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III Simpósio sobre Gestão Empresarial e Sustentabilidade (SimpGES) Produtos eco-inovadores: produção e consumo"

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24 e 25 de outubro de 2013 Campo Grande-MS Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

RESUMO EXPANDIDO

INOVAÇÃO NO AGRONEGÓCIO: O CASO DA EMBRAPA

Roger Welker Gomes Machado (UFMS); Carolina Oliveira Reis (UFMS); Nibia Queiroz de Paula (UFMS); Jeovan de Carvalho Figueiredo (UFMS)

1 Introdução

O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos, fibras e energia renovável no mundo, por isso acaba tendo grande importância para a segurança alimentar e estratégica da população do planeta. O agronegócio no Brasil, que corresponde à soma dos setores produtivos com os de processamento do produto final e os de fabricação de insumos, representou, em 2011, 22,15% do PIB brasileiro, sendo que a agricultura respondeu por cerca de 70% do PIB do setor e a pecuária, por 30%. Além disso, esse segmento da economia emprega aproximadamente 30 milhões de pessoas, correspondendo a mais de 16 milhões no setor primário e o restante distribuído pelos diversos segmentos que compõem o agronegócio (CEPEA-USP/CNA, 2012).

Para atingir essa notoriedade no agronegócio, o país tem investido fortemente em Pesquisa,

Desenvolvimento e Inovação (PD&I) nas últimas quatro décadas. Nesse contexto, surgiu a

Embrapa, em 1973, com a missão de viabilizar soluções para o desenvolvimento sustentável do

agronegócio por meio da geração, inovação, adaptação e transferência de conhecimentos e

tecnologias, em benefício da sociedade brasileira. Desde a sua criação, esta empresa tem sido

muito importante para o desenvolvimento da inovação no país, pois tem contribuído para o

grande aumento de sua produção, posicionando o Brasil, como um dos maiores produtores e

exportadores mundiais no setor de agronegócios (CHAVES, 2010; GOUVEA; KASSICIEH,

2012).

Neste trabalho, inovações são entendidas como os resultados obtidos para a organização por meio

do esforço de transformar ideias em novos produtos e serviços (BARBIERI; SIMANTOB, 2007).

Por sua vez, Dyer e Nobeoka (2000) enfatizam que a inovação está associada à cooperação entre

empresas, outras organizações e instituições, que promovem interações de modo colaborativo,

por meio do compartilhamento de conhecimento, para gerar a inovação.

A inovação acontece quando a novidade introduzida faz com que alguma tecnologia, habilidade ou prática organizacional seja ultrapassada. Além disso, Porter (1990) afirma que a inovação também é um dos meios de assegurar a vantagem competitiva.

Portanto, nota-se a grande importância que os investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) no agronegócio representam para que o Brasil possa ser competitivo a nível internacional. Tendo em vista a importância da inovação para a competitividade brasileira, este estudo objetiva compreender como a Embrapa tem desenvolvido tecnologias voltadas para o agronegócio nacional.

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2 Metodologia

Para atingir o objetivo deste trabalho, foram analisados dados de pedidos de patentes depositados pela Embrapa desde o ano de sua criação, em 1973. Assim, foram considerados 242 pedidos de patentes, num total de 282 pedidos. Os 40 pedidos não analisados permaneciam em sigilo até o momento da elaboração deste trabalho, dado que são recentes (solicitados entre 2012 e 2013). Nota-se também que o primeiro pedido foi feito apenas na década de 1980. Esses dados estão disponíveis no banco de dados e-Patentes do site do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), com acesso gratuito.

As patentes indicam a existência da inovação. De acordo com a OCDE (1997), elas são indicadores de C&T fundamentais para a mensuração da inovação. Assim, os dados de patentes, tanto as solicitações como as concessões, correspondem a um resultado intermediário da atividade de inovação, além de ser um indicativo da capacidade inovadora da empresa. Desta forma, sua análise contribui para o objetivo desta pesquisa.

As variáveis analisadas neste estudo foram o número de pedidos, a data de depósito, a classificação internacional da patente (CIP), o escopo (número de áreas do conhecimento às quais se refere à patente, de A a H)i e o último despacho para identificação da situação que se encontra o processo do pedido, bem como os depositantes em parceria com a Embrapa. Assim, foi feita uma comparação dos dados por diferentes décadas, buscando evidenciar as transformações, com o passar dos anos, que ocorreram na busca por novas tecnologias desenvolvidas pelas unidades da Embrapa.

3 Resultados e Discussão

Por meio da análise dos pedidos de patentes da Embrapa, os dados foram separados em três

décadas. Dessa forma, o quadro 1 apresenta o resultado da análise de dados de pedidos de

patentes da Embrapa.

Quadro 1 - Comparação de pedidos de patentes da Embrapa de 1980 a 2011

Período Escopo Nº. total de cada escopo Nº. de escopo por patente N°. total de pedidos de patentes

1980 a 1989

A 26 Patentes com 1 escopo 34

38

B 6 Patentes com 2 escopos 2

C 10 Patentes s/ informação de classificação 2 D 1 F 3 1990 a 1999 A 61

Patentes com 1 escopo 71

80

B 4

C 26

D 1

E 1

Patentes com 2 escopos 9

F 2

G 22

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3

2000 a 2011

A 102

Patentes com 1 escopo 84

124

B 20

C 124

Patentes com 2 escopos 37

D 6

F 2

Patentes com 3 escopos 1

G 37

H 2 Patentes s/ informação de

classificação 2

Fonte: Elaborado pelos autores

O quadro 1 evidencia que a Embrapa desenvolve suas tecnologias com uma grande abrangência

das áreas do conhecimento. Além disso, observa-se uma tendência de uma mesma patente

contemplar mais de um escopo. Nota-se ainda um crescimento no número de pedidos de patentes

feitos na última década.

