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Aula 04. ATOS CAMBIÁRIOS (cont.)

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Academic year: 2021

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Resumo elaborado pela equipe de monitores. Todos os direitos reservados ao Master Juris. São proibidas a reprodução e quaisquer outras formas de compartilhamento.

Turma e Ano: Empresarial B (2015)

Matéria/Data: Prazos. Atos Cambiários em espécie. Endosso (01/09/15) Professora: Carolina Lima

Monitora: Márcia Beatriz

Aula 04

ATOS CAMBIÁRIOS (cont.)

Prazos

No caso do cheque há um único prazo para que o credor pratique os dois atos (apresentação para pagamento na instituição bancária e protesto do título) que será de trinta dias quando o local da emissão do cheque for o mesmo onde esteja localizada a agência bancária sacado (título de mesma praça).

Entretanto, se não forem do mesmo município (praças distintas), o prazo para apresentação e protesto do cheque será de sessenta dias.

OBS1.: O cheque tem uma particularidade: caso ele seja levado à apresentação no banco no último

dia do prazo, o protesto ainda será tempestivo se ocorrer no primeiro dia útil seguinte ao vencimento do prazo – é possível a prorrogação do prazo de protesto por no máximo um dia útil.

OBS2.: Em virtude do princípio da literalidade, se o campo „local de emissão do cheque‟ for

preenchido com um município diferente do real, para efeito de contagem de prazo, valerá o que constar do título. Exemplo: Se por força do hábito, preencher um cheque como emitido no Rio de Janeiro, quando na verdade a avença tenha ocorrido em São Paulo, continuará sendo de trinta dias o prazo para apresentação e protesto do cheque que, emitido em praças distintas, tenha sido preenchido como de mesma praça.

OBS3.: Para determinar se o título é de mesma praça ou não, deve-se analisar a existência de

personalidade jurídica do local – é por isso que cheques emitidos em distritos de município NÃO são considerados de praças diferentes. Exemplo: Uma avença que ocorra no distrito de Itaipava será considerada realizada no município de Petrópolis. Assim, se a agência bancária sacado também for de Petrópolis, o prazo para apresentação e protesto será de trinta dias e não sessenta.

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Resumo elaborado pela equipe de monitores. Todos os direitos reservados ao Master Juris. São proibidas a reprodução e quaisquer outras formas de compartilhamento.

O prazo para ajuizar ação de execução de cheques1 é de seis meses, contados a partir do fim do

prazo de apresentação (art. 59, Lei n. 7357/85). Assim, enquanto não esgotado o prazo de apresentação ao banco, eventual ação executiva não terá interesse de agir.

Exemplo: Um cheque emitido na mesma praça em 15/10/11 terá como último dia para apresentação em 14/11/11 (trinta dias após), podendo o protesto ainda ocorrer tempestivamente em 15/11/11 (prorrogação de um dia útil). No dia 14/05/12 (seis meses após fim da apresentação) consuma-se o prazo executório (data em que prescreve o título). Desta feita, a ação executiva deve ser proposta entre os dias 15/11/11 a 13/05/12.

Passados seis meses do prazo de apresentação do cheque, o título perde sua força executiva. Contudo, apesar do devedor do cheque não mais poder ser demandado para efetivar o pagamento do mesmo, é possível o ajuizamento de ação de locupletamento (ação de enriquecimento ilícito - art. 61, Lei n. 7357/85) nos dois anos seguintes à prescrição do título.

Trata-se de uma ação de conhecimento, aplicável exclusivamente ao cheque e regida pelo Direito Cambiário2 – por este motivo, continuam passíveis de serem demandados tanto o devedor

principal quanto os coobrigados e avalistas.

A ação de enriquecimento ilícito visa à constituição de título executivo judicial que restabeleça força executiva do cheque, partindo de um locupletamento presumido, qual seja a inadimplência daquele título executivo extrajudicial prescrito3. Continuado o caso hipotético anterior, a cobrança

de cheque prescrito em 14/05/12 poderá se dar via ação de locupletamento até 13/05/14.

