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Cultura e ideologia
Escrever sobre cultura no Brasil significa
trabalhar com muitas expressões – como
festas, danças, canções, esculturas, pinturas,
gravuras, literatura, mitos, superstições e
alimentação – presentes no cotidiano das
pessoas e incorporadas ou não pela
indústria cultural.
Cultura e indústria cultural no Brasil
Capítulo
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O que caracteriza nossa cultura?
Na América portuguesa, no século XVI, as culturas indígenas e africanas não eram reconhecidas pelos colonizadores e expressavam-se à margem da
sociedade que se constituía sob o domínio lusitano. Tal sociedade tinha como principal referência a
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Capítulo
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No entanto, as raízes indígenas e africanas impregnaram nosso cotidiano.
A música brasileira apresenta uma variedade imensa de ritmos, que são puros ou misturados, cópias ou
(re)elaborações constantes, invenções e inovações, com os mais diversos instrumentos.
A produção musical brasileira tem traços de origem marcadamente
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Capítulo20
Co le çã o pa rt ic u la rGenuínas são as músicas, as danças e a arte plumária ou a cerâmica dos povos indígenas. As demais
manifestações culturais são fusões, criações de uma vasta e longa herança de muitas culturas.
Dança do lundu em representação de Johann Moritz Rugendas, século XIX. O lundu é um tipo de música e de dança que mistura ritmos portugueses com os batuques dos africanos escravizados.
Talvez essa seja a característica que
podemos chamar de “brasileira”.
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Capítulo
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Indústria cultural no Brasil
O desenvolvimento da indústria cultural no Brasil ocorreu paralelamente ao
desenvolvimento econômico e teve como marco a introdução do rádio, na década de 1920, da televisão, na década de 1950, e da internet, nos anos 1990.
Outros campos da indústria cultural, como cinema, jornais e livros, não são tão
expressivos quanto a televisão e o rádio.
Th ink stoc k /Gett y Images Th ink st oc k /Ge tt y Ima ge s
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Década de 1930 autorização da
publicidade no rádio. Isso permitiu a ampliação da difusão. O dinheiro
arrecadado com a publicidade permitiu manter a programação no ar.
1922 primeira transmissão de
rádio no Brasil, inaugurando uma fase de experimentação, voltada principalmente para atividades não comerciais. Th ink st oc k /Ge tt y Ima ge s
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Capítulo20
Ar qu ivo/ AEDécadas de 1930 e 1950 apogeu da audiência
do rádio. Foi nesse período que o Estado passou
a controlar as atividades do rádio.
Rio de Janeiro, 1950: programa de auditório da Rádio Nacional comandado por Emilinha Borba. Os cantores e cantoras mais conhecidos eram contratados como grandes estrelas das
emissoras de rádio, pois proporcionavam mais audiência e, consequentemente, mais anunciantes.
Durante a ditadura de Vargas (1937-1945), o governo fazia sua
propaganda e tentava desenvolver uma
cultura nacionalista por meio do rádio.
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Décadas de 1960 e 1970 início da decadência
do rádio. A chegada da televisão, que iniciava sua programação de modo mais intensivo,
retirava do rádio não só a audiência, mas também os profissionais e os anunciantes.
A partir de 1985 novo impulso para a
transmissão do rádio, com a introdução das
emissoras FM (que permitiam melhor recepção), o fim da censura e a disponibilidade de mais
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Hoje, muitas rádios são acessadas pela internet, o que significa uma inovação na recepção dos
programas. Essa união do rádio com a internet
propiciou às emissoras uma nova forma de chegar a públicos variados, com notícia ou música.
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Capítulo20
Ju ca M a rt ins /Olh a r I ma ge mNo Brasil, cerca de 85% das emissoras comerciais em operação estão em mãos de políticos, que usam as transmissões de acordo com seus interesses ou os de patrocinadores.
As rádios comunitárias, as públicas e mesmo as
piratas podem
desenvolver uma programação sem as
limitações mencionadas. Rádio comunitária da favela Heliópolis, em São Paulo, fundada
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A televisão brasileira
A televisão chegou ao Brasil no início da década de 1950, quando o jornalista Assis Chateaubriand
inaugurou a primeira emissora brasileira, a TV Tupi, de São Paulo.
Nos primeiros 20 anos de história, a TV Tupi liderou o
mercado de televisão, enfrentando praticamente desde o início a concorrência de outras emissoras.
Em 1960, em apenas 4,6% dos domicílios do Brasil havia um aparelho de televisão. Em 2008, a televisão já estava em 95,1% dos lares.
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Ao longo dos mais de cinquenta anos de história da televisão no Brasil, o Estado, por intermédio dos sucessivos governos, influiu diretamente nessa indústria. Sempre deteve o poder de conceder e cancelar concessões.
