PARECER DE VISTAS – GT AMBIENTAL
Diante das dúvidas geradas em função do presente parecer, aprovado por maioria na plenária do mês de setembro, e questionamentos por parte dos profissionais engenheiros ambientais sobre a atuação no mercado de trabalho na atualidade, segue o parecer na sua íntegra com a inclusão de considerações importantes.
Histórico
Embora as questões ambientais, por princípio, sejam de caráter multidisciplinar, com várias profissões regulamentadas possuindo atribuições específicas para exercer atividades nessa área, deve haver uma preocupação maior tanto do segmento de formação, quanto de regulação profissional, com a
fiscalização e controle da atuação profissional.
Na maioria dos casos, os atos relacionados às questões ambientais são “administrativos” como é possível citar o licenciamento ambiental, que por si só é um ato administrativo, de protocolo, na qual os projetos que fazem parte do processo devem ser elaborados e anotados por profissionais devidamente habilitados. Também é possível mencionar a Declaração de Conformidade Ambiental, na qual não existe codificação especifica para anotação de ART, justamente porque a emissão e protocolo junto ao órgão ambiental da referida Declaração é um ato administrativo, na qual, o ato técnico é: quais foram os levantamentos e projetos executados necessários para que seja possível emitir uma declaração de conformidade.
Não existe ainda um consenso relativo às atribuições profissionais nas várias áreas do conhecimento em relação às diversas denominações e cursos oferecidos pelas instituições que tratam de questões ambientais. Existem bacharéis em Ciências Ambientais, o Ecólogo e o Administrador/Gestor Ambiental que não possuem órgãos de classe que os representem. Além destes, proliferaram os cursos Seqüenciais de Formação Específica e Complementação de Estudos, gerando atribuições adicionais, nem sempre corroboradas pelos órgãos de classe ou mesmo empresas.
Um grande erro cometido pela maioria das Instituições de Ensino quando da montagem e divulgação de cursos de Engenharia, principalmente aqueles voltados para a área ambiental, é divulgar à sociedade listas de atividades que estes novos profissionais poderão atuar, apresentando-os como profissionais do futuro e com amplo mercado de trabalho, sem sequer verificar quais são as reais demandas do mercado e ainda, as atribuições que lhes serão concedidas pelos Conselhos de Classe.
Nos últimos anos foi possível observar que cada vez menos o mercado precisa de gestores e cada vez mais precisa de projetistas.
Os profissionais com formação em Engenharia Ambiental possuem suas atribuições conforme preconizado na Resolução CONFEA nº 447/2000 onde basicamente observamos um profissional voltado para a gestão, senão vejamos:
“RESOLUÇÃO Nº 447, DE 22 DE SETEMBRO DE 2000”
Dispõe sobre o registro profissional do engenheiro ambiental e discrimina suas atividades profissionais.
Art. 2º Compete ao engenheiro ambiental o desempenho das atividades 1 a 14 e 18 do art. 1º da Resolução nº 218, de 29 de junho de 1973,
referentes à administração, gestão e ordenamento ambientais e ao monitoramento e mitigação de impactos ambientais, seus serviços
afins e correlatos.”
Ocorre que, com o passar dos anos e as demandas do mercado de trabalho, as atribuições concedidas pela Resolução 447/2000 acabaram por restringir a atuação profissional basicamente em tudo o que entendemos por Engenharia.
Tal situação acabou por trazer grande desconforto e muitos conflitos resolvidos judicialmente, fato que só corroborou para distanciar ainda mais a Engenharia Ambiental das demais Engenharias dentro do Conselho. Impossível deixar de destacar que alguns profissionais, talvez induzidos por seus advogados, utilizaram de má fé na utilização do sistema CREANET e nos pedidos de atribuições, solicitando judicialmente atribuições quase que plena nas áreas de agronomia, agrimensura, florestal, química, geologia e sanitária, mesmo sabendo que o currículo das engenharias possui disciplinas meramente informativas e outras formativas. Destas ações escaparam somente as atribuições na área elétrica!
