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2. O Futsal no Brasil

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1. Introdução

O futsal é uma modalidade classificada de Esporte Coletivo ou Jogo Desportivo Coletivo por possuir as seis invariantes atribuídas a esta categoria e enunciadas por

Bayer (1994): uma bola ou implemento similar, um espaço de jogo, adversários, parceiros, um alvo a atacar e outro para defender e regras específicas. Estar dentro desta categoria implica, além de possuir as invariantes, apresentar

certas similaridades com outras modalidades que também se enquadram nesta classificação, como o futebol, o basquetebol, o handebol, o pólo aquático entre

outras. Estas similaridades foram nomeadas por Bayer (1994) de princípios operacionais, que se dividem em três princípios de ataque e três de defesa. Os de

ataque são: conservação da posse de bola, progressão em direção ao alvo adversário e a finalização, buscando o ponto ou gol. Os princípios de defesa são: recuperação da bola, impedimento da progressão da equipe adversária e proteção

do próprio alvo.

Praticar um esporte coletivo é saber jogar tanto mais sem a bola quanto com a posse dela. Sem a bola, o jogador precisa se movimentar em busca de espaços para

ele próprio e para seus companheiros, principalmente para o companheiro que porta a bola, tornando-se opção de passe e procurando oportunidades de finalização. Na defesa, todos precisam estar sintonizados para fechar os espaços adversários, mas também estarem atentos para cobrir os espaços deixados pelos companheiros que falharam em sua função, pois a defesa, assim como o ataque é

de missão coletiva (Balbino, 2001).

Bota & Colibaba-Evulet (2001) e Balbino (2001) abordam o Jogo Desportivo Coletivo como um sistema que se auto-organiza constantemente dentro de um

movimento cíclico de equilíbrio e desequilíbrio. Assim, os jogadores procuram estabelecer e privilegiar o padrão ofensivo ou defensivo de sua equipe, na contrapartida das ações de seus adversários, que se movimentam na mesma proporção, a fim de buscar o desequilíbrio das ações ofensivas e defensivas dos oponentes. Por isso, os grandes jogadores dos esportes coletivos são aqueles que

exibem a habilidade de jogar, também, sem a posse de bola (Balbino, 2001). Garganta (1995) acredita que, por todas estas características, existem dois traços fundamentais para a prática dos esportes coletivos: a cooperação, entendida

como a comunicação dentro de sistemas de referências comuns por uma sintonia nas ações do grupo, em relação ao objetivo do jogo; e a inteligência, concebida

como capacidade de adaptação às situações-problema que ocorrem pela imprevisibilidade do jogo.

Em virtude desta imprevisibilidade existente nos Jogos Desportivos Coletivos, Graça (1995) apresenta duas ordens de problemas implicadas no processo de aprendizagem. Uma está relacionada à seleção da resposta adequada à situação (o

quê, o quando e o porquê). A outra pauta-se na resposta motora (o como). São os questionamentos que os sujeitos fazem para si mesmos é que trazem a ação externa para seu mundo interior (Freire, 1996). Neste contexto, a aprendizagem

baseada nas habilidades fechadas, ou seja, na excessiva preocupação com a técnica em um ambiente estável e previsível, "(...) transforma-se num fim em si mesmo, perdendo sua conexão com a aprendizagem do jogo" (Graça, 2003, p.17). É

importante que os jogadores estejam sempre em contato com a natureza aberta das habilidades em função da exigência do jogo, em que a capacidade perceptiva, a

antecipação e a tomada de decisão desempenham papel crucial (Graça, 1995; Souza, 1999).

Na mesma direção, Tavares (1995) defende que a atuação do treinador e a estruturação do treino devem proporcionar que os praticantes entendam a

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"intenção tática" (o que deve ser feito) antes da "modalidade técnica" (como deve ser feito), para que as ações escolhidas pelos jogadores estejam de acordo com a

antecipação das ações que os adversários têm intenção de aplicar. A bibliografia específica do futsal apresenta duas polaridades distintas. Uma composta de autores como Santana (2001), com sua metodologia da participação e

Souza (1999) com uma proposta de avaliação e metodologia do conhecimento tático, que caminham mais próximos dessa nova concepção de ensino-aprendizagem-treinamento em esportes coletivos. Na outra polaridade estão os autores (Garcia & Failla, 1986; Lucena, 1994; Mutti, 1994) que apresentam uma visão muito tecnicista, dando grande ênfase a formas corretas de realização dos gestos técnicos específicos da modalidade e a jogadas treinadas (ensaiadas) em

ambiente previsível, supondo a ação dos adversários.

