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Contribuição da BVRio para a Consulta Pública sobre a proposta de Acordo Setorial para a Logística Reversa de Embalagens.

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Contribuição da BVRio para a Consulta Pública sobre a

proposta de Acordo Setorial para a Logística Reversa de

Embalagens.

Setembro 2014

O Acordo Setorial em Consulta Pública desonera as empresas participantes de suas obrigações de Logística Reversa.

1. O Acordo Setorial proposto não exige das Empresas resultados efetivos, uma vez que: 1.1 Tem como objetivo a "criação de um sistema estruturante", sem compromisso com resultados efetivos de recuperação de materiais recicláveis.

1.2 Pretende contabilizar, para demonstração de seus resultados e verificação de metas, os volumes de Logística Reversa realizada por toda a coletividade.

1.3 As Empresas não serão responsabilizadas se essas metas não forem atingidas.

2. O Acordo Setorial proposto não exige das Empresas contribuições significativas para a implementação da Logística Reversa, uma vez que:

2.1 As empresas não pagam pela Coleta Seletiva. 2.2 As empresas não pagam pelo serviço de Triagem.

2.3 As Empresas cumprirão suas obrigações simplesmente com medidas como instalação de PEVs e capacitação de cooperativas.

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Contribuição da BVRio para a Consulta Pública sobre a proposta de

Acordo Setorial para a Logística Reversa de Embalagens.

Setembro 2014

Sumário

Sumário Executivo ... 3 PARTE I - Análise Crítica ao Acordo Setorial para o Setor de Embalagens em Consulta Pública .. 4 1. O Acordo Setorial proposto não exige das Empresas resultados efetivos... 4

1.1 O Acordo Setorial proposto tem como objetivo a "criação de um sistema

estruturante", sem compromisso com resultados efetivos de recuperação de materiais recicláveis. ... 4 1.2 O Acordo Setorial proposto pretende contabilizar, para demonstração de seus

resultados e verificação de metas, os volumes de Logística Reversa realizada por toda a coletividade. ... 4 1.3 De acordo com o Acordo Setorial proposto, as Empresas não serão responsabilizadas se essas metas não forem atingidas. ... 6 2. O Acordo Setorial proposto não exige das Empresas contribuições significativas para a implementação da Logística Reversa. ... 7

2.1 De acordo com o Acordo Setorial proposto, as empresas não pagam pela Coleta Seletiva. ... 7 2.2 De acordo com o Acordo Setorial proposto, as empresas não pagam pelo serviço de Triagem... 7 2.3 De acordo com o Acordo Setorial proposto, as Empresas cumprirão suas obrigações simplesmente com a instalação de PEVs e capacitação de cooperativas. ... 10 PARTE II (Anexo) - Contribuições Específicas às Cláusulas do Acordo Setorial em Consulta Pública ... 122

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Contribuição da BVRio para a Consulta Pública sobre a proposta

de Acordo Setorial para a Logística Reversa de Embalagens.

Setembro 2014

Sumário Executivo

O Acordo setorial desonera as empresas participantes de suas obrigações de Logística Reversa. Essa desoneração decorre do fato de que o Acordo Setorial proposto não exige das Empresas resultados efetivos. O Acordo Setorial proposto reduz o seu objetivo à "criação de um sistema estruturante", sem compromisso com resultados efetivos de recuperação de materiais recicláveis. A demonstração dos resultados e verificação de metas será feita com os volumes de Logística Reversa realizada por toda a coletividade. As Empresas não serão responsabilizadas se essas metas não forem atingidas.

A contribuição efetiva das Empresas para a implementação da Logística Reversa são inadequadas e desproporcionais aos objetivos a serem alcançados. As Empresas não pagarão pela coleta seletiva realizada pelo serviço público de limpeza urbana nem pelo serviço de triagem de materiais prestado pelas cooperativas de catadores. As Empresas participantes do Acordo Setorial, responsáveis pela quase totalidade dos mais de 4 milhões de toneladas de embalagens que são colocados no mercado anualmente, estarão desoneradas de suas obrigações com medidas como a instalação de 645 PEVs, capacitação de 438 cooperativas de catadores.

O presente documento foi elaborado de forma a contribuir ao processo de Consulta Pública sobre o Acordo Setorial, contendo uma Análise Crítica ao Acordo Setorial proposto e um anexo com Contribuições Específicos para a Consulta Pública.

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PARTE I - Análise Crítica ao Acordo Setorial para o Setor de

Embalagens em Consulta Pública

O Acordo setorial desonera as empresas participantes de suas obrigações de Logística Reversa.

1. O Acordo Setorial proposto não exige das Empresas resultados

efetivos.

1.1 O Acordo Setorial proposto tem como objetivo a "criação de um sistema estruturante", sem compromisso com resultados efetivos de recuperação de materiais recicláveis.

Do modo como está redigido, o Acordo Setorial proposto não cria metas quantitativas objetivas a serem atingidas pelas Empresas participantes1. Os resultados quantitativos previstos no Acordo Setorial proposto não constituem obrigações das Empresas, mas sim consequências desejáveis das medidas que as Empresas se comprometem a tomar (basicamente a colocação de PEVs e a capacitação de cooperativas).

Nos termos do Acordo, a "meta", diretamente imputável às empresas, é a adoção de algumas ações, visando a "criação de um sistema estruturante". As referências à redução de resíduos dispostos em aterros ("mínimo 22% de redução das Embalagens dispostas em aterro, representando no mínimo a média de 3815,081 ton/dia"), ou ao "acréscimo da taxa de recuperação da fração seca em 20%" aparecem no texto do Acordo meramente como consequências desejáveis do "sistema estruturante" que o Acordo Setorial se propõe a criar. E, consequentemente, nos termos do Acordo Setorial proposto, as empresas não são responsabilizadas pelo não atingimento dos resultados concretos, mas simplesmente se não implementarem as ações a que se comprometem (fundamentalmente a instalação de 645 PEVs e capacitação de 438 cooperativas).

1.2 O Acordo Setorial proposto pretende contabilizar, para demonstração de seus resultados e verificação de metas, os volumes de Logística Reversa realizada por toda a coletividade.

i) O Acordo Setorial proposto estabelece que o incremento da taxa de recuperação em 20% será atingido em resultado das "ações conjuntas das Empresas e demais agentes da cadeia de responsabilidade compartilhada". Os resultados do Acordo Setorial serão calculados com base na totalidade dos volumes reciclados, conforme reportado pela indústria recicladora2. Ou seja,

1 "A implementação das medidas do Sistema de Logística Reversa tem como objetivos e metas (i) a

criação de sistema estruturante consistente nas ações de benfeitorias, melhorias de estruturas e

equipamentos, observados os compromissos e cronogramas contidos no Anexo V, para que (ii) as ações

conjuntas das Empresas e demais agentes da cadeia de responsabilidade compartilhada possam propiciar o acréscimo da taxa de recuperação da fração seca em 20% até o ano de 2015, com base no

cenário apresentado no Anexo V, acréscimo este que corresponde a no mínimo 22% de redução das Embalagens dispostas em aterro, representando no mínimo a média de 3815,081 ton/dia que deverá ser aferida mensalmente." (Cláusula Sétima do Acordo Setorial).

2 "O atingimento das metas será demonstrado com a metodologia indicada no estudo de viabilidade econômica, observada a cláusula 3, parágrafo primeiro, (vii), na indústria de reciclagem, que deverá reportar os volumes reciclados segundo norma ABNT NBR

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5 o incremento resultará não só da ação direta das empresas, mas também dos catadores e dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, apropriando-se dos esforços desses agentes.

