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Zero, 1988, out.

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Texto

(1)

FLORIANÓPOLIS�

OUTUBRO

DE

1988

Fernando Crocomo

Romaria

da

Terra

Na Central

(2)

EXPEDIENTE

Jornal Laboratório do

CUrso

de Comu­

nícação

Social da

Universidade Fe­ deral de Santa Ca­

tarina.

Esta

edição

foi ela­ borada na madru­

gada

de 30 de se­

tembro

de 1988

Texto: Ana

Lavrat­

ti;

Dauro

Veras,

Deise

Freitas,

Ge­

raldo

Hoffmann,

Ivonei

Fazzionni,

João Carlos Gran­

do, Jacques Mick,

Karina

Van Hoff

Mendez,

Márcia

Carvalho,

Maria

Alauei

Macarini,

Milton

Spada,

Nilva

Bianco,

Renata Ro­ sa,

Ruchelle

Zanda-valle,

Sabrinà

.

Franzoni,

Ozias

Tormentor.

Diagramação:

Analú

Zidko,

Cláu-.

dia

Carvalho,

Fer­ nando

Meneghel,

II­ ka

Goldschmidt,

Rute

Enriconi,

Sa­ brina Franzoni. Arte: Marta Mo­

ritz

Fotografia:

Sabri­ na

Franzoni,

Rena­

ta

Rosa,

Renata

Schmidt,

Ruchelle Zandavalle. Laboratório Foto­

gráfico:

Cláudia

Carvalho,

Claudia

Lyra,

Denyris

Lau­ rindo.

Supervisão:

Pro­ fessores

Henrique

Finco,

Airton Ka­

nitz,

Hélio

Schuch,

Cíntia

Nahra. Telefone:

(0482)

33-9215

Correspondência:

Caixa Postal

472,

Departamento

de

Comunicação

eEx­

pressão,

Curso de

Jornalismo,

Floria­

nópolis,

SC. Acabamento e Im­

pressão:

Diário

Ca­

tarinense

Distribuição

Gra­

tuita

Circulação

Dirigi-da .

[

r

j

OI' e>

�.

o cursode Jornalismo da

UFSC está

organizando

oSe­ minário Latino Americano

de

Comunicação

e oXII Con­

gresso do INTERCOM

(So­

ciedade Brasileira de Estu­ dos

Interdiciplinares

da

Comunicação),

este último

comotema: Industrias Cul­ turaise os

Desafios

daInte­

gração

Latino Americana.

Estes dois eventos irão se

realizar de 6a10 de setem­

bro,

prometendo

ser o acon­

tecimento doano,naárea de

comunicação

em 89. A FE­ NAJ

(Federação

V'acional

âos

Jornalistas)

estáajudan­

dona

promoção

do Seminá­

rio e a ALAIC

(Associação

LatinoAmericana da Comu­

nicação)

na

produção

do IN­

TERCOM. Para a abertura

do

encontro,

pode

estarche­

gando

em

Florianópolis

Ga­

brielGarcia Marquez.

NAONDA

DO

RÁDIO

Alencar AldoFossá éum nome

queestánaagendadetodo setorís-'

ta de telecomunicações da im­ prensa

gaúcha.

Irredutívelouvin­ te das emissoras internacionais de ondas curtas (das

quais

possui

umainvejável

coleção

de grava­

ções) eradioamador, Fossápre­ para agora um livro inédito: O Manualdo Radioescuta. Para que

seu

projeto

serealize,Fossápôsa

vendaumatabeladefusos horá­ rios de todo o mundo chamada

Fuso-matic. Ela é

acompanhada

deuma

ampla

listagem dandoos

prefixosde radioamador de todoo

mundo.

Segundo ele,atabela,que funcio­

na com umdiscodepapel,serve a

estudantes,

jornalistas,

turistas, geógrafos.

O

preço é de Cz$

1.000,00 (um mil cruzados) e o

pedido

pode ser dirigido a ele,

através daCaixaPostal na 6022, CEP 91.031, PortoAlegre- RS.

