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Qatar Multimídia: Discover true Qatar

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA RAFAELLA GERÔNIMO DE MORAES

QATAR MULTIMÍDIA: DISCOVER TRUE QATAR

Palhoça 2018

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RAFAELLA GERÔNIMO DE MORAES

QATAR MULTIMÍDIA: DISCOVER TRUE QATAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Jornalismo, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientadora: Profa. Solange M. Leda Gallo, Dra.

Palhoça 2018

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RAFAELLA GERÔNIMO DE MORAES

QATAR MULTIMÍDIA: DISCOVER TRUE QATAR

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Jornalismo e aprovado em sua forma final pelo Curso de Jornalismo, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

______________, _______ de ___________ de 20____.

_____________________________________________ Profa. e orientadora Solange M. Leda Gallo, Dra.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________ Prof. Luciano Gonçalves Bitencourt, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________ Prof. Roberto Luiz Svolenski, Me.

Universidade do Sul de Santa Catarina

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Dedico o presente trabalho aos meus pais e aos meus avós que me proporcionaram, no decorrer dos meus 20 anos, a oportunidade de estudar em ótimas instituições de ensino. Dedico também aos professores do curso de Jornalismo que, ao longo desses três anos e meio, compartilharam seu conhecimento e experiência comigo, em especial à orientadora prof. Solange M. Leda Gallo, por ter abraçado meu projeto e me aconselhado nessa caminhada, e ao prof. Luciano Bitencourt que me inspirou com ideias para o projeto.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família - à minha mãe Vanessa, ao meu pai Emanuel, meu irmão Guilherme, minha avó Goretti, meu avô Antônio, e ao meu namorado Eduardo - que em todas as vezes que pensei em desistir seguraram minha mão e me apoiaram lembrando-me que tudo daria certo no final. Todo o esforço que meus pais e meus avós fizeram para que eu estivesse aqui foi meu combustível. Nós sabemos que vai valer a pena!

A todos aqueles que fizeram parte da minha trajetória até o momento, e que contribuíram positivamente ou negativamente para eu me tornar quem sou hoje. A todos os que, por qualquer razão, tenham alterando o curso da minha caminhada, mesmo que de forma singela.

Em especial, nesse projeto; Discover true Qatar, agradeço a todos os moradores do Qatar que, de forma prestativa, aceitaram participar. Sem vocês nada disso teria se tornado realidade. Shukran! Thank you! Obrigada!

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RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso objetiva descrever o processo de produção de reportagens e a criação do site multimídia Discover true Qatar (http://discovertrueqatar.com), website sobre o Qatar, país que sediará a Copa do Mundo de 2022. O Discover true Qatar é bilíngue, em português e inglês. Com um território oito vezes menor que o estado de Santa Catarina, e com uma população estimada de 2.577.501 pessoas, o Qatar é reconhecido por suas riquezas em petróleo e gás natural. Entrevistas com nativos e estrangeiros, reportagens sobre cultura, geografia, cidades, e conteúdo sobre a Copa do Mundo estarão disponíveis no website que tem como principal objetivo quebrar barreiras culturais. Criado no sistema de gerenciamento de conteúdo WIX, o site apresenta depoimentos e cenas do dia-a-dia em vídeos, textos e fotografias. O trabalho continuará ativo, e as atualizações serão publicadas semanalmente.

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ABSTRACT

This project describes the process of producing reports and the creation of the multimedia site Discover true Qatar (http://discovertrueqatar.com), a website about Qatar, country which will host the 2022 World Cup. Discover true Qatar is bilingual, in Portuguese and English. With a territory eight times smaller than the state of Santa Catarina, and an estimated population of 2,577,501 people, Qatar is recognized for its abundance in oil and natural gas. Interviews with natives and foreigners, culture, geography, and curiosities, World Cup content will be available on the website what main goal is break cultural barriers. Created on WIX content management system, the site features testimonials and day-to-day scenes in videos, essays and photos. The project will remain active, and updates will be posted weekly.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Mapa com a localização do Qatar...14

Tabela 1 – Qatar por nacionalidades...18

Gráfico 1 – População do Qatar versus Estrangeiros...19

Fotografia 1 – Museu de Arte Islâmica do Qatar durante o inverno de 2015...20

Fotografia 2 – Exterior do Museu Árabe de Arte Moderna do Qatar...22

Fotografia 3 – Exterior do Fire Station...23

Fotografia 4 – Exterior do Museu Nacional do Qatar...23

Fotografia 5 – Interior do Museu Orientalista do Qatar...24

Fotografia 6 – Exterior do Museu do Sheikh Faisal Bin Qassim Al Thani...25

Fotografia 7 – Forte de Al Zubarah...26

Fotografia 8 – Sítio Arqueológico de Freiha, Qatar...27

Fotografia 9 – Torre localizada no Qatar...28

Fotografia 10 – Forte localizado no Qatar...28

Fotografia 11 – Um dos poços encontrados no Qatar...29

Fotografia 12 – Visão panorâmica da ilha de Jazirat Bin Ghannam no Qatar...30

Imagem 1 – Layout inicial do website Discover True Qatar...42

Imagem 2 – Continuação do layout do site Discover True Qatar...43

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BBC – British Broadcasting Corporation

FAO – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura MIA – Museum of Islamic Art

PIB – Produto Interno Bruto QAR – Rial do Qatar

QDC – Centro de Distribuição do Qatar TCC – Trabalho de Conclusão de Curso

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...11

2 SOBRE O QATAR...13

2.1 CARACTERÍSTICAS CULTURAIS...13

2.2 PATRIMÔNIO E MEMÓRIA...17

2.2.1 Lista de museus no Qatar...20

2.2.2.1 Lista de patrimônios do Qatar...26

3 JUSTIFICATIVA...31 3.1 COPA DO MUNDO 2022...31 3.2 INTERNET E JORNALISMO...31 4 REFERENCIAL TEÓRICO...33 4.1 CULTURA...33 4.2 JORNALISMO CULTURAL...36 4.3 MULTIMÍDIA...37 5 PROCESSOS DE PRODUÇÃO... 39 5.1 O COMEÇO DE TUDO...39 5.2 O TRABALHO...40 5.3 TÉCNICAS DE JORNALISMO...40 5.4 I T R T S U TI I ...41 6 CUSTOS...44 CONCLUSÃO...45 REFERÊNCIAS...46

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1 INTRODUÇÃO

A história de um país costuma vir acompanhada por um rico conteúdo com registros de personagens que fizeram e fazem parte da construção do patrimônio cultural e material da região desde o início do povoamento.

A diferença entre as culturas de todos os países é extensa e pode ser analisada, principalmente, na religião, educação, características políticas, experiências históricas e posição social. Todos esses fatores, e muitos outros, fazem parte do comportamento e da cultura humana.

O mundo islâmico carrega características peculiares, sendo representado por um misticismo que aguça a curiosidade de diferenciados povos ao redor do mundo. Os holofotes voltados ao Qatar – país islâmico localizado no Golfo Pérsico – é recente. Muitas pessoas ainda desconhecem a história do pequeno país abastado de petróleo, o oposto do seu conhecido vizinho que costuma roubar a cena na mídia, Dubai. Apesar disso, o Qatar é considerado um país empreendedor por essência e as estatísticas de Produto Interno Bruto (PIB) demonstram este fato a cada ano que passa.

Discover true Qatar é um trabalho que tem como objetivo compreender a fundo a sociedade e identidade daqueles que no Qatar vivem. O website traz para o internauta a possibilidade de escolher dentre os conteúdos multimidiáticos do site. Os conteúdos são relativamente autônomos, não dependem um dos outros - imagem, vídeo e texto, todas essas materialidades estão presentes.

