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Potencialidades do sistema agroflorestal para reflorestamento da Caatinga: uma experiência no assentamento Moacir Lucena - Apodi/RN

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS - UAECIA

ESCOLA AGRÍCOLA DE JUNDIAÍ - EAJ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS

POTENCIALIDADES DO SISTEMA AGROFLORESTAL PARA REFLORESTAMENTO DA CAATINGA: UMA EXPERIÊNCIA NO

ASSENTAMENTO MOACIR LUCENA- APODI/RN

MATHEUS MARTINS MENDES

Natal/RN Julho de 2019

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MATHEUS MARTINS MENDES

POTENCIALIDADES DO SISTEMA AGROFLORESTAL PARA REFLORESTAMENTO DA CAATINGA: UMA EXPERIÊNCIA NO

ASSENTAMENTO MOACIR LUCENA- APODI/RN

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Ciências Florestais (Área de Concentração em Ciências Florestais - Linha de Pesquisa: Biodiversidade, conservação e uso dos recursos genéticos florestais).

Orientadora: Profª. Drª. Alice Calvente

Coorientadores: Profª. Drª. Poliana Coqueiro Dias Prof.Dr. Guilherme Gerhard Mazzochini

Natal/RN Julho de 2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Rodolfo Helinski - Escola Agrícola de Jundiaí - EAJ

Mendes, Matheus Martins.

Potencialidades do sistema agroflorestal para reflorestamento da Caatinga: uma experiência no assentamento Moacir Lucena - Apodi/RN / Matheus Martins Mendes. - 2019.

85 f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias, Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais. Macaíba, RN, 2019.

Orientadora: Profa. Dra. Alice Calvente.

1. Filogenética - Dissertação. 2. Semiárido - Dissertação. 3. Comunidades vegetais - Dissertação. 4. Agrofloresta sucessional - Dissertação. I. Calvente, Alice. II. Título.

RN/UF/BSPRH CDU 575.8

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iv POTENCIALIDADES DO SISTEMA AGROFLORESTAL PARA

REFLORESTAMENTO DA CAATINGA: UMA EXPERIÊNCIA NO ASSENTAMENTO MOACIR LUCENA- APODI/RN

Matheus Martins Mendes

Dissertação julgada para obtenção do título de Mestre em Ciências Florestais (Área de Concentração em Ciências Florestais - Linha de Pesquisa: Biodiversidade, conservação e uso dos recursos genéticos florestais) e aprovada pela banca examinadora em 30 de julho de 2019.

Banca Examinadora

________________________________________________ Profa. Dra. Alice Calvente

CB/UFRN Presidente

________________________________________________ Prof. Dr. Carlos José da Silva

Universidade Federal Rural do Semiárido- UFERSA Examinador externo à instituição

________________________________________________ Drª. Fabiana Mongeli Peneireiro

Mutirão Agroflorestal Examinador externo à instituição

Natal/RN Julho de 2019

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v

Aos companheiros e companheiras que lutam por uma sociedade mais justa e respeitosa à mãe natureza

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vi AGRADECIMENTOS

_________________________________________________________________________ Agradeço primeiramente ao Programa de Pós Graduação em Ciências Florestais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPESpela bolsa de incentivo. À minha orientadora Alice Calvente pela ajuda, incentivo e por ter aceitado o desafio. A minha coorientadora Poliana Coqueiro Dias pela disponibilidade aproveito e agradeço a UFERSA e seu pessoal (estudantes e professores/as) pela enorme força desde as idas a campo, aos transportes solicitados e os materiais disponibilizados para a pesquisa. Aos companheiros/as pela força no campo: André Passos, Nardella, Erick, Nyara, Matthu, Paula Alves, Clara Gurgel, Fábio Ribeiro e Mattheus Costa. Agradeço ao agricultor Irapuã e sua família (Keké, Vitinho, Ericka) por ter me deixado à vontade em todos os processos e principalmente topar realizar a pesquisa junto comigo. E por fim agradecer a todos/as que acreditam em uma nova forma de fazer agricultura que seja voltada não somente para a produção e sim para a construção de um novo modelo de sociedade: Agroecologia. Saudar a todos os Orixás!

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vii RESUMO GERAL

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POTENCIALIDADES DO SISTEMA AGROFLORESTAL PARA REFLORESTAMENTO DA CAATINGA: UMA EXPERIÊNCIA NO

ASSENTAMENTO MOACIR LUCENA- APODI/RN

A Caatinga historicamente é um dos biomas mais degradados do país, ao lado da Mata Atlântica, Amazônia e Cerrado, sendo duas das principais causas do desmatamento a agropecuária extensiva e o comércio e consumo de lenha e carvão no Semiárido. Como alternativa ao modelo agropecuário hegemônico, a agricultura familiar utiliza os sistemas agroflorestais como incremento da renda familiar e para produção de bens e alimentos de forma sustentável. O presente estudo tem como objetivo a verificação da eficiência do uso de um sistema agroflorestal de 16 anos de instalação, localizado no Assentamento Moacir Lucena, em Apodi-RN, como alternativa para reflorestamento da Caatinga. Como base de comparação, utilizou-se uma área em pousio (reserva legal), que, assim como a área de estudo, foi oriunda de processos de antropização passados (cultivo de algodão) e parcelas do Parque Nacional da Furna Feia. Foi realizado um inventário florístico e fitossociológico das áreas para conhecimento das espécies e seus comportamentos, além da mensuração de diversidade vegetal, coleta e análises botânicas. Foram instaladas 10 parcelas sistemáticas de 20mx20m na área do sistema agroflorestal e reserva legal e 6 parcelas de 20mx20m na área controle do Parque Nacional Furna Feia. O sistema agroflorestal sucessional manejado no assentamento possui maior riqueza e diversidade de espécies quando comparados a outras áreas manejadas de forma semelhante no bioma Caatinga. O manejo de forma agroecológica no sistema agroflorestal mostrou dados de diversidade filogenética superiores quando comparados aos dados da Furna Feia e reserva legal, índice de Shannon (H’) da agrofloresta e Furna Feia semelhante, valores de Equabilidade (J) não diferentes expressivamente e índice de similaridade florística (Jaccard) do sistema agroflorestal com dados da Furna Feia com maior expressividade, o que leva à conclusão de que existe proximidade dos dados da agrofloresta com a área controle e há potencialidade positiva da utilização do manejo agroflorestal para reflorestamento do bioma.

