USO DA TORTA DE MAMONA E SUBSTRATOS COMERCIAIS NA
ACLIMATAÇÃO DE MUDAS MICROPROPAGADAS DE BANANEIRA
Adriana Novais Martins1; Eduardo Suguino2; Naíssa Maria Silvestre Dias3, Marcos José Perdoná2
1APTA Médio Paranapanema, Rod. SP 333, km 397, CP 263, 19.802-970, Assis, SP,
adrianamartins@apta.sp.gov.br; 2 APTA Centro Leste, CP 271, 14.001-970, Ribeirão Preto, SP,
esuguino@apta.sp.gov.br, marcosperdona@apta.sp.gov.br; 3 ESALQ/USP, Programa de Pós
Graduação, Piracicaba, SP.
INTRODUÇÃO
A instalação de um bananal comercial a partir de mudas de boa qualidade é fundamental para altas produtividades, longevidade e lucratividade do empreendimento (Furlaneto et al., 2007). As mudas micropropagadas de bananeira necessitam de um período de aclimatização em viveiros, onde permanecem em recipientes com substratos até atingirem o porte ideal para o transplantio no campo (Nomura et al., 2009). De acordo com Silva et al. (2001), substratos compostos por palha ou casca de arroz carbonizadas, casca curtida de eucalipto ou pinus, vermiculita, areia e turfa são indicados para a climatização de mudas. Atualmente, substratos comerciais, acrescidos de fontes de nutrientes minerais ou orgânicas, são amplamente utilizados. Solos que recebem torta de mamona apresentam atividade microbiana maior quando comparados com solos que recebem esterco bovino ou bagaço de cana. A mineralização da torta de mamona ocorre de forma intensa, sendo que seus nutrientes são rapidamente liberados e disponibilizados para as plantas (Severino et al., 2004). Objetivou-se com o trabalho, avaliar o efeito de diferentes doses de torta de mamona em combinação com dois substratos comerciais na aclimatização de mudas micropropagadas de bananeira, cv. Willians.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no viveiro de produção de mudas da Usina de Reciclagem e Compostagem de Lixo “José Santilli Sobrinho”, da Prefeitura Municipal de Assis, Estado de São Paulo, durante o período de abril a julho de 2008. As mudas do cv. Willians foram micropropagadas a partir de ápices caulinares, estabelecidos em meio MS (Murashige & Skoog, 1962) modificado. Após o enraizamento, as mudas foram retiradas dos frascos e colocadas em bandejas com 72 células (3,5 x 3,5 x 6,0 cm/célula), utilizando-se o substrato Plantmax™, as quais foram mantidas em casa de vegetação com 70% de
sombreamento e irrigadas por nebulização acionado por 5 minutos, 5 vezes ao dia. Após 30 dias, as mudas foram transplantadas para vasos de polipropileno, com capacidade de 6 litros. Foram utilizados 2 substratos comerciais: Vivatto Slim Plus®, que é elaborado casca de pinus bioestabilizada, vermiculita, moinha de carvão vegetal, água, espuma fenólica além de fertilizantes (pH 5,6 +/- 0,5; CE 1,2 +/- 0,3 (mS/cm); CRA 200 % (m/m); umidade 48 % (m/m)) e o Plantmax™, elaborado com vermiculita e materiais orgânicos de origem vegetal, como a casca de pinus, turfa e fertilizantes (pH 5,8 +/- 0,5; CE 1,7 +/- 0,3 (mS/cm); CRA 150 % (m/m); umidade 50 % (m/m). A torta de mamona utilizada apresentava pH 7,0, 215g.dm-3 de matéria orgânica, umidade de 10% e alguns poucos nutrientes, que foi adicionada nas seguintes doses: 0; 6; 12; 18 e 24 g vaso-1. As misturas foram homogeneizadas e as mudas transplantadas para os vasos e mantidas em estufa coberta com filme de polipropileno transparente (150 m) e sombrite (50% de interceptação luminosa), por um período de 90 dias, com sistema de irrigação por microaspersão superior. O delineamento estatístico utilizado foi inteiramente casualizado, com 10 tratamentos (fatorial 2 x 5). Cada tratamento foi representado por 8 repetições (vasos), totalizando 80 parcelas. Aos 90 dias após o transplantio, foram avaliados: a altura das plantas, o diâmetro do colo, o número de folhas vivas, a massa seca do sistema radicular e da parte aérea utilizando-se todas as plantas de cada tratamento, sendo que os materiais foram separados e secos em estufa a 65ºC, por 72 horas até peso constante. A determinação da área foliar foi calculada adaptando-se a metodologia descrita e utilizada por Basanta et al. (2000). As avaliações finais foram realizadas no laboratório da APTA Médio Paranapanema, em Assis, SP. Os resultados foram submetidos à análise de variância, utilizando-se o software estatístico SAS System for Windows V8 sendo que as médias foram ajustadas através de regressão polinomial para as doses de torta de mamona, ao nível de significância de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os resultados obtidos na análise de variância (Tabela 1), os dois substratos testados exerceram grande influência sobre as variáveis avaliadas, o mesmo ocorrendo com as doses de torta de mamona, que apresentaram diferenças significativas pelo teste F (P<0,01) para todas as variáveis.
