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TERMO DE AUDIÊNCIA PROCESSO Nº

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Academic year: 2021

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PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO 2ª VARA DO TRABALHO DE JOINVILLE

RTOrd 0001809-60.2016.5.12.0016

RECLAMANTE: GEANDRO AUGUSTO DE PAULA RECLAMADO: JOINVILLE ESPORTE CLUBE

TERMO DE AUDIÊNCIA

PROCESSO Nº 0001809-60.2016.5.12.0016

Aos quinze dias do mês de outubro de dois mil e dezoito, às 16h, na sala de audiências desta Vara do Trabalho, sob a presidência do Exmo. Sr. Juiz ROGÉRIO DIAS BARBOSA, foram apregoadas as partes - Autor: Geandro Augusto de Paula. Réu: Joinville Esporte Clube.

Ausentes as partes.

Submetido o processo a julgamento, foi proferida a seguinte:

SENTENÇA

I - RELATÓRIO

GEANDRO AUGUSTO DE PAULA ajuizou ação em face do JOINVILLE ESPORTE CLUBE, narrando que foi contratado como atleta profissional de futebol, de 1º/01/2015 a 31/12/2015, mas sofreu acidente de trabalho e foi dispensado sem justa causa. Formulou os pedidos descritos na petição constante do marcador (M) 2 - ID 6a7178b, páginas 27-26. Atribuiu à causa o valor de R$1.038.238,88. Juntou procuração e documentos.

O réu apresentou defesa escrita, com documentos. O autor deixou transcorrer o prazo sem se manifestar sobre a defesa e documentos.

(2)

Foram colhidos os depoimentos das partes e de uma testemunha. Sem outras provas a produzir, encerrou-se a instrução processual.

Razões finais remissivas pelo réu e prejudicadas pelo autor.

Após o término da instrução processual, o autor juntou novos documentos.

É o relatório.

II - FUNDAMENTAÇÃO

1) Novos documentos:

Após o encerramento da instrução processual, o autor juntou "razões finais" e novos documentos.

Deixo de conhecer de referida petição e documentos, uma vez que apresentados intempestivamente.

Note-se que nem o autor e nem seu procurador se fizeram presentes à audiência de instrução processual, o ocasião em que poderiam ter requerido a juntada de novos documentos, bem como a apresentação das razões finais.

Assim, mantenho nos autos os documentos novos juntados pelo autor, mas ante a preclusão não serão considerados para a elaboração da presente decisão.

(3)

2) Direito de imagem:

É incontroverso que cerca de 50% da totalidade dos ganhos do autor advinha do recebimento do direito de imagem, que está regulamentado pelo art. 87-A, da Lei 9.615/1998, constituindo parcela de natureza civil, ou seja, que não tem caráter salarial.

No entanto, o autor, com base no parágrafo único do referido artigo, requer que seja reconhecida a natureza salarial da referida verba, ao argumento que ultrapassa o limite de 40% de sua remuneração.

O parágrafo único do art. 87-A, da Lei 9.615/1998, somente foi incluído pela Lei 13.155/2015, que entrou em vigor em 04/08/2015.

De fato, referido dispositivo limita o direito de imagem a 40% da remuneração total recebida pelo atleta. Contudo, sua aplicação não retroage pra alcançar os contratos que já estavam em vigor.

Assim, não havendo prova de que tenha ocorrido qualquer fraude na contratação do direito de imagem, não se pode atribuir à verba referida a natureza salarial. É nesse sentido a decisão abaixo transcrita, do TRT da 12ª Região:

ATLETA PROFISSIONAL DE FUTEBOL. CONTRATO DE CESSÃO DO DIREITO DE USO DA IMAGEM. NATUREZA JURÍDICA. ART. 87-A DA LEI N. 9.615/95. FRAUDE À LEGISLAÇÃO TRABALHISTA NÃO DEMONSTRADA. NATUREZA CIVIL RECONHECIDA. Em consonância com o recente entendimento firmado pela SDI-1 do TST, o art. 87-A da Lei n. 9.615/98, introduzido pela Lei n. 12.395/11, tornou explícito o caráter autônomo da cessão do "direito de imagem" do atleta profissional, cuja essência civilista encontra fundamento nos arts. 5º, XXXVIII, "a", da Constituição Federal e 20 do Código Civil. Desse modo, à luz do art. 457 da CLT, a parcela paga a tal título não constitui salário, exceto se demonstrado que foi repassada ao atleta pela entidade desportiva empregadora com o intuito de "mascarar" o pagamento de salário, em fraude à legislação trabalhista (art. 9º da CLT), hipótese esta não verificada no caso "sub judice".

(4)

(TRT12 - RO - 0000585-96.2017.5.12.0034, Rel. LIGIA MARIA TEIXEIRA GOUVEA, 6ª Câmara, Data de Assinatura: 19/07/2018)

Desta forma, indefiro o pedido de reconhecimento de natureza salarial da verba paga como direito de imagem, bem como os reflexos decorrentes.

3) Nulidade da rescisão:

Pretende o autor que seja declarada a nulidade da rescisão contratual, sob a alegação de que está eivada de vícios, bem como que se reconheça que a rescisão ocorreu na modalidade de dispensa sem justa causa.

Sem razão.

O TRCT comprova que houve a rescisão antecipada do contrato por prazo determinado, aos 24/11/2015 (M 24 - ID bc52351).