A forma utilizada pelo Acordo Setorial para justificar tal apropriação de resultados foi a aplicação distorcida do conceito de "responsabilidades compartilhadas".

ii) A contabilização conjunta dos resultados resulta de uma aplicação distorcida das noções de Responsabilidade Compartilhada e de Logística Reversa.

A noção de responsabilidade compartilhada significa que empresas, consumidores e serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos são responsáveis por minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como por reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental em decorrência do ciclo de vida dos produtos3. No entanto, a lei esclarece que a responsabilidade compartilhada deverá ser "implementada de forma individualizada e encadeada"4, cabendo aos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos comercializados em embalagens a responsabilidade pelo "recolhimento dos produtos e dos resíduos remanescentes após o uso, assim como sua subsequente destinação final ambientalmente adequada, nos casos de produtos objeto de sistema de logística reversa"5.

Assim, no encadeamento individualizado das responsabilidades, tal como estabelecido na lei, a logística reversa é o elo que compete às empresas e consiste no "conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada".6 A lei esclarece ainda que esses sistemas devem ser implementados "de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos"7.

A implementação da Logística Reversa não é uma responsabilidade coletiva da sociedade em geral mas sim uma obrigação específica do setor empresarial. As metas de implementação devem ser contabilizadas a partir dos resultados obtidos com as ações realizadas pelas empresas, e não de forma coletiva sobre o conjunto de atividades desempenhadas por outros atores.

15792:2010." (Parágrafo Quinto da Cláusula Sétima). "Medição dos resultados: A gestão integrada das embalagens que compõem a fração seca dos resíduos sólidos urbanos ou equiparáveis, em relação à responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida das embalagens, será quantificada na indústria de reciclagem, que deverá reportar os volumes reciclados segundo norma ABNT NBR 15792:2010, incluindo os volumes de materiais recicláveis importados e exportados quantificados pelo comércio atacadista de materiais recicláveis. Poderão ser incluídos, também, resultados oriundos de iniciativas individuais das Associações participantes deste Acordo Setorial, ou das Empresas, na forma de outros Acordos Setoriais, Termos de Compromisso ou iniciativas de reciclagem e logística reversa individuais como um todo." (cláusula 3, parágrafo primeiro, (vii) do Acordo Setorial).

3 PNRS, art. 3º, inciso XVII. 4 PNRS, art. 30.

5 PNRS, art. 31, III. 6 PNRS, art. 3º, inciso XII. 7PNRS art. 33.

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6 iii) O Acordo Setorial deveria estabelecer metas quantitativas específicas para as Empresas (consideradas individualmente ou setorialmente), e não uma meta compartilhada entre os demais atores.

Em termos quantitativos, essas Metas devem ser estabelecidas em conformidade com o disposto no Edital de Chamamento. O Edital de Chamamento determina que o Acordo Setorial deve contribuir para reduzir em 22% os resíduos recicláveis secos dispostos em aterro, com base na caracterização nacional em 2013. Nos termos do Acordo Setorial, essa redução corresponde a, no mínimo, um volume médio de 3.815 ton/dia. Consequentemente, a Meta Quantitativa das Empresas deve corresponder, de forma conjunta, à soma dos volumes que são reciclados atualmente com os volumes a serem reduzidos dos aterros. De acordo com o Estudo de Viabilidade apresentado pelas Empresas8, o volume de Embalagens reciclado em 2012 foi de 11.750 ton/dia. Ou seja, a Meta Quantitativa das Empresas (conjuntamente) deveria ser de assegurar a Logística Reversa e reciclagem de, no mínimo, um volume médio de [15.565] ton/dia.

As metas quantitativas das Empresas deveriam ainda ser estabelecidas de forma segregada por material, e não de forma agrupada. Além de assegurar uma maior eficiência ambiental na implementação da Logística Reversa, a definição das metas por material permite uma mais fácil atribuição de responsabilidades entre as Empresas participantes do Acordo Setorial. A composição das Embalagens recolhidas e recicladas, por material (alumínio, aço, papel e papelão, pet, outros plásticos e vidro) é conhecida e mencionada no próprio Acordo Setorial proposto 9, não havendo razão para não segregar as metas da mesma forma.

1.3 De acordo com o Acordo Setorial proposto, as Empresas não serão responsabilizadas se essas metas não forem atingidas.

Nos termos do Acordo Setorial proposto, o não atingimento das "metas quantitativas" (aumento da taxa de recuperação e redução das embalagens dispostas em aterros) não resulta em penalidades às Empresas. Como já referido, os objetivos quantitativos previstos no Acordo Setorial não são propriamente metas, mas resultados esperados das medidas a serem implementadas (colocação de PEVs e capacitação de catadores). Desta forma, o Acordo Setorial proposto estabelece que, caso as Empresas realizem as "ações estruturantes" a que se comprometem (instalação de 645 PEVs, capacitação de 438 cooperativas de catadores, compra de equipamentos e realização de campanhas de conscientização dos consumidores), não poderão ser responsabilizadas, mesmo que os resultados quantitativos desejados não sejam atingidos10.

8 Anexo VI do Acordo Setorial, p. 21. 9 Anexo V, item 1.4.

10 Cláusula Décima Primeira, Parágrafo Único: "No caso de não cumprimento da meta por

inadimplência de Empresas que deixaram de implementar as ações previstas neste Acordo Setorial, as

Associações deverão informar o fato, para que sejam aplicadas a tais empresas as penalidades mencionadas no caput." As "ações" referidas no citado parágrafo consistem, fundamentalmente, na instalação de 645 PEVs e na capacitação de 438 cooperativas de catadores, na compra de equipamentos e em ações de conscientização dos consumidores (letra b do Parágrafo Segundo da Cláusula Terceira do Acordo Setorial).

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2. O Acordo Setorial proposto não exige das Empresas contribuições

significativas para a implementação da Logística Reversa.

2.1 De acordo com o Acordo Setorial proposto, as empresas não pagam pela Coleta Seletiva.

A PNRS determina que os sistemas de Logística Reversa devem ser implementados "de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos"11, mas que os serviços públicos de limpeza urbana podem, por meio de acordo setorial, se encarregar das responsabilidades das empresas, mediante remuneração12.

No entanto, o Acordo Setorial proposto não contempla a remuneração da coleta seletiva realizada pelos serviços públicos de limpeza urbana13. Desse decisão, resulta que os volumes coletados pelo serviço público, sem remuneração direta das empresas, devem ser considerados ação do serviço público no âmbito da sua responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, não devendo serem contabilizados como resultados do Acordo Setorial.

2.2 De acordo com o Acordo Setorial proposto, as empresas não pagam pelo serviço de Triagem.

Apesar da contribuição substancial e fundamental das atividades dos Catadores para a implementação da Logística Reversa, o Acordo Setorial proposto não contempla a remuneração por esses serviços, buscando com isso que os Catadores subsidiem as obrigações das Empresas.

i) Os catadores participam em todas as rotas da logística reversa descritas no Acordo Setorial Proposto14. A partir da separação e devolução pelos consumidores, a logística reversa dos materiais recicláveis podem seguir 3 rotas: entrega nos PEVs15, coleta seletiva pelos serviços

11 PNRS, art. 33.

12 PNRS, art. 33, §7, e art. 36, IV.

13 Cláusula 6.5. Cláusula 6.5: "Para a consecução do seu objetivo, a PNRS reconhece a responsabilidade e a gestão compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos como princípio básico da gestão de resíduos sólidos, e incumbe também ao Poder Público a efetividade das ações previstas na PNRS, inclusive ao titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos a organização e a prestação direta ou indireta desses serviços, nos moldes do quanto disposto no artigo 26 da Lei nº. 12.305/2010. PARÁGRAFO PRIMEIRO – O Sistema de Logística Reversa proposto neste Acordo Setorial não será responsável pelo ressarcimento de custos de atividades provenientes do serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos."