ABORTO

COROADO

Dia 5 deoutubro,oBrasilganha

uma nova

Constituição.

OChile diz "sim" ou "não"aPinochet. Ne­

nhumacoincidência. Osgenerais

daqui

conseguemtudooque que­ rem sem

precisar

passarporum

plebiscito.

Garantem parasiuma

prerrogativa

que ameaça qual­ quer

esboço

de

regime

democráti­ co: a

possibilidade

deintervenção

na ordem interna. Ainda que a

autorização

para intervir tenha quepassarpelo Congresso,nãohá nenhuma

garantia

de estabilidade democrática. A sociedade ainda não conseguiu estabelecer um controle sobre as Forças Arma­ das. E elas têm os tanques, até

desnecessários

paraintimidarum

Congresso

Nacional

majorttaría­

mentededireita.

Masesteé apenasumdos atrasos da NovaCarta,

laureadacom medalhasde ouro,

prata

oubron­

ze.Coroam-seosinteresses econô­ micos que determináram a sua

elaboração.

Coroa-seaUDR, arti­

culação

latifundiários queenter­

raram aReforma

Agrária.

Coroa­

se oCentrão,bloco

fisiológico

de defesa dos interesses do poder econômico. Coroa-se o Doutor

Ulysses

Guimarães,mediador fu­ gaz·da elaboraçãodaCarta, um

grande

presente

para um

presí­

denciável aniversariante. Coroa-se o PMDB, a

transição

conservadora,osinteresses mili­ tares e das classes dominantes,

JoséSarney...

Houveavanços: direito degre­ ve, jornada de 44 horas, licença paternidade,

aposentadoria

pro­

porcional, igualdade

de direitos entre homem e mulher, tomba­ mento do Pantanal e da Mata

Atlântica, reforma tributáriae a

criaçãodo ConselhoNacional de

Comunicação. Essas conquístas

são frutos das

pressões

populares,

e

são realidadeemoutros

países

hámuitotempo'.

Opiordetudo éessaConstitui­

ção já

nasceabortada.Foielabo­ radaporumCongressoConstitui­ te e não por uma Assembléia Soberana. E oquepodeparecer

conquista

serádetalformaamor­

daçado pela legislação

comple­

mentarque dificilmenteocidadão brasileirovaiusufruirdosnovos

direitos constitucionais até que ocorraarevisão totaldacartaem

1993. Até lá a

Constituição

vai servir del;>andeiranas

campanhas

eleítoraís

doPMDB.

E doChile,oque será?

'r

A

ÚLTIMA

CHANCE

O concurso "Zero e Wea dão 50

Lps: Escolha,

Responda

eGanhe",

foi transferidoparao

próximo

Zero,

pois

onúmero decuponsrecebidosfoi inferior ao número de discos. Não deixe de escrever, você agora tem

maisuma:chance.Lembrando: você deveresponderoqueacha do Zeroe porquevocê

gosta

doartista escolhi­

do,paraganharodiscodesua

prefe­

rência.BoaSorte!

Aguarde

no

próximo

nútnerodoZE­ RO:

- Tóxicos nos

Colégios

de Floria­

nópolis

- Biblioteca Central da UFSC.

o XI

Congresso

daINTER­

COM que aconteceuem

Viço­

sa,Minas

Gerais,

de 2a7de

setembro,contoucom apre­

sençade

Ethevaldo

Siqueira,

dono daRevista Nacional de TelemáticaeJosé Hamilton Ribeiro

(repórter

do Globo

Rural).

Sóque foiumapena, quede umcongressocomtal

gaba­

rito,

não tenha saído uma

cartafinaldo encontro. Es­ pera-sequeos

organizadores

do evento em

Florianópolis

tomemessecuidado.

Companheiros

do Zero:

souacadêmicode

Geografia,

agito

noCentroAcadêmicoe sou leitor desse belíssimo

trabalho. Saibam que uso seus textos para basear-me

em seminários e para colo­

car meuraciocínioemques­

tionamento.

Quero

parabeni­

zá-los e me coloco à

disposição

paraser o distri­

buidor de seus

exemplares

junto

ao CCH em

'nome

do

Caligeo. É

isso.

