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A ATUAÇÃO DO ASSITENTE SOCIAL NO ÂMBITO DAS AÇÕES DO PATRONATO

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Academic year: 2021

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A ATUAÇÃO DO ASSITENTE SOCIAL NO ÂMBITO DAS AÇÕES DO PATRONATO Área Temática: (Ciências Sociais Aplicadas – Serviço Social)

Autor(es): Paulo Roberto Sékula (coordenador)1, Deivdy Borges Pereira2

RESUMO: O Programa Patronato é uma unidade de execução, fiscalização e acompanhamento das alternativas penais, que busca a inclusão social de beneficiários do sistema prisional e indivíduos que cumprem pena em meio aberto. Suas ações são pautadas nos Direitos Humanos e visam à reinserção e ressocialização do assistido. Para a implantação do Programa vários passos foram seguidos, desde a reunião com os atores envolvidos na criação do Patronato, até visitas às cidades e locais em que anteriormente funcionava o pró- egresso, também a utilização da Cartilha do Patronato e a apresentação do programa. Este programa conta com uma equipe multidisciplinar composta pelas áreas da Administração, Direito, Pedagogia, Psicologia e Serviço Social. No âmbito do Patronato, são exercidas funções específicas a cada setor e ações que são realizadas de forma multidisciplinar. Assim, no que concerne ao Setor de Serviço Social as ações são voltadas à atenção das demandas dos assistidos de modo a fomentar a (re) socialização dos mesmos com vistas a prepará-los para o exercício na re(conquista) da cidadania. A equipe também é responsável por fiscalizar a Prestação de Serviço à Comunidade, atividade de caráter socializador que busca promover a reinserção social dos beneficiários. Além disso, o setor desenvolve em conjunto com a equipe multidisciplinar o programa BASTA, que atua junto aos autores de violência contra mulher. Nesta perspectiva, o trabalho do assistente social no Patronato busca olhar o assistido como um cidadão que além de deveres possui direitos que lhe são garantidos pela Constituição e que devem ser assegurados.

PALAVRAS-CHAVE: Serviço Social; Alternativas Penais; Políticas Públicas.

1. INTRODUÇÃO/CONTEXTO DA AÇÃO

O programa Patronato é uma unidade de execução e fiscalização do cumprimento das alternativas penais, suas atividades são desenvolvidas sob a corresponsabilidade entre os poderes públicos, Estadual e Municipal, poder Judiciário e Ministério público (SEJU, 2013a).

Seu objetivo é promover a inclusão social dos Assistidos ou Beneficiários do Sistema Prisional e de indivíduos que cumprem penas em regime aberto oferecendo aos mesmos um acompanhamento mais humanizado. Com viés educativo e ressocializador, suas ações.

O objetivo da criação do Patronato foi aperfeiçoar os trabalhos que anteriormente eram desenvolvidos pelo programa pró-egresso, extinto em fevereiro de 2013. O novo programa é

1 Mestre em Engenharia de Produção – UTFPR, Lotado no Departamento de Administração da Unicentro –

Campus Santa Cruz- Coordenador Geral Técnico Pedagógico – prsekula@hotmail.com

2 Graduado em Serviço Social – UCP – Faculdades do Centro do Paraná; (USF-UNICENTRO-PROGRAMA

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estruturado pelas diretrizes políticas estaduais e baseia suas ações por meio da parceria entre a SEJU (Secretária de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos) e a SETI (Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior), juntamente com as Prefeituras Municipais (SEJU, 2013b).

As ações que o Patronato propõe buscam, além da perspectiva inovadora que oferece enquanto uma estratégia de execução penal em meio aberto, uma atuação que crie condições para alcançar os objetivos a que o programa alvitra. Dentre estes objetivos destacam-se a diminuição da população carcerária, o enfrentamento das condições que mantêm a criminalidade, a redução das reincidências criminais e conflitos sociais. Somando-se a isso, visa-se também o enfrentamento da drogadição, o reforço de ações que atuem no combate à impunidade, a readequação das condutas sociais e a restauração da cidadania dos assistidos (SEJU, 2013b).

Este Programa conta com uma equipe multidisciplinar que engloba varias áreas do conhecimento, entre elas Administração, Direito, Pedagogia, Psicologia e Serviço Social. Cada setor trabalha com suas especificidades, além disso, há o desenvolvimento de atividades que necessitam de um trabalho multidisciplinar ao passo que com o olhar de varias áreas pretende-se oferecer ao indivíduo um tratamento mais integral.

