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Superior Tribunal de Justiça

MEDIDA CAUTELAR Nº 6.515 - RS (2003/0091138-3)

RELATOR : MINISTRO JOSÉ DELGADO

REQUERENTE : MUNICÍPIO DE LAJEADO

ADVOGADO : VENÂNCIO EUGÊNIO DIERSMANN E OUTROS

REQUERIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADOR : ANTONIO CARLOS DE AVELAR BASTOS E OUTROS

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. MEDIDA CAUTELAR PARA ATRIBUIR EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO ESPECIAL. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. MEDIDA PROTETIVA. INTERNAÇÃO DE MENOR PARA TRATAMENTO CONTRA DROGAS. PRIORIDADE. ATRIBUIÇÃO DO MUNICÍPIO. INEXISTÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS AUTORIZADORES DA MEDIDA EXCEPCIONAL.

1. Medida cautelar com o fito de obter efeito suspensivo a recurso especial em face de acórdão que deferiu a aplicação de medida protetiva a adolescente, obrigando o Município a custear tratamento contra drogadição.

2. O efeito suspensivo do recurso especial é medida excepcional. Só se justifica quando, desde logo, fica evidente dano irreversível ou de difícil reparação, caso não seja concedida a suspensão dos seus efeitos.

3. Para o acesso à proteção jurisdicional, não é impositivo o exaurimento da instância administrativa ou outra, eis que o direito à saúde e à vida são fundamentais e prioritários para a tutela pública. Assim, compete ao ente municipal assegurar tratamento a adolescente usuário de drogas, que procura voluntariamente serviço para a instrumental, a Fazenda Pública dispõe de prazo quádruplo para responder o pedido.

4. O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA – é claro quanto à municipalização do atendimento, cumprindo à Comuna, em primeira mão, dar cumprimento a medidas de proteção aplicadas a crianças e adolescentes.

5. O art. 7°, c/c os arts. 98, 1, e 101, IV, do ECA, dão plena eficácia ao direito consagrado na Constituição Federal (arts. 196 e 227), à inibir a omissão do ente público (União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios) em garantir o efetivo tratamento médico a menor necessitado, inclusive com o fornecimento, se necessário, de medicamentos de forma gratuita para o tratamento, cuja medida verificada no caso dos autos se impõe de maneira imediata, em vista da urgência e conseqüências que possam acarretar sua não realização. Pela peculiaridade do caso e em face da sua urgência, há que se afastar delimitações na efetivação da medida sócio-protetiva pleiteada, não padecendo de qualquer ilegalidade a decisão que ordena à Administração Pública a realização/continuidade de tratamento do menor.

6. Se acaso a medida for outorgada somente ao final do julgamento dos autos, poderá não mais ter sentido a sua outorga, haja vista a possibilidade de danos irreparáveis e irreversíveis ao menor amparado pelo provimento.

7. O conflito dá-se entre a oneração financeira do Município e o pronto atendimento do adolescente, em que há de resolver-se, evidentemente, em favor do menor, até mesmo pela forma prioritária como a Carta Magna caracteriza as prestações em favor da infância e da juventude (art. 227, caput).

8. Inexistência dos pressupostos autorizadores da medida excepcional. 9. Medida Cautelar improcedente. Agravo regimental prejudicado.

ACÓRDÃO

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Superior Tribunal de Justiça

os Ministros da PRIMEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, julgar improcedente a medida cautelar e prejudicado o agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Francisco Falcão, Luiz Fux, Teori Albino Zavascki e Humberto Gomes de Barros votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília (DF), 16 de setembro de 2003.(Data do Julgamento).

MINISTRO JOSÉ DELGADO Relator

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Superior Tribunal de Justiça

MEDIDA CAUTELAR Nº 6.515 - RS (2003/0091138-3) RELATÓRIO

O SR. MINISTRO JOSÉ DELGADO(Relator):

O Município de Lajeado interpõe medida cautelar para emprestar efeito suspensivo a recurso especial intentado contra acórdão proferido em agravo de instrumento com ementa seguinte (fl. 135):

"E.C.A. MEDIDA DE PROTEÇÃO. INTERNAMENTO DE MENOR. DROGAS. PRIORIDADE. ATRIBUIÇÃO MUNICIPAL.

