P
ARALISIA
B
RAQUIAL
O
BSTÉTRICA
Profa. Monica Villaça Disciplina: Terapia Ocupacional na Saúde da Criança Curso de Graduação em Terapia Ocupacional Universidade Federal do Rio de Janeiro
P
ARALISIAB
RAQUIALO
BSTÉTRICA¢Paralisia braquial obstétrica (PBO) é uma lesão no
plexo braquial do recém-mascido que ocorre no momento do parto.
¢Ocorre devido a uma lesão do plexo braquial, que
ocorre no momento do parto. Na maioria daz vezes ocorre uma tração da cabeça e do pescoço durante a liberação dos ombros na apresentação cefálica ou a tração sobre os braços estendidos acima da cabeça na apresentação pélvica, causando distenção e até ruptura de raízes nervosas.
¢Um ou dois em cada 1000 recém-nascidos têm esta
condição.
F
ATORES DER
ISCO Os principais fatores de risco para PBO são:¢obesidade materna
¢aumento de peso excessivo durante a gravidez ¢diabetes materna
¢baixa estatura materna ¢mãe com idade avançada
¢recém-nascido grande para a idade gestacional, ¢apresentações fetais anormais,
¢parto prolongado,
¢uso de fórceps durante o parto
¢líquido amniótico com volume diminuído e, ¢crânio volumoso.
A
NATOMIA DOP
LEXOB
RAQUIAL¢Responsavel pela inervação sensitiva e motora do
membro superior
¢Formado pela união das raízes ventrais de C5 a T1
(segmentos medulares).
¢Os ramos de C5 e C6 formam o tronco superior, os
ramos de C8 e T1 formam o tronco inferior e o ramo de C7 o tronco médio.
¢Cada tronco se subdivide em porção anterior e
posterior. As divisões anteriores dos troncos superior e médio formam o cordão lateral; as divisões posteriores dos três troncos originam o cordão posterior; e a divisão anterior do cordão inferior continua como cordão medial.
C
LASSIFICAÇÃO¢A PBO e classificada em:
¢Paralisia alta - Erb-Duchenne ¢Baixa - Klumpke
¢Paralisia Completa.
PBO A
LTA– E
RB-D
UCHENNE– C5
AC7
¢ Forma mais comum (80% a 90% dos casos)¢ Tem melhor prognostico.
¢ Evolução Espontânea Favorável
MANIFESTAÇÕES
¢ Braço acometido sem movimento, ao lado do corpo, ¢ Ombro rodado internamente, cotovelo estendido e punho
ligeiramente fletido.
¢ Perda da abdução e da rotação externa do braço. ¢ Incapacidade para a flexão do cotovelo e supinação do
antebraço.
¢ Ausência do reflexo bicipital e de Moro no lado acometido. ¢ Preservação da força do antebraço e da capacidade de
preensão da mão.
¢ Possibilidade de deficiência sensorial na face externa do
PBO A
LTA– E
RB-D
UCHENNEPBO B
AIXO OUK
LUMPKE– C8
AT1
¢É rara (5% ou menos), ¢Tem pior prognostico
¢Tem sido relacionada com uma forma completa que
evoluiu com recuperação rápida da porção alta do plexo braquial, anomalias congenitas (costela, tendão ou vaso sanguineo) comprimindo o plexo ou lesão medular.
MANIFESTAÇÕES
¢Flexão de cotovelo e supinação de antebraço
¢Acometimento dos músculos da mão com ausência do
reflexo palmar
PBO B
AIXO OUK
LUMPKE– C8
AT1
MANIFESTAÇÕES (CONT. )
¢ Sindrome de Horner - ptose palpebral (queda parcial
da pálpebra superior por desnervação do músculo tarsal superior), enoftalmia ( afundamento do olho), miose (constrição da pupila), e anidrose (transpiração diminuida) facial , quando ha envolvimento das fibras simpáticas cervicais e dos primeiros nervos espinhais toracicos.
PBO C
OMPLETAC5
AT1
¢Prognóstico mais desfavorável ¢É o segundo tipo mais encontrado ¢Evolução Espontânea desfavorável
MANIFESTAÇÕES
¢Membro superior acometido está flácido, com
reflexos assimétricos ou ausentes
¢Pode-se apresentar também com sinais
vasomotores como palidez ou vermelhidão da pele
L
ESÕESA
SSOCIADAS¢Toda criança com PBO deve ser investigada
quanto à presença de lesões associadas como fraturas (úmero, clavícula ou parietal), paralisia de nervo frênico (nervo que inerva o diafragma) ou facial, ruptura ou hemorragia de esternocleidomastóideo (músculo do pescoço) e lesão cerebral.