14 Cláusula Terceira, Parágrafo Primeiro, e Anexo III

15 Rota 1 - PEVs: Nessa rota os consumidores devolvem os resíduos em PEVs, os quais são instalados e

operados a cargo das empresas. Os volumes que são recebidos pelos PEVs mantidos e operados por conta das empresas são contabilizados como resultado direto da ação das empresas. Os resíduos depositados pelos consumidores nos PEVs serão subsequentemente triados e classificados por cooperativas (ou por empresas do comércio atacadista de materiais recicláveis ou por centrais de triagem), e encaminhados para a reciclagem.

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8 públicos de limpeza (com ou sem participação dos catadores)16 e ainda coleta porta a porta dos catadores.17 Em todas elas, os catadores desempenham um papel fundamental.

ii) O Acordo Setorial proposto não remunera as contribuições dos Catadores para a implementação da Logística Reversa. As medidas contempladas no Acordo Setorial proposto, com relação aos catadores, se caracterizam como meios de incremento da quantidade de resíduos triados e computados como metas da Logística Reversa, e não como contrapartidas aos catadores para a efetivação da Logística Reversa.

Esse fato é claramente afirmado no próprio Acordo Setorial proposto, que reconhece a importância fundamental do incremento das quantidades triadas pelas cooperativas para a viabilidade do Acordo Setorial e enuncia as medidas previstas para fomentar esse incremento, sugerindo que os impactos de tais medidas na geração de renda dos catadores é suficiente para legitimar a apropriação, pelo Acordo Setorial, dos resultados obtidos com o serviço prestado pelos catadores:

"a viabilidade econômica do Acordo Setorial depende, essencialmente, da

existência de incentivos do mercado suficientes para viabilizar o crescimento expressivo de volume de triagem e recuperação dos resíduos equiparáveis. As condições de mercado garantem geração de renda para as Cooperativas, por meio do investimento e da compra direta ou indireta, por meio do Comércio Atacadista

de Materiais Recicláveis e/ou das recicladoras de materiais triados"18.

O Acordo Setorial proposto pretende que "(...) as condições de mercado garantem geração de renda para as Cooperativas, por meio do investimento e da compra direta ou indireta, por meio do Comércio Atacadista de Materiais Recicláveis e/ou das recicladoras, dos materiais triados"19. Nesse sentido, o Acordo Setorial proposto declara que "o apoio às Cooperativas se dará através da celebração de convênios/contratos que viabilizarão a estruturação, aparelhamento e capacitação das cooperativas de catadores"20.

No entanto, a compra dos materiais triados a preço de mercado, referida no Acordo Setorial proposto como "garantia para a geração de renda para as cooperativas", não significa contrapartida pelo serviço de logística reversa prestado pelos catadores e consequentemente não legitima que os materiais triados pelos catadores sejam incluídos no computo das metas das Empresas. Adicionalmente, não há nenhum mecanismo no Acordo Setorial proposto que assegure que os catadores recebam um preço justo pelo material reciclável vendido. A referência a "preços de mercado" é um termo genérico que pode significar somente os preços

16 Rota 2 - Coleta Seletiva pelo poder público de limpeza urbana: Nessa rota os resíduos separados pelos

consumidores são recolhidos pela coleta seletiva realizada pelo serviço público. Da mesma forma, como na Rota 1, os volumes resultantes da coleta seletiva serão subsequentemente triados e classificados. Tal atividade é, majoritariamente, realizada pelas cooperativas.

17 Rota 3 - Coleta porta a porta pelos catadores: Nessa terceira rota, a coleta seletiva é

realizada diretamente pelos catadores, que desempenham assim todas as etapas do processo de logística reversa: coleta, triagem e classificação, e entrega à indústria recicladora,

materializando assim a reintrodução do material reciclável no ciclo produtivo.

18 Cláusula 3, parágrafo quarto. 19 Cláusula Oitava, Parágrafo Quarto. 20 Cláusula Oitava, Parágrafo Terceiro.

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9 reduzidos que hoje são pagos aos catadores pelos intermediários. E os referidos "investimentos financeiros" feitos na capacitação e instalações das cooperativas, do modo como estão estabelecidos no Acordo Setorial proposto, não se qualificam como contrapartidas aos catadores, mas sim como meios de incremento da produtividade das cooperativas, de forma a assegurar os volumes a serem triados e computados como metas da Logística Reversa.

Ainda nessa linha, o Acordo Setorial declara que as Empresas "incentivarão a contratação de cooperativas para a execução da coleta seletiva de resíduos sólidos a ser implementada pelos órgãos públicos, a seu cargo e ônus"21. A contratação dos catadores a cargo e ônus dos serviços públicos de limpeza urbana para a realização da coleta seletiva não pode ser considerada uma contrapartida das Empresas e de forma alguma legitima que os volumes assim coletados e triados sejam contabilizados como uma contribuição das empresas.

Consequentemente, o Acordo Setorial proposto se apropria do resultado das atividades dos catadores, sem remunerar esses serviços.

iii) A atividade de logística reversa desenvolvida pelos catadores é um serviço que deve ser remunerado.

Contrariamente ao que ocorre com relação aos consumidores e ao serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os catadores, evidentemente, não integram o rol de agentes que tem a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos resíduos. Ao contrário, realizam uma atividade comercial (beneficiamento e venda dos resíduos) que resulta em uma externalidade ambiental positiva. Essa externalidade positiva, que consiste na coleta dos materiais recicláveis e sua restituição ao setor produtivo, materializa a atividade que é definida pela PNRS como Logística Reversa22. Trata-se de um serviço ambiental efetivamente prestado e, como tal:

(a) deve ser remunerado, nos termos do conceito do "protetor-recebedor" consagrado pela PNRS como um dos seus princípios orientadores;

(b) não é remunerado pela venda dos resíduos, ainda que esta venda seja feita a "preços de mercado". O "preço de mercado" dos resíduos é muito reduzido e somente é praticável em razão da situação de fragilidade econômica dos catadores. Dada a sua dificuldade de acumular volumes e escala, e sua necessidade contínua de fluxos de caixa, os catadores muitas vezes dependem de intermediários que impõem preços baixos e por vezes abusivos, preços esses que, em última instância, representam o "preço de mercado" desses produtos. Adicionalmente, e de um ponto de vista conceitual, o "preço de mercado" da mercadoria, mesmo que não seja abusivamente baixo, não incorpora o preço pelo serviço da logística reversa resultante, uma vez que o comprador final do material reciclável (indústria recicladora) não é necessariamente a empresa que tem a obrigação legal de implementar a logística reversa e, muitas vezes, o produto resultante da reciclagem não necessariamente será vendido à empresa que tem a obrigação de implementar a logística reversa. Dessa forma, a indústria

21 Cláusula Oitava, Parágrafo Primeiro.

22 De acordo com a PNRS, a Logística Reversa é fundamentalmente caracterizada pela "coleta e a

restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos" (art. 3º, inciso XII).

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10 recicladora não está disposta a pagar pelo serviço ambiental resultante da venda do produto triado para a cadeia recicladora pois não terá condições de repassar esse custo no seu produto; e

(c) beneficia diretamente as empresas que têm a obrigação legal de implementar a logística reversa, pois veem suas obrigações serem cumpridas pelo trabalho dos catadores.

