ENSINO DA PATINAGEM
INICIAÇÃO À PATINAGEM
ARTÍSTICA
Rui Carneiro
HISTÓRIA
“O ROLAR NA IDADE”
“UHLER, DEUS DO INVERNO, SEGUNDO UMA TRADUÇÃO DE EDDA, DISTINGUIA-SE PELA SUA BELEZA, PELAS SUAS FLECHAS E PELOS SEUS
PATINS”( ).
()Extraído do livro “Le Patinage sur glace” de Jeanine Hagnauer. Edições Del Duca.
A palavra PATIM deriva do grego “PATEIN” que significa andar.
Antepassada dos desportos modernos, tal como a marcha ou a corrida, a Patinagem começou por ser uma necessidade, uma vez que o Homem precisava de aumentar a velocidade da sua propulsão natural. Os caçadores de há 20.000 anos patinavam para perseguir melhor a caça por sobre as vastas planícies geladas.
HISTÓRIA
Antes da I Guerra Mundial, em 1910 foram recenseados 600 rinques, os quais empregavam 10.100 pessoas, incluindo 1.000 instrutores e músicos. Outro dado interessante é a constatação da existência de 136.000 pares de patins para aluguer, o que denuncia uma adesão significativa da população a esta nova forma de divertimento.
Foi em 1904, na cidade de Lourenço Marques , no Teatro Varietá, que Portugal viu construído o seu primeiro rinque, sob a influência do cidadão italiano G. Buccelato.
Em 1912, o Recreios Desportivos da Amadora inaugura o seu próprio rinque, seguindo-se o de Desportos de Benfica da Escola de Educação Física, e do Ginásio Clube.
No Porto, em 1914 é construído, no campo da Constituição, um rinque para a prática da Patinagem, que apesar de a expensas de particulares, tinha o intuito de servir o Futebol Clube do Porto. “Por cinco tostões os sócios tinham direito a patinar às terças e sextas feiras”, (Meireles, 1990). Em 1917 surge o rinque do Palácio de Cristal.
CONCEITOS BÁSICOS
POSIÇÕES CORPORAIS:
Existem três posições corporais possíveis de se adoptar quando se patina que são: a
posição fundamental, a posição normal e a contraposição.
Para conseguirmos atingir o equilíbrio devemos:
ü
Postura corporal correta
ü
Ombros descontraídos e paralelos ao solo
ü
Pressão abdominal e dorsal
ü
Queixo na horizontal com o olhar dirigido para a frente
Os erros mais frequentes são:
û
Inclinar a cabeça à frente
û
Hiper extensão da cabeça
Situação de desequilíbrio
O que devem fazer:
ü
Inclinar o tronco para a frente e colocar os MS à frente
ü
Descontrair o corpo de forma a amortecer o impacto no solo
ü
Flectir os MI
O que não devem fazer:
û
Colocar as mãos para trás;
û
Cair sobre os ombros:
v
Apoiar os joelhos no solo, apoiando as mãos no solo e os MS estendidos;
v
Apoiar o pé no solo junto ao joelho;
v
Levantar as mãos do solo e, em simultâneo, elevar lentamente o outro joelho;
v
Ficar na posição vertical, fazendo a extensão dos MI para adquirir novamente o
equilíbrio na posição vertical.
Como levantar?
MARCHA
É uma sucessão de apoios elevando alternadamente os patins do solo.
v
Pequena flexão dos joelhos;
v
Olhar dirigido para a frente;
v
Troca dos apoios paralelos – lado a lado – e dirigidos para a frente
.
Primeiro exercício dinâmico, com deslocamento horizontal.
Marcha em deslocamento:
v
Posição Fundamental (Membros Superiores não devem ultrapassar a linha de ombros);
v
Olhar dirigido para a frente;
v
Troca dos apoios deve ser feita ligeiramente à frente (meio patim)
PATINAR PARA A FRENTE
Na posição fundamental, após patinar a dois apoios, antes de terminar a
velocidade horizontal, o aluno deve alternar os apoios, mantendo um
período de tempo, sensivelmente dois segundos, em cada apoio.
CARRINHO
O aluno depois de ter adquirido velocidade horizontal, efectua uma flexão de ambos os MI até que o ângulo coxa/perna seja de 45º. Este anglo pode variar entre 30º e 60º. Pode-se dar imagem ao aluno de estar sentado numa cadeira.
CARRINHO
O que devem fazer:
üDeve-se manter os apoios paralelos entre si e ao solo, à largura máxima da largura dos
ombros;
üOs joelhos e os pés devem ser direccionados para a frente;
üO tronco encontra-se ligeiramente inclinado à frente e os MS elevados à frente;
üO peso do corpo deve ser exercido na parte anterior dos pés e distribuído igualmente
pelos dois apoios;
üOs membros superiores devem estar estendidos à frente e à largura dos ombros, com o
CARRINHO
Erros mais frequentes:
ûUnir os joelhos provoca o afastamento dos pés;
ûAfastar os joelhos provoca a aproximação dos pés;
ûNão respeitar o ângulo coxa/perna
ûNão manter os pés paralelos ao solo entre si
ûOs membros superiores ultrapassarem a linha dos ombros para trás ûAgarrar os joelhos aquando da flexão.
