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APELAÇÃO COM REVISÃO N º /7 - SÃO PAULO Apelante: Companhia de Seguros do Estado de São Paulo - COSESP Apelado : José Rodrigues Sanchez

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO SEÇÃO DE DIREITO PRIVADO - 34ª CÂMARA

APELAÇÃO COM REVISÃO Nº 729.743-0/7 - SÃO PAULO

Apelante: Companhia de Seguros do Estado de São Paulo - COSESP Apelado : José Rodrigues Sanchez

SEGURO DE VIDA EM GRUPO. PROVAS. RESPONSABILIDADE. As Seguradoras, ao que se evidencia pela generalidade, exigem rigorosos exames médicos e laboratoriais do particular para firmar com ele um contrato de saúde, principalmente quando o cidadão já tem uma certa idade. Ao contrário, em qualquer agência bancária e sem maior rigor, são convencionados numerosos contratos de seguro de vida mediante prêmio previamente estabelecido. Entretanto, após um evento, ou um sinistro, é sistemática a posição de recusa que adotam para não honrar o compromisso contratual.

RELAÇÃO DE CONSUMO. BOA-FÉ PRESUMIDA DO SEGURADO. DÚVIDA. Cabe à Seguradora a prova de eventual ou implícita má-fé na data do fato gerador. Tratando-se de contrato de adesão regido pelo Código de Defesa do Consumidor, a dúvida deve ser resolvida em favor do Segurado.

Voto nº 8.798. Visto,

JOSÉ RODRIGUES SANCHEZ ingressou com Ação Ordinária de Cobrança contra COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO – COSESP, qualificação e caracteres das partes nos autos, perseguindo a indenização originária do contrato de seguro de vida firmado por sua genitora, Sra. Leontina Rodrigues Sanchez, falecida em 21 de novembro de 1999.

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO SEÇÃO DE DIREITO PRIVADO - 34ª CÂMARA

Formalizada a angularidade, a Requerida fez encarte de contestação. As partes exibiram documentos. Não houve conciliação em audiência.

Vencidas as diligências houve entrega da prestação jurisdicional e, procedente a pretensão, foi a Requerida condenada ao pagamento da indenização, com correção monetária a contar da data do sinistro; juros de mora a partir da citação; custas processuais; honorários advocatícios de 15% sobre o valor da condenação.

COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO - COSESP interpôs recurso. Pugna pela reforma da decisão porque, ao preencher a proposta para o contrato, "... o autor respondeu a várias perguntas, fazendo-o de forma inteiramente mendaz ..." (folha 67),

incidindo, no caso, as normas dos artigos 1.443 e 1.444 do Código Civil.

JOSÉ RODRIGUES SANCHEZ, em contra-razões, aduziu que "... A documentação carreada (...) são provas mais do que suficientes para manter a r. decisão ..."

(folha 73).

É o relatório, adotado no mais o da r. sentença.

A Requerida alicerça a sua recusa ao cumprimento do contrato, "... uma vez que de acordo com relatório médico apresentado, a segurada já era portadora de insuficiência cardíaca congestiva e hipertensão arterial sistêmica desde 28/09/99 e ao ingressar na apólice de vida, houve omissão de condições reais de saúde ..." (folha 16).

A Declaração de Estado Civil e Residência foi firmado pela Segurada Leontina Rodrigues Sanchez. Vê-se que a assinatura ali lançada corresponde, pelo exame visual simples, àquela que se encontra lançada na

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO SEÇÃO DE DIREITO PRIVADO - 34ª CÂMARA

Mesmo que se queira direcionar essa transgressão ao Requerente, que não assinou aquelas peças, depara-se com a autorização de autoria dele de 10 de fevereiro de 2000, à empresa Banespa S. A. Corretora de Seguros, para que desse vista do prontuário de sua genitora, que se encontrava no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo, para as providências necessárias e, que, naturalmente, subsidiaram o relatório de averiguação que ela Requerida juntou aos autos.

Por esses documentos e fatos vê-se que a asseveração de ato praticado sob a "... forma inteiramente mendaz ..." (folha 67), melhor se adapta a quem a ostenta,

a Apelante, modus faciendi que fica a tênue fio da litigância de má-fé.

A Requerida não solicitou exame médico prévio para o contrato de seguro de vida em grupo.

Levando-se em conta o nível cultural da proponente, não se pode afastar que se tratava de cidadã comum, com efetiva característica de homo

medius e, então, não se afigura viável acreditar que ela

tivesse agido com má-fé ou com dolo.

E, como refletir que uma pessoa desse nível tivesse amplo conhecimento sobre a doença de que estaria acometida, ou de que ela poderia ser portadora de um quadro clínico que a levaria ao óbito?

Não seria na simples elaboração de uma proposta, preenchendo os campos dos termos impressos, que seria fácil evidenciar a má-fé. Competia à Apelante essa prova.

