• Nenhum resultado encontrado

Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Departamento de Enfermagem. Franciellen Alves Saraiva

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Departamento de Enfermagem. Franciellen Alves Saraiva"

Copied!
32
0
0

Texto

(1)

Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde

Departamento de Enfermagem

Franciellen Alves Saraiva

Mapa conceitual da saúde da mulher: uma visão cronológica das políticas públicas brasileiras

(2)

FRANCIELLEN ALVES SARAIVA

Mapa conceitual da saúde da mulher: uma visão cronológica das políticas públicas brasileiras

Trabalho apresentado ao Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília como requisito para aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso 2.

Orientadora: Profa. Dra. Rejane Griboski

(3)

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial desse trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

(4)

FRANCIELLEN ALVES SARAIVA

Mapa conceitual da saúde da mulher: uma visão cronológica das políticas públicas brasileiras

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem pelo Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade de Brasília.

Aprovado em: ____/________/_______

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________ Profª. Drª. Rejane Antonello Griboski

Instituição: Universidade de Brasília (UnB) Presidente

________________________________________________ Profª. Drª. Keila Cristiane Trindade da Cruz

Instituição: Universidade de Brasília (UnB) Membro Efetivo

__________________________________________________ Profª. Drª. Carla Targino Bruno dos Santos

Instituição: Universidade de Brasília (UnB) Membro Efetivo

__________________________________________________ Profª. Drª. Aline Silveira

Instituição: Universidade de Brasília (UnB) Membro Suplente

(5)

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que foi quem me deu a coragem necessária para encarar essa jornada e a resiliência para superar os obstáculos e seguir em frente e aprendendo com cada conquista.

À minha família, que me apoiou durante toda a minha trajetória acadêmica, com muita paciência e amor, possibilitando chegar aonde cheguei.

Sou grata também a todo o corpo docente do curso de Enfermagem da Universidade de Brasília, pela paciência e dedicação em tornar essa graduação o que ela é hoje, e em oferecer aos alunos as melhores oportunidades para se tornarem os melhores profissionais possíveis.

E por fim a todos aqueles que compartilharam essa trajetória comigo, nos momentos bons e ruins, principalmente aos amigos com quem chorei pelas derrotas e comemorei as vitorias.

(6)

“Seja a mudança que você quer ver no mundo”

(Mahatma Gandhi)

(7)

SARAIVA, F..A. Mapa conceitual da saúde da mulher: uma visão cronológica das políticas públicas. 32 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Enfermagem) – Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde. Campus Darcy Ribeiro, Brasília, julho, 2017.

RESUMO

Introdução: Anteriormente a consolidação do modelo biomédico de atenção à saúde, o parto era um evento exclusivamente feminino, e contava com a presença da parteira. Com a evolução tecno-científica, o modelo biomédico foi se fortalecendo e as mulheres foram condicionadas a terem seus filhos em hospitais. Atualmente vem se fortalecendo por meio de leis e diretrizes do Ministério da Saúde uma luta pela volta do parto fisiológico e pela redução das intervenções desnecessárias durante esse processo. Objetivo: Realizar uma revisão documental a cerca dos marcos conceituais da política nacional de atenção integral a saúde da mulher, fazendo uma retrospectiva histórica no processo de construção das politicas publicas de saúde da mulher. Metodologia: Utilizou-se o método de revisão documental, bibliográfico e descritivo do processo histórico social das políticas relacionadas à saúde da mulher. Resultados: Foi desenvolvido um mapa conceitual que aborda as políticas de atenção à mulher, assim como seu contexto histórico e social. Conclusão: Tem-se evoluído consideravelmente nas políticas de atenção à saúde da mulher e da criança, por meio de leis e normas, mas ainda há desafios, como a maior participação de todos os atores sociais, combate à violência obstétrica e saúde integral a todos os brasileiros.

Palavras chave: Assistência à saúde materno infantil; Rede Cegonha; Qualidade, Acesso e avaliação da assistência à saúde; Garantia da qualidade dos cuidados de saúde;

(8)

SARAIVA, F..A. Conceptual map of women's health: a chronological view of public policies. 32 pages. Course Completion Work (Nursing Course) - University of Brasília, Faculty of Health Sciences. Campus Darcy Ribeiro, Brasília, July, 2017.

ABSTRACT

Introduction: Before the consolidation of the biomedical model of health care, childbirth was an exclusively female event, and it counted on the presence of the midwife. With the techno-scientific evolution, the biomedical model was strengthened and women were conditioned to have their children in hospitals. At present, the Ministry of Health has been strengthening its efforts through the directives to struggle to return to physiological birth and to reduce unnecessary interventions during this process. Objective: To carry out an integrative review about the conceptual frameworks of the national policy of integral attention to women's health, making a historical retrospective in the process of building public policies on women's health. Methodology: This research used the method of documentary and bibliographic review, descriptive of the historical and social process of policies related to women's health. Results: A conceptual map was developed that addresses women's care policies, as well as their historical and social context. Conclusion: There has been considerable progress in policies on health care for women and children, as laws and regulations, but there are still challenges, such as greater participation of all social actors, combating obstetric violence and integral health care to all Brazilians.

Keywords: Maternal and child health care; Stork net; Quality, access and evaluation of health care; Quality assurance of health care

(9)

Lista de gráficos e tabelas

Quadro 1: Principais Programas e Marcos históricos da atenção a saúde da mulher, Brasília, 2017.

Figura 1: Mapa conceitual do processo histórico social das políticas públicas relacionadas à saúde da mulher, Brasília, 2017.

(10)

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ... 10 1. INTRODUÇÃO ... 12 2. OBJETIVOS ... 16 2.1 Objetivo Geral ... 16 2.2 Objetivos Específicos ... 16 3 MATERIAL E MÉTODO... 16 3.1 Metodologia ... 16

3.2 Critérios de inclusão e exclusão ... 17

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 17

5 CONCLUSÃO ... 26

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 29

(11)

APRESENTAÇÃO

Inicialmente, meu trabalho de conclusão de curso seria uma pesquisa observacional realizada no centro obstétrico do Hospital Universitário de Brasília. Foi realizado todos os procedimentos para encaminhamento da documentação ao Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências da Saúde para aprovação e liberação para a realização da pesquisa, porém não houve tempo hábil para a liberação do parecer e para o tempo de realização da pesquisa.

