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ÓRGÃO ESPECIAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA PROCESSO Nº

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___________________________________________________________________________ Atribuição: Constitucional

Código/Nome Movimento: 1000173/Outras Manifestações em 2º grau

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ÓRGÃO ESPECIAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA PROCESSO Nº 0010834-33.2018.8.19.0000 Representação por Inconstitucionalidade Relator: Des. Jose Roberto Lagranha Távora

Representante: Exmº. Sr. Prefeito do Município de Cabo Frio

Representado: Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

Parecer do Ministério Público

Representação de inconstitucionalidade do art. 1º da Lei Estadual nº 7.880/2018, que redefiniu os limites entre os Municípios de Cabo Frio e de Armação dos Búzios, transferindo do primeiro para o segundo o Bairro de Maria Joaquina. Alegação de ofensa ao art. 357 do Carta Fluminense. Exordial assinada apenas pelo então Procurador-Geral do Município, a quem falta legitimidade para propor ação direta de inconstitucionalidade de lei estadual ou municipal em face da Constituição Estadual. Precedentes nesse sentido do Excelso Pretório. Requerimento de intervenção no feito, na qualidade de assistente, formulado pelo Movimento Democrático Brasileiro. Intervenção de terceiros no processo de controle abstrato de inconstitucionalidade que não é permitido pelo art. 104, § 1º, do RITJRJ. Diploma alvejado que não atende a nenhum dos requisitos estabelecidos pelo art. 357 da CERJ, não tendo sido, ademais, editada a lei complementar federal que fixará o período dentro do qual se poderá proceder à criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios. Parecer pela extinção do processo sem resolução do mérito, com fulcro no art. 485, VI, do CPC, ou, em atenção ao princípio da eventualidade, pela procedência do pedido.

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I - RELATÓRIO

Cogita-se de ação de representação por inconstitucionalidade, ajuizada pelo Prefeito do Município de Cabo Frio, que tem por objeto o art. 1º da Lei estadual nº 7.880, de 02 de março de 2018, a qual alterou a Lei nº 2.498/95 para estabelecer nova linha divisória entre os Municípios de Cabo Frio e Armação dos Búzios.

Alega o representante que a finalidade do dispositivo vergastado é anexar o bairro Maria Joaquina ao Município de Armação dos Búzios, em detrimento do Município de Cabo Frio, medida que provocou forte impacto na arrecadação deste último, pois os residentes na referida localidade passaram a ser contribuintes do Município de Armação dos Búzios.

A norma em tela estaria em testilha com o art. 18, § 4º, da CF, que exige que a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios sejam feitos por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, após consulta, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, em sequência à divulgação de estudos de viabilidade municipal apresentados e publicados na forma da lei.

Essa disposição da Carta Magna foi reproduzida no art. 357, da CERJ.

No presente caso, porém, foi realizada apenas a edição de lei estadual, sendo certo que, até o presente, não teria sido promulgada a lei complementar federal prevista no art. 18, § 4º, da Lex Legum que iria determinar o período para a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios e delinear o procedimento a ser adotado. Tampouco se procedeu ao estudo de viabilidade municipal e à consulta às populações das edilidades envolvidas. Bastaria, porém, a inexistência da lei complementar federal regulamentadora para fulminar de inconstitucionalidade o diploma guerreado.

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Salienta que o projeto que se converteu na Lei nº 7.880/2018 foi vetado pelo Governador do Estado com arrimo em inconstitucionalidade, mas o veto foi derrubado pela ALERJ.

Requer a suspensão liminar da eficácia do dispositivo em tela, com fincas na gravíssima situação econômica e financeira do Município de Cabo Frio, registrando que, além da diminuição de receitas tributárias em virtude da alteração dos limites municipais, o bairro de Maria Joaquina está situado em frente à plataforma continental, o que enseja o recebimento de royalties decorrentes da exploração de petróleo nas bacias de Campos e Macaé, igualmente subtraídos de Cabo Frio em virtude da edição da lei alvejada.

Conclui postulando a declaração de inconstitucionalidade do art. 1º da Lei Estadual nº 7.880/2018.