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viii GENERALABSTRACT

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POTENTIALITIES OF THE AGROFLORESTAL SYSTEM FOR CAATINGA REFORESTATION: AN EXPERIENCE IN MOACIR LUCENA- APODI / RN

SETTLEMENT

The Caatinga is historically one of the most degraded biomes in Brazil alongside the Atlantic Forest and the Amazon. One of the main causes of extensive deforestation is the consumption of firewood and charcoal in the semi-arid region. As an alternative to the hegemonic agricultural model, the family farming model use agroforestry systems (ASF) as an increase in family income and for the production of goods and food in a sustainable way. The present study aimed to investigatethe use of an agroforestry system of 16 years of installation, located in the Moacir Lucena settlement, in Apodi-RN, as an alternative for the Caatinga reforestation. As a basis for comparison, in addition to the study area, we included afallow land (legal reserve) naturally regenerated post an anthropization processes and extracts from the Parque Nacional da Furna Feia (control area). A floristic and phytosociological survey was carried out including the measurement of plant diversity, collection and botanical analyzes. Ten systemic plots of 20mx20m were installed in the area of the agroforestry system and legal reserve and 6 plots of 20mx20m in the control area of the Parque Nacional da Furna Feia. The managed successional agroforestry system has greater richness and species diversity when compared to the other areas managed similarly in the Caatinga biome. It also scored superior phylogenetic diversity when compared to Furna Feia and the legal reserve, Shannon (H ') index of agroforestry and Furna Feia were similar, equability values (J) not expressively different and the floristic similarity index (Jaccard) of the agroforestry system with Furna Feia data washigher, which leads to the conclusion that study and the control area presentedsimilar data resulting in a positive potential for the use of management agroforestry for the Caatinga biome reforestation.

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ix SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃOGERAL ... 1

2. REVISÃODELITERATURA ... 3

2.1. As bases da agricultura moderna convencional ... 3

2.2. O processo de ocupação de terras e degradação na Caatinga ... 6

2.3. Sistemas Agroflorestais ... 7

2.4. Agricultura familiar e sistemas agroflorestais sucessionais ... 9

2.5. Sistemas agroflorestais e ecossistemas ... 10

2.6. Assentamento Moacir Lucena... 12

LITERATURA CITADA ... 14

3. ARTIGO1.HORIZONTALSTRUCTUREANDMULTIPLEUSEOFTHE ARBORCOMPONENTOFANAGROFLORESTALSYSTEMINMOACIR LUCENA,APODI,RIOGRANDEDONORTE–BRAZIL ... 18

4. ARTIGO 2. POTENCIALITY OF THE AGROFLORESTAL SYSTEM FOR CAATINGAREFORESTATION ... 29

5. CONSIDERAÇÕESFINAIS ... 50

ANEXO 1 – NORMAS DA REVISTA AGROFORESTRY SYSTEMS ... 51

ANEXO 2 – NORMAS DA REVISTA FOREST ECOLOGY AND MANAGEMENT ... 54

ANEXO 3- ARTIGO 1 VERSÃO EM PORTUGUÊS...56

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x LISTA DE TABELAS

_________________________________________________________________________

ARTIGO 1.

Tabela 1. Famílias, número de indivíduos e porcentagens de indivíduos na área estudada

... 21

Tabela 2. Diversidade taxonômica em levantamentos florísticos na Caatinga ... 22

Tabela 3. Parâmetros estruturais da vegetação ... 23

Tabela 4. Forma de utilização do componente arbóreo pela família agricultora... 24

ARTIGO 2. Tabela 1. Lista de espécies predominantes no Sistema Agroflorestal ... 36

Tabela 2. Lista de espécies predominantes na Reserva Legal ... 36

Tabela 3. Lista de espécies predominantes no Parque Furna Feia ... 36

Tabela 4. Lista de presença e ausência de espécies nas três áreas ... 37

Tabela 5. Estrutura horizontal na área do SAF ... 38

Tabela 6. Estrutura horizontal na área da RL ... 39

Tabela 7. Estrutura horizontal na área da Furna Feia ... 39

Tabela 8. Índice de diversidade e equabilidade das áreas ... 40

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xi LISTA DE ABREVIATURAS

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AML – Assentamento Moacir Lucena MMA – Ministério do Meio Ambiente RL – Reserva Legal

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1 1. INTRODUÇÃOGERAL

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Os colonizadores do chamado novo Mundo trouxeram para a América do Sul suas ganâncias na busca de elementos naturais como ouro, minério e pedras preciosas, trazendo consigo uma carga cultural (língua, costumes, religião) orientada por uma concepção mercantil que sobressaiu à consciência dos povos que já habitavam as terras colonizadas (GOTSCH, 1996). As primeiras formas de intervenção nos sistemas naturais se deram através da tentativa de imitar a sucessão natural de espécies, observada através das análises ecológicas dos recursos naturais (banco de sementes, recursos minerais e biológicos), a retomada dos seus fluxos quando perturbados e a readequação da sua complexidade (VIVAN, 1998). Portanto, essa ideia de entender a dinâmica dos ciclos climáticos e de sucessão de espécies sempre existiu e os camponeses, ao longo dos séculos, baseiam seus sistemas produtivos na imitação da dinâmica sucessional do ecossistema original acompanhando os ciclos, padrões e ideias de introdução de espécies, de modo a compor seus agroecossistemas.

A invasão colonial obteve êxito e a lógica da cultura dominante foi a de maximizar a utilização dos recursos naturais vistos naquele período como inesgotáveis e sempre disponíveis para o mercado (EHLERS, 1996). A ideia de que esses recursos são viáveis apenas quando podemos transformá-los em produtos de venda lucrativa caracterizou o colonialismo mercantil e expansionista (FURTADO, 2005) com a lógica de sempre descobrir e povoar novos espaços e territórios para obtenção de recursos, utilizando para isso o comércio, pressão econômica ou mesmo formas mais extremas de intervenção (invasão de territórios tradicionais, desmatamento). Assim, as diversas relações existentes dos povos sucessores com a terra são violentas e cruelmente com uma concepção mercantil de indivíduo-terra (TRASPADINI, 2018).

A busca de novos territórios e utilização dos recursos naturais sem o respeito às dinâmicas naturais ainda é uma realidade em todo território brasileiro e na região nordeste não é diferente, aonde historicamente o bioma Caatinga vem sofrendo com a ausência de práticas sustentáveis nas atividades agrícolas, priorizando técnicas impositivas aos sistemas naturais, como o manejo agressivo do solo, monocultura e pecuária extensiva, além de inúmeras queimadas (CERRATINGA, 2013). Essa forma praticada, denominada de

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agricultura moderna, é capaz de produzir excedentes em curto espaço de tempo, porém é altamente entrópica (VIVAN, 1998). No nordeste brasileiro as políticas de incentivo (através de créditos, obras, estradas) ao modelo de produção moderno (monocultivo) ainda hoje é bem expressiva quando comparado aos incentivos governamentais ao modelo de produção baseado na unidade familiar (agricultura familiar).