Para o acesso à proteção jurisdicional, não é impositivo o

exaurimento da instância administrativa ou outra, eis que o direito à saúde e à vida são fundamentais e prioritários para a tutela pública. Assim, compete ao ente municipal assegurar tratamento a adolescente usuário de drogas, que procura voluntariamente serviço para a desintoxicação. Todavia, em respeito à norma instrumental, a Fazenda Pública dispõe de prazo quádruplo para responder o pedido.

Agravo desprovido".

A medida foi contestada (fls. 179/183):

"ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. MEDIDA

PROTETIVA. INTERNAÇÃO DE ADOLESCENTE PARA TRATAMENTO CONTRA DROGADIÇÃO. MUNICIPALIZAÇÃO. RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO. MEDIDA CAUTELAR. PRESSUPOSTOS LEGAIS NÃO VERIFICADOS. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO.

1. O Município de Lajeado, inconformado com decisão da 7ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, no julgamento do Agravo de Instrumento n.° 70005478086, interpôs, com fundamento nos arts. 105, III, “a", e 102, III, “a”, da CF, recursos especial e extraordinário. Propôs, ainda, ação cautelar junto ao Superior Tribunal de Justiça, buscando conferir efeito suspensivo ao recurso especial. Sustenta que a plausibilidade jurídica do pedido decorre da nulidade do processo em que se deferiu a aplicação de medida protetiva a adolescente, obrigando o Município a custear tratamento contra drogadição, ao argumento de que não houve sua intimação de documentos juntados pelo Ministério Público. Já o 'periculum in mora' advém da oneração ao Município, que terá que custear indevidamente o tratamento.

Citou-se o Ministério Público. É o relatório.

Busca o Município de Lajeado conferir efeito suspensivo a recurso especial contra decisão da 7ª Câmara Cível do TJRGS, que manteve

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Superior Tribunal de Justiça

decisão liminar de 1° Grau, que lhe determinou custear o tratamento de adolescente contra drogadição. Alega que o processo é nulo, por não ter sido intimado de documentos juntados pelo Ministério Público. Sustenta, ainda, que, recebido o recurso apenas em seu efeito devolutivo, terá de despender recursos públicos indevidamente para atender o menor.

No que toca ao 'fumus boni iuris', cumpre ressaltar que o Estatuto da Criança e do Adolescente é claro quanto à municipalização do atendimento, cumprindo à Comuna, em primeira mão, dar cumprimento a medidas de proteção aplicadas a crianças e adolescentes.

Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, tratando de hipótese similar:

“CONSTITUCIONAL, PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO.

APLICAÇÃO DE MEDIDA SÓCIO-PROTETIVA. MANUTENÇÃO DE TRATAMENTO MÉDICO E PSIQUIÁTRICO OU PSICOLÓGICO A MENOR PELO ESTADO (MUNICÍPIO).

OBRIGATORIEDADE. AFASTAMENTO DAS DELIMITAÇÕES. DEVER CONSTITUCIONAL.

ART. 7°, C/C OS ARTS. 98, I, E 101, V, DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ARTS. 196 E 227, DA CF/1988.

PRECEDENTES DESTA CORTE SUPERIOR E DO COLENDO STF. 1. Recurso Especial contra Acórdão que negou liminar nos autos de ação de aplicação de medida sócio-protetiva ajuizada pelo Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul em favor de menor, de 09 anos de idade, à época, com o objetivo de que fosse garantido tratamento médico e psiquiátrico ou psicológico do menor, a cargo do Município recorrido.

2. O art. 7°, c/c os arts. 98, 1, e 101, IV, do Estatuto da Criança e do Adolescente, dão plena eficácia ao direito consagrado na Constituição Federal (arts. 196 e 227), à inibir a omissão do ente público (União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios) em garantir o efetivo tratamento médico a menor necessitado, inclusive com o fornecimento, se necessário, de medicamentos de forma gratuita para o tratamento, cuja medida verificada no caso dos autos se impõe de maneira imediata, em vista da urgência e conseqüências que possam acarretar sua não realização.