Consequentemente, para que os volumes de logística reversa realizados pelos catadores possam ser contabilizados no âmbito do Acordo Setorial, é necessário que o serviço prestado pelos catadores seja devidamente remunerado. Caso contrário, as empresas estariam se apropriando indevidamente do trabalho realizado pelos catadores, que estariam subsidiando a implementação da Logística Reversa.

2.3 De acordo com o Acordo Setorial proposto, as Empresas cumprirão suas obrigações simplesmente com a instalação de PEVs e capacitação de cooperativas. As medidas às quais as Empresas estão se comprometendo por meio do Acordo Setorial proposto aparentam ser desproporcionais e insignificantes face aos objetivos a serem atingidos. As Empresas participantes do Acordo Setorial proposto, representadas por 20 associações empresariais setoriais, são responsáveis pela produção e/ou comercialização da quase totalidade das embalagens colocadas no mercado. Do total de embalagens colocadas no mercado anualmente, cerca de 4 milhões de toneladas são coletadas, e o restante tem destinos inadequados. Do total coletado, cerca de 35% não é reciclado, sendo destinado a aterros.

Nos termos do Acordo Setorial proposto, as Empresas participantes se desonerarão de suas responsabilidades de implementar a logística reversa mediante a realização de algumas ações previstas no Acordo Setorial (fundamentalmente a instalação de 645 PEVs, capacitação de 438 cooperativas de catadores) 23. O subterfúgio utilizado no Acordo Setorial proposto, para

23 As ações a serem implementadas pelas Empresas estão previstas na letra b do Parágrafo Segundo da Cláusula Terceira do Acordo Setorial proposto: "(i) triplicação do número ou da capacidade das Cooperativas nas Cidades previstas na Fase 1, de modo a atender as metas estabelecidas na cláusula 7; (ii) viabilização das ações necessárias para a aquisição de máquinas e de equipamentos, que serão destinados às Cooperativas participantes da Fase 1; (iii) viabilização das ações necessárias para a capacitação dos catadores das Cooperativas participantes da Fase 1, visando a melhoria da qualidade de vida, capacidade empreendedora, utilização adequada das técnicas necessárias à atividade, visão de negócio e sustentabilidade; (iv) fortalecimento da parceria indústria/comércio para triplicar e consolidar os PEV (...); (v) compra direta ou indiretamente, a preço de mercado, por meio do Comércio Atacadista de Materiais Recicláveis e/ou das recicladoras, das embalagens e outros materiais recicláveis triados pelas Cooperativas, centrais de triagem ou unidades equivalentes, ou ainda pelos centros de triagem mantidos pelos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, respeitando critérios de localização, volume, qualidade e capacidade instalada das empresas envolvidas no processo de reciclagem, em todas as etapas; (vi) atuação, preferencialmente, em parceria com Cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais recicláveis, incluindo centrais de triagem ou unidades equivalentes, bem como priorização do pagamento às Cooperativas, tanto individualmente quanto organizadas em rede, do preço praticado pelo mercado, considerando os critérios de

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11 justificar tal desoneração, é (i) a aplicação distorcida do conceito de "responsabilidades compartilhadas", e (ii) a apropria indevida e não remunerada da atividade e esforços realizados por todos os outros setores da sociedade, incluindo catadores e serviços de limpeza urbana.

localização, volume, qualidade e capacidade instalada da indústria recicladora; (vii) instalação de PEVs em lojas do varejo, de acordo com os critérios técnicos e operacionais descritos na cláusula 3, parágrafo segundo, item b (iv) acima; (viii) investimento em campanhas de conscientização com o objetivo de sensibilizar os consumidores para a correta separação e destinação das embalagens e outros materiais recicláveis, podendo ser realizadas através de mídia televisiva, rádio, cinema entre outras mídias; (...)".

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PARTE II (Anexo) - Contribuições Específicas às Cláusulas do

Acordo Setorial em Consulta Pública

O presente Anexo contém Contribuições específicas às principais cláusulas do Acordo Setorial que precisam ser ajustadas, e Justificativas para a contribuição. Os Parágrafos de uma mesma Cláusula podem ser objeto de mais de uma Contribuição, nos casos em que as Justificativas forem diferentes. Por outro lado, a mesma Justificativa pode se aplicar à proposta de alteração de mais de uma Cláusula. Os grifos no texto sugerido foi utilizado simplesmente para facilitar a visualização dos principais pontos alterados, mas não indica todas as alterações sugeridas, sobretudo as partes excluídas. De forma a facilitar o entendimento, reproduzimos, em cada Contribuição, o texto original.

Cláusulas Comentadas:

Cláusula Segunda – Do Objeto ... 13

Cláusula Terceira – Da Operacionalização do Sistema de Logística Reversa (1) ... 14

Cláusula Terceira – Da Operacionalização do Sistema de Logística Reversa (2) ... 16

Cláusula Terceira – Da Operacionalização do Sistema de Logística Reversa (3) ... 17

Cláusula Terceira – Da Operacionalização do Sistema de Logística Reversa (4) ... 19

Cláusula Terceira – Da Operacionalização do Sistema de Logística Reversa (5)...20

Cláusula Sexta – Das Responsabilidades (1) ... 22

Cláusula Sexta – Das Responsabilidades (2) ... 23

Cláusula Sexta – Das Responsabilidades (3) ... 24

Cláusula Sétima – Das Metas ... 26

Cláusula Oitava – Do Estímulo à Participação dos Catadores ... 28

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13 Cláusula Segunda – Do Objeto

Texto do Acordo Setorial

"PARÁGRAFO QUARTO - O presente Acordo Setorial é firmado pelas Empresas e pelo MMA com abrangência em âmbito nacional e deve prevalecer sobre os acordos setoriais firmados em âmbito regional ou estadual e municipal, nos termos da Lei nº. 12.305/2010, artigo 34, parágrafo 1º, de forma a preservar a viabilidade técnica e econômica do Sistema de Logística Reversa ora previsto."

Contribuição:

Alterar o texto do Parágrafo Quarto da Cláusula Segunda para:

"O presente Acordo Setorial é firmado pelas Empresas e pelo MMA com abrangência em âmbito nacional e deve prevalecer sobre os acordos setoriais firmados em âmbito regional ou estadual e municipal, nos termos da Lei nº. 12.305/2010, artigo 34, parágrafo 1º, de forma a preservar a viabilidade técnica e econômica do Sistema de Logística Reversa ora previsto, observado o disposto no parágrafo segundo do artigo 34 da referida Lei."

Justificativa:

A PNRS estabelece que podem ser estabelecidos acordos setoriais e termos de compromissos com menor abrangência geográfica, desde que tais acordos sejam mais restritivos que os de maior abrangência geográfica. O Acordo Setorial não pode limitar esse dispositivo legal.

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14 Cláusula Terceira – Da Operacionalização do Sistema de Logística Reversa (1)

Texto do Acordo Setorial

"A operacionalização do Sistema de Logística Reversa para o fim deste Acordo Setorial se dará mediante a implementação e o fomento de ações, investimentos, suporte técnico e institucional para a gestão integrada das embalagens que compõem a fração seca dos resíduos sólidos urbanos ou equiparáveis, bem como a promoção de campanhas de conscientização com o objetivo de sensibilizar o consumidor para a correta separação e destinação das embalagens e outros materiais recicláveis, no âmbito da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida das embalagens, preferencialmente em parceria com Cooperativas."

