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Processo de empreendedorismo inovador no polo tecnológico de Florianópolis no período de 1987 a 2012

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA FERNANDO ROSSONI CAVALCANTI

PROCESSO DE EMPREENDEDORISMO INOVADOR NO POLO TECNOLÓGICO DE FLORIANÓPOLIS NO PERÍODO DE 1987 A 2012

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FERNANDO ROSSONI CAVALCANTI

PROCESSO DE EMPREENDEDORISMO INOVADOR NO POLO TECNOLÓGICO DE FLORIANÓPOLIS NO PERÍODO DE 1987 A 2012

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Administração, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito para

obtenção do título de Mestre em

Administração.

Orientador: Prof. Aléssio B. Sarquis, Dr.

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C37 Cavalcanti, Fernando Rossoni, 1981-

Processo de empreendedorismo inovador no polo tecnológico de Florianópolis no período de 1987 a 2012 / Fernando Rossoni Cavalcanti. – 2013.

143 f. : il. color. ; 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade do Sul de Santa Catarina, Pós-graduação em Administração.

Orientação: Prof. Dr. Aléssio Bessa Sarquis

1. Criatividade nos negócios. 2. Incubadoras de empresas. 3. Inovações tecnológicas I. Sarquis, Aléssio Bessa. II.

Universidade do Sul de Santa Catarina. III. Título.

CDD (21. ed.) 658.42

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FERNANDO ROSSONI CAVALCANTI

PROCESSO DE EMPREENDEDORISMO INOVADOR NO POLO TECNOLÓGICO DE FLORIANÓPOLIS NO PERÍODO DE 1987 A 2012

Esta Dissertação foi julgada adequada à

obtenção do título de Mestre em

Administração e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Administração, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 24 de fevereiro de 2013.

________________________________________________ Profº e Orientador Aléssio Bessa Sarquis, Dr.

Universidade do Sul de Santa Catarina

________________________________________________ Profº. Ademar Dutra, Dr.

Universidade do Sul de Santa Catarina

________________________________________________ Profª. Gabriela Gonçalves Silveira Fiates, Drª.

Universidade Federal de Santa Catarina

Florianópolis 2013

(5)

Dedico minha dissertação à meus pais, Mauro Cavalcanti e Beatriz Rossoni Cavalcanti, e a minha esposa Mayara Rodrigues Vieira, amo vocês.

(6)

SUMARIO 1. INTRODUÇÃO...13 1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO...13 1.2. PROBLEMA DE PESQUISA...17 1.3. OBJETIVOS DO ESTUDO...21 1.3.1. Objetivo geral...21 1.3.2. Objetivos Específicos...21 1.4. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO...21 1.5. JUSTIFICATIVA...22 1.6. ESTRUTURA DO TRABALHO...23 2. REFERENCIAL TEÓRICO...25

2.1. FUNDAMENTOS DO PROCESSO DE INOVAÇÃO...25

2.1.1. Importância da inovação...28

2.1.2. Tipologia da inovação...29

2.1.3. Processo de desenvolvimento de inovação...32

2.1.4. Inovação como vantagem competitiva...33

2.2. PROCESSO DE EMPREENDEDORISMO INOVADOR...34

2.3. CARACTERIZAÇÃO DE EMPRESAS DE BASE TECNOLOGICA...38

2.4. EMPREENDEDORISMO INOVADOR EM HÉLICE TRÍPLICE...41

2.4.1. Sobre o papel da indústria (empresas e instituições de apoio)...43

2.4.2. Sobre o papel da universidade e demais instituições de ensino...44

2.4.3. Sobre o papel do governo...46

2.5. HABITAS DE INOVAÇÃO...48

2.6. Caracterização do polo tecnológico...51

2.7. FRAMEWORK DO ESTUDO...55 3. ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO...57 3.1. FILOSOFIA DA PESQUISA...57 3.2. LÓGICA DA PESQUISA...58 3.3. ABORDAGEM DO PROBLEMA...58 3.4. OBJETIVOS DA PESQUISA...60 3.5. ESTRATÉGIA DA PESQUISA...61 3.6. HORIZONTE DE TEMPO...62

(7)

3.7. POPULAÇÃO, OBJETO DE ESTUDO E AMOSTRAGEM DA PESQUISA...63

3.8. MÉTODOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS...66

3.9. MÉTODOS DE ANÁLISE DE DADOS...69

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS...72

4.1. PERFIL DAS EMPRESAS INSTALADAS NO POLO TECNOLOGICO DE FLORIANOPOLIS...73

4.2. PROCESSO DE EMPREENDEDORISMO INOVADOR NO POLO TECNOLOGICO DE FLORIANOPOLIS...77

4.3. FATORES FACILITADORES E DIFICULTADORES DO EMPREENDEDORISMO INOVADOR...83

4.4. FATORES DE COMPETITIVIDADE DO POLO TECNOLOGICO DE FLORIANOPOLIS...89

4.5. PAPEL DO GOVERNO, UNIVERSIDADES E INSTITUIÇÕES DE APOIO NO PROCESSO DO EMPREENDEDORISMO INOVADOR EM FLORIANOPOLIS...94

4.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS RESULTADOS...108

4.6.1. Teste 1: Perfil da empresas versus Contribuição ativa das instituições...108

4.6.2. Teste 2: Perfil da empresa versus Programas governamentais de incentivo...110

4.6.3. Teste 3: Perfil da empresa versus Intensidade do relacionamento informal...111

4.6.4. Teste 4: Perfil da empresa versus competitividade do polo tecnológico de Florianópolis...112

4.7. ANÁLISE DOS RESULTADOS A LÚZ DE FUNDAMENTOS TEÓRICOS...114 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...119 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...124 APÊNDICE...138 APÊNDICE A...139 APÊNDICE B...141

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Perfil com base na característica incubada, graduada e não incubada (n=141). ... 73

Gráfico 2: Perfil das empresas com base na tecnologia empregada (n=141). ... 74

Gráfico 3: Tempo de existência das empresas no Polo de Florianópolis (n = 141). ... 76

Gráfico 4: Relação das empresas com incubadoras e fundações (n=66). ... 76

Gráfico 5: Dificuldades percebidas pelas empresas não incubadas (n=75)... 86

Gráfico 6: Conhecimento sobre programas governamentais de incentivo (n=141). ... 99

Gráfico 7: Avaliação das ações de fomento e recursos disponíveis pelos governos (n=141). ... 100

Gráfico 8: Avaliação das ações de incentivo fiscal dos governos (n=141). Fonte: Empresas pesquisadas do Polo Tecnológico de Florianópolis, 2012. ... 101

Gráfico 9: Avaliação dos programas de produtividade e competitividade (n=141). ... 101

Gráfico 10: Avaliação das ações governamentais para integração do setor (n=141). Fonte: Empresas pesquisadas do Polo Tecnológico de Florianópolis, 2012. ... 102

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Tipologias de inovação. ... 31

Quadro 2: Eixos-chave na definição de empreendedorismo. ... 35

Quadro 3: Framework do estudo. ... 55

Quadro 4: Abordagem de pesquisa em cada estudo. ... 59

Quadro 5: Tipos de pesquisa e objetivo de cada etapa do estudo... 60

Quadro 6: Público-alvo de cada etapa do estudo. ... 64

Quadro 7: Amostragem de cada etapa do estudo. ... 65

Quadro 8: Métodos e instrumentos de coleta de dados em cada etapa do estudo. ... 68

Quadro 9: Método de análise dos dados em cada etapa do estudo. ... 70

Quadro 10: Categorias e dimensões de dados qualitativos analisados. ... 71

(10)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Levantamento bibliométrico dos últimos 5 anos. ... 18

Tabela 2: Resultado do levantamento bibliométrico por palavra-chave e base de dados. ... 19

Tabela 3: Fatores facilitadores do empreendedorismo inovador no Polo de Florianópolis (n=141). ... 83

Tabela 4: Fatores dificultadores do empreendedorismo inovador no Polo de Florianópolis (n=141). ... 85