Partindo desta premissa este trabalho tem como objetivo expor sobre a atuação do assistente social no âmbito do Patronato, delineando suas atividades e as contribuições que este profissional pode trazer na esfera das medidas alternativas.

2. DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES E/OU DA METODOLOGIA

De acordo com a SEJU (2013b), para a implantação do Programa de Municipalização das Alternativas Penais – Patronato, foram realizadas reuniões com representantes dos Poderes Públicos Estaduais e Municipais, Poder Judiciário e Ministério Público Estadual e Federal com vistas a firmar as alianças com os atores envolvidos com a criação do Programa Patronato. Também destacam-se a realização de visitas nas cidades, prioritariamente àquelas que apresentaram projetos junto a SETI, onde as autoridades municipais e os representantes das Instituições de Ensino Superior faziam-se presentes, juntamente com os representantes do Poder Judiciário e Ministério Público nas Comarcas (SEJU, 2013b).

Ainda nesta perspectiva, outra etapa realizada foi a visita aos espaços anteriormente ocupados pelo Pró-Egresso, com vistas a avaliar a possível reutilização destes. Por fim:

Utilização da Cartilha do Programa de Municipalização da Execução das Alternativas Penais, apresentação do Programa Patronato (slides em Power Point), e das informações disponibilizadas através do endereço eletrônico da SEJU: http://www.justica.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=130, enquanto recurso audiovisual (SEJU, 2013b, p. 05).

3. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS, ANÁLISE E DISCUSSÃO

O Serviço Social surgiu em meio ao pensamento conservador, vinculado com as ações sócio-políticas da igreja católica, trouxe para a prática dos agentes sociais a dimensão do controle, da repressão e do ajustamento ao modelo de sociedade burguesa. A profissão está relacionada com as contradições do sistema econômico capitalista, em que, as desigualdades

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produzidas por este sistema é o objeto de intervenção do profissional (MARTINELLI, 2000, p116).

Dessa forma, o processo acumulativo, oriundo do capitalismo, traz consigo vários problemas sociais de difícil solução, demandando um profissional com instrumentais técnicos que desenvolvesse atividades de cunho conservador, como ações filantrópicas e assistencialistas, na perspectiva do enfrentamento e da regulação da chamada “questão social” que, a partir dos anos 1930, adquire expressão política pela intensidade destas manifestações (NETTO, 1996, p65-66).

Os discursos sobre o Serviço Social escondiam o verdadeiro interesse da classe dominante, assim Martinelli explica:

Fetichizado misticamente como uma prática a serviço da classe trabalhadora, o serviço social era, pois, na verdade, um importante instrumento da burguesia, que tratou de imediato de consolidar sua identidade atribuída, afastando-o da trama das relações sociais, do espaço social mais amplo da luta de classes e das contradições que as engendram e são por elas engendradas (MARTINELLI, 2000, p67).

A ruptura do Serviço Social com o conservadorismo começou a acontecer a partir dos anos 1980, devido às transformações econômicas, políticas e sociais no Brasil e no mundo, foram fatores predominantes para tomar novos rumos acadêmicos, políticos e profissionais para o Serviço Social. No Brasil, o aumento das expressões da questão social, ocasionados pelas crises econômicas e políticas, exigiu dos profissionais uma nova adequação para enfrentar as demandas sociais (PIANA, 2009).

É no âmbito dessa renovação do Serviço Social que se iniciou a construção do que hoje chamamos de projeto ético-politico da profissão, voltado a atender as demandas da classe trabalhadora, como está explicitado no código de ética profissional:

Estes instrumentos normativos, que ora reapresentamos, são a materialização do Projeto Ético-Político profissional construído nos últimos 30 anos no seio da categoria, haja vista que formulados para dar sustentação legal ao exercício profissional dos/as assistentes sociais, mas que não se restringem a essa dimensão. Pelo contrário, fortalecem e respaldam as ações profissionais na direção de um projeto em defesa dos interesses da classe trabalhadora e que se articula com outros sujeitos sociais na construção de uma sociedade anticapitalista (CFESS, 1993).

Esse comprometimento ético-político adotado pelos profissionais do Serviço Social nas últimas décadas tem demonstrado o desafio da competência profissional, que precisa embasar-se no aperfeiçoamento intelectual do assistente social, com ênfase em uma “formação acadêmica qualificada, alicerçada em concepções teórico-metodológicas críticas e sólidas, capazes de proporcionar uma observação concreta da realidade social” e possibilitar um seguimento de formação continuado e “estimular uma progressiva conduta investigativa” (Netto, 2000, p.105).