"PARÁGRAFO PRIMEIRO - Considera-se gestão integrada das embalagens que compõem a fração seca dos resíduos sólidos urbanos ou equiparáveis, no âmbito da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida das embalagens, as etapas que se iniciam na separação por consumidores, de acordo com a seguinte logística (Anexo III): (...)"

Contribuição:

Alterar caput, e o Parágrafo Primeiro da Cláusula Terceira para:

"A operacionalização do Sistema de Logística Reversa para o fim deste Acordo Setorial se dará mediante a implementação e o fomento de ações, investimentos, suporte técnico e institucional pelas Empresas (Metas Estruturantes), no âmbito da responsabilidade compartilhada e integrada das embalagens que compõem a fração seca dos resíduos sólidos urbanos ou equiparáveis, bem como a promoção de campanhas de conscientização com o objetivo de sensibilizar o consumidor para a correta separação e destinação das embalagens e outros materiais recicláveis, no âmbito da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida das embalagens, preferencialmente em parceria com Cooperativas."

"PARÁGRAFO PRIMEIRO - A implementação do Sistema de Logística Reversa das embalagens que compõem a fração seca dos resíduos sólidos urbanos ou equiparáveis, no âmbito da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida das embalagens, observará as seguintes etapas que se iniciam na separação por consumidores, de acordo com a seguinte logística (Anexo III):" (...)

Justificativa:

É importante deixar claro que o Acordo Setorial tem como propósito estabelecer a forma como as Empresas participantes irão implementar a Logística Reversa. Da forma como está escrita, a Cláusula Terceira conduz à diluição das responsabilidades das Empresas, por meio de uma aplicação distorcida das noções de Responsabilidade Compartilhada e de Logística Reversa.

A noção de responsabilidade compartilhada significa que empresas, consumidores e serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos são responsáveis por minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como por reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental em decorrência do ciclo de vida dos produtos (PNRS, art. 3º, inciso XVII). No entanto, a lei esclarece que a responsabilidade compartilhada deverá ser "implementada de forma individualizada e encadeada" (PNRS, art. 30), cabendo aos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos comercializados em

(15)

15 embalagens a responsabilidade pelo "recolhimento dos produtos e dos resíduos remanescentes após o uso, assim como sua subsequente destinação final ambientalmente adequada, nos casos de produtos objeto de sistema de logística reversa" (PNRS, art. 31, III). Assim, no encadeamento individualizado das responsabilidades, tal como estabelecido na lei, a logística reversa é o elo que compete às empresas e consiste no "conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada" (PNRS, art. 3º, inciso XII). A lei esclarece ainda que esses sistemas devem ser implementados "de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos" (PNRS art. 33).

A implementação da Logística Reversa não é uma responsabilidade coletiva da sociedade em geral mas sim uma obrigação específica do setor empresarial. As metas de implementação devem ser contabilizadas a partir dos resultados obtidos com as ações realizadas pelas empresas, e não de forma coletiva sobre o conjunto de atividades desempenhadas por outros atores.

(16)

16 Cláusula Terceira – Da Operacionalização do Sistema de Logística Reversa (2)

Texto do Acordo Setorial

"(vii) Medição dos resultados: A gestão integrada das embalagens que compõem a fração seca dos resíduos sólidos urbanos ou equiparáveis, em relação à responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida das embalagens, será quantificada na indústria de reciclagem, que deverá reportar os volumes reciclados segundo norma ABNT NBR 15792:2010, incluindo os volumes de materiais recicláveis importados e exportados quantificados pelo comércio atacadista de materiais recicláveis. Poderão ser incluídos, também, resultados oriundos de iniciativas individuais das Associações participantes deste Acordo Setorial, ou das Empresas, na forma de outros Acordos Setoriais, Termos de Compromisso ou iniciativas de reciclagem e logística reversa individuais como um todo."

Contribuição:

Alterar o inciso (vii) do Parágrafo Primeiro da Cláusula Terceira para:

"(vii) Medição dos resultados: A medição dos resultados do sistema de Logística Reversa implementado por meio deste Acordo Setorial será quantificada na indústria de reciclagem, que deverá reportar os volumes reciclados segundo norma ABNT NBR 15792:2010, incluindo unicamente os materiais recicláveis cuja logística reversa seja resultante das ações implementadas pelas Empresas, quantificados pelo comércio atacadista de materiais recicláveis. Poderão ser incluídos, também, resultados oriundos de iniciativas individuais das Associações participantes deste Acordo Setorial, ou das Empresas, na forma de outros Acordos Setoriais, Termos de Compromisso ou iniciativas de reciclagem e logística reversa individuais como um todo."

Justificativa:

Da forma como está escrita, a cláusula permite que sejam contabilizados, para a demonstração dos resultados e verificação de metas das Empresas, os volumes de Logística Reversa realizada por toda a coletividade. Os volumes a serem considerados, para a aferição dos resultados do Acordo Setorial, devem ser unicamente os volumes atribuíveis à Logística Reversa implementada pelas Empresas.

(17)

17 Cláusula Terceira – Da Operacionalização do Sistema de Logística Reversa (3)

Texto do Acordo Setorial

"PARÁGRAFO SEGUNDO: (...)

b) As principais ações e medidas a serem realizadas na Fase 1 tendo em vista o atendimento das metas serão: (...)

(vi) atuação, preferencialmente, em parceria com Cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais recicláveis, incluindo centrais de triagem ou unidades equivalentes, bem como priorização do pagamento às Cooperativas, tanto individualmente quanto organizadas em rede, do preço praticado pelo mercado, considerando os critérios de localização, volume, qualidade e capacidade instalada da indústria recicladora;"

Contribuição:

Alterar o texto do inciso (vi) da letra "b" do Parágrafo Segundo da Cláusula Terceira para:

"(vi) atuação, preferencialmente, em parceria com Cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais recicláveis, incluindo centrais de triagem ou unidades equivalentes, bem como priorização do pagamento às Cooperativas, tanto individualmente quanto organizadas em rede, do serviço de triagem e classificação dos materiais recicláveis a preço de mercado;"

Justificativa:

A atividade de logística reversa desenvolvida pelos catadores é um serviço que deve ser remunerado. Ao contrário, realizam uma atividade comercial (beneficiamento e venda dos resíduos) que resulta em uma externalidade ambiental positiva. Essa externalidade positiva, que consiste na coleta dos materiais recicláveis e sua restituição ao setor produtivo, materializa a atividade que é definida pela PNRS como Logística Reversa. Trata-se de um serviço ambiental efetivamente prestado e, como tal: (a) deve ser remunerado, nos termos do conceito do "protetor-recebedor" consagrado pela PNRS como um dos seus princípios orientadores; (b) não é remunerado pela venda dos resíduos, ainda que esta venda seja feita a "preços de mercado". O "preço de mercado" dos resíduos é muito reduzido e somente é praticável em razão da situação de fragilidade econômica dos catadores. Dada a sua dificuldade de acumular volumes e escala, e sua necessidade contínua de fluxos de caixa, os catadores muitas vezes dependem de intermediários que impõem preços baixos e por vezes abusivos, preços esses que, em última instância, representam o "preço de mercado" desses produtos. Adicionalmente, e de um ponto de vista conceitual, o "preço de mercado" da mercadoria, mesmo que não seja abusivamente baixo, não incorpora o preço pelo serviço da logística reversa resultante, uma vez que o comprador final do material reciclável (indústria recicladora) não é necessariamente a empresa que tem a obrigação legal de implementar a logística reversa e, muitas vezes, o produto resultante da reciclagem não necessariamente será vendido à empresa que tem a obrigação de implementar a logística reversa. Dessa forma, a indústria recicladora não está disposta a pagar pelo serviço ambiental resultante da venda do produto triado para a cadeia recicladora pois não terá condições de repassar esse custo no seu produto; e (c) beneficia diretamente as empresas que têm a obrigação legal de implementar a logística reversa, pois veem suas obrigações serem cumpridas pelo trabalho

(18)

18 dos catadores.