Tabela 5: Fatores de competitividade do Polo Tecnológico de Florianópolis (n=141). ... 90

Tabela 6: Observação: Graus de liberdade (g.l.) = 6; Nível de significância aceitável (α) = 0,05. Resultados do teste Qui-quadrado sobre perfil da empresa e opinião sobre a contribuição ativa das instituições de apoio ... 109

Tabela 7: Observação: Graus de liberdade (g.l.)= 4; Nível de significância aceitável (α) = 0,05. Resultados do teste Qui-quadrado sobre perfil da empresa e conhecimento sobre

programas governamentais de incentivo ... 111

Tabela 8: Observação: Graus de liberdade (g.l.)= 2; Nível de significância aceitável (α) = 0,05. Resultados frequência observada sobre perfil da empresa e intensidade de uso do

relacionamento informal. ... 112

Tabela 9: Observação: Graus de liberdade (g.l.)= 6; Nível de significância aceitável (α) = 0,05. Resultados frequência observada sobre perfil da empresa e opinião sobre a

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LISTA DE SIGLAS

ACATE – Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia

ANPAD - Associação nacional de pós-graduação e pesquisa em administração ANPROTEC - Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores

BDTD - Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CELESC – Centrais Elétricas de Santa Catarina

CELTA – Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas EBSCO – Base de Dados de Pesquisa EBSCOhost

ELETROSUL – Eletrosul Centrais Elétricas S.A.

FAPESC – Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina FIESC – Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina

FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos

Fundação CERTI - Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras IEL - Instituto Euvaldo Lodi

IES – Instituições de Ensino Superior

INTELBRAS - Intelbras - Telecom, Redes e Segurança Eletrônica MIDI – Incubadora MIDI Tecnológico

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas SINAPSE – Prêmio SINAPSE de Inovação

TELESC – TELESC Brasil Telecom S.A. TI – Tecnologia de Informação

UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

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RESUMO

O empreendedorismo inovador compreende a criação de negócios cuja oferta ao mercado contém bens e serviços com inovação tecnológica. O Polo Tecnológico de Florianópolis é um projeto bem sucedido que envolveu governo, universidade e diferentes instituições de apoio com propósito de fomentar o empreendedorismo inovador na região. Assim, o estudo buscou analisar as características do processo de empreendedorismo inovador no Polo Tecnológico de Florianópolis no período de 1987 a 2012. O enquadramento metodológico compreendeu a aplicação de pesquisa exploratória qualitativa, através de entrevistas em profundidade, com representantes de universidade, governo e das principais instituições de apoio localizadas no Polo de Florianópolis. Em seguida, foi realizada também pesquisa descritiva, quantitativa, não conclusiva e na forma de levantamento de campo (survey), com questionários autoadministrados, com 141 empresas de base tecnológica da região. Os resultados indicam que: i) a universidade, instituições de apoio e governo tiveram papel relevante no processo de desenvolvimento do Polo Tecnológico; ii) as empresas de base tecnológicas predominantemente se originaram no ambiente da universidade, dispõem de tecnologia de base elevada, oferecem produtos customizados e atuam em mercados segmentados; iii) alguns fatores facilitadores do empreendedorismo inovador foram a existência de prêmios de incentivo, iniciativas pioneiras das empresas de base tecnológica e atuação de pessoas empreendedoras inspiradoras; iv) fatores dificultadores foram a carência de mão de obra qualificada, falta de recursos financeiros e existência de rivalidade entre as empresas do polo.

Palavras-chave: Empreendedorismo, inovação, empresas de base tecnológica, polo tecnológico.

(13)

ABSTRACT

The innovative entrepreneurship involves the creation of business whose offer to the market contains goods and services with technological innovation. The Polo Tecnológico de Florianópolis is a successful project involving government, university and various support bodies for the purpose of fostering innovative entrepreneurship in the region. Thus, the study investigates the characteristics of the process of innovative entrepreneurship in the Polo Tecnológico de Florianópolis in the period 1987-2012. The methodological framework involved the application of exploratory qualitative research through in-depth interviews with representatives from universities, government institutions and major support located in Florianópolis Polo. Then was also performed descriptive and quantitative research, inconclusive and in the form of field survey (survey), with self-administered questionnaires, with 141 technology-based companies in the region. The results indicate that: i) the university, support institutions and government had an important role in the development process of the Technological Pole; ii) predominantly technology based companies originated in the university environment, have high technology base, offering products customized and work in segmented markets, iii) some factors facilitating innovative entrepreneurship were the existence of incentive awards, pioneering initiatives of technology-based enterprises and activities of enterprising people inspiring iv) Difficulties were the shortage of skilled labor, lack of financial resources and the existence of rivalry between the polo.

Keywords: entrepreneurship, innovation, technology-based companies, technological pole.

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1. INTRODUÇÃO

Este capítulo introduz o tema do presente estudo, intitulado "O processo de Empreendedorismo Inovador no Polo Tecnológico de Florianópolis no período de 1987 a 2012". Ele apresenta alguns componentes básicos da dissertação, incluindo a contextualizada do tema, o problema de pesquisa, os objetivos do estudo (geral e específico), a delimitação do tema, a relevância/justificativa do estudo e a descrição sobre como este trabalho está estruturado.

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

Conforme Sarkar (2008), o empreendedorismo é um fenômeno social, que pode gerar transformação, melhoria e crescimento sustentável para organizações, indivíduos e sociedades. Segundo Filion (1997), o termo surgiu no século XIX com propósito de designar as pessoas que identificavam oportunidades de mercado, que assumiam riscos comerciais e que lucravam através da aquisição e revenda de produtos.

De acordo com Dornelas (2001), o termo empreendedorismo é derivado do francês entrepreneur e significa aquele que assume riscos e que começa algo novo. Na literatura acadêmica há várias definições de empreendedorismo, inclusive com significação diferente. Na área econômica, o empreendedorismo envolve o ato de criar uma organização econômica ou uma rede de organizações em busca de lucratividade (TAVARES; LIMA, 2004). Na área da administração, o termo é usado comumente para descrever o processo de criação ou desenvolvimento de determinado empreendimento, aproveitando oportunidades de mercado atraentes e/ou novas formas de atender necessidades de consumidores potenciais (CORDEIRO; PAIVA JR, 2003; BENEDITTI; REBELLO; REYES, 2005). Alguns administradores definem também empreendedorismo como um modelo de gestão, cujas características incluem o foco nos resultados, a busca da superação de desafios, a pró-atividade da organização e a liderança na gestão (PEREIRA; SANTOS, 1995).

Segundo Souza (2001a), o empreendedorismo é um tema atual, relevante e que carece de estudos no campo acadêmico. Os primeiros estudos acadêmicos sobre o assunto

(15)

surgiram na Harvard Business School nos anos 1940, com a criação do International Council

for Small Business, mas o crescimento significativo da sua produção literária ocorreu a partir

da década de 1980.

Os estudos acadêmicos sobre empreendedorismo analisam também perfil e papel do empreendedor. Empreendedor é, segundo Dolabela (1999), o agente do empreendedorismo, um ser social, produto do meio e que se desenvolve em decorrência da convivência com outros empreendedores. Chiavenato (2005) o define como indivíduo (ou grupo de pessoas) comprometido com determinado negócio, que identifica oportunidade de mercado e que consegue reunir os recursos necessários para consolidação do negócio. Na área de administração, o termo tem sido utilizado para designar pessoas que se dedicam à geração de riquezas, à transformação de conhecimentos em produtos comercializáveis ou à introdução de inovações no âmbito de produtos ou processos organizacionais (ZOUAIN; DAMIÃO; SCHIRRMEISTER, 2008).

