FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Memorial Descritivo
para Promoção à Classe de
Professor Titular da Carreira de
Magistério Superior
Prof. Dr. Carlos Henrique de Carvalho
Uberlândia
2020
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Memorial Descritivo
para Promoção à Classe de
Professor Titular da Carreira de
Magistério Superior
Prof. Dr. Carlos Henrique de Carvalho
Memorial apresentado à Faculdade de
Educação (FACED) da Universidade Federal
de Uberlândia (UFU) como parte dos requisitos
exigidos para a Promoção da Classe de
Professor Associado IV para a Classe de
Professor Titular da Carreira de Magistério
Superior, conforme a Portaria do MEC nº 982,
de 03 de outubro de 2013, e a Resolução
03/2017, de 09 de junho de 2017, do Conselho
Diretor da Universidade Federal de Uberlândia
(UFU).
Uberlândia
2020
COMISSÃO ESPECIAL DE AVALIAÇÃO
Membros Titulares Externos
Maria Cristina Gomes Machado (UEM)
Luciano Mendes Faria Filho (UFMG)
Carlos Roberto Jamil Cury (PUC-MG)
Membro Titular Interno (Presidente da Comissão)
Wenceslau Gonçalves Neto (UFU)
Membro Suplente Externo
Silvia Helena Andrade de Brito (UFMS).
Membro Suplente Interno
Geraldo Inácio Filho (UFU)
DEDICATÓRIA
A minha esposa, Luciana, e
ao meu filho, José de
Carvalho Neto (“Zezinho”),
que compreenderam minha
ausência e me ajudaram a
estabelecer limites para que a
vida não ficasse para depois.
AGRADECIMENTOS
Este memorial significa uma “prestação de contas” à comunidade acadêmica, mas,
sobretudo, um exercício de autoavaliação da minha caminhada no ensino, na pesquisa e
na gestão, bem como dos meus estudos devotados ao campo da História da Educação.
Tenho convicção de que nas margens destas vias ficaram incertezas, avanços,
descobertas, frustrações e, por vezes, algumas conquistas. Em todos os momentos, eu não
estive só. Muitas pessoas fizeram parte da minha trajetória ao longo desta jornada e
tornaram os caminhos percorridos mais tranquilos e, nas horas mais difíceis, puderam me
amparar.
Primeiramente, agradeço ao meu eterno amor, Luciana, esposa e companheira. A
você minha gratidão por todos os momentos alegres e tristes! Agradeço pelo amor
manifestado nas pequenas e nas grandes coisas, pela compreensão nas horas de ansiedade
e de irritação e pela “santa” paciência com minhas viagens!
Ao meu filho, José de Carvalho Neto – “Zezinho” –, peço perdão pelos longos
períodos de ausência e por não ter amparado você nos seus momentos mais difíceis de
sua caminhada! Obrigado por compreender meus momentos de cansaço e acreditar em
mim sempre.
Aos meus pais, José de Carvalho e Antônia Aparecida de Carvalho (minha mãe,
in memoriam, mesmo em outro plano continua presente em meu coração), agradeço o
apoio que recebi de vocês. Sem ele não estaria aqui hoje!
À minha amiga Marisilda, que sempre incentivou e torceu pelo êxito dos meus
projetos. Ela compartilha da felicidade deste momento, pois é minha torcedora mais fiel.
Ao amigo Wenceslau Gonçalves Neto, pela presença firme, diálogo franco e rigor
teórico na pesquisa. Participou comigo, generosamente, de todas as fases da minha
jornada, como muitas viagens, participação em congressos, dentre tantos outros, até o
momento final desta banca.! Wenceslau tornou-se amigo para a vida toda!
Aos professores e amigos, Carlos Roberto Jamil Cury, Luciano Mendes de Faria
Filho e a professora Maria Cristina Gomes Machado, os quais, gentilmente, aceitaram o
convite para participar da minha defesa de memorial para professor titular. Ambos amigos
das “alterosas”, como minha
amiga
do norte do Paraná, sempre enriqueceram minha
formação acadêmica ao compartilhar conhecimentos e vivências comigo.