Diante deste contexto, no ano de 2010 já havia sido criado um Grupo de Trabalho para avaliar as solicitações dos engenheiros ambientais, na qual os estudos das matrizes curriculares dos 7 cursos existentes a época mostraram grande disparidade entre si e poucas ou quase nenhuma disciplina da área de saneamento. Após muitas reuniões, o consenso foi pela criação de novos códigos que atenderiam os anseios dos profissionais e estariam de acordo com a Resolução CONFEA 447/2000.
Passado algum tempo, diante do afunilamento cada dia maior do mercado de trabalho, das diretrizes do MEC e da pressão dos alunos, algumas Instituições de Ensino procuraram o CREA/SC (leia-se CEAP) e solicitaram ajuda para realizar alterações em seus cursos de forma a obter, também, as atribuições da Resolução CONFEA 310/1986.
“RESOLUÇÃO Nº 310, DE 23 DE JULHO DE 1986. Discrimina as atividades do Engenheiro Sanitarista.
Art. 1º - Compete ao Engenheiro Sanitarista o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º da Resolução nº 218/73 do CONFEA, referente a:
. sistemas de abastecimento de água, incluindo captação, adução, reservação, distribuição e tratamento de água;
. sistemas de distribuição de excretas e de águas residuárias (esgoto) em soluções individuais ou sistemas de esgotos, incluindo tratamento;
. coleta, transporte e tratamento de resíduos sólidos (lixo);
. controle sanitário do ambiente, incluindo o controle de poluição ambiental;
. controle de vetores biológicos transmissores de doenças (artrópodes e roedores de importância para a saúde pública);
. instalações prediais hidrossanitárias;
. saneamento de edificações e locais públicos, tais como piscinas, parques e áreas de lazer, recreação e esporte em geral;
. saneamento dos alimentos.”
Atualmente, além da Universidade Federal, também a UNISUL e a UNIVILLE realizaram alterações em seus cursos e através de atualização de cadastro junto ao CREA/SC, estão regularmente com curso de Engenharia Ambiental e Sanitária sendo concedido aos egressos as atribuições referentes as Resoluções CONFEA 310/1986 e 447/2000.
Parecer Fundamentado
- Considerando que a grade curricular e ementário das disciplinas varia de Instituição para Instituição;
- Considerando a impossibilidade deste Conselho em alterar qualquer normativa do CONFEA;
- Considerando que os egressos dos cursos de Engenharia Ambiental possuem suas atribuições de acordo com a Resolução CONFEA 447/2000 e que os egressos querem atribuições conforme a Resolução CONFEA 310/86; - Considerando que algumas Instituições possuem disciplinas de engenharia
sanitária, faltando algumas adequações e alteração da nomenclatura do curso; - Considerando as diretrizes do MEC onde é apresentado o curso de Engenharia Ambiental e Sanitária e não mais o curso de Engenharia Ambiental, os
a) Que os cursos realizem as devidas alterações na grade curricular, ementário e estrutura, atualizem junto ao CREA/SC e alterem os cursos de engenharia ambiental para engenharia ambiental E sanitária, a exemplo da UNISUL, UNIVILLE e UFSC.
Importante salientar que estas alterações trouxeram grandes benefícios aos alunos e também aos egressos do curso de engenharia ambiental, que atualmente retornaram à Universidade para cursar as disciplinas que faltam para solicitar habilitação para sanitária.
O processo de atualização deverá ser analisado pela CEAP, mas de forma a adiantar, no mínimo os cursos precisam das seguintes disciplinas:
- Hidráulica
- Instalações Hidraulico-prediais (água fria, água quente, reserva técnica de incêndio) - Hidrologia
- Drenagem Urbana
- Resistência dos Materiais
- Estruturas (aço, concreto, madeira) - Materiais de construção
- Mecânica dos solos - Química tecnológica
- Qualidade de água e efluentes (laboratório) - Projeto de redes de água
- Projeto de redes de esgoto
- Projeto de Estações de tratamento de água
- Projeto de Estações de Tratamento de efluentes domésticos e industriais - Gestão de resíduos e projeto de aterro sanitário
b) A liberação das atividades abaixo listadas, desde que vinculadas com os objetos 70 a 74 do Manual de Preenchimento de ART do Crea-SC:
Sistema de água
Estação de tratamento de água
Serviço Técnico não cadastrado em água Reciclagem de Resíduos Sólidos
Resíduo Sólido Industrial Resíduo Sólido de Saúde Entulho
Controle à erosão Utilização do solo
Recursos Naturais Renováveis Efluente Industrial.