Alguns estudiosos apontaram que diferentes características definem o perfil do empreendedor. Schumpeter (1997), por exemplo, apontou como características básicas do empreendedor: possuir sonhos, ter vontade de construir império pessoal, ter impulso para lutar e ter vontade de conquistar, de ser superior aos outros e de tornar-se bem sucedido; alguém com alegria para criar, que enfrenta dificuldades, entusiasmado com novos empreendimentos e que percebe o ganho pecuniário como expressão de sucesso. Filion (2001) identificou como características principais do empreendedor as seguintes: inovação, criatividade, visão de oportunidades, persistência, foco no mercado, aceitação de riscos calculados e habilidade para coordenação de atividades e captação de recursos. Segundo Dornelas (2001), essas características podem ser adquiridas através da formação educacional, aptidão pessoal, convívio familiar e/ou da experiência no ambiente de negócios. Há autores que acreditam que algumas dessas características são inatas, não adquiridas pelo indivíduo (CHIAVENATO, 2005).

O papel do empreendedor tem sido também estudado por acadêmicos. Schumpeter (1942), por exemplo, identificou como papel do empreendedor a promoção de reformas na organização e de revolução no padrão do negócio, seja explorando inovações, desenvolvendo possibilidades tecnológicas, criando fontes alternativas de materiais ou lançando novos bens/serviços. Sarkar (2008) apontou como papel do empreendedor a

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identificação e exploração de oportunidades de mercado, através do estabelecimento de estratégias e da promoção de atividades adequadas. Kurakto e Hodgetts (1998), por sua vez, identificou como atribuições do empreendedor, a realização do conjunto de atividades relacionadas à gestão do empreendimento, incluindo planejamento, implementação, liderança e controle. Em função das características e atribuições desejáveis ao empreendedor, o processo de empreendedorismo tem sido associado ao processo de inovação e surgiu o que passou a ser denominado empreendedorismo inovador (Drucker, 1987; Schumpeter, 1942; Hussey, 1997).

Segundo Marques, Luciano e Testa (2006), o processo de inovação consiste no uso de conhecimentos e tecnologias na elaboração de novos produtos ou na melhoria de processos organizacionais. Ele envolve a exploração de oportunidades de negócio, a promoção de mudanças/melhorias e a combinação dos esforços de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) com os de marketing e vendas da organização. Para Hussey (1997), o processo de inovação inclui qualquer ideia nova e em desenvolvimento pela organização relacionada ao produto, processo, método ou sistema de gestão. Na visão de Schumpeter (1934), esse processo compreende um conjunto de ações direcionadas para explorar, com sucesso, novas ideias de negócio, seja lançamento de novos produtos, melhoria de produtos, introdução de métodos de produção, abertura de mercados, identificação de novas fontes de materiais ou introdução de novas formas de organização.

Nesse contexto, o empreendedorismo inovador envolve o processo de estabelecer objetivos de inovação, de aproveitar oportunidades e de aplicar conhecimentos tecnológicos de forma criativa, diferenciada e com propósito de colocar um empreendimento em posição privilegiada em determinado ambiente competitivo (FILION, 1999; SCHUMPETER, 1950). Drucker (1987) definiu como empreendedorismo inovador qualquer empreendimento que aproveite oportunidades de inovação em benefícios do negócio e da sociedade. Na visão de Carland et al (1984), um empreendimento inovador é aquele focado na inovação e que adota estratégicas inovadoras com propósito de lucratividade ou crescimento, que promove a abertura de novos mercados, a introdução de produtos e a melhoria de métodos de produção ou de reorganização industrial. Em geral, o empreendedorismo inovador compreende empreendimentos cuja estratégia é baseada na inovação tecnológica.

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Aparentemente, a ligação entre empreendedorismo e inovação foi feita inicialmente por Schumpeter (1950), no âmbito da teoria do ciclo econômico, quando este definiu o empreendedorismo como o processo de introdução de inovações no sistema econômico em busca de lucro. Essa ligação contribuiu significativamente para a evolução dos estudos acadêmicos sobre empreendedorismo e inovação, tanto em nível internacional como nacional (RICKARDS; MOGER, 2000; PRADO, 2001; HUNG; MONDEJAR, 2005; VALE 2006). Um dos fatores de relevância dos estudos nessa área é contribuição potencial do processo de empreendedorismo inovador para o crescimento econômico regional, seja pela criação de novos negócios, novos produtos e da geração de novos mercados.

No Brasil, a temática do empreendedorismo inovador tem sido abordada por diferentes autores e pesquisadores, tanto no âmbito das empresas de base tecnológica como do

habitat de inovação (MACHADO ET AL, 2010; BRITO ET AL, 2009). Habitats de inovação

são ambientes naturais de desenvolvimento do processo de empreendedorismo inovador e das empresas de base tecnológica (ZEN 2005). Eles têm diferentes formas de apresentação (configurações) e incluem incubadoras de empresas, parques empresariais e polos tecnológicos (ZEN; HAUSER; VIEIRA, 2004).

As incubadoras de empresas são condomínios empresariais que reúnem elementos operacionais e logísticos compartilhados com propósito de minimizar custos e fomentar o desenvolvimento de novos empreendimentos (ARAÚJO, TEIXEIRA; LUCIANO, 2008). As incubadoras de empresas abrigam geralmente empresas de base tecnológica, nascentes e que necessitam de ajuda para sobreviver na fase inicial do empreendimento (AERNOUDT, 2004). Em geral, essas incubadoras oferecem os seguintes serviços/benefícios: espaço físico acessível, equipamentos, laboratórios, serviços básicos administrativos, sistemas de informações e intermediação com outras instituições de apoio ao setor dos empreendimentos (ANDINO; FRACASSO, 2005).

Os parques empresariais (ou parques tecnológico) são arranjos institucionais com área física urbanizada e infraestrutura adequada para receber empresas de base tecnológica e outras instituições de apoio ao setor, visando promover o desenvolvimento industrial regional (ARAÚJO; TEIXEIRA; LUCIANO, 2008; SENDIN et al, 2003). Conforme o Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos (PNI, 2010), parque tecnológico é um complexo que contem incubadora, empresas de base tecnológicas,

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instituições científico-tecnológicas e universidade, de natureza pública e/ou privada, e com apoio institucional e financeiro de governos, comunidade local e setor privado. Tais empreendimentos têm normalmente como proponentes a universidade e o poder público (ANTROTEC, 2005). Segundo Cabré (1988), a ideia de Parque Tecnológico surgiu na Universidade de Stanford (Califórnia/EUA) na década de 30 e com propósito de proporcionar vazão para as inovações emergentes de estudantes de engenharia elétrica da universidade.

Os polos tecnológicos, conhecidos também como tecnópolis, compreendem um conjunto de agentes envolvidos na criação de condições que favoreçam o desenvolvimento científico-tecnológico e de empreendimentos de base tecnológica em determinada região (ETZKOWITZ, 2005). A ANPROTEC (2002) o define como área industrial caracterizada pela presença dominante de pequenas e médias empresas de áreas correlatas e complementares, agrupadas em determinado espaço geográfico e contendo vínculos operacionais com instituições de ensino, entidades de pesquisa e outros agentes locais envolvidos no esforço de promoção de novas tecnologias e do desenvolvimento regional.

Um polo tecnológico se caracteriza pela presença de ambiente industrial, instituições de ensino, instituições de apoio, transferência de ciência e tecnologia, apoio/incentivo governamental, criação de novas tecnologias (processos, produtos e serviços industriais) e pela busca do desenvolvimento econômico regional. Diferente do parque tecnológico, que envolve apenas o agrupamento de empresas e instituições de apoio, o polo tecnológico requer a existência de intercâmbio entre os agentes envolvidos, de arranjos institucionais propícios para a difusão de progressos científicos e tecnológicos (ex: estrutura ágil e pouco burocrática) e o interesse coletivo pelo desenvolvimento econômico regional.

1.2. PROBLEMA DE PESQUISA

Levantamento bibliométrico foi realizado com propósito de identificar o estado da arte do tema e de apoiar na fundamentação teórica do presente estudo. O levantamento feito foi sobre o período de 2008 a 2012 (os últimos 5 anos) e sobre os seguintes descritores (palavras-chave): empreendedorismo, empreendedorismo inovador, polo(s) tecnológico(s) e Polo Tecnológico de Florianópolis. As bases de dados acessadas foram: BDTD, Domínio Publico (para teses e dissertações), Portal Capes, Anpad e EBSCO (artigos científicos).