QUATRO
È uma posição de equilíbrio com elevação anterior do joelho de um dos membros inferiores. Consiste em patinar para a frente em linha recta sobre um pé, mantendo o membro inferior portador em posição vertical e o membro inferior livre flectido para a frente a um ângulo de cerca de 45º, (ângulo coxa/perna).
O que devem fazer:
ü Olhar dirigido para a frente;
ü Transferir o peso para a perna de apoio;
ü O joelho do membro inferior livre tem de estar orientado para a frente, não poderá rodar
interna ou externamente, e o pé livre deve encostar ao joelho do membro inferior portador, com a ponta do pé direcionada para baixo;
ü Aquando da elevação do membro inferior livre a anca e o ombro do lado correspondente
não podem oscilar, ou seja elevar ou baixar;
ü O peso do corpo terá de ser coincidente com a linha que passa pelo
ombro/joelho/tornozelo do lado do membro inferior portador;
QUATRO
Erros mais frequentes:
û Exercer força nos ombros
û Elevar os membros superiores para alem da linha de ombros
û Elevar a anca aquando a elevação do membro inferior livre
û Rotação do joelho livre
O que devem fazer:
ü Exercer pressão no rodado interior (afastar os calcanhares) e no rodado exterior
(unir os calcanhares);
ü Rotação completa dos joelhos;
ü Não inclinar demasiado o tronco à frente;
ü Movimento continuo, sem interrupções em cada unidade de movimento;
ü Movimento simétrico;
ü Olhar dirigido para a frente.
Erros mais frequentes:
ûAfastar demasiado os calcanhares;
ûNão manter os pés paralelos ao solo; ûUnir completamente os calcanhares;
ûNão realizar a rotação completa dos joelhos;
ûDeixar o tronco inclinar-se demasiadamente para a frente o que não permite, na acção de
unir os calcanhares, transpor o peso do corpo para a parte posterior, não conseguindo assim, o deslocamento horizontal no sentido pretendido;
ûO tronco não deve ultrapassar as linhas verticais que passam na ponta dos pés e nos
Impulsão
Impulsão sem Rotação
Consiste na flexão e extensão total e súbita dos joelhos que provoca a impulsão vertical. Deve-se lembrar ao aluno que a impulsão é feita na vertical e não para a frente.
Inicia-se com o tronco na posição fundamental, as pernas semi-flectidas e os braços lateralmente estendidos ou ligeiramente à frente.
Na recepção do salto os membros inferiores deverão semi-flectir, o tronco deverá ficar direito e os braços lateralmente estendidos ou ligeiramente à frente.
Determinantes Técnicas:
üA flexão e extensão dos MI devem ser rápidas e súbitas;
üExecutar com os MS uma translação de trás para a frente, fixando-os à frente do peito cruzados
ou junto ao tronco, durante a fase de voo;
üTronco ligeiramente inclinado à frente;
üNa recepção, deve-se flectir os membros inferiores e inclinar ligeiramente o tronco à frente para
preparar a recepção;
üOs pés devem contactar com o solo paralelos entre si (à largura dos ombros) e com os joelhos e
Erros mais frequentes:
ûInclinar o tronco atrás;
ûElevar os membros superiores acima da linha dos ombros;
ûNão amortecer a queda;
Impulsão com Rotação
Os conteúdos do salto em extensão com rotação são semelhantes aos do salto em extensão, a única diferença é que este implica uma rotação.
Deverá ser feita de frente para trás, pois a recepção de costas permite um maior controlo do equilíbrio.
O lado para que se efectua a rotação (giro) é da escolha do executante, e será igual para todos os elementos técnicos que exigem rotações sobre o seu próprio eixo corporal (vertical).
Ajuda:
Podemos propor que os alunos se encontrem dois a dois com as mãos dadas e cruzadas, segurando a mão direita com a direita e a esquerda com a esquerda do outro.
Quando o lado do giro escolhido for o do sentido contrário aos ponteiros do relógio, o aluno que se encontra do lado direito é que executa a impulsão com a rotação e o do lado esquerda é que auxilia.