Consequentemente, para que os volumes de logística reversa realizados pelos catadores possam ser contabilizados no âmbito do Acordo Setorial, é necessário que o serviço prestado pelos catadores seja devidamente remunerado. Caso contrário, as empresas estariam se apropriando indevidamente do trabalho realizado pelos catadores, que estariam subsidiando a implementação da Logística Reversa.

(19)

19 Cláusula Terceira – Da Operacionalização do Sistema de Logística Reversa (4)

Texto do Acordo Setorial

"PARÁGRAFO TERCEIRO - Considerado o sistema acima descrito, as Empresas terão liberdade para realizar os investimentos diretamente, em conjunto ou individualmente, em projetos que visam atingir as metas descritas neste Acordo Setorial, respeitando as características do modelo consolidado no Brasil, por meio do modelo de governança previsto no Anexo IV e conforme cronograma previsto no Anexo V."

Contribuição: Alterar o texto para:

"PARÁGRAFO TERCEIRO - Considerado o sistema acima descrito, as Empresas terão liberdade para realizar os investimentos diretamente, em conjunto ou individualmente, em projetos que visam atingir as metas descritas neste Acordo Setorial, respeitando as características do modelo consolidado no Brasil, por meio do modelo de governança previsto no Anexo IV e conforme cronograma previsto no Anexo V. Esta Coalizão desde logo reconhece e admite que existam acordos bilaterais entre determinadas empresas que não estarão contabilizados como números da Associação, mas sim da Empresa que individualmente optar por esse investimento adicional, vez que esse Acordo Setorial não pode ser limitador às Empresas que a seu critério decidam realizar investimentos extras em benefício dos Sistemas de Logística Reversa, consumidor ou mesmo por estratégia individual de negócio."

Justificativa:

O Acordo Setorial não pode limitar Empresas que a seu critério decidam participar de modalidades alternativas e/ou complementares de implementação da Logística Reversa.

(20)

20 Cláusula Terceira – Da Operacionalização do Sistema de Logística Reversa (5)

Texto do Acordo Setorial

"PARÁGRAFO QUARTO - As ações deverão observar os princípios financeiros estabelecidos no Estudo de Viabilidade Econômica e Impactos Socioambientais elaborado pela LCA, sendo que a viabilidade econômica do presente Acordo Setorial depende, essencialmente, da existência de incentivos do mercado suficientes para viabilizar o crescimento expressivo de volume de triagem e recuperação dos resíduos equiparáveis. As condições de mercado garantem geração de renda para as Cooperativas, por meio do investimento e da compra direta ou indireta, por meio do Comércio Atacadista de Materiais Recicláveis e/ou das recicladoras, dos materiais triados."

Contribuição:

Alterar o texto do Parágrafo Quarto da Cláusula Terceira para:

"As ações deverão observar os princípios financeiros estabelecidos no Estudo de Viabilidade Econômica e Impactos Socioambientais elaborado pela LCA, sendo que a viabilidade econômica do presente Acordo Setorial depende, essencialmente, da existência de incentivos do mercado suficientes para viabilizar o crescimento expressivo de volume de triagem e recuperação dos resíduos equiparáveis. As condições de mercado garantem geração de renda para as Cooperativas, por meio do investimento, do pagamento, direto ou mediante a aquisição de créditos, pelo serviço de logística reversa realizada pelas Cooperativas de Catadores, e da compra direta ou indireta, por meio do Comércio Atacadista de Materiais Recicláveis e/ou das recicladoras, dos materiais triados."

Justificativa

A atividade de logística reversa desenvolvida pelos catadores é um serviço que deve ser remunerado. Ao contrário, realizam uma atividade comercial (beneficiamento e venda dos resíduos) que resulta em uma externalidade ambiental positiva. Essa externalidade positiva, que consiste na coleta dos materiais recicláveis e sua restituição ao setor produtivo, materializa a atividade que é definida pela PNRS como Logística Reversa. Trata-se de um serviço ambiental efetivamente prestado e, como tal: (a) deve ser remunerado, nos termos do conceito do "protetor-recebedor" consagrado pela PNRS como um dos seus princípios orientadores; (b) não é remunerado pela venda dos resíduos, ainda que esta venda seja feita a "preços de mercado". O "preço de mercado" dos resíduos é muito reduzido e somente é praticável em razão da situação de fragilidade econômica dos catadores. Dada a sua dificuldade de acumular volumes e escala, e sua necessidade contínua de fluxos de caixa, os catadores muitas vezes dependem de intermediários que impõem preços baixos e por vezes abusivos, preços esses que, em última instância, representam o "preço de mercado" desses produtos. Adicionalmente, e de um ponto de vista conceitual, o "preço de mercado" da mercadoria, mesmo que não seja abusivamente baixo, não incorpora o preço pelo serviço da logística reversa resultante, uma vez que o comprador final do material reciclável (indústria recicladora) não é necessariamente a empresa que tem a obrigação legal de implementar a logística reversa e, muitas vezes, o produto resultante da reciclagem não necessariamente será vendido à empresa que tem a obrigação de implementar a logística reversa. Dessa forma, a indústria recicladora não está disposta a pagar pelo serviço ambiental resultante da venda do produto triado para a cadeia recicladora pois não terá condições de repassar esse custo no

(21)

21 seu produto; e (c) beneficia diretamente as empresas que têm a obrigação legal de implementar a logística reversa, pois veem suas obrigações serem cumpridas pelo trabalho dos catadores.

Consequentemente, para que os volumes de logística reversa realizados pelos catadores possam ser contabilizados no âmbito do Acordo Setorial, é necessário que o serviço prestado pelos catadores seja devidamente remunerado. Caso contrário, as empresas estariam se apropriando indevidamente do trabalho realizado pelos catadores, que estariam subsidiando a implementação da Logística Reversa.

(22)

22 Cláusula Sexta – Das Responsabilidades (1)

Texto do Acordo Setorial

"6.1. RESPONSABILIDADES GERAIS DAS EMPRESAS

Para a realização da PNRS, que contempla a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos a ser implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, caberá às Empresas a realização de ações e de atividades, que por sua natureza sejam de caráter geral e coletivo, em especial:

(i) cumprimento do presente Acordo Setorial;

(ii) articulação com sua rede de comercialização, distribuidores, comerciantes, Cooperativas, centrais de triagem ou unidades equivalentes, Comércio Atacadista de Materiais Recicláveis, e/ou com o Poder Público da implementação da estrutura necessária para garantir o fluxo de retorno das Embalagens objeto do Sistema de Logística Reversa;

(iii) divulgação junto aos consumidores de instruções sobre como separar as Embalagens e informações sobre os procedimentos a serem seguidos para adequada devolução das Embalagens para facilitar a reciclagem, inclusive dos custos de implantação do Sistema de Logística Reversa, conforme relatório, em endereço eletrônico apropriado."

Contribuição:

Alterar o texto do item 6.1 da Cláusula Sexta para:

"6.1. RESPONSABILIDADES GERAIS DAS EMPRESAS

Para a realização da PNRS, que contempla a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos a ser implementada de forma individualizada e encadeada, caberá às Empresas: (i) [Mantém];

(ii) [Mantém]; (iii) [Mantém]."