Agradeço também a professora Silvia Helena Andrade de Brito e ao professor
Geraldo Inácio Filho, pelo pronto atendimento ao meu convite, para participar desta
banca, com os quais sempre tive excelentes laços de acadêmicos e de amizade.
Aos meus colegas da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-graduação
em Educação, agradeço a convivência e, principalmente, os ricos momentos de
aprendizagem.
Aos colegas da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. Em especial, à Eloisa e
ao Thiago, agradeço a amizade e o companheirismo.
Ao professor Valder Steffen Júnior, Reitor da Universidade Federal de Uberlândia
(amigo mais recente), agradeço a confiança depositada em mim, mas, acima de tudo, por
sua amizade sincera.
Aos não citados aqui, mas inscritos para sempre em minha memória, agradeço o
apoio e a ajuda em completar determinados trechos do percurso ou a escolher, nas
encruzilhadas da minha jornada, o melhor caminho a seguir. Recebam meu profundo
respeito e gratidão!
RESUMO
Este memorial cumpre parte dos requisitos exigidos para a Promoção da Classe
de Professor Associado IV para a Classe de Professor Titular na Carreira do Magistério
Superior, de acordo com a Portaria do MEC nº 982, de 3 de outubro de 2013,
regulamentada pela Resolução nº 3/2017, do Conselho Diretor da Universidade Federal
de Uberlândia, de 09 de junho de 2017. Para a sua elaboração, procurei seguir o disposto
no Anexo 5, Roteiro para Elaboração do Memorial, da Resolução no 03/2017, do
Conselho Diretor, de 9 de junho de 2017. O recorte cronológico adotado inicia no ano
de 2004, quando ingressei na Universidade Federal de Uberlândia e encerra no primeiro
semestre de 2020. O conteúdo compõe-se da descrição e análise das atividades que
foram importantes nos âmbitos da formação, das minhas atividades de ensino e, com
mais destaque, os trabalhos de pesquisa e de gestão desenvolvidos por mim ao longo
de 16 anos, em sua totalidade na UFU. Opção minha em considerar somente o conjunto
de atividades destas quase duas décadas como servidor púbico concursado para o
exercício da docência na Faculdade de Educação, na condição de docente, de
pesquisador e/ou de gestor.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Diploma do “Prêmio Domingos Pimentel de
U
lhôa”, recebido pelo
desempenho acadêmico na graduação em História, em 4 de abril de 1994
Figura 2:
Resolução número 04/93, do Conselho Universitário
Figura 3: Ata de defesa de Doutorado em 03/04/2003
Figura 4: Capa do material didático do Curso de Pedagogia - UFU
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Capacidade de formação de pesquisadores no período de 2004/2019.
