• Nenhum resultado encontrado

Subtipos de HIV-1 no Brasil

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Subtipos de HIV-1 no Brasil"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros

VERAS, RP., et al., orgs. Epidemiologia: contextos e pluralidade [online]. Rio de Janeiro: Editora

FIOCRUZ, 1998. 172 p. EpidemioLógica series, n°4. ISBN 85-85676-54-X. Available from SciELO

Books <

http://books.scielo.org

>.

All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution-Non Commercial-ShareAlike 3.0 Unported.

Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribuição - Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não adaptada.

Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento-NoComercial-CompartirIgual 3.0 Unported.

Subtipos de HIV-1 no Brasil

Ester Cerdeira Sabino

(2)

SUBTIPOS DE HIV-1 NO BRASIL

Ester Cerdeira Sabino

O HIV-1 é u m v í r u s c o m alta taxa d e m u t a ç ã o . Isto faz c o m q u e praticamente cada partícula viral c o n t e n h a u m g e n o m a diferente das d e m a i s . P a r a d e s c r e v e r e s t a alta v a r i e d a d e d o HIV, foi u t i l i z a d o o c o n c e i t o d e 'quasispescie' ( M e y e r h a n s et al., 1989), e m que o H I V é visto c o m o u m a p o p u l a ç ã o de vírus e não c o m o u m g e n o m a único.

A diversidade d o HIV-1 está e m t o r n o de 6 % n u m m e s m o indivíduo, p o d e n d o c h e g a r a 5 0 % entre indivíduos d e diferentes regiões geográficas (Myers et al., 1992). C o m essa alta taxa de variação, é d e se esperar que o v í r u s a p r e s e n t e c a r a c t e r í s t i c a s b i o l ó g i c a s diferentes. P o r o u t r o l a d o , tal diversidade dificulta u m a classificação coerente d a s diversas cepas.

A diversidade d o H I V tem sido estudada sob vários prismas. U m a das primeiras características detectadas foi a forma c o m o a l g u m a s c e p a s cresciam e m cultura. E n q u a n t o a l g u m a s cresciam lentamente e não c a u s a v a m sincício in vitro, outras causavam sincício e cresciam rapidamente e em altos títulos ( C h e n g - M a y e r et al., 1988). Posteriormente, foi d e m o n s t r a d o que indivíduos

(3)

que a p r e s e n t a v a m as cepas indutoras d e sincício e v o l u í a m d e m o d o m a i s acelerado para a d o e n ç a (Tersmette et al.,1989).

U m a outra forma de se estudar a variabilidade genética d o H I V é pela análise filogenética. Por m e i o d e análise filogenética do g e n e env (Myers et al., 1992) ou do g e n e gag (Louwagie et al., 1993) de cepas de HIV, isoladas no m u n d o inteiro, foi possível a divisão do HIV-1 em dois g r u p o s : Μ (de major) e O (de outlier) (Myers, 1994). N o g r u p o Μ está classificada a maioria das cepas responsáveis pela epidemia de A I D S . Este g r u p o está dividido e m pelo m e n o s oito subtipos denominados de A a H, que divergem entre si em torno de 3 0 % , na região do envelope (vide Tabela 1 para ver o local o n d e estes subtipos são encontrados). O g r u p o O representa 5 % dos casos de HIV presentes na República dos C a m a r õ e s e diverge e m 5 0 % das outras cepas do g r u p o Μ (Nkengasong et al., 1994a). A análise filogenética feita com cepas representativas dos oito subtipos do g r u p o Μ sugere que todos tiveram u m único ancestral em c o m u m (Korber et al., 1994; M y e r s , 1994). O g r u p o O, ao contrário, parece ter evoluído a partir de u m ancestral diferente daquele que deu origem aos demais subtipos de H I V

(4)

U m d o s p r o b l e m a s no e s t u d o d o s s u b t i p o s de H I V é q u e e s s a classificação baseava-se na técnica de seqüenciamento que é cara e trabalhosa e, em geral, só p o d e ser realizada em um n ú m e r o p e q u e n o de amostras. R e c e n t e m e n t e , foi desenvolvido um ensaio (heteroduplex mobility essay) que permite a subtipagem de HIV sem a necessidade de seqüenciamento. l i s t a técnica baseia-se na mobilidade de fitas híbridas de produto de PCR em gel de acrilamida e permite o estudo de um maior número de amostras, num tempo menor, do que a técnica de seqüenciamento (Delwart et al., 1993). Ela foi avaliada por um g r u p o de trabalho internacional da O r g a n i z a ç ã o Mundial de Saúde (OMS) para caracterização e isolamento de HIV em todo o mundo, e escolhida c o m o a técnica de triagem para subtipagem do HIV (Bachman et al., 1994).