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A Tabela 1 apresenta os resultados do levantamento realizado. Os resultados iniciais revelaram a existência de 3.817 estudos publicados sobre o tema. Com os cortes realizados, em função da leitura do título (que reduziu o número para 339), da análise dos resumos (que reduziu para 123) e da detecção de artigos duplicados entre bases de dados, o resultado final mostrou a existência de 118 estudos sobre o tema, os quais foram utilizados na construção do referencial teórico e na formulação do problema de pesquisa do presente estudo.

Tabela 1: Levantamento bibliométrico dos últimos 5 anos.

Fonte: Dados da pesquisa bibliométrica nas bases de dados, 2012.

A Tabela 1 mostra o resultado do levantamento bibliométrico feitos nas bases de dados mais utilizadas nas pesquisas, foram levantados os artigos referentes às palavras de busca e realizado os cortes após as leituras dos títulos, resumos e exclusão por duplicidades, respectivamente, e ficando assim os artigos mostrados na tabela a seguir:

POLO TECNOLOGICO Total de artigos Corte após leitura do Titulo Corte após leitura do Resumo Exclusões por duplicidade Final CAPES 915 65 24 1 23 DOMÍNIO PÚBLICO 210 10 4 0 4 ANPAD 71 9 5 0 5 BDTD 86 25 9 0 9 EBSCO 65 37 13 0 11 Total 1347 146 55 1 52 POLO TECNOLOGICO DE FLORIANÓPOLIS Total de artigos Corte após leitura do Titulo Corte após leitura do Resumo Exclusões por duplicidade Final CAPES 11 6 3 0 3 DOMÍNIO PÚBLICO 0 0 0 0 0 ANPAD 0 0 0 0 0 BDTD 4 2 2 0 2 EBSCO 0 0 0 0 0 Total 15 8 5 0 5 EMPREENDEDORISMO Total de artigos Corte após leitura do Titulo Corte após leitura do Resumo Exclusões por duplicidade Final CAPES 1267 41 3 0 3 DOMÍNIO PÚBLICO 43 3 3 0 3 ANPAD 100 31 12 0 12 BDTD 393 18 9 1 8 EBSCO 69 24 15 0 15 Total 1872 117 42 1 41

EMPREENDEDORISMO INOVADOR Total de artigos Corte após leitura do Titulo Corte após leitura do Resumo Exclusões por duplicidade Final CAPES 442 27 2 0 2 DOMÍNIO PÚBLICO 0 0 0 0 0 ANPAD 65 11 5 1 4 BDTD 37 12 5 0 5 EBSCO 39 18 9 0 9 Total 583 68 21 1 20 TOTAL GERAL 3817 339 123 3 118

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Tabela 2: Resultado do levantamento bibliométrico por palavra-chave e base de dados.

Fonte: Dados da pesquisa bibliométrica nas bases de dados, 2012.

A Tabela 2 contém a distribuição dos 118 artigos selecionados por palavra-chave e por base de dados consultada. A partir da leitura dos 118 estudos selecionados, algumas constatações levaram à construção do problema de pesquisa deste estudo. Primeiro, a constatação da importância do polo tecnológico como mecanismo de desenvolvimento regional. Esse aspecto foi apontado na grande maioria dos 52 estudos que contém as palavras-chave “polo tecnológico” e "Polo Tecnológico de Florianópolis". Um exemplo é o trabalho de Camargo (2010) que apresentou como benefícios relevantes do polo tecnológico: a elevação do grau de inovação das empresas, o estímulo à criação de novos empreendimentos, a disseminação de conhecimentos e tecnologias pela universidade, a criação de novas tecnologias pelo centro de pesquisas e o desenvolvimento econômico-social da região.

Segundo, a constatação da associação entre empreendedorismo e habitats de inovação. Dos 41 estudos selecionados sobre o tema, 21 tratam do empreendedorismo em nível de empresas de base tecnológicas, 15 em incubadoras de empresas e 5 em parques ou polos tecnológicos. Mesmo nos estudos que se concentram predominantemente nas empresas de base tecnológica, o processo de empreendedorismo é discutido também no âmbito de incubadoras de empresas, parques empresariais ou polos tecnológicos, como nos casos de Santa Rita do Sapucaí/MG, São Carlos/SP, Paraíba/PE, Rio de Janeiro/RJ e Campinas/SP.

Terceiro, a constatação de que os termos "parque tecnológico" e "polo tecnológico" são, às vezes, empregados de maneira incorreta. Muitos estudos não diferenciam esses termos e os empregam como sinônimos. Há estudos que utilizam o termo "polo tecnológico" para designar um habitat com características de parque tecnológico. Um exemplo é o trabalho de Britto e Albuquerque (2002), que entende como polo tecnológico um

Palavras-chave BDTD Domínio Público Anpad Capes Ebsco Total

1 Polo(s) Te cnologico(s) 9 4 5 23 11 52

2 Polo Te cnologico de Florianópolis 2 0 0 3 0 5

3 Empre e nde dorismo 8 3 12 3 15 41

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ambiente que contém apenas aglomeração espacial de atividades industriais com determinada similaridade e atividades complementares de apoio.

Quarta constatação é que o processo de empreendedorismo inovador tem sido ainda pouco estudado. Apenas 20 estudos relacionados ao tema foram identificados no levantamento bibliométrico realizado e há aparentemente necessidade de ampliar a compreensão sobre o papel desempenhado por governo, universidade e instituições de apoio ao setor de base tecnológica. Aparentemente, alguns assuntos ainda pouco abordados são: como o empreendedorismo inovador tem sido estruturado em nível de polo tecnológico, como polos tecnológicos são desenvolvidos, quais as suas características determinantes e quais os fatores facilitadores e dificultadores desse processo.

Quinto, a constatação da existência de poucos estudos sobre Polo Tecnológico de Florianópolis. Foram identificados apenas 5 estudos sobre o tema e alguns deles abordam as características de parques tecnológicos instalados no Polo de Florianópolis ou dão ênfase a determinadas características do processo de empreendedorismo na região de Florianópolis. Além disso, muitos estudos sobre empreendedorismo inovador em polos tecnológicos abordam temas específicos como o perfil das empresas de base tecnológica instaladas.

A última constatação é a carência de estudos longitudinais sobre o polo tecnológico. A grande maioria dos estudos disponíveis são de natureza transversal. Exemplo é o estudo de Zouain, Damião e Schirrmeister (2008), que levanta as demandas de serviços tecnológicos e de conhecimento no contexto do Parque Tecnológico de São Paulo; o estudo de Lima (2009), que analisa a arquitetura de parques tecnológicos e sua influência na criação de ambientes de inovação; o estudo de Santos (2006), que trata da relação entre competências e empreendedorismo em empresas de base tecnológica. Parece haver necessidade de estudos que contemplem a dimensão temporal, preferencialmente a evolução de polos tecnológicos ao longo de décadas.

A partir das constatações mencionadas, decidiu-se pela realização do presente estudo cujo problema de pesquisa foi formulado através da seguinte indagação: Quais as características do processo de empreendedorismo inovador no Polo Tecnológico de Florianópolis no período de 1987 a 2012?

(22)

1.3. OBJETIVOS DO ESTUDO

Os objetivos deste estudo foram estabelecidos e descrevem os resultados pretendidos, no âmbito geral e específico.

1.3.1. Objetivo Geral

Analisar as características do processo de empreendedorismo inovador no Polo Tecnológico de Florianópolis no período de 1987 a 2012.

1.3.2. Objetivos Específicos

a) Caracterizar o perfil das empresas de base tecnológicas instaladas.

b) Compreender como foi estruturado o processo de empreendedorismo inovador no Polo Tecnológico de Florianópolis.

c) Levantar o papel desempenhado por governo, universidade e instituições de apoio no processo de empreendedorismo inovador na região.

d) Identificar os aspectos facilitadores e dificultadores do processo de empreendedorismo inovador.

e) Identificar os fatores de competitividade do Polo Tecnológico de Florianópolis.