O Relator originário determinou, a fls. 18/19, a oitiva da representada, com fulcro no art. 105 do RITJRJ.

A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro prestou informações relativamente à liminar a fls. 22-32, afirmando que não teria sido comprovada a existência do bairro Maria Joaquina nos registros cadastrais do Município de Cabo Frio, nem a delimitação de seu território, ou a alegada anexação dessa localidade ao Município de Armação dos Búzios. Tampouco teria sido demonstrado que essa área estaria localizada em frente à plataforma continental, ou que a transferência dessa porção de território teria acarretado queda na arrecadação de impostos no Município de Cabo Frio.

A seu ver, para demonstrar-se que a alteração efetuada pela norma em causa teria ido além de simplesmente adequar a formatação do Município de Armação dos Búzios à sua composição fática, haveria necessidade de dilação probatória incompatível com o rito da ação direta de inconstitucionalidade.

Pleiteia, via de consequência, a extinção do processo sem resolução do mérito.

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Historia, a seguir, o processo de criação do Município de Armação dos Búzios, desmembrado do Município de Cabo Frio pela Lei nº 2.498, de 28 de dezembro de 1995, concluindo que não se desincumbiu o representante do ônus de comprovar, através de mapas, desenhos geográficos ou referências cadastrais, que teria havido alteração dos espaços territoriais em razão do advento da norma impugnada.

Aduz que, da tramitação legislativa do projeto de lei que viria a criar o Município de Armação dos Búzios, se depreende que foi promovida consulta plebiscitária, não se podendo inferir, contudo, se a área reivindicada pelo representante está abrangida no texto legal originário submetido à consulta popular. Entende ausentes, via de consequência, tanto o fumus boni iuris, quanto o periculum in mora ensejadores da concessão da medida liminar.

Instruem as informações os documentos de fls. 33-41. O Município de Cabo Frio ratificou, a fls. 45/46, os argumentos deduzidos na vestibular.

Acompanha essa manifestação ofício do Secretário Municipal de Saúde de Armação dos Búzios endereçado ao seu congênere do Município Cabo Frio, no qual se comunica a transferência do bairro de Maria Joaquina para aquela edilidade e se solicita a realização dos trâmites necessários à assunção dos serviços de saúde da localidade pelo Município de Armação dos Búzios.

A fls. 49, o Relator originário pediu a designação de sessão para apreciação da medida liminar.

O Movimento Democrático Brasileiro requereu, a fls. 55-62, fosse admitida a sua intervenção no feito na qualidade de assistente, com arrimo na realização de eleição suplementar para os cargos de Prefeito e Vice-Prefeito do Município de Cabo Frio, cujo resultado poderia ser afetado pela transferência do

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bairro de Maria Joaquina para o Município de Armação dos Búzios. Solicita, igualmente, seja deferida a suspensão cautelar da eficácia da lei profligada.

Escoltam a petição os documentos de fls. 83-96.

A fls. 97/98, o prefeito em exercício no Município de Cabo Frio, apontando a iminente realização do pleito referido pelo Movimento Democrático Brasileiro, reforça o pedido de concessão da liminar, para possibilitar a participação no pleito dos residentes no Bairro de Maria Joaquina.

À vista da urgência indicada na petição de fls. 97/98 e do fato de encontrar-se em férias o Relator originário, o Presidente desse E. Tribunal determinou a redistribuição do feito (fls. 101), tendo sido sorteado para a relatoria o eminente Desembargador José Roberto Lagranha Távora.

A liminar foi concedida pela r. decisão monocrática de fls. 127-131, que acolheu os argumentos deduzidos na petição de fls. 97/98.

A fls. 134-137, o ilustre Presidente do Tribunal Regional Eleitoral comunicou a inviabilidade técnica de proceder, em tão exíguo período de tempo, às alterações necessárias à participação dos moradores do bairro Maria Joaquina na eleição suplementar a realizar-se no Município de Cabo Frio. Em resultado, o Relator modificou a decisão anterior, para modular os efeitos da suspensão da norma em testilha, aplicando-os a partir de 25 de junho de 2018.