3. Pela peculiaridade do caso e em face da sua urgência, há que se afastar delimitações na efetivação da medida sócio-protetiva pleiteada, não padecendo de qualquer ilegalidade a decisão que ordena à Administração Pública a continuidade de tratamento médico e psiquiátrico ou psicológico de menor.

4. O poder geral de cautela há que ser entendido com uma amplitude compatível com a sua finalidade primeira, que é a de assegurar a perfeita eficácia da função jurisdicional. Insere-se, aí, sem dúvida, a garantia da efetividade da decisão a ser proferida. A adoção de medidas cautelares (inclusive as liminares inaudita altera pars) é crucial para o próprio exercício da função jurisdicional, não devendo encontrar óbices, salvo no ordenamento jurídico.

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Superior Tribunal de Justiça

concessão. São eles: o risco de ineficácia do provimento principal e a plausibilidade do direito alegado (periculum in mora e fumus boni iuris), que, presentes, determinam a necessidade da tutela cautelar e a inexorabilidade de sua concessão, para que se protejam aqueles bens ou direitos de modo a se garantir a produção de efeitos concretos do provimento jurisdicional principal.

6. A verossimilhança faz-se presente (as determinações preconizadas no Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei n.° 8.069/90, em seus arts. 7º, 98, I, e 101, V, em combinação do atestado médico indicando a necessidade do tratamento postergado). Constatação, também, da presença do periculum in mora (a manutenção do decisum a quo, determinando-se a suspensão do tratamento já realizado desde agosto de 1999, com risco de dano irreparável à saúde do menor). Se acaso a medida for outorgada somente ao final do julgamento dos autos, poderá não mais ter sentido a sua outorga, haja vista a possibilidade de danos irreparáveis e irreversíveis ao menor amparado pelo provimento.

7. Prejuízos irá ter o menor beneficiário se não lhe for concedida a liminar, haja vista que estará sendo usurpado no direito constitucional à saúde, com a cumplicidade do Poder Judiciário. A busca pela entrega da prestação jurisdicional deve ser prestigiada pelo magistrado, de modo que o cidadão tenha, cada vez mais facilitada, com a contribuição do Poder Judiciário, a sua atuação em sociedade, quer nas relações jurídicas de direito privado, quer nas de direito público.

8. Precedentes desta Corte Superior e do colendo STF.

9. Recurso provido” (REsp 442.693, 1ª Turma, rel. Min. José Delgado, julgado em 17.09.2002).

Quanto ao periculum in mora, melhor sorte não socorre o requerente. O conflito dá-se entre a oneração financeira do Município e o pronto atendimento do adolescente, em que há de resolver-se, evidentemente, em favor do menor, até mesmo pela forma prioritária como a Constituição caracteriza as prestações em favor da infância e da juventude (art. 227, caput).

Ante o exposto, o Ministério Público requer a improcedência da ação cautelar".

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Superior Tribunal de Justiça

MEDIDA CAUTELAR Nº 6.515 - RS (2003/0091138-3)

PROCESSUAL CIVIL. MEDIDA CAUTELAR PARA ATRIBUIR EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO ESPECIAL. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. MEDIDA PROTETIVA. INTERNAÇÃO DE MENOR

PARA TRATAMENTO CONTRA DROGAS. PRIORIDADE.

ATRIBUIÇÃO DO MUNICÍPIO. INEXISTÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS AUTORIZADORES DA MEDIDA EXCEPCIONAL.

1. Medida cautelar com o fito de obter efeito suspensivo a recurso especial em face de acórdão que deferiu a aplicação de medida protetiva a adolescente, obrigando o Município a custear tratamento contra drogadição.

2. O efeito suspensivo do recurso especial é medida excepcional. Só se justifica quando, desde logo, fica evidente dano irreversível ou de difícil reparação, caso não seja concedida a suspensão dos seus efeitos.

3. Para o acesso à proteção jurisdicional, não é impositivo o exaurimento da instância administrativa ou outra, eis que o direito à saúde e à vida são fundamentais e prioritários para a tutela pública. Assim, compete ao ente municipal assegurar tratamento a adolescente usuário de drogas, que procura voluntariamente serviço para a instrumental, a Fazenda Pública dispõe de prazo quádruplo para responder o pedido.