Justificativa

É importante deixar claro que o Acordo Setorial tem como propósito estabelecer a forma como as Empresas participantes irão implementar a Logística Reversa. Da forma como está escrita, a Cláusula conduz à diluição das responsabilidades das Empresas, por meio de uma aplicação distorcida das noções de Responsabilidade Compartilhada e de Logística Reversa. O Acordo Setorial deve identificar de forma clara e objetiva o conjunto de responsabilidades das Empresas.

(23)

23 Cláusula Sexta – Das Responsabilidades (2)

Texto do Acordo Setorial

"PARÁGRAFO SEGUNDO - Será entregue um relatório em 2016 ao MMA, por meio de entidade nomeada pelas Empresas, demonstrando o cumprimento das obrigações previstas no presente Acordo Setorial, de acordo com os critérios estabelecidos a seguir.

(i) O relatório deve contemplar: (...)

h. Quantidade em peso de Embalagens destinadas de forma ambientalmente adequada nos municípios contemplados com as ações do Anexo V; (...)"

Contribuição:

Alterar o texto do inciso (i) do Parágrafo Segundo da Cláusula Sexta para:

"h. Quantidade em peso de Embalagens destinadas de forma ambientalmente adequada, como consequência da implementação da Logística Reversa objeto deste Acordo Setorial, discriminando o tipo de material reciclável; (...)".

Justificativa

As metas quantitativas de resultados das Empresas devem ser estabelecidas de forma segregada por material, e não de forma agrupada. Além de assegurar uma maior eficiência ambiental na implementação da Logística Reversa, a definição das metas por material permite uma mais fácil atribuição de responsabilidades entre as Empresas participantes do Acordo Setorial. A composição das Embalagens recolhidas e recicladas, por material (alumínio, aço, papel e papelão, pet, outros plásticos e vidro) é conhecida e mencionada no próprio Acordo Setorial (Anexo V, item 1.4), não havendo razão para não segregar as metas da mesma forma.

(24)

24 Cláusula Sexta – Das Responsabilidades (3)

Texto do Acordo Setorial

"6.2. RESPONSABILIDADES DOS FABRICANTES E IMPORTADORES DE PRODUTOS COMERCIALIZADOS EM EMBALAGENS

Cabe aos fabricantes e importadores de produtos comercializados em embalagens dar a destinação ambientalmente adequada às Embalagens, mediante a implementação e o acompanhamento das seguintes ações, conjunta ou isoladamente:

(i) investimento direto/indireto em centrais de triagem, Cooperativas ou por meio de entidades que as representem, tais como a ANCAT, mediante melhoria da infra estrutura física, aquisição de equipamentos e capacitação, incluindo no todo ou em parte os itens mencionados na cláusula 1 (iii), com o objetivo primordial de aumentar a eficiência operacional;

(i.i) mediante aprovação de parâmetros pela Coalizão, as Empresas poderão também cumprir suas obrigações mediante o investimento, através da ANCAT, a qual se responsabilizará por transferir tais investimentos diretamente junto a Cooperativas por ela identificadas e selecionadas, sendo certo que tais recursos deverão ser destinados a treinamento técnico e administrativo, aquisição de equipamentos, benfeitorias em instalações físicas, com o objetivo de aumentar a eficiência operacional. O investimento a ser realizado pela ANCAT deverá ser programado em conjunto com o Comitê Técnico tendo como objetivo o cumprimento das metas previstas na cláusula 7; (...)"

Contribuição:

Alterar os incisos (i) e (i.) do item 6.2 da Cláusula Sexta:

"(i) remuneração às Cooperativas de Catadores por sua contribuição à implementação da Logística Reversa objeto do presente Acordo Setorial, sendo que poderá ser contabilizado como remuneração às Cooperativas de Catadores, desde que o volume de material reciclável seja devidamente identificado e quantificado, nos termos estabelecidos neste Acordo Setorial, o investimento direto/indireto em centrais de triagem, Cooperativas ou por meio de entidades que as representem, tais como a ANCAT, mediante melhoria da infra estrutura física, aquisição de equipamentos e capacitação, incluindo no todo ou em parte os itens mencionados na cláusula 1 (iii), com o objetivo primordial de aumentar a eficiência operacional;

(i.i) mediante aprovação de parâmetros pela Coalizão, as Empresas, e desde que atendidas as condições estabelecidas neste Acordo Setorial, poderão também cumprir suas obrigações mediante o investimento, através da ANCAT, a qual se responsabilizará por transferir tais investimentos diretamente junto a Cooperativas por ela identificadas e selecionadas, sendo certo que tais recursos deverão ser destinados a treinamento técnico e administrativo, aquisição de equipamentos, benfeitorias em instalações físicas, com o objetivo de aumentar a eficiência operacional. O investimento a ser realizado pela ANCAT deverá ser programado em conjunto com o Comitê Técnico tendo como objetivo o cumprimento das metas previstas na cláusula 7; (...)"

Justificativa:

A atividade de logística reversa desenvolvida pelos catadores é um serviço que deve ser remunerado. Ao contrário, realizam uma atividade comercial (beneficiamento e venda dos

(25)

25 resíduos) que resulta em uma externalidade ambiental positiva. Essa externalidade positiva, que consiste na coleta dos materiais recicláveis e sua restituição ao setor produtivo, materializa a atividade que é definida pela PNRS como Logística Reversa. Trata-se de um serviço ambiental efetivamente prestado e, como tal: (a) deve ser remunerado, nos termos do conceito do "protetor-recebedor" consagrado pela PNRS como um dos seus princípios orientadores; (b) não é remunerado pela venda dos resíduos, ainda que esta venda seja feita a "preços de mercado". O "preço de mercado" dos resíduos é muito reduzido e somente é praticável em razão da situação de fragilidade econômica dos catadores. Dada a sua dificuldade de acumular volumes e escala, e sua necessidade contínua de fluxos de caixa, os catadores muitas vezes dependem de intermediários que impõem preços baixos e por vezes abusivos, preços esses que, em última instância, representam o "preço de mercado" desses produtos. Adicionalmente, e de um ponto de vista conceitual, o "preço de mercado" da mercadoria, mesmo que não seja abusivamente baixo, não incorpora o preço pelo serviço da logística reversa resultante, uma vez que o comprador final do material reciclável (indústria recicladora) não é necessariamente a empresa que tem a obrigação legal de implementar a logística reversa e, muitas vezes, o produto resultante da reciclagem não necessariamente será vendido à empresa que tem a obrigação de implementar a logística reversa. Dessa forma, a indústria recicladora não está disposta a pagar pelo serviço ambiental resultante da venda do produto triado para a cadeia recicladora pois não terá condições de repassar esse custo no seu produto; e (c) beneficia diretamente as empresas que têm a obrigação legal de implementar a logística reversa, pois veem suas obrigações serem cumpridas pelo trabalho dos catadores.

Consequentemente, para que os volumes de logística reversa realizados pelos catadores possam ser contabilizados no âmbito do Acordo Setorial, é necessário que o serviço prestado pelos catadores seja devidamente remunerado. Caso contrário, as empresas estariam se apropriando indevidamente do trabalho realizado pelos catadores, que estariam subsidiando a implementação da Logística Reversa.