Tendo em vista que a experiência do Assentamento Moacir Lucena se opõe ao modelo de produção moderno, no que diz respeito ao uso da terra e seus efeitos devastadores nos ecossistemas naturais, o referido trabalho tem como objetivo a investigação acerca da potencialidade do SAF, tendo como experiência uma área de 10 hectares manejada há 16 anos, para reflorestamento em área degradada na caatinga. Mais especificamente, busca-se comparar parâmetros fitossociológicos e ecológicos da área do SAF (levantamento florístico e fitossociológico) e de uma área deixada em pousio para regeneração natural, a área da Reserva Legal (RL) do próprio assentamento, a qual não sofre intervenção humana há 22 anos. Como área controle utilizou-se o Parque Nacional Furna Feia que é uma unidade de conservação brasileira de Proteção Integral da Natureza localizada na mesorregião do Oeste Potiguar e microrregião de Mossoró predominantemente composta pelo bioma Caatinga.

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3 2. REVISÃODELITERATURA

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2.1 As bases da agricultura moderna convencional

A massificação da utilização dos recursos naturais como inesgotáveis teve um crescimento a partir da Revolução Verde na década de 50/60 do século XX, onde a agricultura iniciou seu processo de artificialização e modernização aos olhos do modelo de produção capitalista (DA SILVA, 1996). Esta modernização teve incentivos, inclusive através do Estado, para utilização de novas tecnologias no campo, os chamados pacotes tecnológicos que consistiam em: utilização de insumos químicos, maquinários pesados e sementes geneticamente modificadas são exemplos de grandes incentivos por parte da Revolução Verde à agricultura (DELGADO, 1985).

Zamberlam e Froncheti (2001) descrevem os pacotes tecnológicos como um filho do grande capital imperialista monopolista do pós-guerra mundial, já que as grandes empresas e seus empresários descobriram que a indústria alimentícia traziam grandes lucros e utilizaram, inclusive, sobras de material de guerra (químicos e mecânicos) como base tecnológica.

Com esses avanços tecnológicos (através dos pacotes), as bases técnicas da Revolução Verde foram implantadas, porém ainda faltavam os aspectos sociais, políticos e econômicos para implantação, de fato, do processo de modernização da agricultura (GOTSCH, 1996). Com o término da Segunda Revolução Industrial e início da bipolaridade da Guerra Fria, as duas superpotências (EUA e URSS) disputavam ideológica e economicamente entre si, a hegemonia do mundo, e foi nesse clima de tensão mundial que a base política, social e econômica da implantação da Revolução Verde toma escopo. O discurso do combate à fome mundial ganha força e se estrutura como alicerce da modernização da agricultura, o que posteriormente foi desmascarado (ROSA, 1998). A real intenção da Revolução Verde se tratava da maximização do lucro através do monopólio agrícola e mecânico, além da aquisição de royalties por intermédio dos pacotes tecnológicos, o que criou uma dependência do agricultor da aquisição dessas tecnologias.

Neste contexto, grande parte das famílias camponesas foi forçada a se inserir nesse novo modelo de produção, caso quisessem garantir a sobrevivência dentro do sistema capitalista e, ao longo dos anos, foram se tornando dependentes dessas tecnologias, as quais

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não eram disponíveis para grande parte dos agricultores por serem economicamente inviáveis (CHAYANOV, 1974).

No Brasil, a situação não foi diferente. Com a chegada do pensamento da Revolução Verde na década de 60 o Governo militar adotou a opção de manter a estrutura agrária que já existia no Brasil e incentivou a introdução das bases destemodelo tecnológico com foco na grande abertura da nova fronteira agrícola pelo latifúndio, com apoio principalmente para implantação dos monocultivos de milho, soja, arroz e algodão (ZAMBERLAN; FRONTCHETI, 2001). Segundo Carvalho (2009), a partir de meados da década de 60 no Brasil, esse modelo foi veiculado pelos grandes meios de comunicação de massa, pelo advento de diversos programas governamentais de modernização e de desenvolvimento rural, pelo corpo a corpo da assistência técnica rural e peloacesso massivo dos produtores rurais ao crédito rural, conjuntamente com as ações concretas das grandes empresas capitalistas nacionais e estrangeiras, e políticas públicas a elas favoráveis foram convertendo a agricultura num setor de simples oferta de matérias-primas a partir dos interesses industriais.

Carvalho (2009) denomina esse período de "revolução verde burguesa", dependente do capital estrangeiro (norte americano, europeu e japonês) e que tinha como principal objetivo a expansão internacional da acumulação de riquezas. Este modelo de produção posteriormente trouxe inúmeras consequências ambientais, como erosão genética, desmatamento acelerado, contaminação do solo, rios, animais.

Essa agricultura que ainda é incentivada pelo governo brasileiro e dita como moderna é simplesmente baseada no industrialismo, simplificação dos sistemas agrícolas (onde a terra é tida somente como suporte) e utilização de pacotes químicos e tecnológicos em grandes áreas de cultivos (MATOS; PESSÔA, 2014). Essa forma de produção, em pouco intervalo de tempo, mostra-se com dificuldades inerentes: pragas, doenças resistentes aos defensivos agrícolas, erosão, salinização e compactação do solo, conflitos sócio-políticos, entre outros, o que nos leva a conclusão de que lidar com a agricultura é lidar com organismos vivos e complexos e que simplificar seus processos pode não ser a melhor saída. (CAMPOS, 1994; EHLERS, 1996; GRAZIANO NETO, 1991).

Do ponto de vista social, a modernização da agricultura é extremamente desigual e excludente, pois privilegia os grandes produtores (latifúndio) detentores do capital em detrimento às famílias agricultoras tradicionais que são obrigadas a vender suas terras ou não conseguem acompanhar o processo de modernização o que acarreta em uma grande expropriação de seus territórios (WANDERLEY, 2014).

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Na década de 80, surge o termo sustentabilidade, até hoje discutido de várias formas e em diferentes segmentos ideológicos e políticos, ora como um termo modista, ora como um termo despido de significado, ora como um termo ambientalista, porém surgido a partir de uma preocupação mundial com o meio ambiente e preservação dos recursos naturais (EHLERS, 1996). Para Boff (2017) sustentabilidade pode ser definida como as ações humanas impulsionadas na perspectiva de manter os ciclos naturais que sustentam todas as vidas da Mãe-Terra visando atender as necessidades da sociedade atual e ainda das futuras gerações.

Na agricultura a preocupação não é diferente, em meados da mesma década surge a terminologia agricultura sustentável, ou seja, uma forma de produção agrícola que respeita os ciclos naturais e agride menos o meio ambiente e que possui características básicas: conservação dos recursos naturais, diminuição do uso de insumos químicos, rotação de cultura, cuidado e respeito com o agricultor, produção de alimentos com elevada carga nutricional e que supra a demanda mundial (EHLERS, 1996).