Em suma, a Copa do Mundo de 2022 será sediada pelo país governado pelo Emir amin Bin Hamad Al-Thani, o atual titular do trono qatari. O país está se preparando para receber as seleções de futebol e os turistas mundiais desde o sorteio do evento realizado em 2010. Este fato foi um assunto que considerei interessante a ser abordado, visto que é um evento de interesse de boa parte da população mundial: a Copa do Mundo.

A Copa do Mundo de 2022 será uma excelente oportunidade de alcançar um público maior para o website Discover True Qatar, visto que o país será o foco nas mídias mundiais. Muitos turistas procuram informações antes de viajarem, no caso do Qatar, vale destacar e conhecer sua cultura peculiar.

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eternidade, mesclar aspectos culturais do país em produções jornalísticas na plataforma de rede é difundir povos.

O Discover true Qatar é um espaço on-line para visibilidade das manifestações culturais, bem como patrimônios históricos do Qatar a partir de uma produção jornalística multimídia, com o objetivo principal de quebrar barreiras culturais.

Diferente do rádio e da televisão, na internet o usuário tem acesso a fotografias, áudios, vídeos e textos, tudo no mesmo portal digital. Além disso, as matérias poderão ganhar mais visibilidade, visto que poderão ser compartilhadas via Facebook, WhatsApp, Twitter e qualquer outra rede social em que o internauta tenha conta, multiplicando os acessos do site, pois há uma estrutura de links articulando os vários espaços. Todo este material poderá ser acessado em qualquer lugar do mundo, visto que a internet possibilita essa troca de informações.

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2 SOBRE O QATAR

2.1 CARACTERÍSTICAS CULTURAIS

O Qatar, país localizado no Golfo Pérsico, entre as latitudes (24,27> e 26,10) e norte e comprimento (50,45% e 51,40%), possui um território oito vezes menor que o estado de Santa Catarina, estendendo-se para o norte em águas do Golfo, abrangendo exatos 11.571 km². O país, que é carinhosamente apelidado por alguns dos brasileiros que moram lá, de 50 tons de bege, é constituído por planícies áridas e diversas colinas e dunas de areia, mas em geral, é formado por superfícies rochosas lisas. Por este motivo, quase todas as construções são pintadas de bege, pois há muita tempestade de areia (QATAR, 2010).

O Qatar é composto, também, por praias arenosas de mares com uma tonalidade semelhante à praias do Caribe, em contraste com regiões que podem atingir altitude de 40 metros acima do nível do mar, como em Dukhan, localizado na parte ocidental do Qatar, segundo o site oficial do país (QATAR, 2010).

Quando fui pela primeira vez para o Qatar, em meados de 2015, cheguei durante uma tempestade de areia no caloroso verão. Quando coloquei meus pés para fora do aeroporto, parecia que eu havia aberto um forno pré-aquecido. O clima desértico do Qatar provoca verões bem quentes, entre 30º e 50º, e invernos que não costumam exceder mínima de 8º e máxima de 22º. Porém, quando me perguntam se o calor do país é insuportável, costumo dizer que o do Brasil, talvez seja pior, devido à umidade relativa do ar. Isso faz com que a gente sue muito. Diferente do Qatar, que é seco. Outro ponto importante; Nem todos os lugares (casas e estabelecimentos) do Brasil contam com ar condicionado, mas nas terras qatari até alguns dos pontos de ônibus oferecem esse benefício.

Suas fronteiras terrestres confrontam apenas com a Arábia Saudita e faz fronteiras marítimas com o Bahrein, o Irã e os Emirados Árabes Unidos. O árabe é o idioma oficial. No entanto, o inglês é a segunda língua mais falada (SADDIQ, 2017).

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Figura 1 - Mapa com a localização do Qatar

Fonte: Siddique, 2017.

Assim como o Brasil, o Qatar já foi um país colonizado pela Grâ-Bretanha, tendo alcançado a independência apenas em 1971. Desde então, adota como sistema de governo a monarquia absolutista, simbolizada pelo governo hereditário da família Al-Thani. Em todos os lugares que frequentei e com todos os qataris que conversei, pude notar que eles idolatram o Emir1 do país. Os carros circulam com adesivos do rosto dele, os comércios estampam imagens dele e do pai, antigo Emir. Todos que ouvi disseram a mesma coisa, que o Emir é uma pessoa muito boa para o país (QATAR, 2018).

Segundo o site oficial do Qatar, a família Al Thani carrega o nome devido ao chefe da tribo, Thani bin Mohamed que governou o país. Al Thani era parte da tribo de Beni Peneira, que deriva do seu antecessor, Change Bin Nizar. A chegada da tribo de Al Thani ao Qatar da cidade de Al Eshaiqar na região de Washem, durante o século XVIII, foi o começo da história da família. Da cidade de Al Eshaiqar, Al Thani mudou-se para o Oasis de Al-Rewais e mais tarde para Zubarah. Só no século XIX, eles se fixaram em Doha, atual capital do Qatar, sob o comando de Mohamed Bin Thani (QATAR, 2018).

Doha, a capital do país, é a sede do governo e das principais instituições

1

Emir: título dos governantes de províncias muçulmanas. Termo que, em árabe, significa comandante (SIGNIFICADO de..., 2018, n.p.).

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financeiras. A cidade acolhe mais ou menos a metade da população2 do país, por isso, possui um trânsito caótico. O prédio em que eu moro fica localizado bem no centro de Doha. Para sairmos de casa em horário de pico temos que esperar uns 20 minutos só para conseguir sair do portão do condomínio, atravessado por uma fila quilométrica (QATAR, 2018).

A moeda do país é Rial do Qatar. QAR é o código de moeda. 1 QAR vale 0,98 centavos brasileiros.3 A economia do país árabe era baseada na extração de pérolas dos mares do Golfo Pérsico. Todavia, a ascensão astronômica na economia do país só ocorreu quando do início da produção de gás e petróleo, fatores que transformaram o Qatar em um dos países mais ricos do globo terrestre, possuindo o terceiro maior PIB per capita do mundo. Em 2016, o PIB foi de 152,5 bilhões de dólares americanos, segundo o Banco Mundial (2017).

Com vastas reservas de petróleo e gás, o Qatar goza de um dos mais elevados padrões mundiais de vida. Os esforços para diversificar a economia e reduzir a dependência face ao setor da energia têm tido um sucesso apenas moderado. As indústrias de petróleo e gás ainda contribuem para cerca de metade do PIB. Com base em políticas de uma economia aberta, o Governo está a tentar posicionar o Qatar como um futuro centro logístico e financeiro. (THE HERITAGE FOUNDATION apud CAIXA ECONÔMICA MONTEPIO GERAL, 2015, p.3)

A população do Qatar é formada por maioria masculina, menos de 700 mil são mulheres. Este fato, segundo o jornal BBC, deve- se à explosão populacional do país que é um estado construído por imigrantes, esmagadoramente jovens e homens. Atualmente a maioria destes imigrantes está envolvida na construção da infraestrutura da Copa do Mundo de 2022. Grande parte dos imigrantes vem da Índia e do Nepal, por isso a religião Hindu é a terceira maior do Qatar, depois dos muçulmanos e cristãos, de acordo com o World Factbook da Agência de Inteligência Nacional (CIA, 2014).

A cultura qatari possui regras rígidas, baseadas no alcorão. As leis do Qatar são regidas por dois sistemas legais: Sharia4, em leis sunita5, assentado no

2

A estimativa de população do Qatar até 24/10/17 é de 2.499.726, segundo o site Country Meters (2017).

3 Data de 8 de maio de 2018. 4

Sharia regula toda a vida dos muçulmanos, incluindo política, economia e comércio, contratos, sexualidade, família, higiene e questões sociais (SILVA, 2013).