Nesse sentido, este texto propõe uma metodologia para o treinamento defensivo no futsal baseada numa abordagem Centrada nos Jogos Condicionados1 (Garganta,

1995), que segundo o autor, apresenta as seguintes características: decomposição do jogo em unidades funcionais - jogo sistemático de complexidade crescente; os

princípios do jogo regulam a aprendizagem. As conseqüências desta abordagem são: as técnicas surgem em função da tática, de forma orientada e provocada; estímulo à inteligência tática, com a correta interpretação e aplicação dos princípios

do jogo; viabilização da técnica e criatividade nas ações de jogo.

Antes de entrarmos na descrição do método, passaremos por um breve histórico da origem do futsal e pelos sistemas táticos utilizados na modalidade.

2. O Futsal no Brasil

O Brasil é o país do futsal tanto quanto do futebol, principalmente em relação à prática deste esporte. A identificação do povo brasileiro com o futebol, as muitas quadras públicas ou particulares existentes, a grande utilização do futsal nas aulas

de educação física e o número reduzido de jogadores necessários a prática desta modalidade são alguns dos fatores que contribuem para sua importância em nosso

país.

O Brasil é potência mundial no futsal, mais até que no futebol. Os títulos demonstram isso. São cinco títulos mundiais nos sete disputados (vice nos outros dois) e doze títulos sul-americanos em doze disputados, fora os outros vários títulos

conquistados pela seleção principal e pelas demais categorias (Confederação Brasileira de Futebol de Salão, 2004).

A origem do futsal, ao contrário do que muitos pensam, pode não ter ocorrido nessas terras. Alguns acreditam que o futebol de salão surgiu no Uruguai, sendo

redigidas as primeiras regras em 1933, pelo Prof. Juan Carlos Ceriani e fundamentadas no futebol (essência), basquetebol (tempo de jogo), handebol (validade do gol) e pólo aquático (ação do goleiro). E só a partir de um curso na ACM2 de Montevidéu, que contou com a presença de representantes das ACMs de

toda a América Latina, entre eles alguns brasileiros (João Lotufo, Asdrúbal Monteiro, José Rothier) é que cópias das regras foram distribuídas e, posteriormente, trazidas

e divulgadas no Brasil (Santana, 2004).

Outra corrente, liderada por Luiz Gonzaga Fernandes, defende que o futebol de salão surgiu no Brasil, no final de 1930, na ACM (SP) onde era praticado por jovens

-considerados os precursores do esporte - a título de recreação. Esta corrente acredita que se jogava futebol em quadra também no Uruguai, mas que não passava de "pelada"3 e que a primeira regulamentação da modalidade ocorreu no

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Muitas mudanças ocorreram desde a criação do esporte. Mudanças nas regras, na dinâmica do jogo e, até mesmo, na nomenclatura da modalidade. A FIFA4 tem

certa influência nisto, pois ao se interessar por um novo "mercado" que se abria, fundiu o futebol de cinco, praticado na Europa com o futebol de salão para criar o FUTSAL. O futebol de salão, ainda existe sob a tutela da FIFUSA5 , primeira entidade

internacional existente para o futebol praticado em quadras, mas o maior poderio da FIFA acaba sucumbindo tal entidade (Santana, 2004).

Apesar destas divergências, é imensurável a contribuição brasileira para a evolução da modalidade. Hoje, incluindo o Brasil, mais de 130 países são filiados a FIFA, que detêm o futsal sob seu domínio desde a década de 1980 (Santana, 2004).

3. Os Sistemas Táticos

O termo sistema tático é utilizado para descrever o posicionamento dos jogadores em quadra de acordo com a função exercida por cada um. Este posicionamento tático está intimamente relacionado às ações dos adversários (Balbino, 2001; Bayer, 1994; Bota & Colibaba-Evulet; 2001). É importante lembrar que a dinâmica do futsal é muito complexa e a troca de funções entre os jogadores

é constante, pela exigência de uma intensa movimentação. As equipes costumam modificar seu sistema tático dentro de uma mesma partida, em virtude de possível

ineficiência diante do sistema utilizado pelo adversário.