Gráfico 2: Produção Bibliográfica de 2004/2020
Gráfico 3: Artigos publicados de 2004/2020
LISTA DE QUADROS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO: início de um percurso ... 11
1.1 Objetivos ... 13
1.2 Organização do Memorial ... 13
2 FORMAÇÃO ACADÊMICA ... 15
2.1 Ensino Fundamental e Médio ... 15
2.2 Graduação ... 16
2.3 Mestrado ... 18
2.4 Doutorado ... 20
2.5 Pós-Doutorado na Universidade de Lisboa ... 22
3 ATUAÇÃO PROFISSIONAL ... 27
3.1 Ensino na Graduação ... 27
3.2 Educação a Distância ... 28
3.3 Lato Senso (especialização/extensão) ... 30
3.4 Ensino na Pós-Graduação ... 31
3.4 Orientações ... 32
4 ATIVIDADES DE GESTÃO ACADÊMICA ... 34
4.1 Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGED ... 34
4.2 Secretário da Sociedade Brasileira de História da Educação - SBHE ... 35
4.3 Faculdade de Educação/FACED-UFU ... 37
4.4 Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEPMIG ... 38
4.5 Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação - PROPP/UFU ... 40
4.6 Fundação de Apoio Universitário - FAU ... 43
4.7 Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pós-Graduação e Pesquisa - FOPROP ... 44
5. PARTICIPAÇÃO EM GRUPOS DE PESQUISA ... 46
5.1. Núcleo de História e Historiografia da Educação - NEPHE ... 46
6 PROJETOS COORDENADOS COM GRUPOS DE PESQUISA ... 47
7 PROJETOS DE COORDENAÇÃO INSTITUCIONAL ... 52
8 OUTROS ASPECTOS DA MINHA ATUAÇÃO ACADÊMICA E PROFISSIONAL
... 54
8. 1 Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP
... 54
8.2 Parcerias, nacionais e internacionais ... 54
9 DAS TECITURAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS À FORMAÇÃO DO
PROFESSOR/PESQUISADOR ... 58
CONSIDERAÇÕES FINAIS: o percurso continua... ... 73
REFERÊNCIAS ... 75
1 INTRODUÇÃO: início de um percurso
É bom definir o significado de narrar-se. É inventar-se, é estabelecer linearidades e coerência
entre acontecimentos da existência que, muitas vezes, passam ao largo da vontade do sujeito e são,
por vezes, sem sentido. A narrativa tem um início, um meio e um fim. Por meio dela, constrói-se uma
identidade, dando unidade, estabilidade e coesão a acontecimentos que fazem a (minha) história. É
estranho, pelo menos a mim, fazer a narrativa de mim mesmo, pois ela segue o curso da vida e não
se explica à parte da vida.
A narrativa deveria, simplesmente, fluir, contudo, à medida que a história é narrada, os fatos
surgem acompanhando a memória do narrador, “que não se preocupa com o encadeamento exato de
fatos determinados, mas com a maneira de sua inserção no fluxo insondável das coisas”
(BENJAMIM, 1985, p. 209). A narrativa supõe uma sequência de acontecimentos. O discurso é a
regra principal desse processo e se justifica e se autoriza quando as sequências dos acontecimentos
violam a minha canonicidade, pois informa algo inesperado, adormecido em minhas memórias, ou
algo que não quero trazer aos ouvintes ou aos leitores.
A minha narrativa, impressa neste Memorial – ou autoavaliação – pode ser uma maneira de
se obter uma riqueza presente no subjacente do meu consciente, no qual se encontram as
indeterminações das minhas experiências como professor e a complexidade do meu entendimento de
ensino, pesquisa e gestão. Além do mais, a vigorosa ênfase no conhecimento sobre a história pode
representar uma maneira de conhecer e pensar o que é particularmente adequado para explicar a
minha trajetória desde 2004 – ou de 1989 -, quando ingressei no curso de História da UFU. Contudo,
por alguma razão do inconsciente, “apaguei” parte dos fragmentos que ainda sobreviviam em mim,
isto é, o conhecimento que emerge da ação minha de pesquisador. Assim, emergem da vida deste
narrador algumas narrativas para revelar o mundo aparente ou o oculto impresso em minhas
memórias.
Não é fácil revisitar o passado sobre nós mesmos, especialmente difícil, sobre minha vida
profissional. Fatos e os eventos relembrados por mim, ou mesmo os que condeno ao esquecimento,
têm sua importância ou banalidade, ao contrário, estão fincados nos ordenamentos da vida pessoal,
da acadêmica e universitária, mas se expressam nas demandas do meu tempo presente. É a exigência
de escrever este documento – prestação e contadas e autoavaliação –, e colocá-lo para ser avaliado
pelos meus pares, que contingencia minha narrativa e minhas memórias.
A memória, o pessoal, o cultural, o social e o político se combinam em mim. A memória é,
ao mesmo tempo, individual e coletiva, repleta de imaginário, de fatos, de experiências e de histórias,
ou seja, o vivido individualmente funde-se na minha narrativa, emergindo cenários, eventos, pessoas,
livros, os quais habitam nas minhas lembranças, boas e ruins, dos meus últimos 16 anos na ambiência
da Universidade Federal de Uberlândia. É, neste contexto, que fui “tecendo” os fragmentos das
minhas lembranças e, por meio deles, construindo a minha identidade pessoal e profissional.