A partir de 1964, com o início do regime militar, a interferência aumentou de forma quantitativa e qualitativa. Os militares fizeram investimentos em infraestrutura para ampliar a abrangência da
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1981 acordo da Embratel com as redes Bandeirantes
e Globo para permitir a transmissão da programação dessas emissoras a todo o Brasil. Os sinais podiam ser captados por antenas parabólicas.
1968 inauguração do sistema de transmissão de
micro-ondas.
1985/86 lançamento dos dois primeiros satélites
brasileiros.
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Durante o regime militar, as redes de televisão – que eram privadas – obedeciam fielmente às determinações do Estado. Os programas passavam a impressão de que o governo militar era legítimo e vivíamos em uma democracia.
Parabólicas em palafita no rio Negro, Amazônia, em 2006.
Re na ta Me ll o/Olh a r Ima ge m O projeto de integração nacional pretendido pelo regime militar, alicerçado numa política cultural
específica, alcançou êxito graças à televisão.
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O modelo de televisão
estabelecido pela ditadura sobreviveu ao regime
militar e ganhou ainda mais poder. A televisão converteu-se, enfim, em
fonte de poder político.
Agê nc ia O Glob o
Regina Duarte em cena da novela Selva de Pedra, da Rede Globo, levada ao ar entre 1972 e 1973.
A maior beneficiária desse modelo foi a Rede Globo. Fundada em 1965, cresceu apoiada nas relações
amistosas com o regime militar. O programa de maior audiência foi a telenovela, que se tornou um “produto cultural brasileiro”.
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Como o rádio, a televisão é controlada pelo poder
público por meio das regulamentações e também da propaganda oficial.
As relações entre o Estado e as emissoras modificaram-se
apenas na década de 1990, quando os investimentos
públicos diminuíram, a censura foi abolida e o mercado se
alterou com a introdução da transmissão a cabo. Th ink st oc k /Ge tt y Ima ge s
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A programação da televisão
A influência da televisão no dia a dia dos brasileiros é preocupante, pois existem graves problemas relacionados à informação e à formação de opinião.
Juliana Paes, atriz, em Caminho das Índias, exibida pela Rede Globo em 2009. No período em que a telenovela esteve no ar, vestimentas indianas ganharam as ruas.
A televisão é, no Brasil, o principal veículo de difusão cultural e de
informação. Ma rc elo F ra nc o/ EX TRA /Ag ênc ia O Gl obo
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De acordo com o filósofo brasileiro Renato Janine
Ribeiro, deve-se levar em conta a importância que a televisão tem no Brasil, pois ela dá para a sociedade uma pauta de
conversa.
A TV também desempenha um papel na reflexão do Brasil atual, principalmente por meio das
novelas, que levam aos
telespectadores algumas questões pouco discutidas ou até silenciadas.
É possível uma televisão diferente?
Th ink st oc k /Ge tt y Ima ge s
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Uma alternativa para melhorar a programação da TV estaria na criação de mecanismos de democratização dos meios de comunicação, como a concessão de canais para instituições de caráter público que pudessem
transmitir informação e cultura.
Janine Ribeiro deixa claro que alguns
assuntos não são discutidos nas novelas, como as questões sociais, a
desigualdade de classes e o
autoritarismo do patrão sobre
o empregado, por exemplo. Th
ink st oc k /Ge tt y Ima ge s
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A inclusão digital
O acesso à internet no Brasil ainda é bastante restrito, o que constitui mais um aspecto das desigualdades no país.
Dados de pesquisa realizada em 2006 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGIBr) mostram que somente 33,3% dos brasileiros já tiveram contato com a internet.
Entre os mais ricos, 95% já acessaram a rede; entre os mais
pobres, apenas 12,2%. La e rt e , 20 0 4 .
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A indústria cultural no Brasil desenvolveu boa parte de sua trajetória à sombra de governos autoritários ou sob regras rígidas, mas sempre houve brechas nas quais se pôde veicular conteúdos críticos e de boa qualidade.
Pode-se dizer, assim, que existe um potencial de
liberdade em cada meio de
comunicação. Nesse processo, a internet caracteriza-se como um meio que proporciona uma liberdade sem igual.
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Exercícios
1. O grafite reproduzido abaixo foi produzido nos Estados Unidos pelo grupo Street Art Workers, integrante do
projeto Mídia de quem?, que critica o conteúdo dos programas televisivos. S tr e e t Ar t Wor k e rs
Qual é a crítica expressa no grafite? Você acha que ela se aplica ao
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2. Junte-se aos colegas da classe e dividam-se em cinco grupos. Cada um deverá pesquisar um destes ritmos da música brasileira: chorinho maxixe frevo samba um ritmo indígena Procurem registrar: a) as origens do ritmo;
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b) os instrumentos utilizados;
c) os principais músicos, compositores e intérpretes desse ritmo;
d) eventos – como festas regionais, religiosas, etc. – aos quais esse ritmo possa estar relacionado.
Apresentem o trabalho para a classe, acrescentando
informações que considerarem importantes. Se possível, gravem músicas do ritmo pesquisado para que os colegas as ouçam ou indiquem um site onde as