Inversão de Marcha
Frente – Trás
Determinantes Técnicas:
üElevar ligeiramente o pé livre;
üManter o peso do corpo no MI portador;
üProvocar uma rotação, para o lado do giro, do pé livre, anca, ombro e consequentemente do tronco
cerca de 180º sem que o pé contacte com o solo;
üManter a trajectória de deslocamento em frente, pelo pé portador;
üColocar o pé livre no solo no sentido de costa para o deslocamento e manter o pé portador em contacto
com o solo executando um semicírculo;
Erros mais comuns:
ûNo momento do apoiar o pé esquerdo no solo, após a rotação, este ser colocado atrás da linha do
calcanhar do pé direito, ou seja executar a inversão de marcha com os pés cruzados;
ûAntes de apoiar o pé esquerdo no solo executar o semicírculo com o pé direito,
Trás – Frente
Determinantes Técnica:
üIgual à anterior, só difere no facto de o pé de apoio poder girar sobre si cerca de 90º, antes do pé livre
apoiar o mesmo;
üPé livre contacta o solo de frente e em linha recta, o pé de apoio encontram-se perpendicular ao
deslocamento para a frente e os pés formam um T;
üO pé de apoio, perpendicular ao deslocamento, é que vai impulsionar a velocidade horizontal e dar
Erros mais comuns:
ûElevar a anca esquerda quando o pé esquerdo se eleva do solo;
ûColocar o pé esquerdo no solo cruzando a linha de calcanhar do pé direito;
ûElevação do ombro esquerdo no momento da rotação o que não permite transpor o peso do corpo
para o pé esquerdo após a inversão de marcha;
ûO pé direito não execute a rotação de 90º no solo, o que não permite, após a rotação de trás /
Determinantes Técnicas:
✔Sendo um deslocamento horizontal e frente, os ombros e as ancas devem estar paralelos entre si e
voltados para o deslocamento;
✔O MI livre encontra-se atrás do MI portador com o pé rodado externamente até assumir uma
posição perpendicular ao pé portador.
✔O peso do corpo encontra-se no apoio da frente, passando gradualmente para o apoio de trás até ao
momento de paragem;
✔O apoio de trás contacta com o solo numa posição perpendicular ao deslocamento e inicia uma
pressão sobre este com as rodas interiores, aumentando gradualmente a pressão do pé livre sobre o piso até anular a velocidade horizontal. O pé livre terá de ir horizontalizando até este ficar com as
Erros mais comuns:
ûRotação dos ombros ou das ancas não permite a travagem, executando assim uma pequena
rotação.
ûA não colocação do pé livre perpendicular ao pé portador, através de uma rotação de 90º. Para
contornar este problema pede-se aos alunos que coloquem o pé livre obliquo ao pé portador, desenhando assim um Y, com ambos os apoios.
Avião
Este elemento consiste num equilíbrio sob um único apoio. E pode ser executado em curva (exterior ou interior) e em linha recta (para a iniciação), podendo ser executado de frente ou de costas.
Nesta primeira fase de aprendizagem, abordaremos o avião para a frente e em linha recta. Assim sendo, os membros superiores deverão estar em posição normal, ou poderão estar na posição fundamental elevados anteriormente e ligeiramente oblíquos.
Sequências:
•Quatro – Avião •Carrinho – Avião
Determinantes Técnicas:
ü Formar um ângulo de 90 º com os MI;
ü Inclinar o tronco à frente até à horizontal antes de elevar o MI livre; ü Passar o peso do corpo para o MI portador;
ü Elevar o MI livre, já estendido, até à horizontal.
Erros mais frequentes:
ûOs membros superiores em elevação posterior o que provoca a não elevação do membro
inferior livre;
ûOlhar dirigido para o solo;
ûNão manter o tronco na horizontal;
ûNão colocar o peso do corpo sobre o membro inferior portador; ûFlectir o joelho do membro inferior livre.
Erros mais comuns:
ûReposição a posição inicial com os apoios muito afastados;
ûO pé portador direccionado para fora da curva;
ûOmbro de fora da curva inclinado para baixo;
DISCIPLINAS DA PA
. Figuras Obrigatórias
. Patinagem Livre
. Pares de Dança
. Solo Dance
. Patinagem de Grupo
Patinagem de Precisão
A Patinagem de Precisão, também designada por Patinagem Sincronizada é uma das categorias da Patinagem de Grupo.
Este conteúdo surge com o intuito de permitir aos alunos por em prática, de uma forma lúdica os elementos técnicos já abordados, aliados ao sentido estético, ao ritmo musical e à cooperação entre os alunos.
Por isso é uma categoria bastante convidativa para abordar nas escolas. Nesta coreografia os alunos terão igualmente oportunidade de conhecer a realidade da Patinagem de Precisão, realizando alguns elementos técnicos, tais como filas paralelas, passagens, círculos e carrosséis, que abordaremos de seguida.
Filas Paralelas
Podemos considerar que existem três formas de filas paralelas:
A segundo quando uma fila de patinadores patina para a frente e a outra para trás, na mesma direcção;
Por fim, a terceira quando os patinadores das duas filas se deslocam uns atrás dos outros na mesma direcção.
ruipedrocarneiro@hotmail.com