Porém, esses métodos e conceitos não se enquadram definitivamente a todos os modos de produção global, sendo assim, reajustados de acordo com a realidade local em que se insere a agricultura sustentável.

Ehlers (1996, p. 178) afirma:

a agri ultura suste t vel o i ar rovavel e te ri ios e r ti as da agricultura alternativa e da convencional, assim como novos conhecimentos que surgirão tanto da experiência proveniente dos agricultores como da pesquisa científica, especialmente no campo da agroecologia (disciplina científica que estuda os agroecossistemas.

No século XXI já se percebe um aumento crescente das discussões e práticas que levam a uma consolidação da agricultura sustentável (PATERNIANI, 2005). Existem duas linhas distintas que pensam agricultura sustentável na atualidade, uma que acredita que os processos historicamente construídos como modelo de produção não podem ser esquecidos e sim modificados e que é possível chegar a um desenvolvimento sustentável apenas fazendo alguns ajustes, usando a tecnologia com maior eficiência e qualidade, e outra linha de pensamento que discute o atual modelo de produção como falido e que somente uma mudança do paradigma atual seria possível para a agricultura sustentável ser vista como transformadora social, econômica e ambiental, em todo segmento agroalimentar (BEUS; DUNLAP, 1990; EHLERS, 1996).

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Nos dias de hoje, a situação quase não se modificou desde o início da Revolução Verde, o favorecimento das grandes empresas de produção de alimentos continua o mesmo e os incentivos para as práticas da agricultura familiar são míseros quando comparados aos do agronegócio no país. Isso pressupõe que ainda predomina a ideia de os recursos naturais são inesgotáveis.

2.2 O processo de ocupação de terras e degradação na Caatinga

A região nordeste por apresentar características morfoclimáticas que não colaboram para algumas práticas agropastoris e por existir um histórico de ações mitigatórias equivocadas sofre com sérios problemas ambientais como desertificação, salinização e degradação dos solos, perda de fauna e flora, principalmente devido ao desmatamento e queimadas constantes (FERNANDES; MEDEIROS, 2009). Dentre os biomas do Nordeste brasileiro, a Caatinga é um dos que mais sofrem com o desmatamento, com aproximadamente 40.000 km² de área desmatada nos últimos 15 anos (ALVES; ARAÚJO; NASCIMENTO, 2009). O histórico de ocupação do bioma, entretanto não se difere de outros biomas brasileiros sempre sendo associados às atividades agropecuárias e mineradoras.

Em linhas gerais, o início do processo de ocupação das terras nordestinas, e consequentemente, a origem do desmatamento, deu-se a partir do litoral com a ocupação do bioma Mata Atlântica para extração do Pau-Brasil ocorrendo subsequentemente um aumento para o interior da região do país com a introdução da cultura da cana de açúcar e criação de gado no período colonial (MACHADO, 2006).

Poleto (2009) afirma que a maior parte da degradação ambiental da região nordeste sempre esteve vinculada a agricultura, por consequência da remoção da cobertura vegetal, exposição à erosão que culmina no processo de desertificação, compactação do solo, assoreamento de rios e lagos.

Pereira (2013) corrobora com a ideia de que o desmatamento também está ligado à prática da agropecuária e agricultura por tais técnicas não respeitarem os ciclos naturais assim impactando o ambiente.

Nos dias atuais, a degradação ambiental generalizada na Caatinga possui origem no desmatamento, ocorrendo de forma pulverizada principalmente por conta da exploração predatória para satisfazer demandas por carvão vegetal e lenha para fins energéticos, além

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da falta de fiscalização por parte do poder público e agropecuária extensiva (CERRATINGA, 2013).

Segundo dados do INPE (2015), dos 969.589 km2, a Caatinga perdeu 45,06% de sua cobertura vegetal original, ou seja, 436.896,8 km2, sendo que o Rio Grande do Norte permeia entre os quatro estados que mais desmataram nos últimos anos, seguido de Alagoas, Pernambuco e Piauí.

A intensificação do desmatamento para implantação das áreas agrícolas convencionais e para retirada de lenha da Caatinga resulta na diminuição da resiliência e da biodiversidade uma vez que resulta da conversão dos sistemas sombreados (florestas, por exemplo) a sistemas não sombreados para aumento em curto prazo da produtividade agrícola (TSCHARNTKE etal., 2011).

2.3 Sistemas Agroflorestais

Götsch (1996) afirma que as atividades praticadas na agricultura convencional levam a perda da fertilidade do solo rapidamente sendo assim um sistema pouco sustentável. O autor exemplifica a agrossilvicultura (prática que combina árvores com cultivos agrícolas e/ou animal) como alternativa a esse modelo.

Devido ao número de terras para exploração agrícola serem reduzidas para a agricultura familiar brasileira, existe uma grande conscientização do agricultor em relação ao modelo de exploração adotado em sua área e a necessidade de garantir a sustentabilidade ao longo dos anos, práticas estas que são passadas de geração a geração. As atividades agropecuárias nessas áreas são intensivas na busca de um máximo rendimento econômico e produtivo e em concomitância a essa ação deve-se buscar a resiliência do ambiente através da reposição de nutrientes, respeito aos ciclos naturais, práticas de conservação do solo, entre outras (ABDO; VALERI; MARTINS, 2008).

Dentre as alternativas adotadas pela agricultura familiar em sua unidade de produção para conservação, recuperação das áreas degradadas e complemento da renda é a implantação de sistemas agroflorestais - SAF. Os chamados quintais agroflorestais ou terreiros, tem como principais objetivos vetorizar o incremento da renda das famílias com produtos oriundos deste sistema, mistura espécies agrícolas e florestais, além da criação de pequenos animais e cultivo de plantas medicinais, frutas, hortaliça além de um papel importante na segurança alimentar das populações. (EMBRAPA, 2017).

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Os SAF podem ser definidos como uma forma de produzir alimento, bens e serviços, ao mesmo tempo em que se conserva e recupera o meio ambiente. Conciliar produção com conservação e recuperação do ambiente é possível, pois essa forma de produção busca entender o funcionamento da natureza e suas relações entre seres vivos, sempre estimulando a biodiversidade local. Todos os componentes do sistema são pensados e estudados levando em consideração tempo e espaço, buscando reproduzir a dinâmica das formações naturais para melhor aproveitamento da luz, umidade e nutrientes. Sendo assim, é de extrema importância o conhecimento das características de cada espécie inseridas no sistema e sua relação com as demais (NARDELE; CONDE, 2005).