1.4. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Este estudo tem o propósito de analisar as características do processo de empreendedorismo inovador no Polo Tecnológico de Florianópolis. Diante disso, alguns fatores delimitantes foram estabelecidos, envolvendo critérios de delimitação espacial, temporal.

Quanto ao fator espacial, o presente projeto de pesquisa está delimitado ao município de Florianópolis no Estado de Santa Catarina. Segundo a Prefeitura de Florianópolis (2012), a cidade possui população aproximada de 400 mil habitantes e dispõe de 600 empresas de software, hardware e serviços de tecnologia. Ela está se consolidando como um polo de empresas de base tecnológica em nível nacional e internacional e, nas décadas,

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encontrou no setor de tecnologia um importante aliado no desenvolvimento local. Hoje, as empresas de tecnologia formam o segundo ramo de atividade que mais paga Imposto Sobre Serviços (ISS) no município e que impulsiona o crescimento da economia local (FLORIANÓPOLIS, 2012).

Com relação à delimitação temporal, o processo de empreendedorismo inovador no Polo Tecnológico de Florianópolis tem sido dinâmico e evoluiu consideravelmente ao longo do tempo/história. Assim, este estudo tem como delimitação temporal o período de 1987 a 2012, quando várias mudanças importantes ocorreram (como surgimento da legislação de apoio e a criação de fundações e associações empresariais especializadas), período em que houve a consolidação do polo tecnológico e quando a sua relevância econômico-social foi evidenciada, em nível local e nacional.

1.5. JUSTIFICATIVAS DO ESTUDO

Este estudo tem justificativa e relevância de ordem social (natureza prática) e acadêmica (natureza teórica) para a sua realização. Com relação à relevância social, o estudo auxilia as empresas de base tecnológica do Polo Tecnológico de Florianópolis de várias maneiras. Ele possibilita aos novos empreendedores a compreensão antecipada dos fatores facilitadores e dificultadores do processo de empreendedorismo inovador no referido polo. Ele revela detalhes sobre o perfil e necessidades das empresas de base tecnológica que atuam no Polo Tecnológico de Florianópolis e proporciona dados/informações que contribuem para a elaboração de programas de treinamento e políticas pelo governo e instituições de ensino do Estado de Santa Catarina.

O estudo apresenta ainda dados relevantes sobre a atratividade (e aspectos de não atratividade) do Polo Tecnológico de Florianópolis e permite que governo, incubadoras e demais agentes de fomento possa melhorar a competitividade deste polo em relação a outros da região. Mesmo que de forma indireta, os resultados deste estudo podem contribuir para a melhoria dos níveis de emprego, qualificação da mão de obra e para a sobrevivência de empreendimentos de base tecnológica no município de Florianópolis/SC.

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Quanto à relevância acadêmica, o processo de empreendedorismo inovador tem sido pouco estudado na academia de forma longitudinal e em períodos de tempo longos, conforme relevou o levantamento bibliométrico realizado. Há vários estudos sobre empreendedorismo inovador em incubadoras de base tecnológica, mas são ainda raros os estudos que analisam o processo de inovação considerando as três dimensões do modelo da tríplice hélice (CORREIA; GOMES, 2010; COELHO; JUNIOR, 2008) e abordando-as em um habitat de amplitude como o Polo Tecnológico de Florianópolis. O estudo analisou o envolvimento de governo, universidade e instituições de apoio no processo de empreendedorismo inovador. Além disso, conforme Silveira (2010), a maioria dos estudos sobre o tema aborda parques tecnológicos de Florianópolis/SC e há poucos estudos sobre o Polo Tecnológico de Florianópolis como todo. O estudo estimula também o surgimento de novas pesquisas acadêmicas sobre o tema em nível regional e nacional, considerando a relevância do Polo Tecnológico de Florianópolis.

1.6. ESTRUTURA DO TRABALHO

A presente dissertação está organizada em 05 (cinco) capítulos. A Introdução (Capítulo 1), que apresenta o tema do estudo e os componentes básicos do trabalho, incluindo a contextualização do tema, o problema de pesquisa, os objetivos gerais e específicos do estudo e a justificativa/relevância do estudo.

O Referencial Teórico (Capítulo 2), que descreve a partir da pesquisa bibliográfica e do estudo bibliométrico realizados a síntese dos fundamentos teóricos empregados, inclui os tópicos empreendedorismo inovador, processo de inovação, empresas de base tecnológica, habitat de inovação (polo e parque tecnológico) e o Polo Tecnológico de Florianópolis.

O Enquadramento Metodológico (Capítulo 3) aborda as decisões e atividades empregadas na etapa de pesquisa de campo do estudo e contém as definições sobre filosofia da pesquisa, lógica da pesquisa, abordagem do problema, objetivos da pesquisa, estratégias da pesquisa, horizonte de tempo, população, objeto de estudo e amostragem, método de coleta de dados e método de análise dos dados coletados.

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A Apresentação e Análise dos Resultados (Capítulo 4) contêm a descrição do perfil das empresas instaladas no Polo Tecnológico de Florianópolis e os resultados sobre processo de empreendedorismo inovador no Polo Tecnológico de Florianópolis, fatores facilitadores e dificultadores do processo de empreendedorismo inovador, sobre fatores de competitividade do Polo Tecnológico de Florianópolis e sobre o papel desempenhado por governo, universidade e instituições de apoio ao empreendedorismo de base tecnológica na região.

O capítulo 5, Considerações Finais, apresenta a síntese dos resultados do estudo, as limitações do estudo e algumas recomendações para pesquisas acadêmicas futuras sobre o tema.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo descreve o referencial teórico utilizado na condução da pesquisa de campo e situa o presente estudo dentro da sua grande área de pesquisa. Ela aborda os assuntos: fundamentos do processo de inovação (2.1), processo de empreendedorismo inovador (2.2), caracterização de empresas de base tecnológica (2.3), empreendedorismo inovador em hélice tríplice (2.4), configurações de habitat de inovação (2.5) e framework do estudo (2.6). Este referencial teórico foi elaborado a partir livros e estudos (teses, dissertações e artigos) selecionados no levantamento bibliométrico descrito no capítulo Introdução.

2.1. FUNDAMENTOS DO PROCESSO DE INOVAÇÃO

Segundo Sarkar (2008), o termo inovar é derivado do latim innovare e significa algo novo, que se renova ou que pode ser alterado. Na área de gestão empresarial o termo inovação tem sido empregado em diferentes situações. A inovação pode ocorrer na melhoria de processos organizacionais, sejam internos ou externos e no mix de produtos (ZILBER et

al. 2005; VIEIRA; OHAYON, 2005). A inovação está também relacionada à exploração,

experimentação, desenvolvimento, imitação e adoção de novos produtos, processos e arranjos organizacionais (DOSI et al , 1988).

No contexto mercadológico, a inovação compreende qualquer mudança percebida pelo consumidor-alvo do produto, mesmo que este não tenha sofrido qualquer modificação ou melhoria de natureza física. Aqui quem define a existência (ou não) de inovação no produto é essencialmente a interpretação dos usuários, ficando esta sujeita aos valores, convicções e estado de espírito do consumidor (BARBIERI, 1997). A inovação envolve uma ideia nova ou a aplicação de ideias de forma original e que encontre aceitação no mercado, seja a incorporação de novas tecnologias, processos, designs, produtos, mercados e serviços adicionais.

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No contexto da produção, inovação significa qualquer mudança de processos ou produtos da organização, algo contendo aperfeiçoamento substancial em aspectos de execução e/ou no desempenho, incluindo o lançamento de um produto novo e as melhorias nos atributos de um produto existente (BARBIERI, 1997). Exemplos de inovações são produtos tecnologicamente melhorados e mudanças promovidas em atributos físicos de produtos existentes. Schumpeter (1939) definiu, no passado, inovação em função do contexto de produção, no sentido econômico e envolvendo a combinação de fatores e serviços produtivos.

