018, onde apresenta-se o desempenho das avaliações do curso de Direito, dividido em instituições públicas e privadas. Como referenciais teóricos foram utilizados Dias Sobrinho (2008, 2003, 2000) e Libâneo (2008). A metodologia da pesquisa incluiu a análise documental do Planejamentos Pedagógicos do curso de oito IES, separados em grupamentos de instituições públicas e privadas. Os primeiros resultados apontam valoração diferenciada entre as IES quanto à concepção da avaliação externa na construção do planejamento pedagógico do curso de Direito.

Palavras-chave: Planejamento Pedagógico; Avaliação externa; Curso de Direito. Área de conhecimento: Humanas.

1 INTRODUÇÃO

O Banco Mundial através dos documentos El financiamiento de la educación en los

países en desarrollo e La enseñanza superior: las lecciones derivadas de la experiencia,

respectivamente nos anos de 1987 e 1995, introduziu orientações para os países assistidos, no sentido de redução de despesas com o ensino gratuito e oportunizando para o avanço do ensino privado

(2)

Puesto que em la mayoria de los países los estudiantes matriculados em el nível superior pertenecen a los grupos de ingresos más altos, el cobro de tales derechos hará aumentar el interés financiero de esos, estudiantes mas talentosos y motivados a matricularse. (BANCO MUNDIAL, 1987, p. 4). (grifo nosso)

Além de estabelecer contrapartida, orienta que o ensino superior se volte para o mercado de trabalho visando absorção da mão de obra e que o Governo altere a forma de atuação, instituindo a avaliação externa, visando uma postura de gestão do ensino.

Muchos países carecen de instituciones eficaces para disenãr políticas de enseñanza superior, orientar las asignaciones presupuestarias, evaluar el desempenõ de las instituciones y publicar dicha información em beneficio de los futuros estudiantes. (Banco Mundial, 1987, p. 65). (grifo nosso)

O Brasil, um dos países assistidos, adotou as estratégias recomendadas, implementando processos de avaliações chegando no atual Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), Este modelo já detém 16 anos e é utilizado, principalmente, para prestar contas à sociedade brasileira e balizar políticas públicas de educação.

O processo é realizado , através do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e apresenta os indicadores da qualidade do ensino superior. Os dados mais recentes do curso de Direito, são referentes ao ano de 2018 e as avaliações anteriores ocorreram em 2015, 2012, 2009 e 2006. A avaliação é considerada como Conceito Preliminar de Curso (CPC) variando de 1 a 5 com base nos indicadores: 1) Conceito Enade; 2 ) IDD – desempenho esperado x observado ENEM e ENADE; 3) Corpo docente – percentuais de mestres e doutores e o regime de trabalho; 4) Percepção dos discentes sobre o processo formativo. Este conceito, posteriormente, é confirmado e/ou alterado por comissões de avaliação do Inep. O CPC e o Índice Geral de Cursos Avaliados da Instituição (IGC) são normatizados pela Portaria nº 40, de 2007, republicada em 2010 (INEP, 2016). Segundo o Inep1

O Conceito Preliminar de Cursos (CPC) combina, em uma única medida, diferentes aspectos relativos aos cursos de graduação: desempenho dos estudantes, valor agregado pelo processo formativo oferecido pelo curso, corpo docente e percepção dos estudantes sobre as condições do ensino ofertado pela instituição. E o Índice Geral de Cursos (IGC), resultado da avaliação das instituições de educação 1Disponível em

https://www.gov.br/inep/pt-br/assuntos/noticias/indicadores-de-qualidade-da-educacao-superior/instituicoes-de-educacao-superior-poderao-se-manifestar-sobre-calculos-dos-indicadores-a-partir-desta-quarta-feira-5. Acessado em 06/11/2020.

(3)

superior é uma média ponderada, a partir da distribuição dos estudantes nos níveis de ensino, que envolve as notas contínuas do próprio CPC e os conceitos Capes dos cursos de programas de pós-graduação stricto sensu das instituições. (INEP. Sítio do Inep. 2020)

Os dados da avaliação do cursos de Direito no Brasil2apontam que, aproximadamente,

1 milhão de discentes estão envolvidas no processo de ensino e aprendizagem, demonstrando a necessidade da preocupação da qualidade e do planejamento dos cursos existentes.

2 OBJETIVOS

O objetivo geral desta pesquisa é investigar como o resultado da avaliação externa, feita pelo MEC/Inep, contribui no planejamento pedagógico do curso de Direito das IES. Os objetivos específicos são de compreender como estão previstos os processos de avaliação externa e interna dos cursos de Direito no planejamento pedagógico do curso e descobrir se existem ações decorrentes do processo avaliatório.

3 MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa com a análise documental das avaliações do Inep e de Planejamentos Pedagógicos do Curso(PPC) de 8 (oito) IES, separados em públicas e privadas. Como principais referenciais teóricos foram utilizados os estudos de Dias Sobrinho (2008, 2003, 2000) e Libâneo (2008).