Deste modo, foi necessário fazer uma adequação que permitisse sua finalização em vista do tempo elencou-se uma revisão documental a fim de utiliza-la para conhecer o processo histórico e social pelo qual passou as políticas públicas brasileiras de atenção a saúde da mulher até chegarmos a Rede Cegonha, que é uma estratégia governamental que visa assegurar um atendimento seguro e qualificado ao pré-natal, parto e nascimento. Deste modo, ao me deparar com as diversas fases da implantação e implementação de ações dessas políticas foi fundamental a escolha de uma metodologia que representasse as mudanças mais importantes no atendimento a mulher. Assim a partir de uma visão cronológica dos acontecimentos e da influência do contexto social e político foi possível traçar um mapa conceitual com a intenção de demostrar a evolução das políticas públicas na saúde da mulher.

(12)

1. INTRODUÇÃO

No passado, as mulheres detinham os saberes relacionados ao parto e a reprodução. Era um evento exclusivamente feminino, em que a parturiente compartilhava com as mulheres de sua confiança, tais como mãe, tias, amigas e outras pessoas, entre elas a parteira. Sendo esse um oficio tradicional que foi passado entre as gerações. Os homens, geralmente, eram convidados a se retirar. As mulheres confiavam em sua capacidade de dar a luz e de amamentar, não tendo dúvidas de como parir e criar seus filhos (FARIA;SAYD, 2013).

O desenvolvimento tecnológico e científico era precário ou inexistente, se comparado com a atualidade, o que tornava as complicações inesperadas na hora do parto em situações graves e fatais para a maioria das gestantes. Não se pensava em parto hospitalar como a melhor opção, pois estes tinham poucos médicos e intervenções cirúrgicas só eram realizadas em casos extremos, pois não havia anestesia segura e a maioria poderia resultar na morte da paciente (FARIA;SAYD, 2013).

Com o passar das décadas a ciência se aperfeiçoou, e os antibióticos foram descobertos, tornando possível o tratamento de infecções, as cirurgias se tornaram mais seguras e eficazes. Com a supervalorização da medicina os médicos tornaram o parto um evento cirúrgico e programado, com a propaganda de evitar que o bebê passe do tempo, não sufoque com cordão umbilical enrolado no pescoço, além de a mulher não sentir as dores dos partos. As cesáreas se tornaram, então, mais comuns e auxiliaram a salvar vidas que antes se consideravam perdidas (FARIA;SAYD, 2013). Isso resultou em um aumento vertiginoso nas taxas de cesáreas, que chegaram a 80% dos procedimentos realizados no sistema privado e 56% no sistema publico. (BRASIL, 2006)

O conceito de pré-natal: “cuidar da gestação, procurando se assegurar de que mãe e bebê estivessem saudáveis” assegurou uma visão com enfoque na prevenção com relação à saúde puerperal. As mulheres eram vistas apenas pela ótica reprodutiva e pela sua representação social de mãe e cuidadora da família, e isso influenciou diretamente a formação das primeiras políticas públicas pensadas para saúde da mulher (BRASIL, 2004). E com a institucionalização do modelo biomédico de assistência às mulheres

(13)

perderam gradativamente o poder sobre o seu corpo na hora do parto, sendo condicionadas ao parto hospitalar tendo como figura central o médico, e não mais a mulher ou a parteira. (FARIA;SAYD, 2013).

Com a institucionalização do parto as mulheres perderam o apoio de parentes e amigas no trabalho de parto (TP) – pois tinham obstáculos em ter um acompanhante durante o TP – dificultando as mulheres de se expressarem. Sozinhas, foram cada vez mais condicionadas a se manterem restritas ao leito, o que aumentava as dores e o tempo de parto, as fazendo optarem por métodos farmacológicos de analgesia e/ou por cesárea. E assim foi instalando-se uma cultura das cesáreas onde o parto é agendado e realizado antes mesmo de algum sinal fisiológico de que o bebê está pronto para nascer naturalmente, e a parturiente foi perdendo o empoderamento sobre seu corpo e a tomada de decisão sobre o mesmo, tornando-se mera espectadora do processo de dar a luz. (AMORIN; PORTO; SOUSA, 2010).

A partir do século XX, as questões de gênero e o papel social da mulher foram repensados, por influência dos movimentos feministas, essas questões tiveram um importante papel no desenvolvimento das políticas voltadas à atenção da saúde da mulher, ajudando a quebrar o paradigma que perpetuava onde o sexo feminino era visto pela ótica da reprodução e subordinado ao masculino. As mulheres tiveram grandes marcos de igualdade de gênero: participação no mercado de trabalho, direito a voto, criação dos métodos contraceptivos, que davam maiores condições de autonomia e independência as mulheres (BRASIL, 2004).

Questões de gênero são constituídas por símbolos, normas e instituições que definem modelos de masculinidade/ feminilidade, além de padrões de comportamento aceitáveis ou não para homens e mulheres socialmente falando. Refere-se ao conjunto de relações, atributos, papéis, crenças e atitudes que definem o significado de homem e mulher, colocando gênero como uma construção social sobreposta a um corpo sexuado (SCOTT, 1989). O gênero é construído social e culturalmente.

Sobre essa perspectiva entende-se que a desigualdade de gênero é uma construção histórica-social, acentuada por outros tipos de desigualdades que geralmente associados a outros determinantes de vulnerabilidade social como raça, renda, religião, etnia e

(14)

orientação sexual. Assim, as questões de gênero devem ser abordadas como determinantes de saúde e incorporados na analise do perfil epidemiológico, no planejamento das ações de saúde e na formulação de políticas públicas (SCOTT, 1989).

Com essas mudanças de paradigma da identidade social da mulher com uma perspectiva de gênero, viu-se a necessidade de redefinirem-se os conceitos de saúde da mulher. Na Conferência Internacional sobre saúde e desenvolvimento de 1994 a saúde reprodutiva foi definida como:

“um estado de completo bem-estar físico, mental e social em todas as matérias concernentes ao sistema reprodutivo, suas funções e processos, e não apenas mera ausência de doença ou enfermidade. A saúde reprodutiva implica, por conseguinte, que a pessoa possa ter uma vida sexual segura e satisfatória, tendo a capacidade de reproduzir e a liberdade de decidir sobre quando e quantas vezes deve fazê-lo” (BRASIL, 2004).

E, assim, no Brasil começou a se pensar em alternativas mais humanizadas ao modelo de atenção. Surgindo-se o modelo humanista de atenção que tem o foco no bem-estar da parturiente e de seu filho e com uma visão holística da mulher, como sua relação com o meio ambiente, trabalho, lazer, alimentação, condições de moradia por exemplo. Determinantes sociais de vulnerabilidade como raça e renda familiar passaram a ser pensados no desenvolvimento de politicas (BRASIL, 2011).