O número de pedidos de patentes cresceu significativamente ao longo das três décadas, pois da

década de 1980 para a de 1990 houve um aumento de mais do que o dobro de pedidos. Já da

década de 1990 para a de 2000, o crescimento passou de 50%. Isso evidencia um esforço de

inovação constante pela Embrapa.

O quadro 2 apresenta a situação dos pedidos de patentes realizados pela Embrapa.

Quadro 2 – Situação dos pedidos de patentes da Embrapa

Período Deferido Indeferido / caducidade /

arquivamento e extinção Análise Total

1980 a 1989 6 28 4 38

1990 a 1999 32 42 6 80

2000 a 2011 14 13 97 124

Total 52 83 107 242

Fonte: Elaborado pelos autores

Nota-se que o número de pedidos deferidos é baixo em relação aos pedidos realizados. Apenas

21,48% do total dos 242 pedidos realizados foram deferidos, muitos foram indeferidos, sofreram

caducidade, foram arquivados ou extintos e ainda resta quase metade dos pedidos para serem

analisados.

Ao se considerar que a inovação é impulsionada por meio de parcerias, o quadro 3 é relevante

nesse contexto.

Quadro 3 – Quantidade de patentes com registro de instituições parceiras da Embrapa

Período Quantidade de parcerias

1980 a 1989 6

1990 a 1999 13

2000 a 2011 53

Fonte: Elaborado pelos autores

É possível verificar que a quantidade de parcerias nos pedidos de patentes tem sofrido um grande

aumento ao longo das décadas analisada, principalmente em projetos envolvendo universidades

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do país. O quadro 4 mostra os parceiros da Embrapa nos projetos que geraram as patentes

analisadas.

Quadro 4 – Modalidades de parceiras nos projetos de PD&I

Modalidade Quantidade

Universidades e Instituições de Ciência e Tecnologia 21

Empresas 9

Fundações de Apoio e outros 6

Nota: Foram agrupadas em cada modalidade organizações com sede no Brasil e no exterior. Fonte: Elaborado pelos autores

No âmbito dos projetos envolvendo universidades e instituições de ciência e tecnologia (ICT),

apenas uma organização internacional foi identificada. Trata-se da Cornell Research Foundation,

com sede nos Estados Unidos da América. Predominantemente, os parceiros nesta modalidade

são universidades e instituições nacionais. Na modalidade de empresas, há um número maior de

multinacionais, como a Vallee, Fibria e Petrobrás.

4 Conclusão

Tendo em vista que os investimentos em PD&I no Agronegócio contribuem para a competitividade do Brasil e que a Embrapa se destaca nesse cenário, este estudo se propôs a compreender como a Embrapa tem desenvolvido tecnologias voltadas para o agronegócio nacional. Para tanto, foram analisados dados de 242 pedidos de patentes, disponibilizados no site do INPI, depositados pela Embrapa ao longo das décadas de 1980, 1990 e 2000.

Os resultados mostraram que a Embrapa desenvolve suas tecnologias com uma ampla abrangência das áreas do conhecimento, sendo que apresenta também uma tendência de uma mesma patente contemplar ter aplicação em mais de uma área do conhecimento humano. Observou-se ainda um crescimento no número de pedidos de patentes feitos ao longo das décadas, com uma mudança significativa da concentração de patentes, nas décadas de 1980 e 1990, da área de “necessidades humanas” (CIP A) para a área de “química e metalurgia” (CIP C).

Quanto ao número de parcerias nos pedidos de patentes, foi identificado um crescimento significativo nas últimas décadas. Além disso, outro fato relevante é o baixo índice dos pedidos de patentes que são deferidos, sendo que de cada cinco pedidos, apenas um foi deferido no período considerado. Isto pode indicar que a maioria das tecnológicas desenvolvidas pela Embrapa para o agronegócio brasileiro ainda não atingiram o nível de novidade mundial, o que pode significar que o esforço de PD&I da empresa deve ser intensificado para que maior competitividade por meio inovação possa ser alcançada pelas empresas do agronegócio no Brasil.

5 Referências bibliográficas

BARBIERI, J. C.; SIMANTOB, M. A. Organizações Inovadoras Sustentáveis: uma reflexão

sobre o futuro das organizações. São Paulo: Atlas, 2007.

(5)

5 CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL (CEPEA-USP/CNA). 2012. Disponível em: <http://www.cepea.esalq.usp.br/pib/>. Acesso em: 28 abr. 2013

CHAVES, R. Q. Inovatividade no Sistema Brasileiro de Inovação na Agricultura: uma

análise baseada na política de cooperação internacional da EMBRAPA. 2010. 93 f. Tese

(Doutorado em Agronegócios) – Centro de Estudos e Pesquisas em Agronegócios, Universidade

Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.

DYER, J.H.; Nobeoka, K. Creating and managing a high-performance knowledge-sharing

network: the Toyota case. Strategic Management Journal, v. 21, p. 345-367, 2000.

GOUVEA, R.; KASSICIEH, S.. Bridging the innovation divide: the Brazilian experience.

Thunderbird International Business Review, v. 54, n. 3, p. 275-289, 2012.

ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

(OCDE). Manual de Oslo: Diretrizes para Coleta e Interpretação de Dados sobre Inovação. 3ª

Ed. OCDE, FINEP, 1997.

PORTER, M.E. A vantagem competitiva das nações. Rio de Janeiro: Campus, 1990.

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Detalhes sobre a Classificação Internacional de Patentes podem ser acessados no site da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI): www.ipc.inpi.gov.br

Referências

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