3.1. Sistema 2x2

Sistema pioneiro, surgido na década de 1950 (Lucena, 1994), que se caracteriza pelo posicionamento de dois jogadores na meia quadra defensiva e de outros dois

na meia quadra ofensiva. É um sistema bem simples e que exige pouca movimentação dos jogadores. Os dois de trás são responsáveis pela defesa enquanto os dois da frente, pelo ataque (Lucena, 1994; Mutti, 1994; Souza, 1999).

Ocorrem poucas trocas de posições, e conseqüentemente, de funções. É um sistema mais estático em relação aos outros. Segundo Souza (1999), este sistema é

mais utilizado em faixas etárias menores, devido ao baixo nível de complexidade e facilidade de execução. Mas equipes de alto nível também o utilizam em

determinados momentos de um jogo.

3.2. Sistema 3x1

O sistema 3x1 é responsável pela nomenclatura das posições adotadas no futsal. Além do goleiro temos o fixo, os alas (direito e esquerdo) e o pivô. É um sistema de movimentações bem mais complexas que o anterior (Garcia & Failla, 1986; Lucena,

1994; Mutti, 1994; Santana, 2001; Souza, 1999).

O pivô tenta "despistar" ou "tomar a frente" do seu marcador para receber a bola de seus companheiros na meia-quadra ofensiva. Os alas e o fixo realizam movimentações para criarem espaços onde a bola possa ser lançada ao pivô, que

joga de costas para o gol adversário e, por isso, tenta dominar e preparar a bola para seu companheiro ou, dependendo da situação, girar em cima de seu marcador

para finalizar a gol. Esta movimentação realizada pelo fixo e pelos dois alas é denominada rodízio. Com o rodízio uma equipe mantém a posse de bola até o momento ideal de tocá-la ao pivô ou finalizar (Lucena, 1994; Mutti, 1994; Souza,

1999).

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• Fixo: último homem da defesa. Responsável pela proteção da meta e armação das jogadas (Lucena, 1994; Souza, 1999);

• Alas: elos de ligação entre a defesa e o ataque (armação), auxiliares do fixo na contenção do ataque adversário e do pivô nas finalizações

(Lucena, 1994; Souza, 1999);

• Pivô: ponto de referência das jogadas ofensivas. Responsável pelas assistências aos companheiros, por finalizações a gol e pela flutuação

central na marcação, fechando o meio da quadra e impedindo o lançamento para o pivô adversário (Lucena, 1994; Souza, 1999). Este sistema apresenta constantes movimentações e trocas de posições e funções, principalmente por parte dos três armadores: o fixo e os dois alas. O pivô,

por sua vez, apresenta uma função mais definida, ficando quase sempre na meia-quadra ofensiva e, portanto, fora destas trocas, ou melhor, do rodízio.

3.3. Sistema 4x0

Sistema criado pelas equipes européias, principalmente as espanholas. É o sistema mais complexo que existe, porém se assemelha muito ao sistema 3x1. A diferença mais significativa é que o pivô também entra no rodízio (Lucena, 1994). Isto faz com que os jogadores se revezem no exercício das funções de acordo com a

situação do jogo e de seu posicionamento em quadra. Sempre haverá um fixo, dois alas e um pivô, porém eles se alternam em virtude do rodízio. É um sistema onde as

trocas de funções são tão constantes quanto as movimentações, criando e preenchendo os espaços vazios e, assim, dificultando a marcação da equipe

adversária.

3.4. Sistema 3x2

Originado pela mudança na regra que possibilitou a utilização do goleiro para a armação das jogadas. O posicionamento dos jogadores de linha é bem próximo do sistema 2x2. A mudança é que o goleiro deixa a área e posiciona-se entre os dois

defensores, sendo o último homem. Os dois atacantes ocupam a meia-quadra ofensiva e se cruzam à frente do goleiro adversário, atrapalhando sua visão. Os

defensores também se posicionam na meia-quadra ofensiva, logo após a linha divisória para receberem a bola e ainda terem a opção de passe para o goleiro6 .