Inclusive, temas como a violência obstétrica vieram a tona depois do ano 2010, quando as políticas referentes à atenção da parturiente foram realmente implantadas e deram informações para as mulheres, até mesmo com o direito de reclamação, consolidado pela Ouvidoria Pública, que funciona como ´voz do povo’, um mediador entre a população e entidade competente, dando voz e vez à mulher gestante, podendo demonstrar demandas relativas a toda assistência prestada. (PEREIRA, 2002)

A Enfermeira Obstétrica (EO) busca humanizar e qualificar à assistência à parturiente, tornando esse momento especial menos doloroso e traumático, A EO pode participar desde o pré-natal, intercalando as consultas com a(o) médica(o). Durante as consultas, as clientes tem, em geral, maior confiança nas enfermeiras, pois tornam-se

(15)

uma figura mais conhecida, íntima, calma, com maior vínculo profissional-cliente. (SPINDOLA, 2012)

A construção de diretrizes e políticas desenvolvidas pelo MS com o intuído de mudar as ações intervencionistas por uma atenção humanizada que visa proporcionar a mudança na atuação dos profissionais de saúde e a melhoria da assistência prestada. O MS implementou o programa nacional de humanização (PNH). O PNH conceitua humanização como “a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde (usuários, trabalhadores e gestores), enfatizando: a autonomia e o protagonismo desses sujeitos, a corresponsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários e a participação coletiva no processo de gestão” (BRASIL, 2011).

Esse programa objetiva mostrar aos profissionais da saúde e aos usuários que humanização e qualidade da assistência são indissociáveis, e que humanização é muito mais do que apenas tratar bem alguém, mas também mostrar resolutividade aos problemas do cliente. Garantir-lhe acesso ao sistema nos três níveis de assistência, com uma rede assistencial integrada, com equipe multiprofissional visando o cuidado integral do individuo. Dentro deste programa foram criadas cartilhas para atualização e educação continuada dos profissionais, e entre elas temos uma voltada para a humanização do parto e nascimento (BRASIL, 2004).

Perpassando por todos esses conceitos podemos entender que o processo de saúde-doença possui um resultado que é determinado por fatores sociais, econômicos e históricos e por isso seu perfil epidemiológico varia no tempo e no espaço de acordo com o grau de desenvolvimento econômico, social e humano de cada região. Esses fatores devem influenciar diretamente na formulação e execução da politicas publicas (BRASIL, 2011).

Neste trabalho fez-se uma retrospectiva histórica na assistência à saúde da mulher enfatizando as politicas públicas desenvolvidas e os fatores sociais que influenciaram em sua formulação, dando ênfase na politica nacional de atenção integral a saúde da mulher.

Assim frente ao exposto questiona-se “é possível identificar a evolução do processo histórico e os desafios sociais que as políticas públicas de atenção à saúde da mulher enfrentaram na última década?”.

(16)

2.OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL

Descrever uma retrospectiva histórica do processo de construção das políticas públicas da saúde da mulher na última década.

2.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS

A. Realizar a revisão documental das políticas públicas vigentes no Brasil sobre atenção à saúde da mulher;

B. Evidenciar o marco histórico de atenção à saúde da mulher;

C. Idealizar um mapa conceitual buscando entender o processo histórico pelo qual à atenção a saúde da mulher perpassou até os dias atuais.

3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Metodologia

O presente trabalho utilizou o método de revisão documental e bibliográfica, descritivo-analítico sobre temas que influenciaram na construção das politicas nacionais de atenção à saúde da mulher implementada atualmente. Foi realizada uma pesquisa documental nas leis, decretos e portarias publicadas em diários oficiais ou disponíveis no site do Ministério da Saúde e em artigos publicados sobre o tema e disponíveis na integra no site da Biblioteca virtual em saúde – BVS.

Na leitura dos documentos buscou-se identificar trechos da historia e contexto epidemiológico e social da época de sua publicação para a partir destes selecionar os termos mais frequentes para utiliza-los na construção do mapa conceitual.

Ao fim da revisão foi produzido um mapa conceitual evidenciando o processo históricos e social, e os marcos que influenciaram na construção da política nacional de atenção integral a saúde da mulher.

“Mapas Conceituais são estruturas esquemáticas que representam conjuntos de ideias e conceitos dispostos em uma espécie de rede de proposições, de modo a apresentar mais claramente a exposição do conhecimento e organizá-lo segundo a compreensão cognitiva do seu idealizador. Portanto, são representações gráficas, que indicam relações entre palavras e conceitos, desde aqueles mais abrangentes até os menos inclusivos.” (BORUCHOVITCH, SOUZA, 2010).

(17)

 Construção do mapa conceitual sobre a saúde da mulher

O mapa conceitual foi desenvolvido por meio do software CmapTools disponível on-line e gratuito. A partir do termo Saúde da Mulher, do qual saem esquematicamente termos que conceituam e interferem na saúde da mulher e que influenciaram no processo histórico da construção das políticas públicas de saúde da mulher. Assim, apresentam-se cronologicamente as principais políticas públicas referentes à saúde da mulher, como evidenciado na figura 1.

3.2 Critérios de inclusão e exclusão

Os critérios de inclusão para este estudo foram considerados os documentos relacionados à politica nacional de atenção integral à saúde da mulher, assim como os artigos relacionados ao processo histórico que as politicas de atenção à saúde da mulher , escritos em português, publicados entre 2007 e 2016 e disponíveis na integra nas bases de dados da Biblioteca virtual de saúde – BVS, especificamente a Literatura Latino-americana e Caribe em Ciências da Saúde – LILACS e na Scientific Electronic Library Online – Scielo.

Os critérios de exclusão foram os artigos que não continham o tema central, artigos publicados fora do prazo estipulado, ou que não se encontravam na integra nas bases de dados utilizadas para a obtenção dos artigos utilizados nesta pesquisa.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Após uma leitura crítica dos documentos selecionados foram levantados os principais marcos históricos e conceituais que influenciaram a formação das politicas de atenção a saúde da mulher atuais para serem utilizados na construção do mapa conceitual.

Ao longo da história das políticas de atenção a saúde da mulher, vemos sua concepção mudar ao longo do tempo de um foco mais reprodutivos, focado no parto e nascimento tendo como núcleo a mãe e seu filho, para um foco mais amplo tirando a mulher deste papel social de mãe e abordando-a em sua integralidade, e intervindo em outras questões que também interferem na saúde e na qualidade de vida do individuo.