No contexto do empreendedorismo, segundo Zilber et al. (2005), inovação é o processo pelo qual empreendedores exploram mudança como oportunidade de melhoria do negócio e envolve a combinação de invenção e comercialização adequada. Em outras palavras, inovação envolve a utilização de conhecimento e tecnologias para o desenvolvimento de produtos ou para a melhoria na oferta de produtos da organização, visando satisfazer necessidades e desejos de determinado mercado-alvo. Nesse sentido, Porter (1990) associa inovação à tecnologia, produto ou processo organizacional.

A Organização para Cooperação Econômica Europeia, na última edição do Manual de Oslo, que contém proposta de diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação tecnológica, define inovação como “a implementação de um novo produto (bem ou serviço), processo, método de marketing ou ainda um novo método organizacional nas práticas de negócios” (OCDE, 2005, p.46). Naturalmente, a definição da OCDE inclui a inovação tecnológica aquela que compreende a implementação de produtos e processos tecnologicamente novos e a realização de melhoramentos tecnológicos.

Drucker (2010) define a inovação como instrumento do espírito empreendedor, o ato que envolve a combinação de recursos com propósito de criação de riqueza. Segundo ele, a inovação envolve o campo econômico-social e inclui um conjunto de ações como: obtenção de ideias, percepção de oportunidades e capacidade de explorar oportunidades. Para Dosi (1982), a inovação é um processo que contém quatro características fundamentais: incerteza (soluções desconhecidas); alto grau de dependência de oportunidades tecnológicas e conhecimento científico; priorização das atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D), aprendizado por meio de atividades informais de solução de problemas de produção e esforços para satisfazer necessidades dos clientes.

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De acordo com Utterback (1971), há distinção entre invenção e inovação, embora ás vezes as duas estejam intimamente ligadas. A invenção é uma ideia seguida de ação empreendedora, antes de atingir importância econômica. Ao passo que a inovação é uma invenção que chegou ao mercado, que foi comercializada e que produziu algum impacto econômico. Fagerberg (2003) compartilha desse mesmo pensamento ao afirmar que a invenção é a primeira ocorrência de ideia para um produto ou processo e que a inovação é a primeira comercialização da ideia. Para Fagerberg (2003), as invenções podem ser feitas ou descobertas em qualquer lugar (ex: universidade), já as inovações ocorrem principalmente em âmbito comercial, no ambiente das empresas. Para uma invenção ser tida como inovação, ela precisa estar relacionada uma série de recursos (tangíveis e intangíveis) e é isso que diferencia o empreendedor do inventor; a inovação da invenção.

Dornelas (2003) faz também diferença entre invenção e inovação, assim como do empreendedor para o inventor. Segundo ele, o empreendedor utiliza a criatividade aliada ao conhecimento do negócio e às habilidades gerenciais para identificar oportunidades de inovação; enquanto o inventor não tem compromisso de criar algo com fins econômicos, sua motivação é a criação, com foco na simples descoberta de algo novo.

Segundo Handzic (2004), inovação ocorre também no âmbito dos processos organizacionais, sejam produtivos, administrativos e financeiros. A inovação pode fazer com que esses processos ocorram de maneira mais enxuta, necessitando de menos recursos e aumentando a competitividade. A união de conhecimento e tecnologia pode criar grandes melhorias nos processos e proporcionar mudanças significativas na gestão organizacional.

Segundo Freeman (1982) as inovações são atividades técnicas que envolvem a concepção, produção, gestão e comercialização de algo novo (ou melhorado); envolve algo que seja introduzido comercialmente para atender a necessidade específica de determinado usuário ou mercado. De maneira que Utterback e Abernathy (1975) definem como inovação aspectos relacionados à criação de nova tecnologia ou a combinação de tecnologias já existentes.

No contexto do empreendedorismo, inovar é mais do que ter boa ideia, compreende o processo de transformar a ideia em algo que possa ser comercializado com sucesso (TIDD et al., 2001). Inovar requer ideias aplicáveis e rentáveis, invenções

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economicamente relevantes e que possam ser viabilizadas pela organização em beneficio dela e da sociedade. Naturalmente isso exige aptidões completamente diferentes da simples geração de boas ideias.

2.1.1. Importância da inovação

A taxa de inovação tecnológica tem sido o indicador mais empregado para aferir o dinamismo tecnológico de um país e corresponde a relação entre o número de empresas que realizaram alguma inovação em determinado período de tempo e numero de empresas do universo considerado (CGEE, 2005; ANPEI, 2001). A ampla utilização desse indicador revela a importância crescente do processo de inovação no âmbito de organizações e dos países.

Dessa forma a evolução ocorrida na tecnologia, necessidade dos clientes e intensidade da concorrência tem potencializado ainda mais a necessidade de inovação nas organizações (ZILBER et al., 2005) A obsolescência de produtos está acontecendo cada vez mais depressa, fazendo com que o ciclo de duração das inovações seja cada vez menor. As empresas precisam cada vez mais concentrar esforços em processos de inovação e elevar a capacidade de pesquisa, desenvolvimento, produção e comercialização de novos produtos ou produtos melhorados (AMABILE, 1996). O processo de inovação tem sido amplamente relacionado com a competitividade organizacional (BARNEY; CLARK, 2007).

Em quase todos os setores, as empresas que conseguem inovar primeiro tem vantagem competitiva sobre seus concorrentes e dificultam seus produtos sejam copiados. Elas buscam desenvolver produtos (bens e serviços) diferenciados para melhorarem seus resultados, vencendo o dinamismo do mercado e garantindo a vantagem competitiva desejada. Isso requer pesquisadores, criatividade, atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e investimentos em inovação de forma continuada (AMABILE, 1996). Esse contexto revela cada vez mais a importância do processo de inovação.

Tem sido vasta a discussão sobre a importância da inovação frente ao desenvolvimento econômico e do papel da inovação como fonte promotora de

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desenvolvimento econômico-social. Isso foi apontado inicialmente por Schumpeter (1934), quando identificou a existência dos diferentes tipos de inovação (produtos, processos, mercados, fontes de matéria-prima, e estruturas de mercado) e ressaltou a necessidade de ampliação das ações de inovação nos ambitos, gerencial, organizacional, social e tecnológica.

Sarkar (2008) ressalta, no entanto, há ainda necessidade de destacar junto aos agentes econômicos entendimento da inovação como mecanismo de crescimento econômico e a relação entre inovação, crescimento econômico e empreendedorismo.

2.1.2. Tipologias de inovação

Há diferentes tipologias de inovação, em função das diversas perspectivas ou critérios de classificação utilizados. Essas tipologias estão fortemente ligadas à maneira como os pesquisadores e gestores organizacionais veem à inovação. Sarkar (2008) analisa as inovações sob duas perspectivas. A perspectiva macro envolve a inovação que representa novidades para o mundo, para a indústria e para o mercado. Esta perspectiva está ligada à descontinuidade tecnológica, ao aumento de produtividade e competitividade, e vai ao encontro do paradigma de mudança no estado da ciência e da tecnologia. A perspectiva micro envolve a inovação como novidade para empresa e para o consumidor.

Tidd et al. (1997) e Freire (2000) classificam as inovações em função da extensão percebida na mudança, podendo este ser incremental, radical e revolucionária. Há inovação incremental quando ocorre pequena melhoria em processos, produtos da empresa. Ao passo que a inovação radical ou distintiva acontece quando há melhorias significativas. A inovação de ruptura ou revolucionária implica no desenvolvimento de novos processos, produtos e pelo emprego de novas tecnologias.

Barbieri (1997) classifica as inovações em 4 categorias. A introdução de novo processo produtivo ou alteração no processo existente, incluindo alterações em máquinas, equipamentos, instalações, métodos de trabalho, geralmente com objetivo de reduzir custos, melhorar a qualidade ou aumentar a capacidade de produção. As modificações no produto

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existente ou substituição de um modelo com a mesma finalidade básica, mas acrescidas outras complementares. A introdução de novos produtos integrados verticalmente aos existentes. A introdução de novos produtos que exigem novas tecnologias para a empresa.