4. O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA – é claro quanto à municipalização do atendimento, cumprindo à Comuna, em primeira mão, dar cumprimento a medidas de proteção aplicadas a crianças e adolescentes.

5. O art. 7°, c/c os arts. 98, 1, e 101, IV, do ECA, dão plena eficácia ao direito consagrado na Constituição Federal (arts. 196 e 227), à inibir a omissão do ente público (União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios) em garantir o efetivo tratamento médico a menor necessitado, inclusive com o fornecimento, se necessário, de medicamentos de forma gratuita para o tratamento, cuja medida verificada no caso dos autos se impõe de maneira imediata, em vista da urgência e conseqüências que possam acarretar sua não realização. Pela peculiaridade do caso e em face da sua urgência, há que se afastar delimitações na efetivação da medida sócio-protetiva pleiteada, não padecendo de qualquer ilegalidade a decisão que ordena à Administração Pública a realização/continuidade de tratamento do menor. 6. Se acaso a medida for outorgada somente ao final do julgamento dos autos, poderá não mais ter sentido a sua outorga, haja vista a possibilidade de danos irreparáveis e irreversíveis ao menor amparado pelo provimento.

7. O conflito dá-se entre a oneração financeira do Município e o pronto atendimento do adolescente, em que há de resolver-se, evidentemente, em favor do menor, até mesmo pela forma prioritária como a Carta Magna caracteriza as prestações em favor da infância e da juventude (art. 227, caput).

8. Inexistência dos pressupostos autorizadores da medida excepcional. 9. Medida Cautelar improcedente. Agravo regimental prejudicado.

VOTO

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Superior Tribunal de Justiça

O pedido cautelar não merece procedência.

Adoto, como razões de decidir, as que estão às fls. 180/182:

"Busca o Município de Lajeado conferir efeito suspensivo a recurso especial contra decisão da 7ª Câmara Cível do TJRGS, que manteve decisão liminar de 1° Grau, que lhe determinou custear o tratamento de adolescente contra drogadição. Alega que o processo é nulo, por não ter sido intimado de documentos juntados pelo Ministério Público. Sustenta, ainda, que, recebido o recurso apenas em seu efeito devolutivo, terá de despender recursos públicos indevidamente para atender o menor.

No que toca ao fumus boni iuris, cumpre ressaltar que o Estatuto da Criança e do Adolescente é claro quanto à municipalização do atendimento, cumprindo à Comuna, em primeira mão, dar cumprimento a medidas de proteção aplicadas a crianças e adolescentes.

Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, tratando de hipótese similar:

“CONSTITUCIONAL, PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO.

APLICAÇÃO DE MEDIDA SÓCIO-PROTETIVA. MANUTENÇÃO DE TRATAMENTO MÉDICO E PSIQUIÁTRICO OU PSICOLÓGICO A MENOR PELO ESTADO (MUNICÍPIO).

OBRIGATORIEDADE. AFASTAMENTO DAS DELIMITAÇÕES. DEVER CONSTITUCIONAL.

ART. 7°, C/C OS ARTS. 98, I, e 101, V, DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ARTS. 196 E 227, DA CF/1988.

PRECEDENTES DESTA CORTE SUPERIOR E DO COLENDO STF. 1. Recurso Especial contra Acórdão que negou liminar nos autos de ação de aplicação de medida sócio-protetiva ajuizada pelo Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul em favor de menor, de 09 anos de idade, à época, com o objetivo de que fosse garantido tratamento médico e psiquiátrico ou psicológico do menor, a cargo do Município recorrido.

2. O art. 7°, c/c os arts. 98, I, e 101, IV, do Estatuto da Criança e do Adolescente, dão plena eficácia ao direito consagrado na Constituição Federal (arts. 196 e 227), à inibir a omissão do ente público (União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios) em garantir o efetivo tratamento médico a menor necessitado, inclusive com o fornecimento, se necessário, de medicamentos de forma gratuita para o tratamento, cuja medida verificada no caso dos autos se impõe de maneira imediata, em vista da urgência e conseqüências que possam acarretar sua não realização.