5 Sunita: ¨Povo de tradição”, referindo-se às práticas baseadas em que o profeta Muhammad acreditava. A vida

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Islamismo, conforme descrito no Alcorão e o Adlia que envolve os estrangeiros não muçulmanos, alicerçado na lei comum britânica (SILVA, 2013).

Os muçulmanos não podem comer carne de porco, sangue e carnes de animais abatidos, pois são considerados alimentos haram6. Mas isto não significa que estrangeiros não possam comer carne de porco, por exemplo. Na verdade, estrangeiros podem, mas não em público. Tampouco acharão esse tipo de carne no mercado convencional (FERRAZ, 2016). Por esta razão, existe um local chamado Qatar Distribution Center (QDC) – Centro de Distribuição do Qatar, em português – que vende carne de porco e bebidas alcoólicas. Para comprar carne de porco e bebidas alcoólicas no QDC é necessário obter uma autorização. Para conseguir essa autorização, é necessária uma carta do empregador, assinada e carimbada pela pessoa autorizada na empresa, bem como discriminar a posição em que trabalha, salário, local onde mora, religião, estado civil, passaporte, permissão de residência e ainda, realizar um depósito mensal para manter a autorização. Quando vamos comprar produtos no QDC, a sensação é que estamos comprando algo ilegal, todas as sacolas de compra do QDC são pretas e você só pode andar com estes produtos do mercado para casa. Para entrar no estacionamento do mercado, um segurança já aborda o carro para que o comprador apresente a autorização.

Beber em público, conduzir um carro em estado de embriaguez e outras condutas que envolvam bebidas alcoólicas, podem resultar em prisões, multas ou deportação.

Além da carne de porco e do álcool, estão na lista de coisas que não se pode fazer no Qatar: mágica, tarô, búzios, adivinhações etc., sob a pena de prisão de três a quinze anos e/ou multa máxima de QR 200.000,00. É ilegal fazer gestos obscenos com as mãos, sob pena de prisão. Não pode beijar na boca em público e, deve-se evitar trocar carícias. Para nós, brasileiros, no começo é bem difícil, principalmente na hora de cumprimentar alguém que é qatari. Mas com o passar do tempo, virando amigo mais íntimo deles, você vê que é tudo normal e não há tanta diferença assim. Só são necessários alguns cuidados a mais.

Não é permitido fotografar mulheres qataris sem consentimento delas. As mulheres não podem usar roupas que mostrem os ombros e os joelhos. No entanto, o uso de burca não se faz obrigatório.

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Embora quando se fala em dança do ventre se faça relação com países árabes, no Qatar essa dança está banida desde 2006 por ser considerada vulgar. Diferente do que era na Arábia Saudita, as mulheres podem dirigir no Qatar. As mulheres também possuem o direito de votar, se candidatar a cargos públicos e concorrer a eleições municipais. Como símbolo de liderança, à frente das mulheres está a Sheikha Moza Bint Nasser Al-Missned, uma das esposas do antigo Emir Hamad Bin Khalifa Al Thani (pai do atual Emir). Ela está trabalhando fortemente na luta contra a violência doméstica, melhora nos direitos trabalhistas, mais acesso aos deficientes a postos de trabalho, e é a presidente da Fundação Qatar para educação, ciência e desenvolvimento comunitário. Em 2010, Sheikha Moza foi considerada pela revista Forbes como a 74º mulher mais influente do mundo. As mulheres são empregadas e educadas normalmente no país (HOWARD, 2018).

Durante o Ramadã7, comer, beber e fumar no período do nascer do sol e do pôr do sol é proibido para os muçulmanos e esta regra aplica-se aos estrangeiros que estão fora de casa, ou seja, é proibido consumir alimentos, beber e fumar em público durante este mês. Os restaurantes e mercados só abrem depois do pôr do sol durante este período. Normalmente o Ramadã acontece no verão e, não se pode tomar água em público (ALI, 2010). Na escola em que meu irmão de 10 anos estuda, os estrangeiros podem ir para uma sala reservada no horário do lanche para que alimentem-se sem que as crianças muçulmanas sintam-se ofendidas.

2.2 PATRIMÔNIO E MEMÓRIA

Devido à globalização , é comum que haja uma perda de manifestações culturais, costumes e a identidade dos povos (COSTA; SCARLATO, 2012). Como afirmam Costa e Scarlato:

As transformações pelas quais o mundo contemporâneo passa exige- nos a leitura da concretude do ordenamento do território e da refuncionalização da paisagem, como nunca na história: objetos, ritos e documentos esquecidos ou pouco valorizados até o momento são recuperados como testemunhos memoráveis dos lugares. Vivenciamos uma percepção global de buscas e negligências aos documentos, às coisas, aos objetos pretéritos ressignificados no presente, o que favorece uma releitura da própria história no afã do brusco movimento da preservação, de se resguardar uma identidade, marcos do processo de nossa constituição social (2012, p. 105).

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A memória compõe um elemento de assimilação cultural que determina o que cada grupo é e o que se diferencia do outro. Para Santos (2004):

A memória não pode ser entendida como apenas um ato de busca de informações do passado, tendo em vista a reconstituição deste passado. Ela deve ser entendida com o um processo dinâmico da própria rememorização, o que estará ligado à questão de identidade (SANTOS, 2004).

Por isso, para os qataris, manter sua cultura viva é muito importante, visto que está sofrendo transformações devido à variedade de costumes na região.

Segundo o portal Priya dSouza Communication, os qataris são minoria dentro do próprio país. Estes dados não são disponibilizados pelo Ministério de Planejamento e Estatísticas do Qatar (SNOJ, 2017). A tabela a seguir foi coletada pelo próprio portal:

Tabela 1 – Qatar por nacionalidades

Nacionalidade População Porcentagem do total* Data da coleta

Índia 650,000 25,00% Dezembro de 2016 Nepal > 350.000 13,50% Janeiro de 2017 Catar 313.000 12,10% Junho de 2016 Bangladesh 280.000 10,80% Maio de 2016 Filipinas 260.000 10,00% Janeiro de 2017 Egito 200.000 8,60% Fevereiro 2015

Sri Lanka 145.256 5,60% Dezembro de 2016

Paquistão 125.000 4,80% Outubro de 2016

Síria 54.000 2,20% Novembro de 2015

Sudão 50.000 2.10% Abril 2015

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Jordânia 40.000 1,80% Dezembro de 2014

Irã 30.000 1,50% Dezembro de 2013

Reino Unido 25.000 1,10% Abril 2015

Líbano 24.000 0,92% Janeiro de 2017 Etiópia 22.000 0,91% Janeiro de 2016 Palestina 20.000 0,85% Junho de 2015 Tunísia 20.000 0,77% Maio de 2016 Quênia 14.000 0,55% Agosto 2016 EUA** > 11.000 > 0,43% Março 2015 China > 10.000 > 0,41% Janeiro de 2016 Eritréia 10.000 > 0,41% Agosto 2016

Fonte: Adaptada pela autora com dados extraídos de Snoj (2017, n.p.)

As percentagens da tabela acima correspondem à população total do país no momento em que os dados foram coletados (SNOJ, 2017).

Abaixo, o gráfico ilustrativo, mostra os números da transformação da população. A parte do gráfico colorida em cinza, representa os estrangeiros que vivem no Qatar e a parte colorida em laranja, representa a população qatari. Os anos de referência são 1970, 1997, 2004 e 2016, respectivamente (SNOJ, 2017).

Gráfico 1 – População do Qatar versus Estrangeiros

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No país, o Qatar Museums8 está lutando para manter o patrimônio e a memória do Qatar vivos. A instituição é responsável por unir museus, arte pública e patrimônio cultural do Qatar. À frente deste projeto está a Sheikha Al Mayassa bint Hamad bin Khalifa Al Thani (QATAR MUSEUMS, 2017). "Nós estamos mudando nossa cultura de dentro, mas ao mesmo tempo estamos nos reconectando com nossas tradições. É importante que cresçamos organicamente", afirma Sheikha Al Mayassa via site do Qatar Museums (2017, n.p., tradução nossa9).