Referido documento foi devidamente assinado pelo autor, que não comprovou nenhum vício de consentimento.

Além disso, como o contrato teve duração inferior a 1 ano, não havia obrigação de homologação do TRCT.

Ressalte-se o autor deixou transcorrer o prazo sem se manifestar sobre a defesa e os documentos juntados pelo réu.

(5)

4) Diferenças de verbas rescisórias e multas:

Conforme acima mencionado, o autor deu quitação às rescisórias, assinando o TRCT em que as verbas estão consignadas, inclusive 13º salário proporcional e férias proporcionais com o terço constitucional (M 24 - ID bc52351).

Além disso, frise-se, o autor deixou transcorrer o prazo para impugnar o documento, operando-se a preclusão.

Acrescente-se que as rescisórias, de acordo com o TRCT, foram quitadas no dia 1º/12/2015, ou seja, dentro do prazo previsto no art. 477, § 6º, da CLT.

Portanto, indefiro os pedidos de diferenças de 13º salário e férias, bem como da multa do art. 477, § 8º, da CLT.

Como não ficaram incontroversas as rescisórias pleiteadas, indefiro a aplicação da multa do art. 467, da CLT.

5) Cláusula Compensatória Desportiva:

Da mesma forma que as verbas rescisórias acima especificadas, o réu comprovou que pagou a cláusula indenizatória desportiva, prevista no art. 28, da Lei 9.615/1998 (com as alterações promovidas pela Lei 12.395/2011), conforme se vê no item 95 do TRCT (M 24 - ID bc52351).

O valor pago está correto, uma vez que não foi reconhecida a natureza salarial do direito de imagem.

Indefiro o pedido.

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6) Acidente de trabalho:

É incontroverso que o autor sofreu acidente de trabalho e ficou afastado de suas atividades laborais de abril a novembro de 2015.

O réu, por outro lado, comprovou que, ao contrário do que afirmou o reclamante, contratou para ele um seguro (M 38 - ID e2e7d39), conforme determina o art. 45, da Lei 9.615/1998.

Assim, porque o réu cumpriu sua obrigação legal, indefiro o pedido de indenização substitutiva à não contratação do seguro (pedido número 8 da inicial).

O autor também pleiteia uma indenização substitutiva à estabilidade provisória, bem como indenização por danos morais e lucros cessantes em razão do acidente sofrido, com reconhecimento da responsabilidade objetiva do réu.

Sem razão.

O acidente ocorrido com o autor é comum ao tipo de atividade desenvolvida e todos os atletas exercem seus ofícios cientes dos riscos de sofrê-lo. Não se pode, portanto, responsabilizar o réu por eventual dano moral sofrido pelo autor em decorrência desse tipo de acidente.

O autor também não demonstrou que o acidente tenha afetado sua honra, a ponto de ensejar uma compensação financeira.

Da mesma forma, não houve nenhuma comprovação de prejuízo material, ou de lucros cessantes.

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A única testemunha ouvida confirmou que o autor não teve nenhum prejuízo financeiro durante o período de afastamento previdenciário, inclusive quanto ao direito de imagem (M 63 - ID 8ef5a9d).

Note-se que o autor confessou, em seu depoimento pessoal, que estava recuperado de sua lesão antes da saída do réu (M 60 - ID 8624793).

Com relação à estabilidade, o contrato do autor era por prazo determinado, o que, por si só, afasta seu direito à garantia provisória de emprego.

Além disso, pouco mais de um mês após a saída do réu, o autor já estava trabalhando em outro clube (Bragantino), conforme declarou a testemunha, confirmando a prova documental produzida (M 40 - ID fbe8b45)

O direito à garantia provisória de emprego existe para assegurar que o empregado não seja dispensado de forma discriminatória após a alta previdenciária, garantindo-lhe a manutenção de sua fonte de sustento por pelo menos 1 ano.

No caso presente, contudo, o autor não demonstrou nenhum interesse na manutenção do emprego, tanto que nem pleiteou sua reintegração, pois já se encontrava trabalhando em outra agremiação esportiva.

Assim, por todos os motivos acima indicados, indefiro os pedidos relacionados ao acidente de trabalho (reconhecimento de responsabilidade do réu, indenizações, estabilidade etc).

Fica prejudicado o pedido de compensação formulado pela defesa.

Tendo em vista que o autor não cumpriu os requisitos previstos no art. 790, § 3º, da CLT (com redação da época em que a ação foi ajuizada), indefiro o pedido de benefício da justiça gratuita.

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Ressalte-se, quanto aos honorários de sucumbência, que não se aplica a Lei 13.467/2017, uma vez que a presente ação foi ajuizada antes do início de sua vigência, conforme interpretação constante do art. 6º, da Instrução Normativa nº 41/2018, do TST.

III - DISPOSITIVO

Por todo o exposto na fundamentação supra, que integra o presente dispositivo para todos os efeitos legais, REJEITOos pedidos formulados por GEANDRO AUGUSTO DE PAULA, absolvendo o réu, JOINVILLE ESPORTE CLUBE.

Custas pelo autor, no importe de R$20.764,78, calculado sobre o valor atribuído à causa.

Intimem-se as partes.

Nada mais.

JOINVILLE, 15 de Outubro de 2018

ROGERIO DIAS BARBOSA

Juiz(a) do Trabalho Substituto(a)

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