(18)

O quadro abaixo simplifica esquematicamente os principais órgãos a tratar da saúde da mulher, assim como os principais programas, leis e decretos relacionados ao mesmo.

QUADRO 1: Principais Programas e Marcos históricos da atenção a saúde da mulher

Ano Iniciativa Objetivo central da iniciativa

1940 Departamento nacional da criança

Primeiro órgão criado para trabalhar questões referentes à saúde da mulher;

1975 Programa de saúde materno-infantil

Garantia a atenção à saúde da mulher nos quesitos concepção e contracepção; 1984 Programa de assistência

integral a saúde da mulher

Garantia á mulher assistência à saúde em todos os ciclos da vida;

1996 Lei nº 9.263 Garante á qualquer cidadão brasileiro o direito ao planejamento familiar;

2000 Politica de humanização do parto e nascimento

Enfoque na qualidade da assistência prestada a mulher durante a gestação, parto e puerpério; 2003 Lei nº 10.778 Estabelece a notificação compulsória dos

casos de violência contra mulheres atendidas em serviços de saúde;

2004 Pacto nacional pela redução da mortalidade materna e neonatal

Estratégias para redução da mortalidade materno-infantil;

2005 Lei nº 11.108 Garante a mulher o direito ao acompanhante; 2011 Portaria nº 1.459 – Rede

Cegonha

Proposta de novo modelo de assistência à saúde da mulher;

2015 Resolução normativa nº 368 da ANS

Medidas para estimular o parto natural na saúde suplementar

O primeiro órgão criado para trabalhar a questão da saúde da mulher foi o departamento nacional da criança (DNC), instituído durante o governo de Getúlio Vargas em 1940. Getúlio defendia a importância social da saúde reprodutiva colocando-a como fcolocando-ator importcolocando-ante pcolocando-arcolocando-a construção de umcolocando-a ncolocando-ação forte e riccolocando-a, por isso o foco

(19)

destas estratégias era reduzir as taxas de mortalidade para garantir o aumento populacional e não a qualidade de vida e condições de saúde das mulheres. (CASSIANO et al, 2014)

O DNC tinha o objetivo de criar e implementar ações e estratégias que garantissem a redução das taxas de mortalidade infantil, melhora do pré-natal e o estimulo de bons hábitos de higiene e morais. A maioria das estratégias deste órgão foi focada no saneamento básico nos grandes centros urbanos (CASSIANO et al, 2014).

Apesar das ações do DNC de distribuição de merenda escolar, educação pré-natal e de praticas de higiene, não houve a redução esperada nas taxas de mortalidade devido ao grave quadro epidemiológico da época, exploração excessiva da força de trabalho e situação de pobreza da maior parte da população (CASSIANO et al, 2014).

Em 1964 os militares assumiram o Governo, e a partir de então a saúde passou a ser vista como um fenômeno individual ao invés de coletivo, assim era responsabilidade de cada cidadão garantir sua saúde. Então durante esse governo foi implementado em 1975 o programa de saúde materno infantil, que tinha um o objetivo de garantir a atenção para concepção e contracepção, ou seja, a mulher tinha assistência à saúde garantida apenas durante a gravidez (BRASIL, 1975).

Essa politica vinha com uma visão fragmentada do individuo mulher, dando-lhe prioridade apenas na gestação e deixando-a desassistida nos outros âmbitos de sua saúde. Não se tinha a visão de que os fatores que afetam a qualidade de vida do individuo sejam também determinantes para saúde (CASSIANO et al, 2014).

Durante este programa houve um aumento nas taxas de cesárias, pois estas eram associadas com métodos de esterilização usados para reduzir as taxas de fecundação. Neste período houve uma redução das taxas de fecundação de 6,2 filhos por mulher em 1950 para 4,2 filhos por mulher em 1980 (IBGE, 1999). As taxas de mortalidade também reduziram de 100 mortes a cada 1000 nascidos em 1975 para 82.9 mortes a cada 1000 nascidos em 1980 (IBGE, 1999).

Movimentos sociais da época e o movimento feminista tiveram um peso fundamental para a mudança da visão fragmentada da mulher buscando um olhar integral das necessidades humana. Assim passou a serem debatidas questões como desigualdade de gênero, sexualidade, dificuldades dos métodos contraceptivos, doenças

(20)

sexualmente transmissíveis, dupla jornada enfrentada pela mulher, e outras questões que afetam o estado de saúde da mulher e ainda não tinham sido incorporadas em nenhuma politica de atenção à saúde da mulher até então (SCOTT, 1989).

Apesar desses debates e da constante mudança na visão das necessidades de saúde da mulher o foco ainda era a esterilização cirúrgica, o que contribuiu para um aumento nas cesáreas, pois se “vendia” um pacote onde após a cesárea já se realizava a laqueadura. Esse objetivo se deu devido ao aumento significativo da população, o que evidenciou as questões de desigualdade social e pobreza extrema, o que fez o governo acreditar que reduzir a população era a melhor forma de solucionar essas questões (AMORIN; PORTO; SOUSA, 2010).

Nesta perspectiva a mulher obtinha assistência à saúde apenas durante a gestação, permanecendo desassistida durante os outros ciclos da vida, e a criança só obtinha atenção durante o nascimento, e então só lhe era oferecida atenção curativa (BRASIL, 1983).

O movimento feminista e outros movimentos sociais se organizaram nesta época para demostrar a insatisfação em relação a essa atenção fragmentada da mulher, focada apenas na reprodução e olhando para mulher apenas como mãe, e ao uso abusivo e exacerbado de cesáreas e esterilização. Esses movimentos mostraram que a castração estava tentando resolver problemas de cunho social que tinham uma raiz multifatorial que não seria solucionado com estratégias fragmentadas (CASSIANO et al, 2014).

Dentro desse paradigma e concepções ideológicas foi lançado em 1984 pelo Ministério da Saúde o programa de assistência integral a saúde da mulher, que significou uma conquista por abordar a saúde da mulher em todos os ciclos de sua vida e não apenas durante a gestação. Foi o primeiro programa á ter um foco no planejamento familiar (BRASIL, 1983). A proposta do programa considerava a necessidade de articulação das ações de pré-natal, assistência ao parto e puerpério, prevenção do câncer e de doenças sexualmente transmissíveis, assistência ao adolescente, à menopausa e à anticoncepção (ALMEIDA, 2005).