Defensores e atacantes também trocam de posição para confundir a defesa adversária. Neste sistema o goleiro deve possuir boa técnica com os pés.

4. Os Sistemas Defensivos

A essência do sistema defensivo repousa na constante busca de adaptação às características do ataque adversário, para a execução da defesa propriamente dita (recuperação da posse de bola), que pode ser centrada nas movimentações da bola,

chamada defesa por zona, ou nas movimentações do individuo, chamada defesa individual (Bayer, 1994). A Marcação Individual pode ser realizada em toda quadra

(pressão) ou na meia-quadra defensiva (meia pressão). Já a Marcação por Zona é sempre realizada na meiaquadra defensiva e apresenta duas variações no futsal

-Losango (3x1) ou Quadrado (2x2) (Mutti, 1994).

Para auxiliar a explicação destes diferentes sistemas defensivos a quadra será dividida em três áreas e as duas primeiras áreas em três zonas, conforme a figura

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A escolha por um destes sistemas defensivos depende das características dos jogadores da equipe, do sistema tático utilizado pelo adversário e da situação do

jogo. Por estes motivos torna-se importante o treino de todas as variações defensivas.

Fig.1 -A quadra é dividida em três ÁREAS e as duas primeiras áreas em três ZONAS

4.1. Marcação Individual

A marcação individual caracteriza-se pelo confronto direto entre dois jogadores, o chamado homem-a-homem (1x1). Há uma definição prévia de marcação, onde cada

jogador fica responsável pela marcação de um adversário (Mutti, 1994), fato que "força" o virtuosismo técnico, o individualismo. O posicionamento da equipe

defensora é em função dos jogadores adversários. Esta marcação pode ser realizada na quadra toda ou somente na meia-quadra defensiva.

Pontos positivos:

• Diminui a opção do passe, forçando o erro adversário; • Maior desgaste físico dos adversários pela necessidade de maior

movimentação em busca de espaços; • Dificulta o chute de longa distância; • Reduz o tempo de posse de bola do adversário;

• Diminui o tempo de reação do adversário para refletir sobre a jogada. Pontos negativos:

• Grande desgaste físico dos defensores, proporcional à movimentação dos atacantes;

• Abre o meio da quadra, facilitando lançamentos, infiltrações e "bolas nas costas";

• Dá maiores possibilidades de vantagem numérica ao adversário, na ocorrência de um drible, dificultando a recuperação e a cobertura.

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4.1.1. Marcação Pressão

Diferentemente da marcação por zona que espera o erro adversário para pressionar, a marcação pressão pressiona para forçar o erro. Esta marcação é a única caracterizada pelo avanço dos defensores até a Área 3 (Área de Ataque). Sua utilização ocorre quando a equipe está em desvantagem no placar e o jogo

está próximo do fim; quando a equipe adversária apresenta dificuldades de movimentação ofensiva (capacidade técnica e/ou tática inferior) a fim de pressionar

para não deixá-los jogar; ou quando um time possui um elenco de jogadores ágeis, rápidos e em ótima forma física (Mutti, 1994).

Cada jogador fica responsável por um adversário e o "persegue" por toda a quadra, pra onde quer que ele se desloque (marcação homem-a-homem). É

importante esperar a reposição de bola do goleiro para depois avançar pressionando, pois o avanço prematuro facilitará o lançamento de bola do goleiro

para o pivô diretamente.

4.1.2. Meia Pressão

É uma marcação parecida com a marcação pressão, porém os defensores não invadem a Área 3 (Ataque). Eles esperam os adversários na Área 2 encostando,

seguindo e diminuindo o espaço dos atacantes a partir daí.

Somente o homem de posse da bola é pressionado (Mutti, 1994). Isto diminui o desgaste físico dos defensores em relação à marcação pressão, mas aumenta o

tempo de reação dos atacantes.

Cada defensor fica responsável por um adversário (homem-a-homem também), mas, além disso, precisa fechar o meio (Zona C2) quando não estiver marcando o

homem da bola.

Às vezes podem ocorrer trocas de marcação, em virtude do rodízio da equipe adversária, mas estas devem ser bem comunicadas pela equipe.