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO SEÇÃO DE DIREITO PRIVADO - 34ª CÂMARA

Ela cuidou do documento médico para subsidiar seu propósito de não cumprir o contrato, a ponto de contratar a empresa Projecto I que, após as diligências que descreve, elaborou o "Relatório de

Averiguação Complementar” (folhas 45 a 49). Tivesse assim

agido antes de assinar o contrato o resultado poderia ser outro. E, daí, questiona-se: quem estaria agindo com má-fé?

Constam da r. sentença referências sobre os fatos, inclusive a idade da segurada, que, complementando no compatível esta decisão, ficam aqui incorporados:

“... em virtude do manifesto intuito de lucro da Requerida, deixa ela de precaver-se com a exigência de exames prévios de seus proponentes e passa a perceber prêmios e a celebrar inúmeros contratos, pois à evidência não aceitaria a proposta de seguro alguma ...”.

"... a Requerida contratou empresa especializada para averiguar o histórico da saúde da segurada, após o sinistro, à evidência, ou seja, possui inclusive pessoal especializado para tal estudo, o qual no entanto deveria ser prévio à contratação, o que não se verificou no caso vertente.” (folha 63)

E quanto à idade da segurada, constou expressamente da proposta preenchida pela segurada, sendo que à evidencia foi um corretor que a entregou a ela ou ao Requerente, bem como a recepcionou para encaminhá-la à Requerida, sendo que lhe incumbia o dever de informar a idade máxima permitida para a admissão de segurado. Não o tendo feito, à evidência a Requerida a aceitou e responde pelo ato de seu preposto - no caso o corretor de seguros -, nos expressos termos do artigo 34 do Código de Defesa do Consumidor, pois constava ali a idade da segurada, expressamente, e o dever de informar a segurada era

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PODER JUDICIÁRIO

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"E não é só. Não há no cartão proposta qualquer menção à idade, não havendo prova de que a segurada tinha conhecimento do teor do documento de fls. 41, o que vale dizer que não se vislumbra sua má-fé, que no caso vertente é da Requerida, que nada informa à segurada, sequer indaga sua idade ou a lê no cartão proposta, recebe o prêmio se nega-se posteriormente ao pagamento da indenização.

Entendendo-se diversamente está-se-á avalizando a conduta do mau empresário, que visa apenas ao lucro e não à prestação do serviço que divulga pelos diversos meios de comunicação; que procura sempre ludibriar o consumidor e safar-se da responsabilidade pela obrigação contratual assumida, daí advindo lucros incomensuráveis.” (folha 64)

As Seguradoras, ao que se evidencia pela generalidade, exigem rigorosos exames médicos e laboratoriais do particular para firmar com ele um contrato de saúde, principalmente quando o cidadão já tem uma certa idade.

Ao contrário, em qualquer agência bancária e sem maior rigor, são convencionados numerosos contratos de seguro de vida mediante prêmio previamente estabelecido.

Entretanto, após um evento, ou um sinistro, é sistemática a posição de recusa que adotam para não honrar o compromisso contratual.

Mesmo que se pudesse sustentar a implícita má-fé na data do fato gerador, tratando-se de contrato de adesão regido pelo Código de Defesa do Consumidor, a dúvida criada deve ser resolvida em favor do Segurado.

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO SEÇÃO DE DIREITO PRIVADO - 34ª CÂMARA

“O contrato de seguro privado configura uma relação de consumo na qual a boa-fé do segurado é presumida, cabendo à seguradora a prova cabal da alegada má-fé com que aquele teria agido no momento da contratação. Em matéria de contrato de adesão regido pelo Código de Defesa do Consumidor, como é o caso dos contratos de seguro de vida e acidentes pessoais, eventual dúvida resolve-se em favor do segurado e não do segurador. Inteligência do art. 47 da Lei 8.078/90.”1

“Tendo em vista que o contrato de seguro é contrato de adesão, eventuais dúvidas resolvem-se em favor do segurado, consumidor do serviço, que não tem meios para discutir os termos da proposta que lhe é feita pelo segurador. Uma vez que a boa-fé do segurado é presumida, cabe ao segurador, se alegar que o segurado omitiu dados relevantes sobre seu estado de saúde, provar cabalmente a má-fé com que o segurado teria agido, eventual dúvida resolvendo-se em seu favor, em face do princípio do ônus probatório.”2

“Em matéria de contrato de adesão regido pelo Código de Defesa do Consumidor, como é o caso dos contratos de seguro de vida e acidentes pessoais, eventual dúvida resolve-se em favor do segurado e não do segurador. Inteligência do artigo 47 da Lei 8078/90.” 3

Em face ao exposto, nega-se provimento ao recurso.

IRINEU PEDROTTI

Referências

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