A 09 de julho, determinou o Relator a apresentação dos autos em mesa (fls. 160), tendo sido o feito incluído na pauta interna da sessão de julgamento do dia 16 de julho.

A 12 de julho, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro arguiu a falta de assinatura do alcaide na petição inicial, que está subscrita apenas pelo Procurador-Geral do Município de Cabo Frio, a quem falta legitimidade para propor ação direta de inconstitucionalidade. Pontuou, ademais, que, com a impossibilidade de participação dos moradores do bairro Maria Joaquina nas eleições suplementares designadas para o dia 24 de junho de 2018, teria desaparecido o periculum in mora autorizador da medida cautelar (fls. 163-169).

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Requereu, via de consequência, a extinção do processo sem resolução do mérito, por ilegitimidade ativa ad causam, ou, subsidiariamente, a denegação da liminar (fls.163-179).

Por determinação do Relator, foi dada vista às partes para manifestação (fls. 171).

A fls. 172-181, a Assembleia Legislativa opôs agravo interno à r. decisão de fls. 130/131, com arrimo na retirada do feito de pauta, para reiterar as alegações de ilegitimidade ativa do Exmº. Sr. Procurador-Geral do Município de Cabo Frio e de ausência de perigo de dano a justificar a concessão da cautelar, além de sustentar a obrigatoriedade de submissão ao Colegiado de decisão liminar que suspende a eficácia de lei.

O prefeito eleito de Cabo Frio defendeu, a fls. 185-191, a legitimidade do Procurador-Geral do Município para propor ação direta de inconstitucionalidade em face da Constituição Estadual, por aplicação do princípio da simetria, porquanto o art. 162 da CERJ confere legitimidade ativa ao Procurador-Geral do Estado. Esgrime, igualmente, a supremacia do interesse público, que exigiria sejam resguardados os interesses da população do bairro de Maria Joaquina.

Assere, outrossim, que o vício de legitimidade pode ser convalidado, se houver concordância da Assembleia Legislativa.

Junta aos autos, na oportunidade, inicial da representação por inconstitucionalidade assinada pelo novo Prefeito de Cabo Frio e com data retroativa, invocando o princípio da continuidade do serviço público.

Regularmente intimada, a Procuradoria-Geral do Estado não se pronunciou no feito, ut certidão de fls. 209.

A Assembleia Legislativa manifestou, a fls. 211-216, a sua discordância em relação ao argumento de que a Procuradoria-Geral do Município estaria legitimada para ajuizar ação direta de inconstitucionalidade em face da Constituição Estadual, eis que taxativo o rol constante do art. 162, da Carta

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Fluminense. Tampouco lhe parece possível a superação do vício processual com a mera apresentação de nova peça inaugural assinada pelo alcaide recém-eleito, o que não teria o condão de convalidar a liminar.

Salienta que a cautelar foi deferida à vista de uma situação fática que já estava superada à data da juntada da nova inicial, qual seja, a iminência das eleições suplementares no Município de Cabo Frio.

Conclui insistindo no requerimento de extinção do processo sem resolução do mérito, ou, subsidiariamente, na apresentação do processo em mesa para apreciação do agravo interno de fls. 172-181.

A Procuradoria-Geral do Estado veio aos autos a fls. 217-227, sustentando a ilegitimidade ad causam do Procurador-Geral do Município, com alicerce em jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. No mérito, agasalha os fundamentos deduzidos na vestibular sobre o desatendimento aos requisitos gizados no art. 357 da Carta Fluminense.

Esse o breve relatório. II - FUNDAMENTAÇÃO

Assiste razão à Assembleia Legislativa no tocante à ilegitimidade ativa do Procurador-Geral do Município para a deflagração do processo de controle abstrato de constitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou municipal em face da Constituição do Estado do Rio de Janeiro.

De acordo com o art. 125, § 2º, da CF, cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.