2.2.1 Lista de museus no Qatar

 Museu de Arte Islâmica

Fotografia 1 - Museu de Arte Islâmica do Qatar durante o inverno de 2015

Fonte: Arquivo pessoal, 2015

O Museu de Arte Islâmica está localizado na capital do país, Doha. O Museum of Islamic Art (MIA, 2018) é o principal museu do Qatar, retrata a arte islâmica de três continentes ao longo de 1.400 anos (THE MUSEUM OF ISLAMIC ART, 2018).

8

O Qatar Museums é um dos órgãos públicos responsáveis por administrar os museus do país (QATAR MUSEUM, 2017).

9 We are changing our culture from within, but at the same time we are reconnecting with our

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O topo do edifício, criado pelo arquiteto Ieoh Ming Pei – o mesmo responsável por projetos como o da National Gallery of Art de Washington, da biblioteca Memorial Kennedy em Boston, do arranha-céu do Bank of China em Hong Kong, do Museu de História de Berlim e da ampliação do Museu do Louvre em Paris -, representa uma mulher de burca, apenas com os olhos visíveis (THE MUSEUM OF ISLAMIC ART, 2018).

No site oficial, constam as seguintes crenças quanto ao museu:

A salvaguarda de nossa cultura material é essencial para sustentar nosso patrimônio. O poder da arte é vital para tornar a história das nossas culturas e criar os próximos capítulos. Compartilhar nosso conhecimento sobre a arte islâmica contribui para a mente aberta. Os museus são espaços animados onde a aprendizagem é emocionante (THE MUSEUM OF ISLAMIC ART, 2018, n.p., tradução nossa10).

A imagem acima, eu registrei em 2015, em um dia de inverno. O interior do museu é riquíssimo, com design moderno e muito luxuoso. O museu é tão grande e acolhe tantas peças que não se pode conhecê-lo em poucas horas.

 Museu Árabe de Arte Moderna

Fotografia 2 - Exterior do Museu Árabe de Arte Moderna do Qatar

Fonte: Arab Museum of Modern Art, 2018

10 Safeguarding our material culture is essential to sustaining our heritage. The power of art is vital to

bringing the story of our cultures to life and to creating its next chapters. Sharing our knowledge about Islamic Art contributes to open minds. Museums are lively spaces where learning is exciting.

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O Museu Árabe de Arte Moderna está centrado na Cidade da Educação na Fundação Qatar. Segundo dados do site do Museu, o espaço, atualmente possui mais de nove mil obras, sendo a maior coleção especializada do mundo nesse estilo. O Museu agrega exposições históricas e, até experimentais. O espaço também explora, através de programas de educação, exposições feitas por artistas do Qatar e eventos que exploram a arte contemporânea (THE MUSEUM OF ISLAMIC ART, 2018). “ ós vemos o useu como um palco aberto que amplifica vozes e idéias para conectar o específico com o genérico, o local com o global, o reciclado com o novo. Em tempos de crise e conflito, a arte e os debates que provoca são mais necessários do que nunca para nossas sociedades” diz Abdellah Karroum (apud THE MUSEUM OF ISLAMIC ART, 2018, n.p., tradução nossa11), diretor do Museu via site oficial.

 Garage Gallery, Fire Station Fotografia 3 - Exterior do Fire Station

Fonte: Qatar Museums, 2018

Garage Gallery é uma galeria de arte posicionada em um antigo prédio do corpo de bombeiros. O prédio foi construído em 1982 como um edifício de Defesa

11

We see the Museum as an open stage that amplifies voices and ideas to connect the specific with the generic, the local with the global, the recycled with the new. In times of crisis and conflict, art and the debates it provokes are more necessary than ever for our societies.

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Civil. Foi ocupado pela brigada de incêndios até o final de 2012, quando foi dado lugar aos museus do Qatar para uso contemporâneo. Ibrahim Al Jeidah, o arquiteto qatari que liderou o projeto, preservou os detalhes originais do prédio e da sua torre (QATAR MUSEUMS, 2018).

A Galeria permite que os artistas emergentes do Qatar trabalhem como aspirantes a artistas profissionais. Na Garage Gallery, existe um programa de residência com duração de nove meses, onde os artistas são convidados a configurar seus respectivos estúdios e a completar um projeto específico de sua escolha (QATAR MUSEUMS, 2018).

 Museu Nacional do Qatar

Fotografia 4 – Exterior do Museu Nacional do Qatar

Fonte: Eric Maria, 2017

O Museu Nacional do Qatar, localizado perto da sede do governo, é um espaço destinado à preservação da história e da cultura do país, seus antepassados e a formação das cidades, até a modernização da população. As exposições contam com objetos históricos da cultura árabe. O museu tende a preservar tradições marítimas que por muitos anos mantinham o país com o comércio de pérolas e pescas. O design do prédio, criado por Jean Nouvel, é inspirado na rosa do deserto.

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Fotografia 5 - Interior do Museu Orientalista do Qatar

Fonte: Murray, 2009.

Segundo o site do Qatar Museums, o Museu Orientalista do Qatar é exclusivo no ramo do orientalismo, e as coleções lá expostas ressoam diferentes nacionalidades que vivem lado a lado no país. "O museu orientalista oferece uma rara oportunidade de explorar as visões e impressões dos artistas orientalistas e traçar o desenvolvimento desse movimento artístico” afirma Dr. Olga Nefedova (apud QATAR MUSEUMS, 2018, n.p., tradução nossa12).

 Museu do Sheikh Faisal Bin Qassim Al Thani

Fotografia 6 - Exterior do Museu do Sheikh Faisal Bin Qassim Al Thani

Fonte: Naeem, 2013

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The orientalism museum provides a rare opportunity to explore the visions and impressions of orientalist artists and trace the development of this art movement.

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O Museu Sheikh Faisal Bin Qassim Al Thani (FBQ Museu) acolhe uma coleção que foi produzida ao longo de décadas, desde a era jurássica, passando pelo período islâmico inicial e chegando aos dias atuais. O Museu é composto por quatro temas: arte islâmica, patrimônio do Qatar, veículos e moedas. O Museu conta a história não apenas do povo qatari, mas principalmente do Sheikh Faisal Bin Qassim Al Thani (FBQ MUSEUM, 2018).

Quando fui a esse museu em 2015, lembro que havia a opção de realizar um tour guiado por um determinado valor. No entanto, optei por conhecer por conta própria. Tirar fotos só é permitido se houver o pagamento de uma taxa.

Além destes, que são considerados os principais museus para se conhecer no Qatar, o país ainda conta com mais algumas galerias de artes e museus.

Fora museus e galerias, os qataris trabalham fortemente na preservação de patrimônios, chamados de herança cultural, por meio de escavações feitas por uma equipe de arqueologia do país.

Com um projeto chamado Keeping History Alive – Mantendo a História Viva -, arqueólogos do país traçam como objetivo manter viva a luta dos antepassados, como afirma Delphim (2004), que diz que encontram-se na natureza todas as fontes materiais e imateriais da produção cultural, ela que fornece a matéria prima e a inspiração para a arte, literatura, música e outras formas de expressão cultural.

2.2.2.1 Lista de patrimônios do Qatar

I. i. Al Zubarah

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Fotografia 7 – Forte de Al Zubarah Fonte: Rafeek Manchayil, 2007

Al Zubarah fica consideravelmente distante de Doha. Mais ou menos 106 km de distância da capital, o que dá basicamente 1 hora de distância. Segundo dados oficiais da UNESCO, a cidade foi um centro de comércio e pérolas durante cerca de cinquenta anos, estima-se que no decorrer do final do século XVIII (UNESCO, 2013).