(26)

26 Cláusula Sétima – Das Metas

Texto do Acordo Setorial

"A implementação das medidas do Sistema de Logística Reversa tem como objetivos e metas (i) a criação de sistema estruturante consistente nas ações de benfeitorias, melhorias de estruturas e equipamentos, observados os compromissos e cronogramas contidos no Anexo V, para que (ii) as ações conjuntas das Empresas e demais agentes da cadeia de responsabilidade compartilhada possam propiciar o acréscimo da taxa de recuperação da fração seca em 20% até o ano de 2015, com base no cenário apresentado no Anexo V, acréscimo este que corresponde a no mínimo 22% de redução das Embalagens dispostas em aterro, representando no mínimo a média de 3815,081 ton/dia que deverá ser aferida mensalmente." (...)

Contribuição:

Alterar o caput da Cláusula Sétima:

"A implementação das medidas do Sistema de Logística Reversa estabelecidas neste Acordo Setorial tem como meta assegurar a realização da Logística Reversa e reciclagem de, no

mínimo, um volume médio de [15.565] ton/dia, volume este que deve corresponder a no

mínimo 22% de redução das Embalagens dispostas em aterro, representando no mínimo a média de 3815,081 ton/dia que deverá ser aferida mensalmente." (...)

Justificativa:

Do modo como está redigida, a Cláusula não cria metas quantitativas objetivas a serem atingidas pelas Empresas participantes. Nos termos da Cláusula, a "meta", diretamente imputável às empresas, é a adoção de algumas ações (instalação de PEVs, capacitação de cooperativas), visando a "criação de um sistema estruturante". As referências à redução de resíduos dispostos em aterros ("mínimo 22% de redução das Embalagens dispostas em aterro, representando no mínimo a média de 3815,081 ton/dia"), ou ao "acréscimo da taxa de recuperação da fração seca em 20%" aparecem no texto do Acordo meramente como consequências desejáveis do "sistema estruturante" que o Acordo Setorial se propõe a criar. Adicionalmente, a Cláusula estabelece que o incremento da taxa de recuperação em 20% será atingido em resultado das "ações conjuntas das Empresas e demais agentes da cadeia de responsabilidade compartilhada".

É importante deixar claro que o Acordo Setorial tem como propósito estabelecer a forma como as Empresas participantes irão implementar a Logística Reversa. Da forma como está escrita, a Cláusula conduz à diluição das responsabilidades das Empresas, por meio de uma aplicação distorcida das noções de Responsabilidade Compartilhada e de Logística Reversa. A noção de responsabilidade compartilhada significa que empresas, consumidores e serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos são responsáveis por minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como por reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental em decorrência do ciclo de vida dos produtos (PNRS, art. 3º, inciso XVII). No entanto, a lei esclarece que a responsabilidade compartilhada deverá ser "implementada de forma individualizada e encadeada" (PNRS, art. 30), cabendo aos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos comercializados em embalagens a responsabilidade pelo "recolhimento dos produtos e dos resíduos

(27)

27 remanescentes após o uso, assim como sua subsequente destinação final ambientalmente adequada, nos casos de produtos objeto de sistema de logística reversa" (PNRS, art. 31, III). Assim, no encadeamento individualizado das responsabilidades, tal como estabelecido na lei, a logística reversa é o elo que compete às empresas e consiste no "conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada" (PNRS, art. 3º, inciso XII). A lei esclarece ainda que esses sistemas devem ser implementados "de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos" (PNRS art. 33).

A implementação da Logística Reversa não é uma responsabilidade coletiva da sociedade em geral mas sim uma obrigação específica do setor empresarial. As metas de implementação devem ser contabilizadas a partir dos resultados obtidos com as ações realizadas pelas empresas, e não de forma coletiva sobre o conjunto de atividades desempenhadas por outros atores.

Em termos quantitativos, essas Metas devem ser estabelecidas em conformidade com o disposto no Edital de Chamamento. O Edital de Chamamento determina que o Acordo Setorial deve contribuir para reduzir em 22% os resíduos recicláveis secos dispostos em aterro, com base na caracterização nacional em 2013. Nos termos do Acordo Setorial, essa redução corresponde a, no mínimo, um volume médio de 3.815 ton/dia. Consequentemente, a Meta Quantitativa das Empresas deve corresponder, de forma conjunta, à soma dos volumes que são reciclados atualmente com os volumes a serem reduzidos dos aterros. De acordo com o Estudo de Viabilidade apresentado pelas Empresas (Anexo VI do Acordo Setorial, p. 21), o volume de Embalagens reciclado em 2012 foi de 11.750 ton/dia. Ou seja, a Meta Quantitativa das Empresas (conjuntamente) deveria ser de assegurar a Logística Reversa e reciclagem de, no mínimo, um volume médio de [15.565] ton/dia.

(28)

28 Cláusula Oitava – Do Estímulo à Participação dos Catadores

Texto do Acordo Setorial

PARÁGRAFO SEGUNDO – Os fabricantes e importadores de produtos comercializados em embalagens se comprometem a realizar investimentos junto às Cooperativas, com o intuito de alcançar as metas estabelecidas neste Acordo Setorial.

Contribuição:

Alterar o Parágrafo Segundo da Cláusula Oitava:

"PARÁGRAFO SEGUNDO – Os fabricantes e importadores de produtos comercializados em embalagens reconhecem que a viabilidade econômica do presente Acordo Setorial depende, essencialmente, do serviço de triagem e recuperação dos resíduos recicláveis prestado pelas Cooperativas de Catadores e se comprometem a remunerar as Cooperativas de Catadores por sua contribuição à implementação da Logística Reversa objeto do presente Acordo Setorial. (i) A remuneração às Cooperativas de Catadores deve contemplar o serviço de triagem, classificação e entrega direta ou indireta dos materiais recicláveis para a reciclagem ou a destinação final.

(ii) a compra, direta ou indireta, das Embalagens recicláveis triadas pelas Cooperativas, não constitui remuneração às Cooperativas de Catadores por sua contribuição à implementação da Logística Reversa objeto do presente Acordo Setorial.

(iii) a remuneração pelo serviço de triagem e recuperação logística reversa realizado pelas

Cooperativas de Catadores pode ser feito mediante acordos bilaterais entre as Empresas e a Cooperativas de Catadores que realizou ou serviço em questão, ou por meio da compra de créditos representativos da atividade de triagem.

(iv) os investimentos realizados pelas Empresas junto às Cooperativas, com o intuito de

alcançar as metas estabelecidas neste Acordo Setorial poderão ser contabilizados como remuneração às Cooperativas de Catadores, desde que a contrapartida, em termos de volume de material reciclável, seja devidamente identificado e quantificado e a transferência às Empresas do direito à contabilização dos volumes triados seja devidamente consentido pelas respectivas Cooperativas de Catadores."

Justificativa:

Apesar da contribuição substancial e fundamental das atividades dos Catadores para a implementação da Logística Reversa, o Acordo Setorial proposto não contempla a remuneração por esses serviços. A prevalecer desta forma, o Acordo Setorial criaria um sistema onde os Catadores subsidiam as obrigações das Empresas.

Os catadores participam em todas as rotas da logística reversa descritas no Acordo Setorial (Parágrafo Primeiro da Cláusula Terceira). A partir da separação e devolução pelos consumidores, a logística reversa dos materiais recicláveis podem seguir 3 rotas: entrega nos PEVs, coleta seletiva pelos serviços públicos de limpeza (com ou sem participação dos catadores) e ainda coleta porta a porta dos catadores. Em todas elas, os catadores desempenham um papel fundamental.

O Acordo Setorial proposto não remunera as contribuições dos Catadores para a implementação da Logística Reversa. As medidas contempladas no Acordo Setorial proposto, com relação aos catadores, se caracterizam como meios de incremento da quantidade de

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