Incumbe aos Estados, portanto, não só instituir, em suas Constituições, a representação por inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, como estabelecer, com inteira liberdade, o rol taxativo dos legitimados à propositura dessa ação. Nenhum

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espaço foi deixado à competência legislativa dos Municípios, pois não há representação de inconstitucionalidade em âmbito municipal1. Sequer se pode falar

em aplicação do princípio da simetria nessa matéria, uma vez que, no que respeita à escolha dos legitimados, apenas uma diretriz foi estabelecida no art. 125, § 2º: a proibição de que a legitimação para agir seja atribuída a um único órgão. Não é necessário, portanto, que o rol dos legitimados na esfera estadual espelhe o elenco delineado no art. 103, da CF2.

1 Saliente-se que o princípio da simetria foi arguido pelo representante com base na Constituição

Estadual, que relacionou o Procurador-Geral do Estado entre os legitimados à propositura da representação de inconstitucionalidade. O art. 103 da CF não confere legitimidade ativa para o ajuizamento da ação direta de inconstitucionalidade ao Advogado-Geral da União.

2 Na ADI nº 558-8, foi questionada a constitucionalidade do art. 159 da CERJ (atualmente

renumerado como art. 162), por ter incluído entre os legitimados à propositura da representação de inconstitucionalidade as Comissões Permanentes e os Membros da Assembleia Legislativa e os Procuradores-Gerais do Estado e da Defensoria Pública, ao fundamento de que essa inclusão estaria em atrito com o art. 103 da CF, aplicável em âmbito estadual pelo princípio da simetria.

A suspensão liminar da eficácia desse dispositivo foi indeferida pelo STF, extraindo-se do voto do Relator a seguinte passagem:

“8. Alega-se a inconstitucionalidade e pleiteia-se a suspensão cautelar da inserção, no rol da legitimação ativa para a ação direta, das Comissões permanentes e membros da Assembleia Legislativa, assim como dos Procuradores-Gerais do Estado e da Defensoria Pública, porque, sustenta-se, “são autoridades que não poderiam dispor dessa prerrogativa, à luz do disposto nos arts. 103, 132 e 134 da Constituição Federal” (f 08).

9. Estou, data venia, em que carece de plausibilidade a arguição, a qual, de um lado, trai o mau vezo de reduzir o poder constituinte estadual à imitação servil da Constituição Federal e, de outro, não leva às consequências devidas as suas premissas, que induziriam a impugnação a outros tópicos do mesmo dispositivo.

10. No tocante ao controle direto da constitucionalidade de âmbito estadual, a única regra federal a preservar é a do art. 125, § 2º, CF, que autoriza os Estados a instituir a representação e lhes veda apenas “a atribuição de legitimação para agir a um único órgão”.

11. Não obstante, quiçá se pudesse questionar a exclusão, no Estado, dos correspondentes locais das autoridades e instâncias que, na alçada federal, foram legitimadas à ação direta: assim, v.g., a do chefe do Ministério Público do Estado.

12. Não vejo base, entretanto, para impugnar a ampliação da iniciativa, pelo Estado, a outros órgãos públicos e entidades: eventuais desbordamentos de sua atuação concreta, em relação às suas finalidades institucionais, poderão eventualmente ser questionadas (sic) à luz do requisito da pertinência temática (STF,

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E, tendo o art. 162, da CERJ, indicado o Prefeito Municipal e a Mesa da Câmara de Vereadores (esta, representada pelo seu Presidente) como os atores legitimados, na esfera municipal, para a deflagração do processo objetivo de declaração de inconstitucionalidade em face da Constituição Estadual, devem a inicial e eventuais recursos interpostos no curso do processo estar assinados ou ratificados pelos próprios legitimados, a quem a Constituição confere capacidade postulatória especial.

Nesse diapasão, a indissonante jurisprudência do Supremo Tribunal Federal:

RE 628112 AgR / RJ - RIO DE JANEIRO AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES Julgamento: 09/03/2018 Órgão Julgador: Primeira Turma

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO

DJe-055 DIVULG 20-03-2018 PUBLIC 21-03-2018 Parte(s)

AGTE.(S) : CÂMARA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO ADV.(A/S) : JANIA MARIA DE SOUZA

AGDO.(A/S) : MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

ADIn 305, 22.5.91, Brossard), mas não inibem, em tese, o deferimento da legitimação.