4.2. Marcação por Zona

Marcação caracterizada pelo posicionamento à meia-quadra, ou melhor, nas Áreas 1 e 2 (Defesa e Intermediária) - sempre atrás da linha da bola; pelas constantes trocas de marcações; e pela espera do erro adversário para roubar a bola e contra-atacar. Na maioria das vezes, estes contra-ataques são perigosos, pois pegam a defesa adversária desestruturada - na transição do posicionamento ofensivo para o defensivo. Neste tipo de marcação, cada defensor é responsável por

determinada zona da quadra e pelo adversário que estiver nela (Mutti, 1994). O posicionamento dos defensores ocorre em função do deslocamento da bola (Bayer,

1994).

É uma marcação utilizada quando a equipe adversária apresenta rápida e complexa movimentação, tem bons passadores, ótima técnica e condução de bola,

um bom nível de treino ou quando o placar é desfavorável aos adversários. Pontos Positivos:

• Facilita a cobertura e a recuperação no caso do drible; • Menor desgaste físico dos defensores;

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• Proporciona perigosos contra-ataques; • Impossibilita as "bolas nas costas"; • Fecha o meio de quadra (Zonas C1 e C2);

Pontos Negativos:

• Possibilita o chute de longa distância; • Aumenta o tempo de posse de bola do adversário;

• Encobre parcialmente a visão do goleiro.

4.2.1. Losango ou 3x1:

Marcação utilizada contra equipes que utilizam o sistema tático 3x1 ou 3x2. O ala esquerdo cobre as zonas E1 e E2. O ala direito a zona D1 e D2. Já o fixo e o

pivô cobrem uma área cada um, C1 e C2 respectivamente. (Fig. 2)

Os alas devem fazer o "balanço" como os laterais do futebol de campo, ou seja, em caso de bola na ala oposta, eles recuam até sua zona correspondente na Área 1.

Já quando a bola estiver na sua ala, eles avançam à Área 2. Exemplo: bola na ala direita - ala direito zona D2 / ala esquerdo zona E1. Bola na ala esquerda - ala

direito zona D1 / ala esquerdo zona E2.

O pivô deve fechar o meio (zona C2) impedindo que a bola seja lançada ao pivô adversário. Se isto acontecer ele deve voltar e fazer sanduíche no adversário, juntamente com o fixo do seu time. O fixo, além de estar preocupado com o pivô adversário, precisa estar sempre atento à cobertura dos outros jogadores, pois é o

último homem

Fig 2. Posicionamento em função da bola

4.2.2. Quadrado ou 2x2:

Marcação utilizada contra equipes que jogam no sistema 2x2 ou 4x0. Nesta marcação dois jogadores posicionam-se na Área 1, um na zona E1 e outro na zona D1. Os outros dois jogadores ficam nas zonas E2 e D2. Juntos, eles formam

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Os jogadores posicionados na Área 2 fazem uma movimentação pendular: enquanto um vai na bola, o outro fecha o meio (intercessão entre as zonas E2 e D2) aquém da linha do primeiro (Fig. 3). Já os dois posicionados na Área 1, mantém suas

posições e encostam nos adversários que "adentram" sua zona.

Fig 3. Movimentação pendular.

5. Metodologia sugerida

Para o treino da Marcação Individual são utilizados os jogos reduzidos em igualdade numérica: 1x1; 2x2; e 3x3. Lembrando que o 4x4 no futsal é a expressão

do jogo formal desta modalidade, portanto não é utilizado como jogo reduzido. A igualdade numérica força cada marcador a acompanhar um jogador adversário

por todo o espaço delimitado. Se eles não o fizerem, ou melhor, não definirem a marcação, pararem ou marcarem somente a bola, os atacantes levarão vantagem,

já que um ficará livre.

No 1x1 a única opção é o confronto direto. É o atacante contra o defensor, a forma mais simples de marcação. Já no 2x2 e 3x3 acontecem algumas trocas de

marcação pela movimentação dos atacantes, com isso os defensores precisam responder rapidamente às situações problemas que se apresentam. Para a Marcação Zona, os jogos reduzidos utilizados são os de superioridade numérica: 4x2; 3x2; 3x1; 2x1; 4x3; 5x3; e 5x4. Lembrando que no 5x3 e no 5x4 o

quinto elemento deve ser o goleiro. O 4x3 e o 5x3 são situações que ocorrem em jogos onde uma das equipes tem um jogador expulso.