Al Zubarah foi destruído por volta de 1811, onde restos de construções ficaram destroçados e cobertos por areias do deserto. Hoje, a principal atração turística são os restos do forte de Qal‟at Murair conforme a figura acima (UNESCO, 2013).

O local foi o primeiro patrimônio localizado no Qatar a ser considerado patrimônio mundial da UNESCO, inscrito em 2013 segundo dados do site do “Qatar useums”. Para Sheikh Hassan Al Thani, é significativo incluir Al Zubarah como parte da lista do patrimônio mundial da UNESCO. Isso segue enormes esforços para preservar este sítio histórico. É reconhecido por seu legado humano e é significativo para muitos nacionais do golfo (UNESCO, 2013).

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Fotografia 8 – Sítio arqueológico de Freiha, Qatar

Fonte: Qatar Museums, 2018.

O país possui um projeto de escavação de conjuntos antigos, que incluem cidades, aldeias e assentamentos medievais, por todo o Qatar. No entanto, nem todos foram documentados até o momento. Algumas das escavações são os restos de Ruwayda, cidade antiga localizada no norte do Qatar. A cidade de Freiha, cidade vizinha à Al Zubarah, localizada ao seu norte e por fim, a Murwab Medieval, único registro islâmico medieval encontrado até o momento na região do Qatar (QATAR MUSEUMS, 2018).

III. iii. Torres

Fotografia 9 – Torre localizada no Qatar Fonte: Qatar Museums, 2018

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Segundo o que os qataris contam, as torres encontradas no Qatar foram construídas por antepassados como forma de observatório para organizar o calendário lunar, bem como com o intuito de proteger os vales. Desta forma, eles poderiam analisar os navios que chegavam às cidades.

IV. iv. Fortes

Fotografia 10 – Forte localizado no Qatar

Fonte: Qatar Museums, 2018

Os fortes serviam para, principalmente, proteger a região contra os exércitos de outros países bem como as riquezas da população. Segundo dados do “Qatar useums”, estes fortes são oriundos do século XIX (QATAR MUSEUMS, 2018).

O forte de Al Zubarah, citado acima, ainda é o mais conhecido. No entanto, existem outros em Freiha, Ruwayda, Al Yousufiya e Bir Hussain, Thaqab, Zikrit, Al Huwaila, Zarqa, Athba, Al Koot, Umm Salal Mohammed e Al Wajba (esse é o mais antigo do Qatar) (QATAR MUSEUMS, 2018).

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Fotografia 11 - Um dos poços encontrados no Qatar

Fonte: Socialite, 2014.

Antigamente, os poços eram uma das únicas fontes de água natural, pois não existem rios de água doce no Qatar.

Segundo a revista xame da editora bril na matéria “10 países no mundo sob risco extremo de falta d´água” publicada no site oficial da revista em 13 de setembro de 2016, a escassez de água no Qatar, é citada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) como sendo um grande problema para o país. Com a falta de rios perenes, a agricultura é praticamente de irrigação com água bombeada. Estima-se que os aquíferos chegarão ao fim em 20 e 30 anos, isso se forem mantidos os atuais números de remoção das águas subterrâneas (BARBOSA, 2016).

Atualmente, os poços são fontes de pesquisas para os arqueólogos do Qatar, totalizando até o momento 107 poços encontrados e registrados segundo dados do Qatar Museums (2018).

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Fotografia 12 - Visão panorâmica da ilha de Jazirat Bin Ghannam no Qatar

Fonte: Qatar Museums, 2018.

Além de todos os outros patrimônios citados acima, o Qatar ainda conta com ilhas, penhascos e esculturas que também estão em processo de preservação (QATAR MUSEUMS, 2018).

Dentre elas está a ilha de Jazirat Bin Ghannam, a qual os arqueólogos acreditam não ter sido habitada permanentemente. Nela encontram-se lagoas rasas, peixes, caranguejos, e diferentes espécies de aves, como por exemplo, flamingos (QATAR MUSEUMS, 2018).

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3 JUSTIFICATIVA

3.1 COPA DO MUNDO 2022

Anunciado em 2010 como sede da Copa do Mundo de 2022, o Qatar já está se preparando para ser o anfitrião desse importante evento. Segundo o site oficial do país, o desenvolvimento da infraestrutura é a principal estratégia dos qataris, fato que também estimulará o desenvolvimento do país no cenário internacional (QATAR, 2018).

Também de acordo com o site oficialdo Qatar, o país estimou um gasto de setenta bilhões de dólares no desenvolvimento de infraestrutura, o que implicará na construção de cinquenta e cinco mil quartos de hotéis, de modernas rodovias e ferrovias, e de até vinte e dois novos e modernos estádios (QATAR, 2018).

Apesar do boicote realizado por quatro países sob a liderança da Arábia Saudita, que bloqueou diversos materiais que seriam utilizados para a construção de alguns dos estádios, o Emir e alguns de seus secretários deram declarações na mídia afirmando que o boicote não impedirá o evento (QATAR, 2018).

Visando a quantidade de interessados na Copa do Mundo de 2022 no Qatar, e a procura por mais informações em relação ao país, vi a oportunidade de criar um portal que disponibilizasse informações importantes sobre o Qatar em duas línguas: português e inglês (QATAR, 2018).

3.2 INTERNET E JORNALISMO

Vivemos a cibercultura como já denominava Pierre Lévy 1999 . Para o sociólogo francês o ciberespaço contemporâneo é lugar de „prática comunicacional interativa, recíproca, comunitária e intercomunitária‟ e qualquer tentativa de reduzi-lo „„às formas midiáticas tradicionais esquema de difusão „um-todos‟ de um centro emissor em direção a uma periferia receptora só pode empobrecer o seu alcance‟‟ (BARROS, 2013, p. 20).

Com a chegada da internet, na década de 90, a linguagem jornalística vem sofrendo bruscas transformações, assumindo uma forma complexa, mas mais acessível a variados tipos de povos (DI FELICE, 2008).

Revolução comunicativa implantada pelas tecnologias digitais […] (estivesse) ocasionando importantes transformações no interior dos distintos

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aspectos do convívio humano. […] além da expansão do elemento comunicativo, que passará a permitir o alcance das informações à um público ilimitado e a transmissão em tempo real de uma quantidade infinita de mensagens, é o próprio processo e o próprio significado do ato de comunicar a serem radicalmente transformados. (DI FELICE, 2008, p. 22-23).

Considerando o fato acima e por acreditar que, áudio, foto, texto e vídeo não necessitam mais estar remotos, optei por meu projeto estar na internet em formato multimídia.

A digitalização da informação faz desaparecer o meio físico instaurando uma nova forma de fazer jornalismo, a qual pressupõe atualização instantânea dos bits na forma de textos, gráficos, imagens, animações, áudio, vídeo – os recursos da multimídia. Com a digitalização, o jornalismo se renova dando sequência ao movimento de evolução dos meios de comunicação, movimento esse diretamente associado ao desenvolvimento e à dinâmica das cidades (BARBOSA apud NOGUEIRA; DIAS, 2013, p.2).

Por isso, acredito que a internet seja uma possibilidade de alcançar mais pessoas e de receber um feedback13 de forma rápida e interativa dos receptores das informações que publicarei.

13

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4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 CULTURA

O termo cultura pode ser de difícil compreensão, visto que cada indivíduo possui uma definição própria. Para isto, deve-se compreender que não há como chegar a um conceito único em que os estudiosos acordem sobre a definição da palavra cultura (NEPOMUCENO; ASSIS, 2008).