13. Indefiro, pois, a cautelar atinente ao art. 159: é o meu voto.” (ADI 558 MC - Pleno, j. 16/08/91 – maioria - publ. 26/3/93 – Rel. Min. Sepúlveda Pertence)

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Ementa: AGRAVO INTERNO EM RECURSO

EXTRAORDINÁRIO. REPRESENTAÇÃO DE

INCONSTITUCIONALIDADE. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PETIÇÃO RECURSAL. SUBSCRIÇÃO PELO REPRESENTANTE JURÍDICO. AUSÊNCIA DE ASSINATURA DO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL. ILEGITIMIDADE. 1. Representante Jurídico da Câmara Municipal do Rio de Janeiro não possui legitimidade para interpor recursos nas representações de inconstitucionalidade, sem que haja a subscrição da pessoa legitimada pela Constituição. 2. Agravo interno a que se nega provimento. Não se aplica o art. 85, § 11, do Código de Processo Civil de 2015, tendo em vista que não houve fixação de honorários advocatícios nas instâncias de origem.

Decisão

A Turma, por maioria, negou provimento ao agravo interno e não aplicou o art. 85, § 11, do Código de Processo Civil de 2015, tendo em vista que não houve fixação de honorários advocatícios nas instâncias de origem, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro Marco Aurélio. Primeira Turma, Sessão Virtual de 2.3.2018 a 8.3.2018.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. FISCALIZAÇÃO NORMATIVA ABSTRATA PERANTE O TRIBUNAL DE JUSTIÇA (CF, ART. 125, § 2º). APELO EXTREMO SUBSCRITO APENAS POR PROCURADOR DO MUNICÍPIO. AUSÊNCIA DE QUALIDADE PARA AGIR EM SEDE DE CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO, INCLUSIVE PARA DEDUZIR OS PERTINENTES RECURSOS. SUCUMBÊNCIA RECURSAL (CPC, ART.

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85, § 11). NÃO DECRETAÇÃO, NO CASO, ANTE A INADMISSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO EM VERBA HONORÁRIA, POR TRATAR-SE, NA ORIGEM, DE PROCESSO DE CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. (RE 1030662 AgR, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, DJe de 27/06/2017)

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO

EXTRAORDINÁRIO. INTERPOSIÇÃO EM 4.5.2017. RECURSO ORIUNDO DE AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PETIÇÃO RECURSAL ASSINADA POR PROCURADOR MUNICIPAL. AUSÊNCIA DE ASSINATURA DO PREFEITO. ILEGITIMIDADE. OBSERVÂNCIA DAS NORMAS DO ART. 103, III, E, POR SIMETRIA, DO ART. 90, II, DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO.

1. A legitimidade ativa para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade, bem como dos recursos dela decorrentes, é do Prefeito Municipal, e não de procurador municipal.

2. Agravo regimental a que se nega provimento, com previsão de aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC. Sem honorários, por se tratar de recurso oriundo de ação direta de inconstitucionalidade (RE 1.038.014-AgR, Rel. Min. EDSON FACHIN, Segunda Turma, DJe de 1º/8/17).

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO

EXTRAORDINÁRIO. INTERPOSIÇÃO EM 16.3.2017. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PETIÇÃO RECURSAL. AUSÊNCIA DE ASSINATURA DO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL. PETIÇÃO SUBSCRITA POR PROCURADOR JURÍDICO. ILEGITIMIDADE. 1. A legitimidade ativa para a propositura

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da ação direta de inconstitucionalidade, bem como dos recursos dela decorrentes, nos termos da Constituição Federal (art. 103, III), e, por simetria, pela Constituição Estadual (art. 118 da Constituição do Estado de Minas Gerais), pertence à Mesa da Câmara Municipal. 2. O procurador constituído pela parte legitimada não pode ajuizar, singularmente, ações de controle abstrato de constitucionalidade e interpor os recursos delas decorrentes, inclusive o recurso extraordinário, sem que as referidas peças processuais também estejam subscritas ou ratificadas pela parte legítima para propor a ação. 3. Agravo regimental a que se nega provimento, com previsão de aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC. Sem honorários, por se tratar de recurso oriundo de ação direta de inconstitucionalidade (RE 934.913-AgR, Rel. Min. Edson Fachin, Segunda Turma, DJe de 8/11/2017)

Opina o Ministério Público, em resultado, pela extinção do processo sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, VI, do CPC.