O PAISM foi o inicio de uma serie de mudanças que objetivaram a quebra de modelos de assistência centrado no hospital e no medico, para modelos centrados no individuo e em sua singularidade com uma atenção a saúde mais humanizada. A partir

(21)

deste marco as mulheres passaram a buscar por mais direitos sociais e lugar em espaços públicos. Esses diretos foram concretizados na constituição de 88, que discorreu alguns parágrafos acerca dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher:

[...] o direito das presidiárias de permanecerem com seus filhos durante o período de amamentação; a proteção à maternidade e à infância; a licença à gestante sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; a licença-paternidade nos termos fixados em lei; a assistência gratuita aos filhos e dependentes, desde o nascimento até seis anos de idade em creches e pré-escolas; a proteção especialmente à gestante e ao planejamento familiar (BRASIL, 1988).

O PAISM significou um grande marco histórico nas politicas de atenção à saúde da mulher, pois foi a primeira vez que teve um enfoque na família e em outras questões sociais e econômicas que interferem no bem estar e saúde do indivíduo, e não apenas em uma assistência individual e curativa focada principalmente na reprodução. Passou-se a buscar métodos educativos para prevenir gravidez indePassou-sejada e Infecções Sexualmente Transmissíveis – ISTs (BRASIL, 1983).

Dentro dessas mudanças na concepção de saúde da mulher, o Ministério da Saúde, junto ao governo federal publicou em 1996 a lei 9.263 que dispões sobre o direito que todo cidadão Brasileiro tem a praticas de planejamento familiar. Esta lei vem determinando as diretrizes para a implementação de estratégias de planejamento familiar nos municípios e estabelece penalidades para o descumprimento do que consta no texto da lei (BRASIL, 1996).

Contudo após algumas décadas após a implementação desta politica as taxas de mortalidade materno-infantil continuavam altas no país, principalmente quando comparadas as dos países desenvolvidos. Isso ocorreu porque apesar de bem estruturada, a politica não teve uma adesão eficaz e uniforme no território nacional, pois se evidenciaram questões estruturais e de gestão que dificultaram a sua efetivação nos serviços de saúde como o número de leitos, a demanda por recursos humanos, materiais e financeiros. Porém ainda simbolizou um marco na luta e garantia de direitos sociais às mulheres (CASSIANO et al, 2014).

Diante deste cenário o Ministério da Saúde implantou em 2000 o Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento (PHPN), que tinha como foco a humanização

(22)

do parto e o respeito aos direitos reprodutivos. A PHPN foi instituída pela portaria/GM nº 569 e discorre sobre a importância de uma atenção pré-natal eficaz, de um acolhimento efetivo, de evitar procedimentos desnecessários na hora do parto e a garantia de acesso a todos os níveis de assistência. Encoraja o aleitamento materno na primeira hora de vida, o que estimula a formação de vinculo entre a mãe e o bebê. Com a implementação desta politica a atenção à saúde da mulher teve um enfoque na qualidade da assistência prestada, além de garantir um local de referência para o parto. Houve também a instituição do alojamento conjunto que permite que a mãe permaneça com seu filho durante o período de hospitalização (BRASIL, 2003).

Em 2005 foi promulgada a lei nº 11.108 que garante a mulher o direito de ter um acompanhante durante o pré-parto, parto e puerpério em qualquer instituição do Sistema Único de Saúde, e está foi uma das moires conquistas adotadas na PHPN, pois garante apoio emocional a parturiente neste momento único de sua vida (BRASIL, 2005).

A partir dai foram sancionadas leis para garantir direitos e proteger mulheres em situação de vulnerabilidade, como a lei 10.778 de 2003, que torna obrigatório a notificação por parte do profissional de casos de violência contra mulher que forem evidenciados durantes a passagem destas mulheres pelos serviços de saúde.

A PHPN também prevê o incentivo financeiro dado pelo Governo Federal aos municípios que garantissem a assistência integral à gestante, porém esses valores só eram repassados se o município cumprisse alguns critérios pré-estabelecidos, como: realizar a primeira consulta de pré-natal até o 4º mês de gestação, por exemplo, (BRASIL, 2003).

Após uma década de implementação o programa não teve a abrangência desejada e não alcançou todas as metas estabelecidas devido às limitações de assistência dos municípios e a cultura do modelo biomédico, o que fez a qualidade da assistência permanecer ruim (CASSIANO et al., 2014).

Com o reconhecimento de que a redução da mortalidade materno-infantil ainda era um desafio para a saúde no Brasil, a presidência da republica lançou em 2004 o pacto nacional pela redução da mortalidade materna e neonatal. Em seus princípios de respeito dos direitos humanos, considerando as questões de gênero, aspectos raciais e

(23)

tinha a meta de reduzir as taxas de mortalidade materna e neonatal em 5% ao ano (BRASIL, 2004).

Este pacto também levou em consideração as altas taxas de cesáreas no país, que colocam o Brasil entre os líderes mundiais no número médio de cesáreas realizadas. Esse procedimento realizado sem indicação e desnecessariamente aumenta os riscos de complicações pós-parto, como infecções, hemorragias e complicações anestésicas, o que pode levar a morte materna (BRASIL, 2004).

O governo passou a estimular a pratica do parto natural, como tentativa de barrar a epidemia de cesárias que ocorria no país, porém esta cultura estimulada pelos governos anteriores não pode ser mudada de uma hora para outra. Alguns autores sugerem que as taxas de cesáreas e mortalidade materno-infantil estejam ligadas devido aos riscos que estas práticas oferecem a mãe e ao bebê (CASSIANO et al., 2014).

Com o objetivo de continuar essa mudança de paradigmas e a estimulação do parto natural e humanizado, em foi lançado em 2011, através da portaria nº 1.459 o programa Rede Cegonha que veio com uma proposta de um novo modelo de atenção à saúde da mulher e da criança, que garante acesso, acolhimento e resolutividade de problemas de saúde (BRASIL, 2011). Além da inserção da enfermeira obstétrica no parto de risco habitual.

A enfermeira obstétrica tem ganhado destaque no que se refere a diminuição das taxas de cesárias no Brasil, pois em casos de gestações de risco habitual, é totalmente possível a realização de um parto normal, com o mínimo de intervenções possíveis, respeitando vontades da parturiente como: posição de parto, promovendo o protagonismo da mãe em TP, estimulando a sincronia entre mãe-bebê, que facilita o TP em si. (GOMES, MOURA, SOUZA, 2013).