Minha história foi “errante” nas duas primeiras décadas de vida, sujeita a flutuações, a
transfigurações e a mudanças, as quais nem sempre escolhi, mesmo que essa escolha não fosse boa
para a minha saúde. Minha trajetória é resultado de encontros e desencontros, um tipo de
acontecimento. Alguns desses encontros, poucos talvez, possam ter sido escolhidos por mim.
Não vislumbro simplesmente o concurso, ao qual me submeto, como sendo um ritual
acadêmico da vida universitária para se alcançar topo da carreira de professor. Reitero, tenho-o,
sobretudo, como uma prestação de contas públicas à sociedade e aos meus pares. Também se constitui
uma autoavaliação de todas as minhas experiências no espaço acadêmico. O que realizei ou não
realizei nestes anos na ambiência da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), será objeto de
avaliação dos meus pares, mas, principalmente, de mim mesmo, isto é, se pude construir e extrair
algo de bom das minhas experiências como servidor público numa instituição de ensino superior de
natureza federal. Espero ter contribuído, de alguma forma, para a formação de recursos humanos,
para a produção de conhecimento e para a governança dos espaços universitários.
Para se chegar ao propósito deste Memorial, início narrando fatos de minha vida pessoal.
Nasci no dia 25 de abril de 1961, em Uberlândia. Filho mais velho do feirante, José de Carvalho, que,
por vezes, plantava verduras em terrenos não ocupados, para vendê-las nas residências do então
chamado centro da cidade. Prosperamente, passou a levá-las ao CEASA-MG – Centros
Abastecimento do estado de Minas Gerais – e
à
s feiras livres dos bairros. Minha mãe era a mulher
“do lar”! Tinha a tarefa de cuidar dos 4 filhos e das atividades diárias da casa e da família.
Nesse caminhar da família, a vida nos provocou imensa tristeza. Meu irmão, Marcos
Humberto de Carvalho, faleceu em 1979 por afogamento. Este fato marcou, para sempre, as vidas
dos meus pais.
Votando o olhar para mim mesmo, apresento alguns fatos. Aos 8 meses de idade fui acometido
pela Poliomielite (mais conhecida como Paralisia Infantil). Em razão disso, não sei o que é andar,
pois apenas engatinhei e depois transformei a cadeira de rodas em extensão do meu corpo. Passei
meus primeiros 20 anos fazendo companhia à minha mãe, dentro de casa. Não aprendi a ler nem a
escrever nesse período, somente tinha a obrigação de realizar os “afares da casa” em companhia da
minha mãe. Como refrigério, gostava muito, e gosto até hoje, de ouvir rádio, principalmente os
noticiários. Aprendi muito com este meio de comunicação, até a chegada da TV em casa, no final dos
anos de 1960.
Feito este introito, continuarei, nas seções seguintes, meu relato sobre minha formação
acadêmica e sobre as atividades de ensino, pesquisa e gestão desempenhada no âmbito da
Universidade Federal de Uberlândia e em outros órgãos relacionados ao ensino e à pesquisa.
1.1 Objetivos
Os objetivos deste Memorial são descrever e analisar as minhas atividades que foram
importantes nos âmbitos da minha formação, da minha atuação no ensino, com destaque, nos
trabalhos de pesquisa e de gestão realizados, principalmente, aqueles relacionados à Universidade
Federal de Uberlândia e em órgãos ligados à Educação e as políticas de fomento para o
desenvolvimento científico e tecnológico do país.
1.2 Organização do Memorial
Além desta introdução em que narro o início de minha, na qual apresento os principais recortes
de minha história pessoal, este Memorial é organizado em oito seções. Na seção
Formação
Acadêmica, organizada em subseções, narro os aspectos principais de minha formação do Ensino
Fundamental ao Pós-doutorado; na seção seguinte Atuação profissional, apresento a minha atuação
profissional relacionada ao ensino na graduação; à atuação na Educação a Distância; ao ensino cursos
de especialização e extensão; à atuação no ensino da Pós-graduação e a orientações desenvolvidas.