Em uma classificação mais difundida, os SAF se diferenciam quanto à presença do componente arbóreo que resultará na estrutura e função no sistema, são eles: sistemas agrossilviculturais: quando há espécies arbóreas e arbustivas em consórcio com espécies agrícolas; sistemas silvi astoris o s r io de rvores ar ustos o es ies forrageiras e a i ais e siste as agrossilvi astoris ua do a atividade e u ria dese volvida em sistemas agrossilviculturais com componente agrícola envolvido no sistema juntamente com árvores e animais. Outra classificação dos SAF utiliza critérios do tempo, espaço e desenho: sequenciais, no qual as culturas anuais e a introdução de árvores se sucedem no tempo; simultâneos, quando há integração simultânea e contínua de culturas anuais e perenes; e complementares quando há utilização de árvores em cercas vivas ou em cortinas de quebra-vento (MORAIS, 2011).

Como a agricultura convencional, existem sistemas agroflorestais pensados, elaborados e manejados de diferentes maneiras e paradigmas. Alguns reproduzem consórcios de componentes arbóreos, arbustivo e/ou componente animal com princípios semelhantes aos de sistemas monoculturais: competição, diminuição do uso de insumos e redução da mão-de-obra. Já outros são mais complexos, fundamentando-se na dinâmica da própria floresta em seus princípios ecológicos: a sucessão natural (PENEIREIRO, 2003).

Nardele e Conde (2005), também definem dois tipos de sistemas agroflorestais: (1) SAF convencional, em que o sistema natural é substituído por um sistema de monocultivos em estratos, permanecendo um sistema estático e consequentemente afetando a produção de biomassa; e (2) SAF regenerativos ou sucessionais, que possuem ampla quantidade e diversidade de biomassa, permitindo reciclagem e renovação constante através de podas seletivas e introdução de novas espécies, de modo a preservar a regeneração natural.

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2.4 Agricultura familiar e sistemas agroflorestais sucessionais

s siste as agroflorestais su essio ais arte do ri io de ue ais i orta te e ri ue er u a rea do ue ex lor -la de for a redat ria ois o de h vida existir ex ede tes ue i re e tar o a re da da fa lia agri ultora ( H )

Para introduzir e manejar um sistema agroflorestal sucessional,é recomendável que o agricultor tenha conhecimento da dinâmica da floresta e de seu funcionamento, pois o sistema se baseia em bases ecológicas e tem a sucessão ecológica como foco principal (PENEIREIRO, 1999).

Götsch (1995) salienta que os SAF quando conduzidos sob uma lógica agroecológica dialoga com uma sustentabilidade transversalizada, ou seja, que intersecciona questões ambientais e sociais, aproveitando os conhecimentos e cultura locais e são adaptados às potencialidades do território, gerando frutos para a comunidade.

Ao redor do mundo temos exemplos muito concretos de comunidades que utilizam da tecnologia dos sistemas agroflorestais baseados na sucessão ecológica h asta te te o o o exe lo te os as o u idades tradi io ais de uilo olas ri eiri hos ai aras algu as tri os i d ge as o o os ora a az ia erua a ( H ) os aya da acia do rio Xingu (POSEY, 1987). Esses exemplos têm como fundamento a reprodução da ecologia dos sistemas naturais e tem como princípio norteador a incorporação de biodiversidade (SENAYAKE, 2001) e a busca pela sustentabilidade.

A agrofloresta ou sistemas agroflorestais, tornam-se uma opção viável na busca desta sustentabilidade, uma vez que possuem elementos que propiciam aliar a produção à conservação dos recursos naturais (PENEIREIRO, 1999). Sendo assim, estes sistemas sustentáveis deverão assumir perspectiva interdisciplinar, mesclando conhecimento científico, tradicional e ecológico (GÖTSCH, 1995).

Além disso, os SAF possuem grande potencial para recuperação de áreas degradadas, em razão da sua dinâmica, estrutura e diversidade serem similares aos ecossistemas naturais, além de serem empregados como estratégia de restauração, comumente utilizados para compensação financeira oriundas de produtos florestais e agrícolas (AMADOR, 2003).

A agricultura camponesa utiliza, historicamente, a tecnologia dos agroecossistemas em suas unidades familiares para produção e subsistência. A agricultura familiar do Rio

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Grande do Norte não é diferente. O município de Apodi, localizado na microrregião da Chapada do Apodi, convive desde a década de 80 com o avanço do agronegócio através da instalação dos perímetros irrigados: Jaguaribe-Apodi e Tabuleiro de Russas, do lado cearense e Baixo-Açu, do lado potiguar, os quais beneficiaram os sistemas de produção do grande latifúndio e, consequentemente, o aumento das áreas de produção do agronegócio.

Desde então o cenário é de desterritorialização e vulnerabilização dos povos camponeses (ACSELRAD, 2006), através da expropriação da terra (FREITAS, 2011), contaminação por agrotóxicos (RIGOTTO, 2011), dificuldade no acesso a água, insegurança alimentar, entre outras consequências das explorações por parte do projeto do perímetro irrigado. As famílias agriculturas resistem ao avanço desse modelo, com auxílio de algumas entidades não governamentais, fortalecendo as práticas de manejo sustentável da Caatinga.

2.5 Sistemas agroflorestais e ecossistemas

Os SAF podem conservar uma grande quantidade de espécies vegetais e material genético, por isso são fundamentais para conservação da biodiversidade de cada região, a exemplo dos sistemas de produções tradicionais utilizados por indígenas, ribeirinhos, quilombolas e agricultores familiares (CASTILLO, 2007). Esses sistemas, que são multiestratificados, e biodiversos servem como ferramentas de interligação de fragmentos florestais e, consequentemente, são importantes para proteção, deslocamento e alimento para fauna do local, pela formação de corredores biológicos (EMBRAPA,2017). Também são utilizados como zonas de amortecimentos de Unidades de Conservação (UC) no Brasil, em razão da potencialidade de proteção dessas áreas como entorno, já que as UC normalmente possuem divisas cercadas por monocultivos ou pastagens, enfrentando uma série de problemas com a biodiversidade principalmente em relação à fauna (PENEIREIRO, 1999).

Götsch (1995) considera a floresta como organismo e para que os sistemas de produção sejam sustentáveis eles precisam reproduzir a sua lógica presente no desenvolvimento dos ecossistemas originais locais, comportando-se como organismos completos e respeitando os ciclos naturais. Segundo este mesmo autor, a confecção de um SAF pode-se iniciar pela introdução de espécies menos exigentes de nutrientes, preferencialmente sem queima, iniciando-se a capitalização para o plantio posterior das

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espécies mais exigentes, sempre em sintonia e respeitando o crescimento de cada uma (Figura 1).

Figura 1 –Desenvolvimento de um SAF ao longo dos anos

Fonte: AgroflorestaNET(2012).