A superioridade numérica forçará a Marcação Zona, pois os defensores não podem sair pressionando o portador da bola a qualquer momento, fato que facilitaria a ação dos atacantes. Eles precisam fechar os espaços e esperar o momento certo de "dar o bote"7 . Assim a movimentação dos defensores ficará

pautada mais em função do deslocamento da bola do que dos adversários (Zona). Os jogos reduzidos com dois defensores (3x2 e 4x2) facilitam a aprendizagem da Marcação Quadrado, já que os defensores utilizarão a movimentação pendular (Fig.

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Fig 4. Movimentação pendular no 3x2

A Marcação Losango é melhor trabalhada nas demais situações, com ênfase na movimentação do pivô na Zona C2 (2x1 e 3x1) ou na marcação triangular realizada

em conjunto pelo pivô e os dois alas (4x3 e 5x3) ou, ainda, na transformação do triângulo em losango com a adição do fixo (5x4) (Fig. 5).

Fig 5. A-Pivô na Zona C2; B-Marcação triangular; C-Losango

Variações podem ser feitas para alterar a dinâmica e os objetivos das atividades. O espaço de jogo pode ser reduzido para facilitar a ação dos marcadores ou aumentado para dificultá-las. O tempo de jogo pode ser aumentado para enfocar o trabalho de movimentação dos atacantes ou diminuído para exigir uma finalização

rápida.

Todos os jogadores devem passar por todas as posições em todos as situações treinadas. Para ajudar na compreensão das diferentes formas de marcação, o treinador deve parar o treino na ocorrência de algum fato significante e discuti-lo

com os jogadores, dando dicas e esperando que eles mesmos encontrem a resposta. A utilização da prancheta magnética também é uma ótima ferramenta auxiliar. A visualização de fatos ocorridos, da delimitação das zonas e de simulações

na mesma, possibilita e facilita a tomada de consciência por parte dos jogadores quando eles estiverem dentro da quadra. Posteriormente pode-se realizar na quadra

as movimentações feitas na prancheta.

6. Considerações finais

O treinamento baseado na repetição de gestos precisa ser repensado no caso dos esportes coletivos. Repensado e não negado. O treino técnico é muito importante

para melhorar a performance do atleta, mas nos jogos desportivos coletivos, ele deve vir em menor escala, dando espaço para o desenvolvimento da inteligência

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Nesta questão, a abordagem centrada nos jogos condicionados proposta por Garganta não deve se restringir somente ao âmbito escolar, mas também ser utilizada no âmbito do treinamento esportivo. Principalmente porque a relação treinador-atleta não deixa de ter similaridades com a relação professor-aluno e o

aspecto educacional nunca deixará de existir.

A incorporação dos processos de percepção, tomada de decisão, atenção e concentração dentro do processo de ensino-aprendizagem-treinamento, acontece gradativamente nas unidades funcionais decompostas do jogo formal, ou melhor,

nos jogos reduzidos, que potencializam o contato do jogador com a imprevisibilidade do jogo.

Esta imprevisibilidade é a essência dos jogos desportivos coletivos e também precisa ser a essência dos treinamentos. Os jogadores precisam ter suporte para

resolver os problemas que eles encontram na ação de jogar. Não basta somente falar aos jogadores a forma como eles irão se portar em quadra. Eles precisam

vivenciar.

Cabe ao treinador desenvolver suas sessões de treino com o objetivo de desenvolver a inteligência e a cooperação entre os atletas, pois uma boa equipe

não é constituída pela somatória de talentos individuais, e sim pela sintonia e compreensão coletiva entre os jogadores.

Notas

1. Neste artigo será utilizado o termo "Jogos Reduzidos" para esta abordagem. 2. Associação Cristã de Moços.

3. Nomenclatura utilizada para o futebol jogado informalmente. 4. Federação Internacional de Futebol Associado.

5. Federação Internacional de Futebol de Salão.

6. É marcada infração quando o goleiro, após dar um passe, recebe a bola de seu companheiro antes dela ter ultrapassado completamente a linha do meio da quadra ou tiver tocado em

um adversário.

7. Gíria utilizada no futebol quando o defensor pressiona o atacante. Relacionada à ação de uma cobra para capturar sua presa. A eficácia ou ineficácia deste ato ocasiona "botes

Referências

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