O planejamento de atenção em saúde em rede tem se mostrado uma alternativa por estar associada a maior flexibilidade, integração e interdependência entre as organizações estatais, sociais e empresariais. Tem-se mostrado uma solução para os problemas vividos pelas realidades do SUS (BRASIL, 2011).

A rede cegonha segue os princípios de respeito, proteção e realização dos direitos humanos; o respeito à diversidade cultural, étnica e racial; o enfoque de gênero; a promoção da equidade; a participação e mobilização social; a garantia dos direitos

(24)

sexuais e reprodutivos de mulheres, homens, jovens e adolescentes; e a compatibilização com as atividades das redes de atenção à saúde materna e infantil em desenvolvimento nos Estados (BRASIL, 2011).Preveem ações que garantem o acesso e a qualidade da assistência prestada à mulher e a crianças. Estas ações estão inseridas em quatro componentes estruturais: pré-natal, parto e nascimento, puerpério e atenção integral a saúde da criança, o sistema logístico, transporte sanitário e regulação (BRASIL, 2011).

A Rede Cegonha (RC) viabilizou o destaque a um profissional: a enfermeira, além da enfermeira obstétrica. Ao se graduar na faculdade, os enfermeiros já podem realizar partos de risco habitual e sem distórcia, além da tomada de providência até a chegada médica (COREN, 2010). Com a RC, houve estimulação ao parto normal, havendo a criação de casas de parto, locais especializados para a realização de partos naturais de risco habitual, comandados por enfermeiras- obstétricas e toda uma equipe treinada para assistir a parturiente com humanização e conhecimento/equipamentos necessários para prestar a assistência de qualidade.

Durante o pré-natal, a realização de exames para verificar alguma anormalidade e trata-la o mais rápido possível também é uma diretriz, como a realização de testes rápidos para HIV e Sífilis, disponibilidade e orientação acerca do uso de métodos contraceptivos, garantia de no mínimo 6 consultas de pré-natal além da realização de todos os exames clínicos e laboratoriais necessários durante a gestação, garantia de acesso e transporte ao serviço de saúde no dia do parto, criação de centros especializados a assistência à gestação de alto risco, ações de incentivo ao aleitamento materno, entre outras ações descritas na política. (BRASIL, 2011).

Esta é uma proposta do governo federal que investiram 9,4 bilhões de reais na ampliação da atenção à saúde de mulheres e crianças, porém cabe aos estados e municípios a sua aplicação. Após um ano de implementação da Rede Cegonha o Ministério da Saúde afirmou que neste período foram realizadas mais de 20 milhões de consultas pré-natal, 11.4 milhões a mais do que o registrado em 2003. Outra grande conquista foi à ampliação do exame do teste do pezinho, e outros exames, tratamentos e acompanhamentos definidos no escopo do programa nacional de triagem neonatal (BRASIL, 2011).

(25)

Qualificação profissional também é uma ação do programa rede cegonha, o que fez o Ministério da Saúde em parceria com o da Educação criar o programa nacional de residência em enfermagem obstétrica. Este é um programa que qualifica e capacita enfermeiros a prestar uma assistência humanizada e de qualidade a mulheres e crianças nas diferentes fazes da gestação e puerpério (BRASIL, 2011).

Em Julho de 2015 começam a valer as novas regras estabelecidas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para poder estimular o parto normal e reduzir as altas taxas de cesárias (chegando a 86% em instituições privadas), pois segundo a OMS, 15% é a taxa habitual para cesarianas.

Com a Resolução Normativa nº 368, as operadoras de planos de saúde foram obrigadas a divulgar os percentuais de cesáreas e de partos normais por unidade de saúde e por médico, sempre que solicitadas. Passaram a fornecer o Cartão da Gestante e a Carta de Informação à Gestante, no qual consta todo o registro do pré-natal, além de exigir que os obstetras utilizem o Partograma, o documento gráfico onde é registrado tudo o que acontece durante o trabalho de parto e todas as intervenções feitas.

É importante um trabalho multi e interdisciplinar no atendimento a mulher gestante e ao bebê. O enfermeiro, especialmente, tem papel educador e deve realizar atividades que preconizem a educação em saúde, para que seja realizado o empoderamento da mulher por meio de informações sobre a gestação, o parto e cuidados perinatais. Porém sempre enfatizando o papel protagonista que a mulher tem na cena do parto - a usuária como agente do autocuidado e participante ativa nas ações em saúde (PORTELLA, 2010).

A rede cegonha é um dos programas mais completos já implementados pelo Ministério da Saúde em relação à saúde da mulher, e podemos notar que agrega as ideologias dos programas anteriormente implementados, acrescentando ações que supram as necessidades de saúde atuais da população (BRASIL, 2011).

A figura Abaixo sintetiza principais conceitos abordados acima assim como os marcos históricos relacionados a saúde da mulher.

(26)

5. CONCLUSÃO

A atenção à saúde da mulher passou por várias mudanças ao longo da história, sendo influenciada pelas necessidades das mulheres da época e pelas mudanças sociais que a acompanhavam.

Inicialmente o principal foco das políticas públicas de saúde era diminuir as taxas de mortalidade infantil da época, portanto não tinha enfoque direito na saúde da mulher, mas sim do bebê. Porém viu-se a importância de garantir a saúde da mãe para assim garantir a saúde do recém-nascido de forma a prevenir qualquer tipo de intercorrência, não apenas curativa.

Assim o foco passou a ser a saúde materno-infantil, que garantia a sobrevida da mãe e da criança. Tais políticas mantinham uma visão fragmentada da mulher, dando-lhe importância apenas na gestação. A prevalência de um modelo biomédico colaborou para o aumento das taxas de cesáreas e de cirurgias de esterilização.

A mudança de paradigmas sociais foi muito importante para mudar esses conceitos e visão de saúde, e o movimento feminista foi de fundamental importância, evidenciando questões de desigualdade de gênero e influenciando na visão social da

(27)

mulher, que com o ganho de direitos e empoderamento, parou de ser restringir ao lar e ao seu papel de mãe e tomou espaço no mercado de trabalho. Esse movimento social de fortalecer a luta das mulheres por políticas de planejamento familiar - garantidas em 1996.

Com isso as políticas também mudaram e passaram a focar na integralidade da mulher e em todas as questões que influenciam na sua qualidade de vida e são determinantes do processo de saúde-doença. Passou-se a trabalhar com o conceito de planejamento familiar e não apenas com a contracepção, buscando atingir cada vez mais as adolescentes, para evitar gravidezes não planejadas, facilitando a continuidade dos estudos e inserção no mercado de trabalho.