Quanto ao objeto da inovação, a OCDE (2005) classifica as inovações em inovação de produto, inovação de processo, Inovação de marketing e Inovação organizacional. A inovação de produto envolve a introdução de bem ou serviço novo ou um aperfeiçoamento significativo em termos de especificação técnica (componente, material,

software agregado), facilidade de utilização ou outra característica funcional relevante do

produto, podendo haver a utilização de novas tecnologias e conhecimentos ou a combinação de tecnologias já existentes. A inovação de processo envolve um novo ou melhorado método de produção ou distribuição em técnicas, equipamentos e software, objetivando reduzir custos de produção e distribuição, incluindo novas ou melhoradas tecnologias de informação e comunicação (TIC) ao se buscar mais eficiência.

A inovação de marketing compreende mudanças significativas na concepção de produtos com o objetivo de atender necessidades do consumidor ou reposicionando produto no mercado para gerar aumento de vendas, incluindo métodos que ainda não tenham sido utilizados pela empresa, mudanças e design, como forma e aparência, mesmo que não haja alteração nas características funcionais. A inovação organizacional consiste em introdução de métodos organizacionais na empresa, local de trabalho ou relações externas que resultem em redução de custos administrativos e inclui novas práticas para melhorar o compartilhamento de conhecimento e aprendizado organizacional.

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Quadro 1: Tipologias de inovação. Fonte: Adapto de Malgueiro (2011).

O Quadro 1 resume algumas tipologias de inovação. Não há uma hierarquia entre os diversos tipos de inovação, mesmo que isso possa significar diferentes níveis de vantagens competitivas. No entanto, as organizações precisam definir as suas estratégias de inovação e desenvolver seu potencial de inovação através de um processo gerencial sistematizado. A tipologia mais ampla é a proposta por Schumpeter (1939), que classifica as inovações em cinco categorias principais: introdução de um novo bem, introdução de um novo método de produção, abertura de um novo mercado, conquista de nova fonte de matérias-primas e estabelecimento de nova organização. Em seguida, a classificação do Manual de Oslo (2005) que tipifica as inovações em quatro categorias: inovações de produto, inovações de processo, inovações organizacionais e inovações de marketing. Uma tipologia bem conhecida é a de Damanpour (1991), que classifica as inovações em administrativas/técnicas, de produtos/processo e radical/incremental.

A inovação radical implica no desenvolvimento de novos produtos, processos e representa uma ruptura estrutural com o padrão tecnológico anterior, originando novas indústrias, setores e mercados, que representa redução de custos e aumento de qualidade em produtos já existentes. Ao passo que a inovação tipo incremental refere-se à introdução de qualquer tipo de melhoria em um produto, processo ou organização da produção dentro de uma empresa, sem alteração na estrutura industrial (DANMAPOUR, 1991). As organizações podem trabalhar por meio desses dois pontos de referência, criando novos produtos e fazendo melhorias incrementais nos produtos já existentes.

Schumpeter (1939) Damanpour (1991) Manual de Oslo (2005) Sie, Chu e Chen (2007) Tidd, Bessant e Pavitt (2008)

Introdução de um novo bem

Administrativa e

Técnica Inovações de produtos Inovação organizacional Inovação de produtos Introdução de um

novo método de produção

Produto e processo Inovações de processos Inovação Informacional Inovação de processos Abertura de um novo

mercado Radical e Incremental Inovações organizacionais Inovação tecnológica Inovação de posição Conquista de uma

nova fonte de matéria prima ou bem semimanufaturado

Inovações de marketing

Estabelecimento de uma nova organização

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2.1.3. Processo de desenvolvimento de inovação

Segundo Sarkar (2008), o processo de desenvolvimento de inovações contém várias fases, incluindo a necessidade de geração de ideias, o reconhecimento de oportunidades, a escolha de alternativas viáveis e a implementação da ideia. No processo de inovação tecnológica tem sido descrito através de diferentes modelos teóricos, os procedimentos e técnicas envolvidas e as forças motoras das atividades inovativas. Segundo Jabour et al (2004), as forças motoras das atividades inovativas podem ser do tipo

demand-pull (puxadas pela demanda), science-push (empurradas pela ciência) ou technology-push

(empurrados pela tecnologia).

O conceito market pull corresponde ao processo de inovação que ocorre em função de uma nova necessidade do consumidor ou da introdução de uma novidade pelo concorrente e que representa a força de mercado que puxa o processo de inovação, que força a empresa inovar, independentemente da geração de um novo conhecimento técnico ou científico. Já o conceito science/technology push corresponde à força do segmento gerador de novos conhecimentos tecnológicos e científicos, e sugere, lançar novos conhecimentos, ideias ou até protótipos a serem adotados ou não pelas empresas ou pela economia.

Fiates (1997) apresentou um modelo que contém 13 etapas: a pesquisa exploratória ou orientada, desenvolvimento da ideia, reconhecimento da viabilidade, definição do projeto de inovação, desenvolvimento da ideia, desenvolvimento de protótipos, definição do design, engenharia de produto, engenharia de processo, transferência da produção, difusão pré-comercial, difusão comercial e avaliação de resultados. O modelo de Fiates (1997) é abrangente e descreve em detalhes todo processo de desenvolvimento de inovações, desde a etapa inicial de geração de ideias até as etapas finais de comercialização e mensuração de resultados. Elaborado a partir das contribuições de vários outros pesquisadores, o modelo leva em consideração aspectos do mercado (market pull) e do progresso científico tecnológico (science/technology push). Segundo Fiates e Fiates (2008), essas 13 etapas do processo de inovação podem ocorrer de maneira sobreposta, de forma não linear e permite adaptação pela organização em função das suas características e peculiaridades.

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Conforme Dosi et al (1988), o processo de desenvolvimento de inovações requer regularidades em seus padrões, por exemplo, paradigmas tecnológicos, um padrão de solução de problemas tecnológicos selecionados baseados em determinados princípios e derivado das ciências naturais e em tecnologias apropriadas. A trajetória tecnológica, um padrão de atividade normal de resolução do problema, com base em determinado paradigma tecnológico. O processo de inovação requer também o uso de ferramentas, metodologias e estratégias apropriadas e a formação de ambientes propícios à inovação.

Conforme Drucker (1980), a pesquisa é um instrumento essencial para obtenção de inovação. A inovação requer o abandono sistemático do passado, a vontade de organizar iniciativas empreendedoras e a busca sistemática de oportunidades inovadoras nos pontos vulneráveis de uma tecnologia, processo ou mercado. Ela envolve a criação de novos negócios e de novos produtos ou modificações de produtos antigos. A pesquisa de mercado e tecnológica pode atender essas necessidades em processos de desenvolvimento de inovações.

2.1.4. Inovação como vantagem competitiva

Segundo Porter (1989) para uma empresa ter vantagem competitiva ela tem que conseguir valor agregado diferenciado frente a seus concorrentes e obter retorno substancial do capital investido. Segundo ele, a vantagem competitiva acontece quando as empresas conseguem gerar valor a partir da oferta de produtos e serviços com preços mais competitivos que os concorrentes, mantendo a mesma qualidade.

Barney e Clark (2007) concluíram que uma empresa possui vantagem competitiva quando é capaz de gerar maior valor econômico do que empresas rivais. Valor econômico é a diferença entre os benefícios percebidos pelo cliente e o custo econômico total desses produtos. O tamanho da vantagem competitiva de uma empresa é a diferença entre o valor econômico que ela consegue criar e o valor econômico que suas rivais conseguem criar. Isso significa que a vantagem competitiva está relacionada com o grau de inovação.

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Segundo Hitt, Ireland e Hoskisson (2003), a competitividade estratégica é alcançada quando uma empresa é bem-sucedida na formulação e implementação de inovação que gere valor. Quando uma empresa implementa alguma inovação que outras não conseguem reproduzir ou acreditam que seja muito dispendioso imitá-la, ela terá obtida uma vantagem competitiva sustentável.