O conhecimento de sucessão ecológica e seus estágios sé fundamental para entender a dinâmica dos SAF sucessionais. Clements (1916) foi o pioneiro na descrição de sucessão ecológica, descrevendo-a como um processo extremamente previsível e ordenado no qual as mudanças na estrutura vegetal representam a história de toda comunidade vegetal e que as mesmas, a partir de um ponto de distúrbio, tendem a sucessão em direção a uma vegetação clímax de forma natural. Gleason (1926) e Tansley (1935) entendem os comportamentos das espécies como individuais e a sucessão ecológica dependente do acaso.

Para Odum (1969), sucessão ecológica parte de um ecossistema mais simples em direção a um ecossistema mais complexo ao longo dos anos, com maior diversidade de espécies, incremento de biomassa e maior diversidade ciclos ecológicos. Sucessão define-se ainda como a lei universal na qual todo lugar vazio evolui para novas comunidades (GÖSTCH, 1995). Inicia a partir de uma perturbação no ecossistema, natural ou antrópica, que desequilibra o ambiente natural e favorece as sequências de mudança no espaço, inicialmente colonizado por espécies pioneiras, progressivamente substituídas por espécies mais exigentes em termos de luminosidade e condições de solo, o que leva ao aumento gradativo de biodiversidade e complexidade estrutural (RICKLEFS, 2003).

As espécies pioneiras são as que surgem inicialmente em um espaço perturbado e as primeiras as serem introduzidas em uma área perturbada, quando manejada através de SAF. São espécies de rápido crescimento e que se identificam com alto grau de luminosidade,

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dando espaço para plantas com outras necessidades (luz, por exemplo). Cada planta tem sua função e elas se sucedem no tempo (PENEIREIRO, 2003).

Gandolfi, Leitão Filho e Bezerra (1995) consideram a divisão das espécies vegetais em três grupos: pioneiras, secundárias iniciais e secundárias tardias, as quais estão relacionadas com as fases de sucessão: inicial, média e avançada. Outros trabalhos, inclusive no bioma Caatinga, adotam esse critério de classificação (FONSECA; FONSECA, 2004; PAULA et al., 2004; PINTO et al., 2007; SANTOS et al., 2004).

O produto final do processo sucessional é a formação de uma comunidade clímax, ou seja, uma mistura de espécies de diferentes grupos ecológicos (CARVALHO, 2010).

Na instalação de sistemas agroflorestais sucessionais, para se criar consórcios produtivos e eficientes é recomendável o conhecimento das espécies e seu comportamento além de experiência com agricultura, pois o agricultor precisa ter condições de criar consórcios produtivos e eficientes. Esse tipo de conhecimento é o básico para manejo de uma agrofloresta, na qual consórcios irão se sucedendo ao longo do tempo/espaço e obtendo produtos e serviços, levando a condições que não necessitam de elementos externos ao sistema produtivo, como defensivos químicos, adubação e cria-se um solo que não sofre de erosão e que mantém a fertilidade (AMADOR, 2003).

2.6 Assentamento Moacir Lucena

O Projeto de Assentamento Moacir Lucena (AML), localizado no município de Apodi-RN, foi fruto de ocupação de uma antiga fazenda de monocultivo de algodão por parte de movimentos sociais e agricultores locais no mês de agosto de 1996 e a desapropriação da terra foi publicada em agosto de 1998 no diário oficial de união. Ou seja, os agricultores e ocupantes da terra passaram dois anos vivendo em barracos de lona e casas não estruturadas até a publicação e início da construção das moradias por parte do poder público (DANTAS; LIBERALINO FILHO; LIRA, 2007). A área total do assentamento é de 527 hectares, sendo dividida em 19 lotes de 19,5 hectares, 110 hectares de reserva legal e área coletiva de 60 hectares (INCRA, 2004). Desde o ano de 1996, as terras do assentamento eram degradadas devido ao uso intensivo de maquinários e agrotóxicos por parte do antigo fazendeiro dono das terras (GUERRAet al., 2010).

Frente a essas dificuldades estruturais, as famílias agricultoras do AML em sua maioria, resistiram ao avanço do agronegócio através do fortalecimento da identidade camponesa: seja no estilo de vida, forma de manejar a terra e manifestações culturais,

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desenvolvendo experiências próprias de convivência com o semiárido, como a utilização de tecnologias para captação de água da chuva, pequenas irrigações, manejo agroflorestal, rotação de cultura e apicultura (PEREIRA, 2013).

No ano 2003, iniciou-se o processo de assessoria técnica rural pela Cooperativa de Assessoria e Serviços Múltiplos ao Desenvolvimento Rural - COOPERVIDA aos agricultores, dando enfoque às práticas agroecológicas de manejo da terra, principalmente voltadas para recuperação das áreas degradadas. Uma das tecnologias aplicadas e ensinadas pelos assessores técnicos foi o manejo de forma sustentável da Caatinga, através da implantação de sistema agroflorestal, concomitantes com a produção de abelhas (apicultura), cultura de sequeiro (feijão, milho, sorgo, gergelim) e técnicas de manutenção do sistema como raleamento, enriquecimento e rebaixamento. Desde então, todas as famílias agricultoras do assentamento produzem e manejam a terra através de um manejo agroecológico de sistema agroflorestal.

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HORIZONTAL STRUCTURE AND MULTIPLE USE OF THE ARBOREAL COMPONENT OF AN AGROFLORESTAL SYSTEM IN MOACIR LUCENA

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HORIZONTAL STRUCTURE AND MULTIPLE USE OF THE ARBOREAL COMPONENT OF AN AGROFLORESTAL SYSTEM IN MOACIR LUCENA SETTLEMENT, APODI, RIO GRANDE DO

NORTE - BRAZIL

Matheus Martins Mendes¹,²,7; Poliana Coqueiro Dias 3,4; Alice Calvente 5,6

¹ Escola Agrícola de Jundiaí-EAJ/UFRN; ² mathi.mendes@gmail.com ; +(55)86-99955-8463; RN 160, Km03, Macaíba-RN; 7 ORCID identifier: 0000-0001-7914-8881

3Universidade Federal do Semiárido-UFERSA ; 4 poliana.coqueiro@ufersa.edu.br; + (55) 84- 998572198; 6 Avenida Francisco Mota 572- Mossoró/RN

5Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN; 6 acalvente@cb.ufrn.br ; + (55)84-99420-4840; Avenida Salgado Filho, 3000

ABSTRACT

Agroforestry systems emerge as an alternative to the degradation of natural resources, as they enable an equilibriumbetween agriculture and native forest, providingenvironmental sustainability. The aim of this study was to analyze the horizontal structure, with focus on trees, of a successional agroforestry system located in Apodi- Rio Grande do Norte / Brazil and analyze thespectrum of species usesby agricultural families. Ten plots of 20x20m were installed for the measuring of adult trees with circumference at breast height (cbh) ≥ .Usual parameters of phytosociology were then evaluated: density, dominance, frequency, importance value index and diversity using the Mata Nativa software 4.0.To document species uses data was gathered in two meetings with the farming families of the settlement that manage the agroforestry system. The results summed 427 individuals, 18 species and 9 botanical families leading to the conclusionthat this is a rich and biodiverse area when compared to other similarly managed areas in Caatinga or to areas preserved inbiome. Cordia oncocalyx was the most frequent and also thespecieswith the widest array of uses.