Nota-se, então, uma mudança nas políticas públicas voltadas à atenção da saúde da mulher ao longo das décadas, passando de uma visão fragmentada do gênero como reprodução e com enfoque biomédico, para então uma noção que é preciso enxergar a mulher holisticamente, com atuação multidisciplinar e humanização, para melhor prestação de atenção integral à saúde da mulher e da criança.

O empoderamento feminino com informações, criação de leis/direitos e ação social foram fundamentais para mudar a visão minimalista que se tinha até então da mulher. Ainda há muitas questões para serem conquistadas, como maior participação política, mas é evidente a evolução nas políticas para atender a esse público, especializando-se conforme as demandas e mudanças sociais.

Outro avanço no Sistema Único de Saúde foi o estabelecimento na importância da humanização da assistência, não contida apenas em técnicas, mas empatia e respeito pelo usuário, que deve ser recíproco. A Política Nacional de Humanização foi criada em 2003 para fortalecer nos princípios do SUS, envolvendo os níveis de atenção, gestores, profissionais e usuários, todos os atores sociais. A Política de Humanização do Parto e Nascimento consolida a necessidade do respeito aos momentos delicados de saúde, como o parto, onde deve-se respeitar o corpo e as vontades da mulher, a trazendo como protagonista do ato e tendo seus direitos atendidos, como métodos não farmacológicos de alívio da dor, ter um acompanhante, ouvir a preferência pelo tipo de parto, posição de parto etc.

(28)

Atualmente, têm-se como grandes objetivos a diminuição das taxas de cesárias. Esse objetivo teve respaldo na NR 368/ANS, que visa incentivar o parto normal e o aleitamento materno na primeira hora de vida, o direito ao planejamento familiar, a não realização de intervenções desnecessárias, realização mínima de 6 consultas de pré-natal, realização de exames como de urina, fezes, HIV, Sífilis, glicemia em jejum, medida de pressão arterial, dentre demais cuidados para a garantia de uma gestação de baixo risco, e não sendo, haver o encaminhamento precoce para uma unidade especializada.

Com o advento do parto humanizado, a enfermagem, principalmente a especialista em obstétrica, teve maior papel de destaque, pois os partos de baixo risco sem distorcias podem ser realizados por enfermeiras. Com isso, houve maior incentivo pelo parto normal, que deve ser protagonizado pela gestante, com ajuda de profissionais especializados, que colaboram com palavras de incentivo, técnicas de alívio da dor e acompanhamento do estado geral do binômio mãe-filho.

A enfermeira generalista e enfermeira obstétrica ganham destaque na realização de um parto normal sem distocia, isto é, parto normal de risco habitual conforme estabelecido pela Lei do Exercício Profissional (1986). A possibilidade de acompanhar um parto, sem intervenções desnecessárias, valorizando a autonomia das mulheres e prestando assistência com qualidade e humanização é o desejo de muitas mulheres e profissionais de saúde. O intento é proporcionar uma mudança na cultura e na redução do alto índice de cesárias que ainda esta estabelecido no Brasil.

Esse estudo não se esgota, ainda, tem-se grandes desafios a serem vencidos como: a oferta de cursos de especialização em enfermagem obstétrica para o preenchimento da lacuna de escassez de profissionais capacitados para o atendimento no parto de risco habitual, a luta contra a violência obstétrica que ocorre em uma significativa parcela dos atendimentos, a inserção de unidades de saúde com estrutura e recursos humanos/materiais adequados para uma assistência de qualidade a mulher, recém-nascido e família em todos os níveis de atenção a saúde. Mas é inegável que apesar da evolução das políticas públicas, ainda precisa-se garantir por meio de normas/leis e decretos a melhoria, mesmo que gradativamente da atenção à saúde, por meio de ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde.

(29)

7 REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ALMEIDA, C. M. O movimento da reforma sanitária: uma visão crítica. In: CONGRESSO NACIONAL DA REDE UNIDA – 20 anos de parcerias na saúde e na educação, 6, 2005. Belo Horizonte. Anais. VI Congresso da Rede UNIDA, Belo Horizonte: Rede UNIDA, 2005. p. 25-32

2. BRASIL, Ministério da Saúde. Programa de assistência integral à saúde da mulher. Brasília: Ministério da Saúde, 1983.

3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Saúde.

Coordenação de Proteção Materno infantil. Programa nacional de saúde materno infantil. Brasília: Ministério da Saúde, 1975.

4. BRASIL, Ministério da Saúde. Programa de assistência integral à saúde

da mulher. Brasília: Ministério da Saúde, 1983.

5. BRASIL, Portal da Saúde http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/sas/humanizasus

6. BRASIL, Ministério da saúde. Lei nº 9. 263 de 12 de janeiro de 1996.

Texto disponível no site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9263.htm.

Acessado em 05/2017.

7. BRASIL, Manual de implementação da Rede Cegonha. Ministério da Saúde, 2011.

8. BRASIL, Manual da Política Nacional de Humanização, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização, Ministério da Saúde, 2003.

9. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.

Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Pacto para a redução da mortalidade materna e neonatal. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

10. BRASIL, Politica nacional de atenção integral a saúde da mulher, 2004. 11. BRASIL, Ministério da saúde. Lei nº 11. 108 de 07 de Abril de 2005, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-06/2005/Lei/L11108.htm. Acessado em 05/2017.

12. BOTELHO, Louise Lira Roedel;· CUNHA, Cristiano Castro de Almeida; · MACEDO, Marcelo. O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Gestão e Sociedade.· Belo Horizonte, v.5, n. 11, p. 121-136 · maio-ago. 2011 · ISSN

(30)

gestaoesociedade.org/gestaoesociedade/article/view/1220/906>. Acesso em: 31 de março de 2017.

13. COREN, Nota de esclarecimento do Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais http://www.cofen.gov.br/nota-de-esclarecimento-do-conselho-regional-de-enfermagem-de-minas-gerais_5673.html, acessado em 15/06/2017.

14. CASSIANO,Angélica Capellari Menezes; CARLICCI, Edilaine Monique

de Souza; GOMES, Cristiane Faccio; BENNEMANN, Rose Mari; Saúde materno infantil no Brasil: evolução e programas desenvolvidos pelo ministério da saúde. Revista do Serviço Público Brasília 65 (2):pg. 227-244, 2014.