No Brasil, 199 amostras foram estudadas através de seqüenciamento ou pela técnica de H M A e três subtipos foram detectados: B, C e F (Potts et al., 1993; Sabino et a l , 1995) (Cf. Tabela 2 ) . A maioria das amostras foram classificadas no subtipo B.

(5)

F o r a m a v a l i a d a s e m n o s s o e s t u d o s e t e n t a a m o s t r a s de i n d i v í d u o s soropositivos da cidade de São Paulo. O subtipo F foi relacionado ao uso de drogas e n d o v e n o s a s (Sabino et al., 1995). Q u a t r o entre d o z e usuários de d r o g a eram subtipo F. D a s outras dez amostras de subtipo F encontradas nos outros estudos, apenas se tem os dados epidemiológicos de seis indivíduos: um usuário de droga; duas mulheres infectadas por relação heterossexual; dois h o m o s s e x u a i s e um h o m e m sem fator de risco definido.

Três amostras C foram encontradas no Rio Grande do Sul e u m a na cidade de São Paulo (WHO, 1994; Sabino et a l , 1995).

A i n d a não sabemos qual o significado biológico dos subtipos genéticos de HIV. C e p a s i n d u t o r a s de s i n c í c i o e n ã o - i n d u t o r a s d e s i n c í c i o foram encontradas e m amostras de todos os subtipos. S ã o necessários estudos para d e t e r m i n a r c o m o se c o m p o r t a m os diversos subtipos em relação à e v o l u ç ã o clínica, transmissibilidade e resposta imunológica.

Ε t a m b é m p o s s í v e l q u e v í r u s d e u m m e s m o s u b t i p o t e n h a m características diferentes. Por exemplo, nos Estados U n i d o s e na E u r o p a , onde o subtipo Β prevalece, a maioria das cepas contém no topo da alça V 3 quatro a m i n o á c i d o s que são relativamente conservados ( G P G R ) (Myers et a l , 1992). A s cepas brasileiras são mais variáveis nessa região, cerca de 3 0 % c o n t ê m o motivo G W G R (Potts et a l , 1993; Louwagie et a l , 1994). A troca de u m a prolina por u m triptofano altera a conformação tridimensional deste epitopo i m p o r t a n t e . A s s i m , é possível q u e as cepas G W G R t e n h a m u m c o m p o r t a m e n t o biológico muito diferente de outra do m e s m o subtipo, p o r é m c o m a seqüência G P G R no topo da alça V 3 .

N e s s e sentido, Korber et al. (1994) tentaram caracterizar o HIV-1 de acordo com a conservação dos aminoácidos na alça V 3 . A t r a v é s de análise fenética as cepas foram divididas em 14 grupos. Esta análise t a m b é m é recente e seu significado biológico ainda está para ser determinado.

T a m b é m não sabemos se será necessário uma vacina para cada subtipo de HIV. Estudos iniciais sugeriam u m a concordância entre subtipo genético e resultados obtidos por testes de neutralização (Mascola et a l , 1994). Estes resultados não foram confirmados por outros g r u p o s ( N k e n g a s o n g et al., 1994b). N a verdade, não sabemos n e m m e s m o se anticorpos neutralizantes terão a l g u m a função protetora nos indivíduos vacinados.

(6)

O e n c o n t r o de subtipos diferentes em u m a m e s m a p o p u l a ç ã o nos permitirá estudar mais facilmente o fenômeno de dupla infecção. A dupla infecção já pode ser demonstrada e m pelo m e n o s dois indivíduos que foram expostos, ao m e s m o tempo, a dois vírus diferentes (Zhu et a l , 1995; D i a z et a l , 1994). U m caso de vírus recombinante entre o subtipo Β e F p o d e ser encontrado em nosso meio (Sabino et a l , 1994). Resta saber se um indivíduo infectado por um vírus pode, subseqüentemente, se infectar por outro.

C o n c l u i n d o , a classificação atual d o HIV é b a s e a d a em d a d o s da seqüência do g e n o m a viral. A i n d a não sabemos o significado biológico desta classificação. E m países c o m o o Brasil, onde mais de u m subtipo é prevalente, os estudos para avaliar as diferenças clínicas e imunológicas destes vírus são de fundamental importância.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BACHMAN et al. Rapid genetic characterization of HIV-1 from four WHO-sponsored vaccine evaluation sites using heteroduplex mobility assay. Aids Res Hum Retrov, 10:1345-1353, 1994

CHENG-MAYER, C. et al. Biological features of HIV-1 that correlate with virulence in the host. Science, 240:80-82, 1988.

COUTO-FERNANDEZ, J. C. et al. Genetic and antigenic variability of HIV-1 strain isolated in Brazil. Aids Res Hum Retrov, 10:1157-1163,1994.