O espaço sócio-ocupacional do Serviço Social é formado pelas instituições, e se insere principalmente no âmbito das relações com o Estado, contendo várias formas de inserção do Serviço Social em sua estrutura, assim o enfrentamento das expressões da “questão social” é feito por meio das políticas públicas de caráter patronal com os setores populares (CELATS, 1985, p66).

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Desta forma, no âmbito das políticas públicas em que o Serviço Social se insere, está o Patronato – Programa de Execução das Alternativas Penais. A atuação do Assistente Social no Patronato é pautada nos Direitos Humanos, as práticas buscam atender as demandas dos assistidos e fomentar a ressocialização dos sentenciados com vistas a preparar os mesmos para o exercício na re (conquista) da cidadania na superação do estigma com que se deparam.

Através das entrevistas, as necessidades dos assistidos são identificadas e por meio de intervenções, auxílio e orientação busca-se evitar reincidência e contribuir para que os mesmos possam inserir-se satisfatoriamente no convívio social. Desta forma, cabe à equipe de Serviço Social desenvolver ações que evitem reincidência e possibilitem a emancipação dos beneficiários. Os profissionais e estagiários do setor são incumbidos de fiscalizar a Prestação de Serviço a Comunidade, com caráter socializador com vistas a possibilitar uma reinserção social do assistido. No intuito de garantir os direitos sociais básicos, quando percebe-se a necessidade pode-se encaminhar o beneficiário a uma unidade específica da rede de atendimento social.

Além destas atividades privativas do setor de Serviço Social, são realizadas ações multidisciplinares como os subprogramas de acompanhamento específico. Estas atividades tem como intuito a individualização do cumprimento das alternativas penais, e são peculiares às demandas de cada assistido. O objetivo destas ações é levar o assistido a refletir sobre a infração cometida (SEJU, 2013).

Nesta perspectiva, o setor de serviço social ainda desenvolve juntamente com a equipe multidisciplinar o programa chamado “BASTA”, cujo objetivo é atender a demanda de assistidos autores de violência contra mulher (SEJU, 2013).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dessa forma, observa-se que a inserção do Serviço Social nas políticas públicas possibilita uma prática que atenda o assistido como um cidadão que além de possuir deveres também tem direitos que lhe são assegurados pela Constituição e que devem ser resguardados. Tendo em vista o exercício da cidadania e práticas pautadas nos direitos humanos, o profissional que exerce suas atividades no Patronato precisa levar em conta as particularidades de cada indivíduo, considerando o ambiente em que este se insere, e desenvolvendo suas atividades de modo a oferecer condições para a inclusão social do mesmo.

REFERÊNCIAS

CELATS, Centro Latinoamericano de Trabajo Social. Serviço Social crítico: problemas e perspectivas : Um balanço latino americano. [Tradução José Paulo Netto]. São Paulo : Cortez [Lima, Peru], 1985

CERQUEIRA FILHO G. A “questão social” no Brasil. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1982.

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL - CFESS. Código de Ética do/a Assistente Social. Lei 8662/93. 10ª Edição Revista e Atualizada, 1993.

IAMAMOTO, M. V.; CARVALHO, R. Relações sociais e Serviço Social no Brasil. São Paulo: Cortez/Celats, 1983.

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MARTINELLI, Maria Lúcia. Serviço social e alienação – 6. ed. – São Paulo; Cortez 2000. NETTO, José Paulo. Capitalismo monopolista e serviço social, 2. ed. –São Paulo: Cortez, 1996.

NETTO, José Paulo. Reforma do Estado e Impactos no Ensino Superior. In: Revista Temporalis, ano I, nº1 – Brasília, janeiro a julho de 2000.

PIANA, M.C. A construção do perfil do assistente social no cenário educacional [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. 233 p. ISBN 978-85-7983- 038-9.

SECRETARIA DA JUSTIÇA, CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS (SEJU). Patronato Municipal: Municipalização da Execução das Alternativas Penais. Curitiba/PR, 2013. SECRETARIA DA JUSTIÇA, CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS (SEJU). Programa Patronato: Relatório de implantação do Programa Patronato - Programa de Municipalização do acompanhamento das penas e medidas alternativas em meio aberto. Curitiba/PR, 2013-2014.

Referências

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