KEYWORDS: Caatinga, sustainable management, forest products, family agriculture, dry forest

INTRODUCTION

Caatinga is a dry forest biome covering about 11% of the Brazilian national territory. It is spread continuously throughout 844,453 square kilometers in areas with high seasonality of Northeastern Brazil and North of Minas Gerais state referred to as the Brazilian semi-arid (Mma 2015). There, a long dry season coupled with a few months of rain favor the dominance of deciduous species ecophysiologically adapted to water deficiency due to local environmental high evapotranspiration rate and low water retention (Andrade 1981; Emperaire 1989; Rodal 1992; Lemos and Merguro 2010, Andrade and Lima 1989). Although altitudes mostly range lower than 500 meters, variations in relief are associated with local flora spatial distribution (Mebessone 1978) creating a unique mosaic of physiognomic and floristically distinct dry formations. Arboreal Caatinga, shrub Caatinga and thorny Caatinga are physiognomic forms (Lima 1966) that combine features such as an annual herbaceous element, succulent species (many cactaceae), predominance of shrubs and smaller trees and a discontinuous cover of crowns (Alves 2007).

Data for vascular plants in Caatinga include 932 native species and 318 endemics (Giulietti et al. 2002; 2004). Arboreal components commonly present whitish and shiny trunks during the dry season when most of trees lose leaves (Prado 2003). Typical caatinga genera are Tabebuia (Bignoniaceae), Cavallinesia (Bombacaceae), Schinopsis and Myracrodruon (Anacardiaceae) and Aspidosperma (Apocynaceae), although tree species are more common in areas of dense forests which were intensely suppressed to provide material to activities such as the construction of houses, fences and farms after the European colonization, already in the beginning of the 16th Century (Filho and Câmara 1996). Nowadays dense Caatinga forests are rare, as they became sparse and fragmented due to centuries of rampant exploitation (Filho and Câmara 1996). Originally covering 969,589 km², Caatinga lost more than 45% of its original vegetation cover and Rio Grande do Norte is one of the four states that have deforested most in recent years (Mma 2011; Inpe 2015).

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Climatic difficulty of longer periods of drought, poorly distributed rainfall and unplanned use of the biome's natural resources potentiate the destruction of the Caatinga´s preservation. Historically, in the State of Rio Grande do Norte, for example, the biome has suffered accelerated deforestation due to the rampant consumption of illegally harvested native wood for domestic and industrial purposes, overgrazing and pasture conversion (Cerratinga 2013). This model of land occupation, affects family farming, which draws its livelihood from the biome’s natural resources (Machado 2006).

The traditional way of life of family agriculture in semi-arid region combines popular knowledge with income production, respecting local culture, using their own technologies to coexist with natural adversities of the biome (drought) and procedures appropriate to the environmental and climatic context, which results in a collective construction of the processes of living with diversity and harmony between communities (Gonçalves et al. 2016). This is an example of how adequate planning of the use of natural resources together with nature conservation improves the income production of farming families, showing that sustainable development is possible for the region (Homma 2006).One of the strategies they use is the stablishment of Successional Agroforestry Systems in their backyards or lots (Moares 2001). These Systems follow the principles of plant succession, non-use of chemical fertilizers, maintenance of vegetal cover, diversified consortium of species with different uses, non-use of agricultural pesticides, multi-stratification for better use of sunlight and water in conjunction to techniques of management the system such as selective cutting, enrichment and pruning (Peneireiro 1999).

According to recent studies, soil enrichment, maintenance of biodiversity, improved water and air quality and carbon sequestration are some of the ecosystem services provided by agroforestry (Jose 2009). In addition, when trees are strategically arranged in space, they help to protect the soil, reducing the likelihood of erosion (Brandle et al. 2004), increasing the amount of infiltration and causing less soil runoff and loss (Anderson et al. 2009). This can contribute to reducing crop nutrient losses (Van Noordwijk et al. 2006), as well as to increase the structure of environmental diversity and providing habitats for insects (Stamps and Linit 1997; Glemnitz et al. 2013), small mammals (Dix et al. 1995) and birds (Gruss and Shulz 2008). Succession Agroforestry Systems seek to be functional and structurally similar to natural forests, being essential for the knowledge of the forest's functioning and its dynamics and natural succession (Kestrel 2014). Although the known positive outcomes of agroforestry and its high potential for a beneficial use in Caatinga, combiningexisting traditional agriculture to mitigate climatic, socioeconomic and conservation challenges in the area, studies describing and evaluating the potential for sustainable environmental use of Successional Agroforestry Systems in Caatinga, detailing floristic composition and ranking forest use are few. In this study we perform a study of the horizontal structure of arboreous vegetation and rank main uses of tree species in an Agroforestry System located in the settlement Moacir Lucena, in Rio Grande do Norte, implemented 16 years ago.

MATERIALS AND METHODS STUDY AREA

The study was carried out in the settlement Moacir Lucena, located in the rural area of the Apodi municipality in the western mesoregion of the state of Rio Grande do Norte. This area is inserted in the Apodi Plateau micro region, between the geographic coordinates 05 ° 32 "S and 37 ° 52" O. The local relief has a predominance of slightly raised flat lands, formed by sedimentary soils (Idema 2007). The predominant soils are red-yellow alfisol, inseptisol and chernosol (Zimback 2003; Embrapa 1999). The rainfall is irregular, varying from February to May and centered in March and April (Ernesto Sobrinho et al 1983). The local climate is warm and semi-arid, according to Köpper's climatic classification, with an annual average temperature of 26.9 ° C, precipitation of 920.4 mm and evaporation of 2,145.9 mm (Silva et al 2010 and Silva et al 2011).

The successional agroforestry system where the study was carried out covers 10 hectares of area, the classification as a Successional System is due to the association of crops that use different strata (low, medium, high and emergent) in order to optimize the use of spaces and luminosity, allowing the production of several economic species in the same area, full and permanent soil cover. The species were selected based on the successional stage of the site which was part of the initial installation arrangement and according to the concern of food sovereignty and security.

The farming family implemented this system in 2003 performing some management techniques such as thinning, enriching and lowering. The area was previously used for cotton and watermelon monoculture for more than 20 years, using agricultural machinery and pesticides. The introduction of species was based on ecology successional groups and availability of seedlings. Initially, fast-growing heliophilous species not very demanding for fertile soils (Mimosa caesalpiniifolia Benth. and Mimosa tenuiflora Benth.) were introduced in lines with a spacing of 4x4m. Along the establishment of these individuals other species were introduced interspaced for filling (covering) such as Myracrodruon urundeuva Allemão, Anadenanthera colubrine Vell.