Segundo a obra " ultura: uma abordagem antropológica” de ristiane Maria Nepomuceno e Cássia Lobão Assis, o primeiro conceito formalizado de cultura, do ponto de vista antropológico, foi elaborado pelo inglês Edward Taylor e apareceu em sua obra Primitive Culture, publicada em 1871. Este teórico reuniu no vocábulo inglês "Culture", dois termos: o alemão Kultur utilizado para simbolizar os aspectos imateriais de um povo, e o termo francês Civilization, que faz menção aos aspectos materiais (NEPOMUCENO; ASSIS, 2008).

Desse modo, o primeiro conceito antropológico de cultura, refere-se a “ ... todo o complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade” (LARAIA apud TAYLOR apud HONÓRIO, 2009, p.1). De acordo com Taylor, a cultura é constituída por um grupo de regras, normas e valores que formam moldes de conduta que os membros da sociedade adquirem (apud HONÓRIO, 2009).

Aaron Pun (apud BILLIKOPF, 2009, n.p., tradução nossa), correspondente canadense do ODCnet, escreveu: "Ao estudar as diferenças entre culturas, não estamos olhando indivíduos, mas a comparação de um grupo étnico contra outro. Por isso, estamos comparando duas curvas de sino e a generalização não pode ser evitada".

Assim como afirma Taylor, a cultura qatari é moldada através das leis baseadas no Alcorão (sharia). É comum que se generalize a cultura muçulmana, no entanto, nem todos os países seguem os mesmos preceitos. O Qatar, por exemplo, é conhecido por ser um país muçulmano mais “liberal” que flexibiliza-se com o passar dos anos (HONÓRIO, 2009).

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ideias, emoções e padrões comportamentais. Ele defende que este deriva principalmente de seus ancestrais. A cultura de qualquer sociedade

consiste na soma total e a organização de ideias, reações emocionais condicionadas e padrões de comportamento habitual que seus membros adquiriram pela instrução ou pela imitação de que todos em maior ou menor grau participam (LINTON apud CONSTANTINO, 2012, p.52).

Conforme Linton (apud CONSTANTINO, 2012), no Qatar é possível notar as diferenças entre famílias. A profissão dos ancestrais de cada família, diz muito a respeito da nova geração. Muitos dos meus conhecidos qataris, por exemplo, veem como obrigação seguir a profissão que o pai ou o avô escolheu para eles, ou que devem continuar no comércio familiar. Para Côrrea

Cultura constitui-se em termo dotado de diversas acepções, sendo um termo empregado no senso comum e inteligível no âmbito das ideias em discussão. No âmbito das ciências sociais a polissemia é ampla e os debates em torno dos conceitos são numerosos (2009, p.1).

Portanto, pelo fato de vivermos em grupo, para compreender a cultura humana, deve- se estudar o grupo social em que o sujeito desenvolve suas atividades, mergulhar em suas origens e conhecer a trajetória dos que o antecederam, sendo essa a ideia do presente projeto.

Para Antônio Arantes (apud NASCIMENTO; PEREIRA, 2016), a cultura está em toda parte, representada principalmente nos elementos e significados que um mesmo povo compartilha, diferenciando-os de outros povos pela identidade cultural.

Em se tratando de vida social a cultura significação está em toda parte. Todas as nossas ações seja na esfera do trabalho, das relações conjugais, da produção econômica ou artística, do sexo, da religião, das formas de dominação e da solidariedade, tudo nas sociedades humanas é constituído segundo os códigos e as convenções simbólicas a que denominamos cultura. (ARANTES apud NASCIMENTO; PEREIRA, 2016, p.3).

Na atualidade, o debate de cultura abrange globalização e diversidade cultural, pois no mundo globalizado a questão cultural dá direito à diferença e à escolha. A cultura é aquilo que torna o indivíduo único, moldando os costumes e características da região. Belinazo e Jacomelli (2006, p.7), acreditam que: “[…] a

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pretensa homogeneização não encontrou unanimidade em seu propósito pois abafou, mas não conseguiu suprimir as diversidades”.

Assim como Belinazo e Jacomelli (2006), Leff defende que a globalização e as diferenças definem os estilos de vida das populações:

A cultura entendida como as formas de organização simbólica do gênero humano remete a um conjunto de valores, formações ideológicas e sistemas de significação, que orientam o desenvolvimento técnico e as práticas produtivas, e que define os diversos estilos de vida das populações humanas o processo de assimilação e transformação da natureza (LEFF apud TOREZANI, 2005, p.3).

A cultura, ao mesmo tempo em que nos torna iguais, nos torna diferentes, visto que personalidade e cultura estão correlacionadas, cada qual com sua perspectiva de compreender a vida. A cultura não atua sozinha em um indivíduo, é um ponto comum entre as pessoa e a sociedade, isto em qualquer localidade. Por esta razão é que existem qataris conservadores e outros totalmente opostos. Afinal, nem irmãos que nascem sob o mesmo teto, mesma cultura, possuem os mesmos pensamentos e hábitos (TOREZANI, 2005).

Na era da globalização, o Qatar vem sofrendo bruscas transformações em sua trajetória cultural.

O final das barreiras instaura uma nova ordem, onde os limites são absorvidos pela prerrogativa do universal. Tudo passa a ser trans, extrapolando seu limite inicial e absorvendo outras áreas e setores. Paralelo a essa idéia, toma impulso o olhar em direção à vizinhança e seus problemas. Os moradores de um mesmo bairro, aqueles iguais com quem a gente se encontra todo dia, fundem-se numa busca de soluções, de melhoria das condições de existência. Paradoxo inquietante: o apogeu da universalização, a proposta do microuniverso (PAIVA apud RODRIGUES et al., 1998, p.103).

Os qataris, como sociedade, estão agindo localmente, tentando criar espaços de inclusão social para impedir que sua identidade tradicional seja suprimida pelos pareceres globais. Daí que surgiu a necessidade de conservação dos patrimônios do Qatar e do fortalecimento cultural do país, como forma de sustentar aquilo que os diferencia do global e preserva sua essência. Essa obrigação tornou-se ainda mais urgente quando se constatou que havia mais estrangeiros do que qataris no Qatar. Mas sem deixar de, ao mesmo tempo, usufruir dos sabores da globalização, visto que grande parte do comércio (e das marcas) é internacional.

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4.2 JORNALISMO CULTURAL

O jornalismo cultural dedicado avaliação de idéias valores e artes é produto de uma era que se inicia após o Renascimento, quando as máquinas começaram a transformar a economia, a imprensa já tinha sido inventada (por Gutenberg em 1450) e o Humanismo se propaga da Itália para toda a Europa, influenciando o teatro de Shakespeare na Inglaterra e a filosofia de Montaigne na França (PIZA apud CARVALHO, 2013, p.227).

Para Mel (2010) em “Jornalismo ultural: Pelo encontro da clareza do jornalismo com a densidade e complexidade da cultura” o jornalista é responsável por dar visibilidade a certos aspectos da realidade e de certa forma o jornalista cultural conforma uma perspectiva dos acontecimentos.

O jornalismo é das formas narrativas a mais presente e influente no dia-a-dia das pessoas. É uma profissão legitimada socialmente para representar (ou apresentar novamente) os acontecimentos sociais. Cabe ao jornalista cultural, dessa forma, selecionar o que deve ser conhecido e como deve ser conhecido publicamente (MELO, 2007, p.9).

Debatemos muito nas aulas de jornalismo sobre a deterioração do fazer jornalismo na atualidade, que a atividade vem perdendo, ao longo dos anos, particularidades que são fundamentais para matérias de qualidade e de um resultado que envolva o seu público alvo.

O jornalismo das grandes mídias, tradicionais, pouco a pouco tem perdido público, talvez pelo fato de não explorar a dimensão da internet. No entanto, nessa mídia é comum encontrarmos notícias que são publicadas rapidamente, mas que, no entanto, são rasas (CHEIDA, 2007).