Tabela 1. Resumo da análise de variância da altura, diâmetro do colo, número de folhas, massa seca da parte aérea (MSPA) e do sistema radicular (MSR) e área foliar (AF) em função de substratos (Plantmax™ e Vivatto Slim Plus®) e doses de torta de mamona na aclimatação de mudas micropropagadas de bananeiras, cv. Willians. Assis, SP. 2009.
F. V. GL Altura (cm) Diâmetro colo (cm) Folhas MSPA (g) MSR (g) Nº AF (cm2)
Tratamentos 9 655,65** 6,07** 25,26** 675,54** 116,29** 4367025,28** Substratos (1) 152,08** 1,27** 2,11* 71,44** 8,39** 111796,10** Doses (4) 1425,03** 13,22** 56,23** 1493,04** 258,37** 9784148,10** Substratos x Doses (4) 12,17** 0,11** 0,08n.s. 9,07** 1,18* 13709,75* Resíduo 70 0,57 0,004 0,39 0,43 0,24 2849,82 CV (%) 2,77 2,73 9,83 4,09 7,58 3,71
** Significativo a 1% de probabilidade pelo Teste F; * significativo a 5% de probabilidade pelo Teste F; n.s. Não significativo.
A dose de 12 g de torta de mamona por planta, para os dois substratos, foi a que proporcionou a maior altura, diâmetro de colo, número de folhas, massa seca da parte aérea, massa seca das raízes e área foliar. A diminuição do desenvolvimento das mudas de bananeira nas doses acima deste valor pode ser explicada por possível ação fitotóxica do produto, que também foi identificada no trabalho de Lopes et al. (2009) em trabalho com mudas micropropagadas de bananeira cv. Prata Anã, uma vez que a torta de mamona apresentou altos teores de nitrogênio (5,96 dag N. kg-1).
Figura 1. Efeito de doses de torta de mamona adicionadas aos dois substratos (Vivatto Slim Plus® - VIV e Plantmax™ - PLAN) na altura (cm), número de folhas, diâmetro de colo (mm), área foliar (cm2), massa seca da parte aérea – MSPA (g. planta-1) e massa seca do sistema radicular – MSR (g. planta-1) de mudas micropropagadas de bananeira, cv. Willians, na fase de aclimatação. Assis, SP. 2009.
Na maioria das variáveis foram identificados resultados superiores nas plantas cultivadas no substrato Vivatto Slim Plus® quando comparado com o Plantmax™, que pode ser explicado pelos valores da condutividade elétrica dos substratos, como no trabalho realizado por Trindade et al. (2003), onde os pesquisadores observaram que o aumento na condutividade elétrica dos substratos não trouxe benefícios para as mudas micropropagadas de bananeira.
A dose de 12 g planta-1 de torta combinado com o substrato Vivatto Slim Plus® ou Plantmax™ possibilitou o melhor desenvolvimento das plantas na aclimatação de mudas micropropagadas de bananeira.
REFERÊNCIAS
BASANTA, M. del V.; DOURADO-NETO, D.; GARCIA, A.G. Estimativa do volume máximo de calda para aplicação foliar de produtos químicos na cultura do milho. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 57, n. 2, p. 283-288. 2000.
FURLANETO, F.P.B.; MARTINS, A.N.; CAMOLESI, M.R.; ESPERANCINI, M.S.T. Análise econômica de sistemas de produção de banana (Musa sp.), cv. Grande Naine, na região do Médio Paranapanema, estado de São Paulo. Científica, Jaboticabal, v. 35, n. 2, p. 188-195. 2007.
LOPES, E.P.; XAVIER, A.A.; SOARES, I.P.; RIBEIRO, R.C.F.; MIZOBUTSI, E.H.; REIS, S.T. dos. Efeito de diferentes doses de torta mamona, algodão e pinhão manso na severidade do Mal do Panamá. In: SEMINÁRIO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DA UNIMONTES, 10, 2009, Montes Claros. Anais... Montes Claros: UNIMONTES, 2009. 1 CD-ROM.
MURASHIGE, T.; SKOOG, F. A revised medium for rapid growth and bioassays with tabacco tissue culture. Physiologia Plantarum, Copenhagen, v.5, n. 4, p. 473-497, 1962.
NOMURA, E.S.; LIMA, J.D.; RODRIGUES, D.S.; GARCIA, V.A.; FUZITANI, E.J. Influência do substrato e do tipo de fertilizante na aclimatização de mudas de bananeira „Prata-Anã‟. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 33, n. 3, p. 773-779. 2009.
SEVERINO, L.S.; COSTA, F.X.; BELTRÃO, N.E.M.; LUCENA, A.M.A.; GUIMARÃES, M.M.B. Mineralização da torta de mamona, esterco bovino e bagaço de cana estimada pela respiração microbiana. Revista de Biologia e Ciências da Terra, Campina Grande, v. 5, n. 1, 2004. Disponível em http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/500/50050105.pdf (Acesso em 03/11/2009)
SILVA, R.P.; PEIXOTO, J.R.; JUNQUEIRA, N.T.V. Influência de diversos substratos no desenvolvimento de mudas de maracujazeiro azedo (Passiflora edulis Sims f. flavicarpa DEG). Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 23, n. 2, p. 377-381. 2001.
TRINDADE, A.V.; LINS, G.M.de L.; MAIA, I.C.S. Substratos e fungo micorrízico arbuscular em mudas micropropagadas de bananeira na fase de aclimatação. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 25, n. 1, p. 137-142. 2003.