3. Pela peculiaridade do caso e em face da sua urgência, há que se afastar delimitações na efetivação da medida sócio-protetiva pleiteada, não padecendo de qualquer ilegalidade a decisão que

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Superior Tribunal de Justiça

ordena à Administração Pública a continuidade de tratamento médico e psiquiátrico ou psicológico de menor.

4. O poder geral de cautela há que ser entendido com uma amplitude compatível com a sua finalidade primeira, que é a de assegurar a perfeita eficácia da função jurisdicional. Insere-se, aí, sem dúvida, a garantia da efetividade da decisão a ser proferida. A adoção de medidas cautelares (inclusive as liminares inaudita altera pars) é crucial para o próprio exercício da função jurisdicional, não devendo encontrar óbices, salvo no ordenamento jurídico.

5. O provimento cautelar tem pressupostos específicos para sua concessão. São eles: o risco de ineficácia do provimento principal e a plausibilidade do direito alegado (periculum in mora e fumus boni iuris), que, presentes, determinam a necessidade da tutela cautelar e a inexorabilidade de sua concessão, para que se protejam aqueles bens ou direitos de modo a se garantir a produção de efeitos concretos do provimento jurisdicional principal.

6. A verossimilhança faz-se presente (as determinações preconizadas no Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei n.° 8.069/90, em seus arts. 7º, 98, I, e 101, V, em combinação do atestado médico indicando a necessidade do tratamento postergado). Constatação, também, da presença do periculum in mora (a manutenção do decisum a quo, determinando-se a suspensão do tratamento já realizado desde agosto de 1999, com risco de dano irreparável à saúde do menor). Se acaso a medida for outorgada somente ao final do julgamento dos autos, poderá não mais ter sentido a sua outorga, haja vista a possibilidade de danos irreparáveis e irreversíveis ao menor amparado pelo provimento.

7. Prejuízos irá ter o menor beneficiário se não lhe for concedida a liminar, haja vista que estará sendo usurpado no direito constitucional à saúde, com a cumplicidade do Poder Judiciário. A busca pela entrega da prestação jurisdicional deve ser prestigiada pelo magistrado, de modo que o cidadão tenha, cada vez mais facilitada, com a contribuição do Poder Judiciário, a sua atuação em sociedade, quer nas relações jurídicas de direito privado, quer nas de direito público.

8. Precedentes desta Corte Superior e do colendo STF.

9. Recurso provido” (REsp 442.693, 1ª Turma, Rel. Min. José Delgado, julgado em 17.09.2002).

Quanto ao periculum in mora, melhor sorte não socorre o requerente. O conflito dá-se entre a oneração financeira do Município e o pronto atendimento do adolescente, em que há de resolver-se, evidentemente, em favor do menor, até mesmo pela forma prioritária como a Constituição caracteriza as prestações em favor da infância e da juventude (art. 227, caput)".

Isso posto, julgo improcedente a medida cautelar.

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Superior Tribunal de Justiça

Agravo regimental prejudicado.

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Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO PRIMEIRA TURMA Número Registro: 2003/0091138-3 MC 6515 / RS Números Origem: 4274 4274695 70005478086 PAUTA: 16/09/2003 JULGADO: 16/09/2003 Relator

Exmo. Sr. Ministro JOSÉ DELGADO Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro FRANCISCO FALCÃO Subprocurador-Geral da República

Exmo. Sr. Dr. PAULO EVALDO COSTA Secretária

Bela. MARIA DO SOCORRO MELO

AUTUAÇÃO REQUERENTE : MUNICÍPIO DE LAJEADO

ADVOGADO : VENÂNCIO EUGÊNIO DIERSMANN E OUTROS

REQUERIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADOR : ANTONIO CARLOS DE AVELAR BASTOS E OUTROS

ASSUNTO: Administrativo - Responsabilidade Civil do Estado - Internamento Hospitalar CERTIDÃO

Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

A Turma, por unanimidade, julgou improcedente a medida cautelar e prejudicado o agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.

Os Srs. Ministros Francisco Falcão, Luiz Fux, Teori Albino Zavascki e Humberto Gomes de Barros votaram com o Sr. Ministro Relator.

O referido é verdade. Dou fé.

Brasília, 16 de setembro de 2003

MARIA DO SOCORRO MELO Secretária

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