Com o jornalismo cultural não é diferente, pouco tem se visto de um jornalismo cultural com informações bem colocadas. Com pouco espaço para debate e sem um foco definido, o jornalismo cultural está uma salada de frutas (CHEIDA, 2007). “O jornalismo da nova ...era não traz mais o conflito a polêmica a discussão, o choque de idéias. Sua função atual é harmonizar como a freqüência modulada dos consultórios, mas sob a linguagem da inovação” (FILHO apud CHEIDA, 2007, p.3).

O conflito transferiu-se para o choque entre grifes de moda, a polêmica entre artistas e críticos, entre figuras do mundo das telenovelas (CHEIDA, 2007).

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informação. Nele os leitores se informam conhecendo pessoas que vivem o Qatar diariamente, conhecem a história do entrevistado, leem meus relatos particulares, vêem as fotografias legendadas que levam o visitante para o momento em que foram tiradas. O Discover true Qatar (2018) não se limita a um jornalismo feito via telefone. Tem rosto, voz e nome.

Além disso, trata-se de um site que terá cada vez mais contribuições, considerando que minha família mora lá, e visito frequentemente o país.

4.3 MULTIMÍDIA

Com a chegada da internet, a facilidade de publicação de fotos, vídeos, áudios e textos em um único lugar, aumentaram. Este processo é conhecido como convergência multimídia (JENKINS apud FACCION, 2010) e será a configuração utilizada na realização do presente projeto - Qatar Multimídia: Discover true Qatar.

Um processo chamado convergência de modos está tornando imprecisas as fronteiras entre os meios de comunicação, mesmo entre as comunicações ponto a ponto tais como o correio o telefone e o telégrafo e as comunicações de massa como a imprensa o rádio e a televisão. Um único meio físico - sejam fios cabos ou ondas - pode transportar os serviços que no passado eram oferecidos separadamente. De modo inverso um serviço que no passado era oferecido por um único meio - seja a radiodifusão a imprensa ou a telefonia - agora pode ser oferecido de várias formas físicas diferentes. Assim a relação um a um que existia entre um meio de comunicação e seu uso está corroendo. (POOL apud JENKINS apud FACCION, 2010, p.1-2).

O termo multimídia vem ganhando vários significados, sendo este um termo imprescindível quando se pensa em publicação de notícias na internet. O autor Jenkis (apud SOUZA; AMORIM, 2013, p.268) apresenta, no livro “Cultura da Convergência”, a definição de convergência como “fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos, a cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e o comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação”.

Pierre évy em seu livro “ ibercultura” definia multimídia como:

O termo multimídia é corretamente empregado quando, por exemplo, o lançamento de um filme dá lugar, simultaneamente, ao lançamento de um videogame, exibição de uma série de televisão, camisetas, brinquedos etc. este caso estamos de fato frente a uma “estratégia multimídia”. as se desejamos designar de maneira clara a confluência de mídias separadas em direção à mesma rede digital integrada, deveríamos usar de preferência a palavra transmídia (LÉVY, 1999, p.65).

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Uma importante definição, para o jornalismo, baseado em multimidialidade é analisado pelo pesquisador Marcos Palacios (2002) como sendo a convergência de todos os formatos das mídias habituais (texto, fotografia e áudio) na narração do acontecimento jornalístico. Como explica:

A Multimidialidade do Jornalismo na Web é certamente uma continuidade, se considerarmos que na TV já ocorre uma conjugação de formatos midiáticos (imagem, som e texto). No entanto, é igualmente evidente que a Web, pela facilidade de conjugação dos diferentes formatos, potencializa essa característica (PALACIOS, 2003, p.5).

Perante esse moderno universo multimídia, a multiplicidade de itinerários que são disponibilizados para que se percorra o material publicado, oportuniza uma identificação do leitor com o conteúdo, já que este poderá desbravar cada arquivo jornalístico em áudio, audiovisual, fotografia, texto dentre os vários do portal, encontrando suas preferências (MACHADO, 2005). Como em uma história sem fim, o leitor poderá procurar informações continuamente em diferentes formatos. Essa ideia encontra fundamento na obra “Jornalismo igital de Terceira Geração”:

Em contraste com a narrativa moderna, em que ouvinte, leitor ou telespectador acompanha a narração (ouvindo, lendo, vendo) sem interferir na lógica interna das ações, motivada pela psicologia dos personagens – seja ficcional ou jornalística – o fluxo da narrativa no ciberespaço mais que incorporar depende da intervenção do tele-ator. Na narrativa moderna, ouvir, ler e ver são ações desconectadas do fluxo da narrativa. Quando acessa um espaço navegável de uma publicação jornalística no ciberespaço, por exemplo, um tele-ator, ao eleger como território de exploração um dos muitos módulos disponíveis e optar por uma, entre as várias linearidades propostas, desenvolve uma ação que interfere no curso da narrativa, que deixa de ser único como na narrativa jornalística convencional (MACHADO, 2005, p.105).

O uso dessas ferramentas potencializa o fazer jornalismo, permite que o jornalismo torne-se revigorado, inovador, assim como a atual geração de leitores (LÉVY, 1993).

Na memória serão encontradas imagens sons palavras diversas sensações, modelos, etc., e as conexões serão lógicas, afetivas, etc. Na comunicação as mensagens serão multimídias, multimodais, analógicas, digitais, etc. O processo sociotécnico colocará em jogo pessoas, grupos, artefatos, forças naturais de todos os tamanhos, com todos os tipos de associações que pudermos imaginar entre estes elementos (LÉVY, 1993, p.25).

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5 PROCESSOS DE PRODUÇÃO

5.1 O COMEÇO DE TUDO

Desde que entrei na faculdade, em 2015, eu tinha certeza que meu tema de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) seria sobre o Qatar. Não sabia em que formato, tampouco o foco. Cheguei a pensar em fazer um documentário. Pensei em fazer uma série fotográfica. Pensei em falar só sobre as mulheres muçulmanas. Em outro momento pensei em falar só sobre a política. Eu gostava das ideias, mas nada disso parecia suficiente. Um semestre antes de começar o projeto, em uma daquelas aulas que antecede a semana de férias que não aparece nem alma penada, estava só eu lá. Era aula do professor Luciano Bitencourt. Perguntei o que ele achava sobre fazer um documentário sobre o país e ele sugeriu um site multímidia. Daquela noite em diante eu não tirei essa ideia da cabeça. Estava decidido. Eu sabia que seria o formato ideal porque quando eu contava sobre o projeto para as outras pessoas eu não tinha botão de pausar ou desligar. Coitado daqueles que tiveram que me ouvir tagarelar sobre meus planos para o projeto.

Passadas as férias, contei sobre o tema para a professora Solange Gallo, a orientadora deste TCC. Sem perceber que esse poderia ser o público principal do meu website, fui explicar sobre o país e disse que esse seria a sede da copa em mais ou menos oito anos. Como em um desenho infantil, vi surgir uma lâmpada acesa na cabeça da Sol. Nesse momento colocamos fé no projeto que nem nome tinha.

Me falaram inúmeras vezes que era loucura. Eles estavam errados. Não era loucura. Era suicídio.

Eu adiantei o projeto de TCC para uma fase antes da esperada, e adicionei mais nove matérias para cursar ao mesmo tempo. Eu estava convencida que deveria me formar aos 20 anos. No meio disso tudo descobri que estava com mais ou menos dez pedras no rim. Nos dois. Uma estava trancando o canal urinário. Com nove matérias, um projeto de pesquisa do Discover true Qatar, dez pedras, vi que a matemática não iria funcionar e eu tinha que subtrair alguns números. Operei duas vezes. Eram menos dez. Deu tudo certo.