Acaso superada a preliminar – no que não se acredita – o parecer é pela procedência do pedido.

Em primeiro lugar, cumpre seja indeferido o pleito de intervenção no feito, na qualidade de assistente, do Movimento Democrático Brasileiro, pois o art. 104, § 1º, do REGITRJ, na esteira do art. 7º, da Lei nº 9.868/99, não admite intervenção de terceiros nas representações de inconstitucionalidade.

No mérito, é mister seja espancada a alegação de que não teria sido comprovada a transferência do Bairro de Maria Joaquina do Município de Cabo Frio para o de Armação dos Búzios.

Trouxe o representante aos autos, a fls. 47, cópia de ofício endereçado ao Secretário de Saúde do Município de Cabo Frio pelo Secretário de Saúde de Armação dos Búzios, no qual este último pleiteia sejam tomadas as providências necessárias à assunção dos serviços de saúde no Bairro de Maria

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Joaquina pelo Município de Armação dos Búzios, à vista da modificação dos limites entre ambos os Municípios por força do diploma objurgado.

Mas não é só.

A fls. 134-137, o ilustre Presidente do Tribunal Regional Eleitoral comunicou ao Relator deste feito que, à vista da redefinição dos limites entre os municípios em questão pela Lei nº 7.880/2018, os eleitores do Bairro de Maria Joaquina haviam sido transferidos pelo sistema do Município de Cabo Frio para o de Armação dos Búzios, razão por que nova transferência para atender à cautelar deferida nestes autos demandaria a alteração do sistema de totalização, a regeração das mídias, a reinseminação de todas as urnas eletrônicas do Município de Cabo Frio, a impressão dos correspondentes cadernos de votação das seções, a requisição formal dos locais de votação em que as urnas seriam instaladas e a convocação do corpo de mesários pelo Juízo da 256ª Zona Eleitoral, medidas de impraticável execução no curtíssimo prazo entre a concessão da liminar e a realização da eleição suplementar dos novos prefeito e vice-prefeito de Cabo Frio, designada para o dia 24 de junho último.

Via de consequência, não há qualquer dúvida sobre a modificação operada pela Lei Estadual nº 7.880/2018 dos limites entre os Municípios de Cabo Frio e de Armação dos Búzios originariamente definidos pela Lei nº 2.498/95, em resultado da qual o Bairro de Maria Joaquina foi transferido da primeira urbe para a segunda.

Ora, como dispõe o art. 357 da Carta Fluminense, o desmembramento de Municípios deve ser feito por lei estadual, no período assinalado em Lei Complementar Federal, e dependerá de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal apresentados e publicados na forma da lei.

Ora, nem a Lei Complementar Federal referida nesse dispositivo foi editada, nem foi realizado e publicado qualquer estudo de viabilidade municipal, nem foram consultadas as populações de Cabo Frio e de Armação dos Búzios para que se pudesse promover desmembramento do território de Cabo Frio vergastado nestes autos.

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Patente, portanto, a inconstitucionalidade da norma combatida.

III – CONCLUSÃO

Ante as razões expostas, o Ministério Público opina pela extinção do processo sem resolução do mérito, com fincas no art. 485, VI, do CPC, ou, em atenção ao princípio da eventualidade, pela procedência do pedido, para declarar-se a inconstitucionalidade do art. 1º, da Lei Estadual nº 7.880/2018, ficando prejudicado o agravo interno.

Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2018. Daisy Palmieri da Costa

Procuradora de Justiça Assistente da Assessoria de Atribuição Originária em Matéria Cível De acordo.

Fernanda Moreira Jorgensen Procuradora de Justiça

Assessora-Chefe da Assessoria de Atribuição Originária em Matéria Cível Aprovo.

Sérgio Roberto Ulhôa Pimentel Subprocurador-Geral de Justiça de Assuntos Cíveis e Institucionais

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