Existe ainda uma terceira ferramenta para cobrança de cheque após o esgotamento do prazo de apresentação: trata-se da ação monitória cujo prazo prescricional é de cinco anos. Ao se socorrer desta ação de conhecimento (regida pelo Direito Civil e de rito mais célere que a ação de locupletamento), o credor passa a ser portador de um mero documento de confissão de dívida, sem qualquer resquício de executividade – será necessário comprovar em juízo o negócio gerador do crédito reclamado, pois o próprio cheque não é mais suficiente como prova do fato constitutivo do direito do autor.

1 O credor somente poderá executar coobrigados e avalistas do cheque se houver protestado o título

tempestivamente – apenas o devedor principal poderá ser demandado sem prévio protesto (ato dispensável). Ademais, o prazo de seis meses é comum tanto para o devedor principal como para os coobrigados nessa relação cambiária.

2 Nos casos de duplicatas e nota promissória, não é possível a propositura de ação de locupletamento.

E por haver previsão expressa na Lei do Cheque, os demais sujeitos do título não desaparecem (art. 47, I e II).

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Resumo elaborado pela equipe de monitores. Todos os direitos reservados ao Master Juris. São proibidas a reprodução e quaisquer outras formas de compartilhamento.

OBS1.: Segundo o STJ, ainda que o título tenha força executiva, nada impede que o credor, no lugar

de ação de execução faça uso de ação monitória. Apesar de a monitória oferecer menos vantagens, cabe ao credor escolher o melhor caminho – quem pode o mais pode o menos.

OBS2.: Recentemente o STJ sedimentou o entendimento de que o prazo para propositura da ação

monitória é de cinco anos a contar do primeiro dia seguinte ao da data da emissão do cheque, seja ele dia útil ou não (enunciado da súmula 503)4. No exemplo acima, em que o cheque foi emitido

em 15/10/11, o prazo da monitória está compreendido entre os dias 16/10/11 e 16/10/16.

APRESENTAÇÃO E PROTESTO AÇÃO EXECUTIVA AÇÃO DE LOCUPLETAMENTO AÇÃO MONITÓRIA

30 dias, se mesma praça 60 dias, se praças diferentes

6 meses, a contar do fim do prazo de apresentação

2 anos, a contar do fim do prazo para a

ação de execução

5 anos, a contar do dia seguinte

à emissão

O entendimento clássico das Cortes Superiores sobre cheque pós-datado5 era de que se tratava de

um desvirtuamento da sua natureza do título, qual seja, ordem de pagamento à vista. Porém, com o avanço da jurisprudência, chegou-se à conclusão de que o fato de pós-datar um cheque não se estaria desnaturalizando o título, mas apenas convencionando uma data de apresentação futura.

Assim, entende hoje o STJ, a luz do princípio da boa-fé dos contratos, que o cheque é uma ordem de pagamento à vista, mas que poderá ter convencionada uma data posterior a sua apresentação. Ademais, para o Tribunal Superior, aquele que fere a avença esposada no título é compelido a ressarcir a parte contrária – a inobservância do prazo ulterior comporta ação de indenização.

Atenção! Se o cheque pós-datado for levado à apresentação antes da data avençada, todos os

prazos começam a fluir a partir da data da apresentação antecipada. Nestes casos, não se faz o uso da regra geral na qual o marco inicial é a data que consta no cheque (data de emissão), mas sim a data em que ele foi efetivamente apresentado.

Assim, na hipótese de um cheque ser pós-datado para 15/10/11, contudo o credor o apresente em 15/09/11, o prazo da ação monitória compreenderá o período de 16/09/15 a 16/09/2016 e não de 16/10/15 a 16/10/2016 como assevera o enunciado da súmula 503 do STJ.