Barney e Clark (2007) pontuam quatro aspectos essenciais de inovações como estratégia de vantagem competitiva. Primeiro, analisar os produtos oferecidos pelo mercado e oferecer um diferencial nos seus produtos, gerando valor agregado. Segundo, entender a diferença entre o valor percebido do produto pelo cliente e o valor de custo desse produto para a empresa. Terceiro, a percepção dos consumidores nos benefícios dos seus produtos mostra a qualidade como diferencial na escolha da empresa. Por fim, a prática constante de buscar valor aumenta a eficiência da empresa. Dessa forma, as empresas podem gerar maior valor para a economia através da manutenção de benefícios percebidos e/ou fazendo com que esses benefícios tenham um custo cada vez menor.

De acordo Ferraz (1995), manter uma vantagem competitiva sustentável depende da capacidade de inovar não somente em seus processos, mas tornar a inovação sistemática. Ela não necessita obrigatoriamente de grande investimento tecnológico, mas ser capaz de inovar continuamente, o que demanda produzir conhecimento por meio da aprendizagem nas organizações. A vantagem competitiva tende a promover a criação de valor econômico para a organização e no longo prazo contribui para elevar o padrão do mercado e da sociedade. Barney e Clark (2007)

2.2. PROCESSO DE EMPREENDEDORISMO INOVADOR

O empreendedorismo tem sido estudado sob diferentes enfoques e por uma variedade de áreas de conhecimento, incluindo psicologia, sociologia, economia e administração (CORDEIRO; PAIVA JR, 2003; BENEDITTI, REBELLO; REYES, 2005). O Quadro 2 mostra seis eixos-chave na definição do empreendedorismo na concepção de diferentes autores/pesquisadores. Uma ideia comum entre os autores é a ligação entre

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empreendedorismo e inovação, ambos fundamentais no processo de desenvolvimento econômico-social. As definições de empreendedorismo estão em sua maioria, ligadas à criação de novas empresas, ao aproveitamento de oportunidades de mercado, a introdução de novas formas de satisfazer necessidades do mercado.

Quadro 2: Eixos-chave na definição de empreendedorismo. Fonte: Adaptado de Carvalho e Sarkar (2008).

Conforme Gartner (1989), o empreendedorismo está no que o empreendedor faz e não apenas nas suas características. Ele envolve a avaliação do processo por meio do qual determinada organização foi criada e dos diversos papéis desempenhados pelos indivíduos nas diferentes fases do empreendimento (ex: inovador, gestor, executor). O empreendedorismo é a muito tempo alvo de pesquisas e estudos acadêmicos. Schumpeter (1950), por exemplo, enfatizou várias vezes a importância do assunto, revelou que as inovações tecnológicas podem apoiar o processo de empreendedorismo.

Segundo Sarkar (2008), o empreendedor inovador é quem aplica uma inovação no contexto dos negócios, seja no lançamento de um novo produto; implementação de um novo método de produção; abertura de um novo mercado; aquisição de uma nova fonte de oferta de materiais; criação de uma nova empresa. O empreendedorismo está intrinsecamente

EIXOS CHAVES AUTORES

Empreendedorismo e inovação Schumpeter(1934); Drucker (1985)

Identificação das oportunidades e sua exploração

Kirzner (1973); Shane (2003); Venkataraman (1997)

Empreendedor, caracteristicas e comportamento McClelland (1961)

Empreendedorismo como processo - criação de empresas Gartner (1988)

Expressão organizacional do projeto empreendedor (novas

empresas/empresas existentes) Stevensene Jarilo (1990) Exploração de oportunidades; e a sua sustentabilidade através

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relacionado com a inovação, aprendizagem e o conhecimento nas organizações. Ele é utilizado, principalmente para desenvolver atividades como a geração de riquezas, transformando o conhecimento em bens e serviços, na geração do próprio conhecimento ou na inovação em áreas como marketing, produção, organização etc. (DOLABELA, 1999).

Schumpeter (1939) trouxe a ótica da concorrência e da competitividade para o empreendedorismo e que a inovação traz uma série de novas funções em evolução que diferenciam os métodos de produção e a criando novos produtos que consequentemente vão gerar novas perspectivas de consumo. De fato, os empreendedores inovadores buscam criar valores novos e diferentes ou combinar recursos de forma a atingir uma nova e mais produtiva configuração (DRUCKER, 2010).

Ao longo dos anos os pesquisadores descreveram diferentes tipos de empreendedorismo. Sarkar (2008) os classifica em empreendedorismo por necessidade (formado por desempregados e por aqueles que não tiveram acesso a educação, não restando alternativa de trabalho); empreendedorismo ético; empreendedorismo de capital; empreendedorismo eletrônico; e empreendedorismo familiar. Dornelas (2005) os classifica em: empreendedor nato, empreendedor que aprende, empreendedor serial (cria novos negócios), empreendedor corporativo, empreendedor social (trabalha para outras pessoas e em projetos sociais), empreendedor por necessidade, empreendedor herdeiro e empreendedor planejado.

O empresário inovador é alguém com capacidade de estabelecer objetivos para aproveitar oportunidades de negócio e identificar meios para alcançar estes objetivos de forma criativa, diferenciada (FILION, 1999; SCHUMPETER, 1950). Segundo Drucker (2003), a inovação é uma ferramenta específica dos empreendedores, o meio pelo qual exploram as alterações como uma oportunidade, para um negócio ou um serviço diferente. A inovação pode ser aprendida e ser praticada. Para isso, os empreendedores inovadores buscam fontes de inovação, alterações e sintomas que indicam possíveis oportunidades de sucesso.

Para Dolabela (1999), ser empreendedor inovador não é somente gerar inovação através de invenções, mas também trazer as invenções para a realidade de maneira vencedora, com geração de valor. Para ser considerado empreendedor inovador é necessário que alguma inovação seja capaz de gerar valor para organização e para os clientes. Schumpeter (1982) e

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Gartner (1989) defendem que o empreendedorismo é consolidado dentro de uma organização quando o processo de criação estiver concluído.

Para Carton, Hofer e Meeks (1998) e Kiezner (1973), o empreendedor inovador é quem identifica oportunidades e por meio de recursos necessários, cria e se responsabiliza pelo desempenho da organização, a partir da execução de suas ideias. Casson (2003) entende o empreendedor inovador como alguém capaz de avaliar os recursos necessários de forma a controlar o contexto onde sua organização está inserida. De acordo com Nonaka (2000), a geração e disseminação de conhecimentos são fatores de vantagem competitiva e de transformação da sociedade e que a conversão do conhecimento individual em recursos disponíveis para outras pessoas constitui a atividade central da empresa inovadora e criadora de conhecimento.

A inovação tecnológica é um processo realizado por uma empresa, para introduzir produtos e processos que incorporem novas soluções técnicas, funcionais ou estéticas (BARBIERI, 1997). A inovação tecnológica esta ligada ainda a novidades relativas ou absolutas. As relativas acontecem quando a novidade é percebida apenas no escopo da empresa, enquanto que a absoluta quando esta é percebida na indústria (SARKAR, 2008).

Uma pesquisa realizada pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2010) revelou que a Taxa de Empreendedorismo em Estágio Inicial (TEA) no Brasil é de 17, 5%, enquanto na China é de 14,4% e na Argentina de 14,2%. Entre os países do BRIC, o Brasil e a China têm mantido as suas posições nos últimos anos. Essa categoria de empreendedores no Brasil vem apresentando constante crescimento desde 2005 e esse crescimento é resultado do aumento do número de empreendedores de negócios novos. A pesquisa revelou a existência de empreendedorismo por oportunidade (resultado da identificação de uma oportunidade no mercado para empreender) e empreendedores por necessidade (que empreendem vendo que a abertura do próprio negocio é a solução para seus problemas). A proporção de empreendedores por oportunidade é de 2,1 para cada empreendedor por necessidade.

O estudo de Marques, Luciano e Testa (2006) analisou os elementos que determinaram o sucesso de um empreendimento derivado da inovação gerada a partir da interação universidade-empresa. O artigo relata o caso da empresa Zero-Defect, uma spin-off que atua no mercado de teste de software. O estudo indica que são aspectos fundamentais para

Referências

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