Na seção intitulada
Atividades de gestão acadêmica, narro e descrevo a minha atuação de
gestão acadêmica junto à Faculdade de Educação, em agências de fomento, na Pró-reitoria de
Pesquisa e Pós-graduação da Universidade Federal de Uberlândia, na Fundação de Apoio
Universitário e no Fórum de Pró-reitores de Pós-graduação e Pesquisa.
Nas seções seguintes, descrevo minha participação em grupos de pesquisa, seção
Participação em grupos de pesquisa; acrescento dados sobre projetos coordenados com grupos de
pesquisa, na seção
Projetos coordenador com grupos de pesquisa; aponto minha atuação como
coordenador em projetos institucionais, seção
Projetos de coordenação institucional; destaco
também outros aspectos que considero relevantes sobre minha atuação acadêmica, na seção Outros
aspectos de minha atuação acadêmica; já na seção Das tecituras teórico-metodológicas à
formação do professor/pesquisador apresento a relevância teórico-metodológica que fundamentou
minha atuação como pesquisado e professor, descrevendo também os aspectos relacionados aos eixos
recortados nos quais minha carreira acadêmica se assenta hoje: Imprensa e Educação; Educação,
Estado e Igreja Católica; e Educação e os Municípios.
Por derradeiro, teço algumas considerações sobre o Memorial e sobre meu percurso de vida
acadêmico-profissional, na seção Considerações Finais: um percurso analisado, para acrescentar
as Referências e os Anexos.
Na próxima seção, apresento, sumariamente, a narrativa sobre o meu processo de
escolarização.
2 FORMAÇÃO ACADÊMICA
2.1 Ensino Fundamental e Médio
O contato com as primeiras letras foi com minha mãe, mas não gostava de fazer cópias
intermináveis de livros velhos, tampouco de decorar a tabuada. Achava que não era necessário
estudar, pois a vida já havia me “condenado” pela Poliomielite. Na verdade, eu mesmo me condenava!
Entretanto, com a oportunidade iminente, iniciei os estudos. Minha relação com a educação
iniciou em 1981, no SESI – Serviço Social da Indústria –, na unidade "Guiomar de Freitas Costa",
localizada na rua Ernesto Vicentini, 231, Bairro Presidente Roosevelt. Era fácil me locomover até a
escola, pois ela estava situada frente à minha casa. Ali fui alfabetizado, conclui o ensino primário e
ginasial (supletivo).
1Ao concluir o ginásio, terminou minha relação com o SESI. Estava convicto de que não faria
o supletivo do ensino médio, seguindo o conselho da professora Maria de Lourdes, de Português. Eu
deveria procurar uma escola de ensino médio, já que, no bairro, ainda não havia escolas que o
ofertassem, o que aumentava, enormemente, as dificuldades, pois, sem transporte público acessível,
ficaria praticamente inviável a continuidade dos meus estudos.
Já tinha desistido de continuar os estudos, quando conheci o professor Nelson Bonilha,
vice-diretor da escola Polivalente. Em 1983, o professor Bonilha assumiu a Secretaria Municipal de
Educação, como Secretário. Foi mero acaso meu encontro com ele, pois, à época, um dos meus irmãos
ia à periferia do bairro capturar canários da terra, junto ao professor Nelson, “passarinheiro” bastante
conhecido na cidade. Evidentemente, naquela época, a par de toda legislação de proteção à fauna e à
flora
2. O professor Nelson, ao tomar conhecimento da minha situação, conseguiu uma bolsa de
estudos integral no Colégio Anglo. Ali conclui o ensino médio e fiz os primeiros vestibulares na UFU.
1 Hoje correspondem ao Ensino Fundamental I e ao Fundamental II.
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