4 DESENVOLVIMENTO

Ao verificar o histórico das avaliações do ensino jurídico existem 1.104 cursos no Brasil e apenas 1,16%, ou seja, 14 (quatorze) detém conceito 5 (cinco). 17% dos cursos (212

2Disponível em

https://www.gov.br/inep/pt-br/assuntos/noticias/indicadores-de-qualidade-da-educacao-superior/instituicoes-de-educacao-superior-poderao-se-manifestar-sobre-calculos-dos-indicadores-a-partir-desta-quarta-feira-5. Acessado em 06/11/2020.

(4)

cursos) ficaram com conceituação 1(um) ou 2(dois) e sua grande maioria, 55%, equivalente a 667 cursos atingiram apenas o conceito 3(três). Nas IES públicas, praticamente, dobraram a quantidade de cursos oferecidos, que equivalem a 143 cursos (12,95%) e na conceituação redução significativa dos cursos sem classificação e de avaliações com conceito 2 (dois) com a concentração em conceito 3 (três) e crescimento do conceito 4 (quatro) na última avaliação.

Nas IES privadas ocorre o crescimento em quantidade de cursos em 227 cursos (30,93%), em 12 anos. No que se refere aos conceitos, ocorre redução da quantidade de cursos sem classificação e historicamente concentração do conceito 3 (três). A quantidade de cursos de IES privadas é na dimensão de mais de 6(seis) vezes de oferta em relação aos cursos das IES públicas mas verifica-se que a classificação permanece em estabilidade. Em ambas avaliações o conceito 5 (cinco) atingiu pequena proporção.

Para Dias Sobrinho (2008), a avaliação externa, através do ENADE, traz:

Muito mais que a constatação de um estado, é uma interrogação sobre o processo de aprendizagem e de formação, com o objetivo de conhecer os avanços, superar as dificuldades e atribuir um sentido ao processo educativo. Nessa concepção, a avaliação do curso deve levar em conta que a formação do profissional está inserida na concepção de formação integral, incorporando-se à dimensão humana de cidadania plena (DIAS SOBRINHO, 2008, p. 213-214).

Dias Sobrinho (2000) esclarece que as Universidades têm ciência de que não são instituições autossuficientes afirmando que:

As Universidades modernas têm clareza de que não devem ser instituições endogenamente autônomas e eticamente soberanas, distanciadas da práxis e das demandas objetivas da sociedade. O conhecimento é cada vez mais requisitado como força produtiva, mas também como instrumento de cidadania, em sua pluralidade, em sua diversidade. (DIAS SOBRINHO, 2000, p. 17)

Libâneo (2008), por sua vez, afirma que as práticas avaliativas brasileiras, seguindo uma tendência mundial, encaminham-se para a subordinação do trabalho dos docentes, implicando que a avaliação passa a determinar os objetivos da educação e, de acordo, com a política governamental, encaminhar os processos para um ensino funcional, a serviço de entidades externas. Para o autor:

O objetivo da avaliação educacional do sistema seria a melhoria da qualidade, portanto melhorar os resultados do rendimento escolar. Daí a importância da avaliação externa pelo próprio governo, ao qual cabe fixar padrões de desempenho, facilitar insumos que influenciam no rendimento

(5)

escolar, monitorar o desempenho escolar. Entretanto, pode-se supor que, em muitos casos, não são considerados os processos que levam a qualidade do aprendizado, já que a ênfase recai nos resultados. (LIBÂNEO, 2008, p. 240)

Libâneo (2008) alerta para a forma da utilização dos resultados que podem gerar distorções no sistema educacional, até a seleção de alunos visando resultados melhores. O autor lembra que as políticas educacionais, em diversos países, têm se ajustado aos interesses do neoliberalismo, voltando-se para a economia, com desenvolvimento de competências e habilidades às necessidades atuais do mercado, muitas vezes, em detrimento do desenvolvimento de competências sociais e humanísticas e da criticidade. Entretanto, em contraponto, o papel da avaliação externa precisa compor a avaliação institucional para a construção do planejamento pedagógico do curso. Ao avaliar o curso, segundo Libâneo (2008) está avaliando a qualidade do ensino, seus processos, seu currículo, o perfil do egresso, as competências e habilidades e a relação com a sociedade. São aspectos importantes para integrar o planejamento e os ciclos de ensino-aprendizagem. Dias Sobrinho (2008) também faz um alerta na significação da avaliação:

A avaliação da educação superior brasileira, em razão das recentes medidas do INEP, está deixando de ser uma produção de significados, questionamento sobre a pertinência e a relevância científica e social da formação e dos conhecimentos, e passando a reduzir-se à medida e ao controle. Assim sendo, a educação (em sentido pleno) se reduz a ensino, os processos formativos se anulam ante os resultados quantificáveis, a valoração dá lugar a exames que medem desempenhos estudantis, estes servem de informação básica aos índices, que se transformam em classificações e rankings e representam numericamente a “qualidade” dos cursos e das instituições. (DIAS SOBRINHO, 2008, p. 821).