4 Súmula 503 do STJ: “O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque

sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula”.

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Atos em espécie

Endosso:

Denomina-se endossante a pessoa que realiza a transferência de um título de crédito e

endossatário aquele que recebe a cártula.

Via de regra, o endosso possui dois efeitos: além de transferir a titularidade do crédito, ele gera a responsabilidade do endossante (fornece nova garantia ao crédito ao transformar o credor em um coobrigado).

Ele se materializa com a assinatura no verso da cártula. Todavia, nada impede que esta se dê no seu anverso, desde que, neste caso, seja identificada como endosso.

Por decorrência do princípio da cartularidade, jamais poderá haver endosso parcial, visto não ser possível a transferência de apenas uma parte da titularidade6. O endosso também não poderá ser

subordinado a condição.

OBS.: Se houver a convenção de endosso parcial na cártula, esta não resultará qualquer efeito para o Direito Cambiário, sendo a cláusula tratada como não escrita. Logo, esta convenção não pode ser oposta ao devedor, que até então tem apenas uma relação cambiária com o credor. Todavia, esta cláusula, poderá ser questionada, com amparo do Direito Civil, entre os sujeitos que a convencionaram por meio de ação de conhecimento.

O endosso poderá ser de duas espécies: em preto (aquele em que endossante, ao assinar o verso da cártula, identifica o endossatário) e em branco (aquele em que o endossante não lança o nome do beneficiário). Por não haver identificação do endossatário no título com endosso em branco, sua transferência se dará pela mera tradição, que acaba por transformá-lo em título ao portador.

OBS.: É possível que um título com endosso em branco transforme-se em endosso em preto, bastando para tanto o lançamento do nome do credor. Por outro lado, endosso em preto jamais se tornará em endosso em branco (será imprescindível a realização de novo endosso). Desta feita, um título ao portador poderá se transformar em um título nominal, mas a recíproca não é verdadeira. A vantagem do título ao portador é que sua transferência se opera com a mera tradição, o que faz com que o cedente jamais apareça na relação cambiária – não se torna responsável pelo crédito.

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A única limitação de endosso hoje existente é determinada pelo espaço físico da cártula7. Como

não há restrição legal ao número de endossos, nos casos de desmaterialização da cártula (como ocorre com as duplicatas virtuais) o endosso é totalmente ilimitado.

OBS.: A legislação da CPMF previa uma limitação de endosso para o caso de cheques – era permitido somente um único endosso, pois facilitava o controle da tributação na operação. Contudo, como esta lei especial foi revogada, atualmente não há qualquer restrição legal ao número de endossos, seja por lei cambiária ou tributária.

Há casos em que o endosso não produz seus efeitos regulares, pois em regra, ele apenas irá legitimar a posse de alguém sobre o título, permitindo ao seu detentor, somente o exercício dos direitos representados na cártula (a propriedade permanece sendo do endossante). Trata-se do endosso impróprio, que poderá ser da modalidade endosso-caução ou endosso-mandato.

No endosso-caução, o endossante faz constar a referida expressão na cártula e entrega o título como forma de garantia de uma dívida contraída perante o endossatário. Realizado o adimplemento, o endossante retoma a posse do título. Do contrário, se na data avençada o endossante não realizar o adimplemento, o endosso impróprio tornar-se-á endosso próprio e o endossatário passará a ter não só a posse, mas também a propriedade do título – ao executar a garantia o endossatário passará a possuir a titularidade plena do crédito.

No endosso-mandato, o endossatário tem como obrigação o exercício de todos os direitos que cabem ao endossante, sem, contudo, ter a propriedade do título – são-lhe conferidos poderes para apenas agir como seu legítimo representante. Eventuais prejuízos causados a terceiros, são de responsabilidade do endossante, salvo se o endossatário se exceder nos poderes a ele conferidos. Nessa situação, o endossatário se tornará pessoalmente responsável.

Referências

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