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um do Discover true Qatar para a banca e no mesmo dia, com a mala arrumada às pressas, fui para o Qatar.

Mil planos na cabeça, mas no momento a única coisa que eu realmente queria escutar era "tem vaga na classe executiva, pode relaxar durante 14 horas, Rafaella". Tive sorte. Foram as 14 horas mais bem aproveitadas desde o ínicio da jornada.

5.2 O TRABALHO

Eu tinha uma lista de possíveis nomes, que havia montado com a ajuda de uma amiga que mora no Qatar há sete anos. Além, é claro, dos personagens que conheci no decorrer do processo. Eu entrava em contato com eles, explicava sobre o projeto e perguntava se tinham interesse em fazer parte. Poucos foram os nomes originais que permaneceram. Alguns não encontravam tempo disponível. Outros desistiram no meio do caminho por querer manter privacidade.

Os que aceitaram participar, eu deixava que escolhessem o local que mais se sentissem confortáveis para conversar, normalmente eram cafés e restaurantes. Para realizar as entrevistas eu levava uma câmera Canon T5i, um tripé, dois cartões de memória e meu celular. Eu não tinha microfone, e isso dificultou um pouco o som de algumas entrevistas. Só nas últimas entrevistas feitas, lembrei de usar o celular como microfone.

5.3 TÉCNICAS DE JORNALISMO

 Entrevista:

Meu método de entrevista é explicar qual o assunto que quero abordar e deixar a pessoa falar, não costumo bombardear o entrevistado de perguntas para que eu não influencie nas respostas, e nem anoto o que falam para que eu possa ter total atenção e não deixe o entrevistado falando sozinho, por isso deixo a câmera registrar e depois decupo.

Algumas pessoas não se sentiam confortáveis com a câmera, mesmo aceitando serem gravadas. Quando isso acontecia, falava que era para falarem olhando para mim. Sempre dava certo, e elas esqueciam que a câmera estava

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ligada.

 Fotografia:

Nos audiovisuais optei por utilizar um filtro de tom amarelado para lembrar os desertos do Qatar.

Nas fotos publicadas no Discover True Qatar, na página inicial, fiz uma edição em preto e branco e colorida. Para tirar as fotos eu pedia permissão para as pessoas. Normalmente ficava alguns minutos conversando e as observando para então fotografá-las.

 Redação:

Por tratar-se de um website para o mais variado público, optei por uma linguagem mais descontraída. Escrevi muitas crônicas, pois acredito que as crônicas tenham a capacidade de levar o leitor a viver o momento comigo.

trabalho é feito em quatro etapas: 1º Encontrar as pessoas e registrar;

2º Produzir o material de acordo com o formato estipulado; 3º Traduzir o material em duas línguas (inglês e português); 4º Publicar no website e divulgar nas redes sociais.

 Divulgação:

Criado o website, o Facebook e o Instagram, divulgar o Discover True Qatar foi mais simples. O “boca a boca” foi o que arrecadou mais seguidores. Os entrevistados eram os que mais divulgaram o projeto.

Divulguei o projeto em três grupos do Facebook: Brazilians in Doha, Portugueses no Qatar e no When, Where & How in Doha.

5.4 INTERFACE E ELEMENTOS MULTIMÍDIA

O site está publicado no endereço https://www.discovertrueqatar.com e foi criado através da plataforma WIX por eu ter mais facilidade com o layout.

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Fonte: Arquivo pessoal, 2015

Imagem 2 – Continuação do Layout do site Discover True Qatar

Fonte: Arquivo pessoal, 2015.

Na aba superior, com a bandeira do Brasil e da Inglaterra, é possível escolher a linguagem do site. Abaixo a logo do Discover true Qatar (2018) e as abas: ínicio - blog - fotografias - vídeos

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6 CUSTOS

Quadro 1– Orçamento gasto na execução do TCC

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

ITENS CUSTOS

Passagem de ida e volta Florianópolis /

Guarulhos: R$ 580,00

Passagem de ida executiva e volta

econômica Guarulhos / Doha: R$ 24.200,00

Domínio website válido por um ano R$ 87,00

Plano Premium Wix anual R$ 324,00

UBER R$ 400,00

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7 CONCLUSÃO

A maioria das pessoas entra em crise existencial com a profissão. Comigo não foi diferente. Toda vez que enfrentava uma dificuldade pensava "será que vai valer a pena? Será que eu realmente quero ser jornalista?". Eu descobri a resposta. Sim. Valeu a pena. Eu quero ser jornalista. Descobri que sou apaixonada por contar histórias. Percebi que eu não conseguia parar de falar sobre o projeto durante as férias todas.

Este trabalho me fez relembrar várias disciplinas do decorrer do curso de jornalismo: saber ouvir, compreender o silêncio, aguçar o olhar e pesquisar. Tudo isso foi primordial. A experiência de anos com o país também se fez necessária.

Em se tratando de um país tradicional muçulmano, é inevitável que haja uma dificuldade maior em encontrar fontes (nativas) que estejam dispostas a falar publicamente. Esse deadline me trouxe diversos ensinamentos quanto a otimização do tempo. Em tópicos como política, eu fiquei apreensiva, pois sabe-se que a norma de publicação de países monarcas normalmente é bem controlada e, qualquer falha, poderia levar à censura do meu site.

De repente vi as pessoas acreditando e querendo ajudar no projeto. A Letícia, a Chary, a Caquito, a Gabby, a Astrid, a Dani e a Vanessa fizeram até uma programação para que pudéssemos desbravar o Qatar todo. Foram vários cafés e conversas sobre como é viver no país. O Rakan e o Abdu chegaram no fim, mas entram em contato frequentemente para acompanhar o processo e me ajudar com informações. Eles falaram que acreditam em mim. Eu respondi que esse é meu combustível. Esses são só alguns nomes. Atrás desse projeto tem muita gente envolvida, e ainda há de ter mais.

Eu escrevi tudo que vivi. Cada sensação. Transmiti em fotografias o que eu acreditava ser transformador. Passei informações em audiovisuais. Aprendi um pouco mais de como é ser jornalista. Entrevistei, apresentei, captei, editei, escrevi, criei, legendei, divulguei. Fiz o papel de uma equipe. Ganhei muito mais que experiência. Ganhei um TCC para chamar de meu.

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REFERÊNCIAS

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https://exame.abril.com.br/economia/10-paises-em-risco-extremo-de-secar/> Acesso em: 10 out. 2017.

BARROS, Laan M. Comunicação como movimento na cultura midiatizada:

hibridações tecnológicas e interculturalidades. In: HELLER, Barbara. LONGHI, Carla R. (Orgs.) Comunicação em tempos de midiatização. São Paulo: INTERCOM, 2013. Cap.1, p.17-35. Disponível em:<

http://www.portcom.intercom.org.br/ebooks/arquivos/6f63aa0af7fae08ba1d093f7f2f3 24a2.pdf> Acesso em: 10 mar. 2018.

BELINAZO, Denadeti P. JACOMELLI, Jussara. Diversidade e hibridismo culturais: bases do desenvolvimento regional. Revista FAE, Curitiba, v.9, n.2, p.1-12, jun./dez. 2006. Disponível em:<https://revistafae.fae.edu/revistafae>. Acesso em: 10 dez. 2017.

BILLIKOPF, Gregorio. Cultural Differences? Or, are we really that diferente? Agriculture Labor Management, Berkeley, 2009. Disponível em:<

https://nature.berkeley.edu/ucce50/ag-labor/7article/article01.htm> Acesso em: 10 nov. 2017.

CAIXA ECONÔMICA MONTEPIO GERAL. Previsões econômicas e

indicadores sociais e demográficos. Lisboa: Montepio Geral, 2015. Disponível em:<

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