P
REVENÇÃO¢O reconhecimento de bebês microssômicos
(grandes) através da ultrassonografia facilita a decisão de indução precoce do trabalho de parto em mães diabéticas (causa frequente de feto grande para a idade gestacional) ou a indicação de cesariana para os casos de alto risco.
D
IAGNÓSTICO¢ Realizado pelo exame físico da criança, história de
trauma obstétricos, eletroneuromiografia, ressonância magnética.
¢ O exame físico inclui avaliação da: mobilidade articular, força muscular, preensão palmar, reflexo de Moro, reflexos tendinosos e sensibilidade.
¢ Na história de relato de trauma obstétrico deve-se realizar tb uma radiografia simples de ombro e tórax para evidenciar fraturas (úmero, clavícula ou parietal), paralisia de nervo frênico (nervo que inerva o diafragma).
¢ A eletroneuromiografia (exame que estuda a atividade elétrica dos músculos e dos nervos) pode estar indicada principalmente nos três primeiros meses, objetivando localizar a lesão e definir o grau de envolvimento dos nervos.
¢ A ressonância nuclear magnética tem sido utilizada na tentativa de distinguir as avulsões das rupturas extraforaminais; é um exame menos invasivo mas necessita de sedação ou anestesia. ¢ O diagnóstico é geralmente evidente ao nascimento e os achados
variam de acordo com as raízes. Pode haver dor nas duas primeiras semanas por causa do trauma no parto.
D
IAGNÓSTICOD
IFERENCIAL¢ Outras paralisias do membro superior devem ser
diferenciadas da PBO
¢ Pseudoparalisia por fratura da clavícula ou
úmero proximal – compressão do plexo braquial pelo osso fraturado ou pelo edema em torno do plexo
¢ Amioplasia congênita – forma de artogripose
congênita. Apesar de semelhante a PBO, há presença de rigidez articular e persistência de deformidade durante o repouso
¢ Varicela congênita– vírus da varicela lesa o gânglio
da raiz nervosa e o corno anterior do cordão espinhal, levando a déficits sensitivos e atrofias musculares
¢ Lesão dos nn periféricos e lesão do n. radial –
provavelmente por compressão intra-uterina
¢ Lesões cerebelares – geralmente causam hipotonia
do MMSS, mas reflexo de Moro está preservado e nos MMII tb se encontra a hipotonia
P
ROGNÓSTICO¢ O que determina a melhora dos movimentos não é apenas a
quantidade ou frequência dos exercícios, mas sim o grau e a extensão da lesão dos nervos envolvidos.
¢ Pode ocorrer desde um discreto edema de uma das raízes
até avulsão completa de todo o plexo (arrancamento).
¢ Não havendo ruptura grave de raízes, espera-se melhora
importante dentro dos três primeiros meses e recuperação entre o 6o. e 12o. mês (75% a 80% dos casos).
¢ Contração do bíceps (músculo que faz a flexão do cotovelo)
antes de seis meses é sinal de bom prognóstico.
¢ Em algumas crianças não se observa qualquer sinal de
melhora nos primeiros seis meses.
P
ROGNÓSTICO¢ Estas crianças evoluem com paralisia persistente, atrofia
muscular e contraturas articulares com considerável prejuízo da função que pode resultar em vários níveis de dificuldade com incapacidade para a realização de determinadas atividades.
¢ O comprometimento pode variar desde uma discreta
fraqueza à ausência completa de movimento em todo o braço.
¢ Após um ano de idade, os exercícios em piscina e
atividades próprias da idade substituem a realização dos movimentos passivos visando estimular ativamente os movimentos funcionais.
¢ Para as crianças que não apresentam nenhuma melhora
nos primeiros seis meses o tratamento cirúrgico é considerado por algumas equipes que tratam PBO.
T
RATAMENTOSP
ROCEDIMENTOSC
IRURGICOS¢ Existe uma proposta de exploração e reconstrução do plexo,
porém ainda existem controvérsias com relação a esta intervenção, como critérios de seleção de pacientes, avaliação funcional pré-operatória, tempo de intervenção e resultado funcional baseado no tipo de procedimento realizado. Tb existem controvérsias com relação a idade máxima para indicação cirúrgica (1 ou 2 anos).
¢ 3 principais procedimentos neurocirúrgicos realizados na
PBO:
— Reconstrução do plexo braquial com enxertos;
— Nuerólise (remoção do tecido cicatricial ao redor do nervo lesado) — Neurotização (extremidade distal do nn lesado é anastomosada
diretamente ou atraves de enxerto a uma extremidade proximal não correspondente)
T
RATAMENTOT
ERAPÊUTICO¢O tratamento da criança com PBO deve ter início o
mais precocemente possível.