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Brenanvar.cebil (Griseb). Altschul and Bauhunia cheilantha (Bong.) Steud which were included as the diversity group to ensure a faster recomposition in area (Tcn 2013).Annually, during the rainy season (March to July), the system includes in consortium maize, sorghum, sesame and beans as crops in polyculture lines interspaced with trees. During the dry season goats feed on the remains of leaves and bark of the trees, acting as a seasonal animal component.

SAMPLING AND DATA COLLECTION

To analyze the horizontal structure we used ten 20x20m plots that were equally distributed every 80 meters and with 0 eters of orders ly trees with h ≥ 0 were i luded i this study a ordi g to the recommendation of Rede de Manejo Sustentável da Caatinga (2005). Every tree whose trunk base was within the plot was included, even if the stem and crown were left out. In the plots we measured height and cbh of each of the individuals found, obeying the inclusion pattern of the species used by the Rede de Manejo Sustentável da Caatinga (2005).

Samples for each inventoried species were collected and included in the collection of the herbarium of the Federal University of Rio Grande do Norte (UFRN) as vouchers and for subsequent identification. Calculations of relative density, relative frequency, relative dominance, importance value index, cover value index and Shannon-Weaver and Pielou index (Kent and Coker 1992) were carried out for each of the species and families using the Mata Nativa System 4.0 (Cientec 2016).

The data on the multiple uses of species was obtained in two community meetings held between July and August of 2018. After reading aloud the species cataloged previously in floristic and annotations of farmers' speeches, the community expressed local uses for each species, which we classified according to categories: energy (charcoal and firewood), buildings in general, home medicine, organic fertilizer, human food, animal attractiveness and handicrafts.

RESULTS AND DISCUSSION FLORISTIC COMPOSITION

The plots analyzed in the Agroforestry System at the settlement Moacir Lucena included 427 individuals of 18 species and 9 families. Families with the highest species richness were: Fabaceae (9 spp.) and Euphorbiaceae (2 spp.), both together accounting for 41.07% of species raised. As for representatives of individuals, Boraginaceae accounted for 191 individuals (44.6%), followed by Fabaceae and Euphorbiaceae, with 132 individuals (31.07%) and 43 individuals (10%), respectively (Table 1). These three families together summed 85.67% of individuals sampled. In phytosociological surveys in the Caatinga of Rio Grande do Norte, in preserved and anthropized environments, these families were also the most cited (Silva et al., 2008, Freitas et al., 2007, Lira 2003).

Families Number of species Number of individuals %

Fabaceae 9 132 31.07 Euphorbiaceae 2 43 10 Boraginaceae 1 191 44.6 Anacardiaceae 1 14 3.27 Combretaceae 1 20 4.67 Apocynaceae 1 5 1.16 Malvaceae 1 8 1.86 Bixaceae 1 7 1.63 Rhamnaceae 1 7 1.63 TOTAL 18 427 100

Table 1. Families, number of individuals and percentages of individuals in the study area

Studies about successional agroforestry systems in Caatinga are insufficient for comparative purposes,however for a general context we compare our results with other studies combining data on floristic and structure of vegetation in Caatinga areas. A study was carried out in a legal reserve area (native Caatinga)

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in Moacir Lucena settlement, an area that was anthropized previously but left for natural regeneration for more than 20 years. In this study, Guerra et al. (2014) investigated the floristic composition through 12 plots of 10x20m, where the number of individuals, family and species was lower when compared with the successional system studied here, even though, this study in native Caatinga was done in a smaller area in the same settlement (Table 2). The fact that these results are discrepant may be associated with different sample sizes (Araújo et al. 1995) and the way in which the Agroforestry System is managed. Nevertheless, in both studies Boraginaceae accounted for higher number of individuals; 77.46% in the legal reserve study (Guerra et al. 2014) and 44.6% in this study. When comparing the results obtained in this study with data from natural vegetation studies in Caatinga, in some casessuperior richness was found, as in Santana et al. (2016), Marangon et al . (2013) Leite et al. (2015) andLemos and Meguro (2015).However, Cezar et al. (2006) found similar parameters of richness and Moreira et al. (2007) found lower values (Table 2). On the other hand, studies carried out in agrosilvopasture systems (which are dynamically similar to the successional System) found similar results in terms of richness of species (Campanha et al 2011; Santos 2012) in Table 2.. The Shannon-Weaver andPielou Index of Diversity (Kent and Coker 1992) reflect the species richness of the biotic community, as well as theproportion between them. Communities with a large number of species and /or similar proportions generate highvalues for the index, while communities with low species numbers and /or strong species dominance tend to assumelow values (Campanha 2011), and the result in this study was considered high (2.06 nat.individual -1 ) whencompared to studies carried out in anthropic Caatinga (1.64 nat.individual -1 ) in a native area (2.54 nats.individual -1 )registered in studies by Araújo et al. 1995; Lyra 1982; Rodal et al. 1999 and Ferraz et al. 1998. The result washigher than in other floristic studies in Savana Estépica (Filho et al 2003 and Pereira et al 2002), and the resultcould be due to the different sizes of areas or to the fact that there are different types of Savannah described byVeloso et al (1991)

Studies Local Area Families Gener Species Individuals This study Moacir Lucena

(RN) SAF/10ha 9 16 18 427 Guerra et al. (2014) Moacir Lucena (RN) Native Caatinga/ 0,25ha 5 12 7 244 Campanha et al (2011)

Sobral (CE) Agrosilvopasture system/ 8ha

8 13 16 393

Santos et al. (2012)

Pedra Mole (SE) Agrosilvopasture system/10ha 12 17 19 298 Santana et al. (2016) “Seridó” Ecological Station, (RN) Native Caatinga /0,6ha 12 20 22 2.448 Marangon et al (2013)

Floresta (PE) Native Caatinga /10ha

6 15 18 1.227

Leite et al. (2015) Teixeira (PB) Native Caatinga /16ha 24 31 46 4.911 Lemos e Meguro (2015) "Aiuaba" Ecological Station (CE) Native Caatinga /1,5ha 20 39 47 3.007

Cezar et a. (2006) Serra do Mel (RN)

Native Caatinga 8 11 18 383

Moreira et al. (2007)

Caraúbas (RN) Native Caatinga /0,24ha

7 10 11 398

Table 2. Composition in floristic and phytosociological surveys in Caatinga

HORIZONTAL STRUCTURE

The absolute density calculated for the area was 1.067,5 individuals.ha-1. Cordia oncocalyx (pau-branco) had the highest relative density with 44.5% of the individuals in the environment followed by P.

Referências

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