DELWART, E. L. et al. Genetic relationships determined by a DNA mobility assay: analysis of HIV-1 env genes. Science, 262:1257-1261, 1993.

DIAZ, R. et al. Evidence of dual HIV-1 infection and recombination in dually exposed transfusion recipient, Journal of Virology, 69:3272-3281, 1994.

KORBER & et al. Mutational trends in V3 loop protein sequences observed in different genetic lineages of human immunodeficiency virus type-1. Journal Virology, 68:6730-6744, 1994.

LOUWAGIE, J. et al. Phylogenetic analysis of gag genes from seventy international HIV-1 isolates provides evidence for multiple genotypes. Aids, 7:769-780, 1993.

(7)

LOUWAGIE, J. et al. Genenetic analysis or" HIV-1 isolates from Brazil revels the presence of two distinct genotypes. Aids Res Hum Retrovirus, 10:564-568, 1994. MASCOLA & et al. Two antigenic distinc subtypes of human immunodeficiency virus type 1: viral genotypes predicts neutralization serotype, Journal'of Infectious Disease,

169:48-58, 1994.

MEY.ERHANS, A. et al. Temporal fluctuations in HIV quasispecies in vivo are not reflected by sequential HIV isolation. Cell, 58:901-910, 1989.

MORGADO, M. G. et al. Sequence polymorphism in the V3 region of the envelope protein of human immunodeficiency virus type 1 (HIV-1) in Brazil. Aids Res HUM Retrovirus, 10:569-576, 1994.

MYKRS, G. et al. Human Retroviruses and Aids 1992: a compilation and analysis of nucleic acid and aminoacid sequences. Los Alamos: NM, Los Alamos National Laboratory, 1992. MYERS, G. HIV: between past and future. Aids Res HUM Retrovirus, 10:1317-1324, 1994. NKENGASONG, J . N. et al. Genotypic subtypes of HIV-1 in Cameroon. Aids, 8:1405-1412, 1994a.

NKENGASONG, J . N. et al. Crossneutralization antibodes to HIV-1 ant70 and HIV-1 III Β in sera of African and Belgium ΗIV-1 infected individuals. Aids, 8:1089-1096,1994b. POTTS, K. et al. Genetic heterogeneity of the principal neutralizing determinant of the human immunodeficiency virus type 1 (HIV-1) in Brazil. A ids, 7:1191-1197, 1993. SABINO, E. et al. Identification of an HIV-1 proviral genome recombinant between subtype Β and F in PBMC obtained from an individual in Brazil, Journal of Virology, 68: 6340-6346, 1994.

SABINO E. et al. Prevalence of HIV-1 subtypes in São Paulo city, Brazil. In: II NATIONAL CONFERENCE. Human Retrovirus and Related Infections. Washington D.C, abst. 325, 1995.

TERSMETTE, M. J. et al. Association between biological properties of human immunodeficiency virus variants and risk for Aids and Aids mortality. Lancet, 1:983-985, 1989. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Network for HIV Isolation and Characterization. HIV-1 variation in WHO -sponsored vaccine evaluation sites: genetics screening, sequence analysis and preliminary biological characterization of representative viral strains. Aids Res Hum Retrovirus, 10:1927-1943, 1994.

ZHU et al. Evidence for coinfection by multiple strains of human immunodeficiency virus type 1 subtype Β in an acute seroconvertor.Journal Virology, 69:1324-1327, 1995.

Referências

Documentos relacionados

All three factors necessary to create a potential for change (motivators, facilitators and catalysts) included in Kasurinen’s (2002) revised accounting change model were present

Evaluation of Viral Resistance to Reverse Transcriptase Inhibitors (RTI) in HIV-1- Infected Patients Before and After 6 Months of Single or Double Antiretroviral Therapy..

Considerando a disseminação de variantes do HIV-1 na população humana, pesquisas são necessárias para identificar os subtipos circulantes do HIV-1 no Estado do

We investigated the association of variants in the A3F gene with susceptibility to HIV-1 acquisition, HIV-1 viral load, and progression to AIDS in six clinically well-character-

Molecular epidemiology of HIV-1 in Brazil: high prevalence of HIV-1 subtype B and identification of an HIV-1 subtype D infection in the city of Rio de Janeiro, Brazil.

This study compares detection rates, genotype distribution and viral loads of different enteric viral agents in HIV-1 seropositive (n = 200) and HIV-1 seronegative (n = 125)

Using HIV-1 protein structures and experimental data, we evaluated the performance of individual and combined sequence-based methods in the prediction of HIV-1 intra- and

Nielsen R and Yang Z (1998) Likelihood models for detecting positively selected amino acid sites and applications to the HIV-1 envelope gene..