15. Constituição Federal (1988). Constituição da República Federativa do

Brasil. Brasília, Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.p. 292.

16. FARIA, Renata Mercês Oliveira de; SAYD, Jane Dutra. Abordagem sócio-histórica sobre a evolução da assistência ao parto num município de médio porte de Minas Gerais (1960-2001). Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 18, n. 8, p. 2421-2430, Aug. 2013 .

17. GOMES, Maysa Luduvice; MOURA, Maria Aparecida Vasconcelos; SOUZA, Ivis Emília de Oliveira. A prática obstétrica da enfermeira no parto institucionalizado: uma possibilidade de conhecimento emancipatório. Texto contexto - enferm., Florianópolis , v. 22, n. 3, p. 763-771, Sept. 2013 . Available from

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072013000300024&lng=en&nrm=iso>. access on 15 June 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072013000300024.

18. GONCALVES, Roselane et al . Vivenciando o cuidado no contexto de

uma casa de parto: o olhar das usuárias. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo , v. 45, n. 1,

p. 62-70, Mar. 2011 . Available from

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342011000100009&lng=en&nrm=iso>. access on 15 June 2017.

http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342011000100009.

19. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Evolução e

perspectiva da mortalidade infantil no Brasil. Estudos e pesquisas informação demográfica e socioeconômica, v. 1, n. 2, p. 19-22, 1999.

20. MOTT, Maria Lucia. Assistência ao parto do domicilio ao hospital (1830-1970). Proj. historia são Paulo, dez 2002.

(31)

21. PORTO, Ana Maria Feitosa; AMORIM, Melania Maria Ramos; SOUZA, Alex Sandro Rolland. Assistência ao primeiro período do trabalho de parto baseada em evidências: [revisão]. Femina; 38(10)out. 2010. Tab.

22. SELLTIZ, C., WRIGHTSMAN, L.S., COOK, S.W. (1987) Métodos de pesquisa nas relações sociais. Editora da Universidade de São Paulo, SP.

23. SENA, Ligia Moreiras; TESSER, Charles Dalcanale. Violência obstétrica no Brasil e o ciberativismo de mulheres mães: relato de duas experiências. Interface (Botucatu), Botucatu , v. 21, n. 60, p. 209-220, Mar. 2017 . Available from

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832017000100209&lng=en&nrm=iso>. access on 26 May 2017. Epub Nov 03, 2016. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015.0896.

24. SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil para a análise histórica. Tradução autorizada de Maria Betânia Ávila e Cristine Dabatt. Recife: SOS Corpo, 1989.

25. SOUZA, Nadia Aparecida de; BORUCHOVITCH, Evely. Mapas conceituais: estratégia de ensino/aprendizagem e ferramenta avaliativa. Educ. rev., Belo Horizonte , v. 26, n. 3, p. 195-217, Dec. 2010.

26. SPINDOLA, Thelma; PROGIANTI, Jane Márcia; GARCIA PENNA, Lucia Helea. OPINIÃO DAS GESTANTES SOBRE ACOMPANHAMENTO DA

ENFERMEIRA OBSTETRA NO PRÉ-NATAL DE UM HOSPITAL

UNIVERSITÁRIO. Cienc. enferm., Concepción , v. 18, n. 2, p. 65-73, agosto 2012 . Disponible en <http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0717-95532012000200007&lng=es&nrm=iso>. accedido en 15 jun. 2017. http://dx.doi.org/10.4067/S0717-95532012000200007

27. MARTINS, Catia Paranhos; LUZIO, Cristina Amélia. Política HumanizaSUS: ancorar um navio no espaço. Interface (Botucatu), Botucatu , v. 21, n.

60, p. 13-22, Mar. 2017 . Available from

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832017000100013&lng=en&nrm=iso>. access on 26 May 2017. Epub Nov 03, 2016. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015.0614.

28. MIRANDA, Gabriella Morais Duarte; MENDES, Antonio da Cruz Gouveia; SILVA, Ana Lucia Andrade da. Desafios das políticas públicas no cenário de transição demográfica e mudanças sociais no Brasil. Interface (Botucatu), Botucatu , v. 21, n. 61, p. 309-320, June 2017 . Available from

(32)

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832017000200309&lng=en&nrm=iso>. access on 26 May 2017. Epub Nov 16, 2016. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622016.0136.

29. WILLIANS, Priscila. O empoderamento feminino e as mulheres do programa Bolsa Família. Revista três pontos, 2015. Link disponível em: https://seer.ufmg.br/index.php/revistatrespontos/article/viewFile/2658/2034 acessado em 26/05/2017.

30. ZVEITER, Marcele; SOUZA, Ivis Emília de Oliveira. Solicitude constituindo o cuidado de enfermeiras obstétricas à mulher-que-dá-à-luz-na-casa-de-parto. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro , v. 19, n. 1, p. 86-92, Mar. 2015 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452015000100086&lng=en&nrm=iso>. access on 26 May 2017. http://dx.doi.org/10.5935/1414-8145.20150012.

Referências

Documentos relacionados

Este trabalho tem como objetivo contribuir para o estudo de espécies de Myrtaceae, com dados de anatomia e desenvolvimento floral, para fins taxonômicos, filogenéticos e

Neste panorama, o principal objetivo desse estudo é entender a importância da competitividade de destinos turísticos pontuando quais políticas tem sido adotadas

O construto estilo e qualidade de vida é explicado pelos seguintes indicadores: estilo de vida corrido realizando cada vez mais trabalho em menos tempo, realização

Vale ressaltar todo o estudo de identificação das estruturas de comunicação ponto-a-ponto da implementação MPICH do padrão MPI, a implementação (Anexo H e I) destes mecanismos

Nesse mesmo período, foi feito um pedido (Processo do Conjunto da Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro nº 860-T-72) pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil e pelo Clube de

Quando conheci o museu, em 2003, momento em foi reaberto, ele já se encontrava em condições precárias quanto à conservação de documentos, administração e organização do acervo,

F REQUÊNCIAS PRÓPRIAS E MODOS DE VIBRAÇÃO ( MÉTODO ANALÍTICO ) ... O RIENTAÇÃO PELAS EQUAÇÕES DE PROPAGAÇÃO DE VIBRAÇÕES ... P REVISÃO DOS VALORES MÁXIMOS DE PPV ...

Além disso, esse indicador pode ser desdobrado com a apuração dos custos comprometidos de cada empreendimento (CTE – FTE), tendo assim o gestor a informação de