¢Posicionamento do MMSS: imobilizar de encontro ao
tórax por enfaixamento durante os 10 primeiros dias de vida para reabsorção da hemorragia e do edema.
¢ Mesmo com dias de vida já é possível iniciar
movimentos passivos suaves e orientações quanto ao posicionamento da criança.
P
OSICIONAMENTO¢ Quando a criança estiver deitada, é importante que o
membro superior comprometido se mantenha em discreta abdução do ombro (afastado do corpo) semiflexão de cotovelo, punho e dedos em repouso.
¢ A criança pode também ser colocada deitada sobre o
lado envolvido sendo esta posição benéfica em termos de estimulação sensorial.
¢ Caso a criança demonstre tendência em ficar com a
face voltada para o lado contrário ao membro comprometido, deve-se posicioná-la também com a face voltada para o outro lado e estimulá-la com brinquedos para que ela vire ativamente a cabeça para ambos os lados.
¢ Orientar a mãe sobre como posicionar e carregar a
criança: evitar deixar o membro afetado totalmente pendido, possibilitar estimulação tátil/sensorial.
M
OVIMENTAÇÃOP
ASSIVA¢A movimentação passiva deve ser realizada
suavemente, a fim, de manter a mobilidade articular do membro acometido.
¢Realizar de forma lenta e gradual
¢Movimentos do ombro: abdução e rotação externa;
no cotovelo, flexão e extensão; no antebraço, supinação e pronação
¢Respeitar os limites de amplitude de movimento
da criança e desconforto
E
STIMULAÇÃO PARAM
OVIMENTAÇÃOA
TIVA¢A estimulação para movimentação ativa deve ser
realizada oferecendo situações em que a criança tenha vontade de explorar algo, conseqüentemente realizando o movimento. Objetos sonoros macios devem ser incorporados ao cotidiano dessa criança e a orientação aos pais quanto às possibilidades de oferecer o brinquedo e o brincar devem ser feitas.
¢A iniciativa de exploração traz movimentação
ativa. A movimentação ativa por sua vez traz força e alongamento muscular.
E
STIMULAÇÃO PARAM
OVIMENTAÇÃOA
TIVAE
STIMULAÇÃOS
ENSORIAL¢ Estimulação sensorial associada ao trabalho motor
desde o nascimento
¢ Podem existir alguns casos de alterações sensoriais
associadas a paralisia do plexo, como negligencia do membro, auto-estimulação e queimaduras – orientações adequadas aos familiares e as crianças quando forem mais velhas
¢ Através de estímulos utilizando materiais diferentes
em contato com a pele do membro envolvido (como por exemplo espuma, toalha, algodão e escova de bebê).
¢ Pode ser colocada também uma pulseirinha no punho
do lado acometido para que a criança toque a pulseirinha com a outra mão estimulando a percepção do braço.
E
STIMULAÇÃO PARA OD
ESENVOLVIMENTOM
OTOR¢ Estimulação das etapas do
desenvolvimento (rolar, sentar, engatinhar) com os membros participando das mudanças posturais.
¢ Todas as crianças com PBO
adquirem a marcha e, se esta aquisição for alcançada um pouco mais tarde, melhor será a estimulação dos braços.
¢ A criança deve ser incentivada a
engatinhar para que ela apoie e movimente o braço envolvido e a família deve ser orientada a não estimular a marcha precocemente.
¢ Na posição sentada deve ser
estimulado o apoio do braço acometido no chão através do alcance de brinquedos oferecidos à outra mão.
E
STIMULAÇÃO AOB
RINCAR EA
TIVIDADES DEV
IDAD
IÁRIA¢Atividades uni e
bimanuais, de destreza,
força, preensões
diferenciadas, transporte, apoio, soltar/lançar através do brincar.
¢Promover adaptações
quando necessárias para a realização dessas atividades
¢Orientar os pais com
relação a necessidade de independência da criança para realização dessas atividades
E
STIMULAÇÃO AOB
RINCAR EA
TIVIDADES DEV
IDAD
IÁRIAÓ
RTESES¢Se, durante o tratamento, forem verificados
encurtamentos nos músculos flexores dos dedos da mão, há indicação para o uso de órtese quando a criança estiver dormindo e assim não comprometer a função durante as atividades.
REFERÊNCIAS
¢http://www.sarah.br/paginas/doencas/po/p_10_paralisia
_braquial_obst.htm
¢Santos, LSB. Paralisia Braquial Obstétrica. In:
Cavalcanti & Galvão. Terapia Ocupacional – Fundamentação e Prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007