c) A liberação das atividades abaixo listadas, para qualquer objeto sem a necessidade de vincular com os objetos 70 a 74 do Manual de Preenchimento de ART do Crea-SC: Captação Superficial de Água A0432
Sumidouro A0858
Tanque Séptico A0859
Efluente Doméstico A0428
Lagoa de Estabilização A0409 Tratamento de Efluentes Domiciliares
(Especificar)
A0437 Plano de Gerenciamento de Resíduos de
Serviços de Saúde - PGRSS
A0431 Reciclagem de Resíduos Sólidos A0442
Água A0426
Ar A0427
Caixa Coletora A0453
Caixa de Gordura A0852
Controle de Vetores A0460
Controle Sanitário A0459
Teste de Percolação A0861
Aproveitamento dos Recursos Naturais H1379
Ecologia. H2180
Controle à Poluição dos Recursos Naturais H1373
Auditoria Ambiental H2475
Controle Ambiental H2474
Hidrologia- A0816 Hidrografia- F1720
d) A liberação da atividade de Recuperação de área degradada H2525, desde que devidamente analisada pelo DTEC para verificação da situação do trabalho, na qual não poderá envolver questões de vegetação sem a vinculação com profissional habilitado; e) As atribuições relativas à Terraplenagem (A0604), Escavação de Terra (A0616) e Perfuração de Poços (existem várias codificações em função do procedimento de perfuração) e Açudes (H2481) poderão ser anotadas apenas combinadas com os objetos 70 a 74 do Manual de Preenchimento de ART do Crea-SC, desde que vinculada à ART principal ou através de co-participação;
f) Para os profissionais que não desejarem cursar disciplinas extras para agregar as atribuições da engenharia sanitária, porém, entenderem que possuem atribuição para outras atividades além daquelas supra listadas, deverão solicitar revisão de atribuições para a CEAP.
RESOLUÇÃO Nº 218, DE 29 DE JUNHO DE 1973
Discrimina atividades das diferentes modalidades profissionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia.
Art. 1º - Para efeito de fiscalização do exercício profissional correspondente às diferentes modalidades da Engenharia, Arquitetura e Agronomia em nível superior e em nível médio, ficam designadas as seguintes atividades:
Atividade 01 - Supervisão, coordenação e orientação técnica; Atividade 02 - Estudo, planejamento, projeto e especificação; Atividade 03 - Estudo de viabilidade técnico-econômica; Atividade 04 - Assistência, assessoria e consultoria; Atividade 05 - Direção de obra e serviço técnico;
Atividade 06 - Vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer técnico; Atividade 07 - Desempenho de cargo e função técnica;
Atividade 08 - Ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação técnica; extensão;
Atividade 09 - Elaboração de orçamento;
Atividade 10 - Padronização, mensuração e controle de qualidade; Atividade 11 - Execução de obra e serviço técnico;
Atividade 12 - Fiscalização de obra e serviço técnico; Atividade 13 - Produção técnica e especializada; Atividade 14 - Condução de trabalho técnico;
Atividade 15 - Condução de equipe de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção;
Atividade 16 - Execução de instalação, montagem e reparo;
Atividade 17 - Operação e manutenção de equipamento e instalação; Atividade 18 - Execução de desenho técnico.
Florianópolis/SC, 11 de outubro de 2013
CLAUDEMIR ROGÉRIO OLDONI Coordenador do GT
FERNANDA MARIA DE FÉLIX VANHONI Membro do GT
IVAN TADEU BALDISSERA Membro do GT
SAULO VICENTE ROCHA Membro do GT
RODRIGO STEINMANN BAYER Procurador do Crea-SC