Selecionamos 8 (oito) PPC do curso de Direito com os critérios a seguir: IES públicas e privadas; três regiões do país com maior concentração de cursos e as três melhores faixas de conceito. Nas IES públicas temos uma Federal, uma Estadual e uma Municipal, entre as privadas com e sem fins lucrativos.

A IES Federal apresenta as comissões para avaliação e autoavaliação envolvendo todos os membros da comunidade escolar. Na IES Estadual o processo avaliatório trata apenas dos indicadores para aprovação na aprendizagem. A IES Municipal informa não haver um indicador institucionalizado mantendo o amplo debate para verificar o cumprimento de sua missão. Nas IES privadas, temos uma com um capítulo específico sobre Avaliação utilizando metodologia do ciclo PDCA, oriundo de teoria da Administração, incluindo avaliação externa e autoavaliação. Em outra IES o PPC considera a avaliação externa, inclusive estabelece

(6)

ações decorrentes da avaliação. As demais IES privadas também apresentam orientação sobre avaliação acadêmica e institucional, entretanto, sem citar aspectos referentes à avaliação externa.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O percurso definido para esta pesquisa está ancorado em seus objetivos, geral e específicos, que trata da avaliação externa e sua relação com o Projeto Pedagógico dos Cursos de Direito. O Brasil implementou processo de avaliação, em decorrência de orientações do Banco Mundial, alterando o papel de gestão da educação.

Aproximadamente 1 milhão de pessoas estão cursando ensino jurídico brasileiro, demonstrando sua relevância que, segundo os referenciais teóricos, a avaliação externa deve ser considerada no planejamento pedagógico do curso de Direito. A análise do histórico de avaliações demonstra resultados diferentes para IES públicas e privadas.

A amostragem dos PPC dos cursos de Direito demonstram que nem todas valorizam o processo de avaliação externa, queé a ferramenta de avaliação oficial do MEC e pode ser utilizado, se considerados seus indicadores, como parte dos processos de construção do planejamento pedagógico trazendo melhor identidade ao curso de Direito.

6 REFERÊNCIAS

BANCO MUNDIAL. El financiamiento de la educación em los países em desarrollo:

opciones de política. Washington, D. C.: Banco Internacional de Reconstrucción y Fomento,

1987.

_______La enseñanza superior: las lecciones derivadas de la experiencia. Washington, D. C.: Banco Internacional de Reconstrucción y Fomento, 1995.

BRASIL, Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004. Institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.861.htm. Acesso em: 01/11/2020.

DIAS SOBRINHO, José. Universidade: Processos de socialização e processos pedagógicos

In DIAS SOBRINHO, José; BALZAN, Newton C. (Orgs.) Avaliação Institucional: teoria e

(7)

DIAS SOBRINHO, José. Avaliação da educação superior regulação e emancipação. Avaliação(Campinas), Sorocaba, v. 08, n. 02, jun. 2003. Disponível em <http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-40772003000200004&lng= pt&nrm=iso>. Acessado em 13/108/2020.

DIAS SOBRINHO, José. Qualidade, Avaliação: do Sinaes a índices. Avaliação, Revista da Avaliação da Educação Superior, Campinas; Sorocaba, SP, v. 13, n. 3, p. 817-825, nov. 2008. LIBÂNEO, José C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia. MF Livros, 2008.

Referências

Documentos relacionados

Andréia Cristina Lopes Frazão da Silva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Prof.. Leandro Duarte Rust, Universidade Federal de Mato

Posteriormente institucionalizado como um programa de avaliação externa através do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), o qual buscava

Em São Jerônimo da Serra foram identificadas rochas pertencentes à Formação Rio do Rasto (Grupo Passa Dois) e as formações Pirambóia, Botucatu e Serra Geral (Grupo São

Não obstante o contínuo e expressivo crescimento em novos clientes e em novos serviços em clientes de sua carteira, a Contax, experimentou, principalmente no segundo semestre de

Para atingir este fim, foram adotados diversos métodos: busca bibliográfica sobre os conceitos envolvidos na relação do desenvolvimento de software com

Trata-se de observar como o exercício profissional da fotografia exige mais do que o conhecimento operacional específico adquirido nos cursos técnicos e tecnológicos oferecidos por

José O.Loro, Pref.Guaruja Clube Paineiras do Morumby 179 65-69 Homens - Pontos Individuais. Anos

Avaliação clínica e laboratorial de cães domésticos em Itaipuaçu – Maricá, estado do Rio de Janeiro, área de ocorrência de casos de leishmaniose visceral