Jefferson,

Florianópolis.

Zero: Aceitamos sua

aju­

da,

companheiro

do

Caligeo,

manteremos contato.

Informática:

Situação

Na­

cional éotema doSeminário

de

Informática,

que irá se

realizarnodia 10denovem­

bro,

noAuditório da Reitoria.

Oeventoiniciaas9horascom

uma

palestra

sobrea

Pesqui­

sa e oDesenvolvimento em

Informática

(visão

da em­

presa

encerrando,

com uma

mesa redonda onde seráde­ batidooDesenvolvimentoda

Informática

noBrasil. Ose­

minário é

promovido pelo

PTE

(Metrologia

Automa­

ção)

e recebeu o

apoio

da

.UFSC, CERTI,

ITAUTEC.

A

penitenciária

de

floria­

nópolis

abre suas

portas

à

imprensa.

Pelomenosfoies­ saapromessa donovo seere­

tárioda

justiça.

Os

jornalis­

tas não saíram nada

satisfeitos dacasadedeten­

ção.

Maiores

informações

na

pag.16.

P 2

'

ZERO

OUT-88

J

(3)

Casa

da

Jane

Massagens

com

baixo

ventre

Qualquer

dia,

folheando os

classificados,

você

poderá

en­

contrar

um

anúncío

convidan­ do

garotas

de 18 a 21 anos a

tomarem-se

massagistas,

ga­ nhando cêrcade

Cz$ 45.000,00

mensais. A interessada que

ligar

paraonúmero será aten­

dida poruma vozfeminina que

explicará

tratar-se de um

"curso de

massagem".

Ocur­

so,

segundo

avoz, habilitaas

alunasa

posteríormente

atua­

rem em

clinicas,

móteisouhó­

teis. Para

participarem,

asin­

teressadasdevemmarcar um

horário para

entrevista,

daro

nome e

tipo

fisico. O

endereço

seráindicadosóumahoraan­

tes da

entrevista, quando

a

candidata deve

ligar

nova­

mente. Feita a

segunda liga­

ção,

apenas é indicadooônibus

apegare olocal do

desembar­

que: bairro do Abraão. Num

esquemaque lembrafilmesde

espionagem,

a

garota

deve

descer do ônibus e,

atraves-.

sandoarua,pegarumtáxino

ponto

emfrente; Omotoristaa

levará

até "acasada

Jané".

OLOCAL'

Após

subiruma rua, otáxi

pára

em umterrenobaldioe o

motoristaindicauma casa em

frente.

É

umlocal

pobre,

por­ tasfechadas. Uma

garota

abre

a

porta após algumas

batidas.

Alta,

magra, roupasvelhas e

muita

maquiagem,

pergunta

o

nome, convida a entrar e diz quevai chamar Jane.

Aparece

outra

garota,

mais

franzina,

examina a "candidata" com umolhar avaliadoresai.

Pou-, cos

móveis, paisagens

de re­

vistas transformadasemqua­

dros. Sobre uma mesinha o

telefone,

num

canto,

o sofá

paraas "visitas".

Entraumamulherde meia­

idade,

morena: a vozdotelefo­

ne.

Roupa

justa, maquiagem.

Apresenta-se,

éJane.

Cumpri­

mentaa

candidata,

convida-a

sentar-se e ocupa o

lugar

ao

lado dotelefone.

Depois, expli­

catudooque

poderia

interes-.

sar uma

aspirante

a

massagis­

ta.

Teste

O "curso" incluiaulas

práti­

cas e teóricas de massagem,

dança

e

ginástica.

A minis­

trante é a

própria

Jane e a

duração

éde 90 dias. Comum

detalhe:

na

primeira

sema­ na aaluna deveatendera um

cliente,

escolhido porJane.

É

ele quem decide se a

garota

está em

condições

de conti­

nuar ou não.

Afinal,

lembra sorrindo: "o cliente

manda,

é

elequem

paga".

Se foraprova­

da,

agarota já poderá

começar

atrabalhar normalmente.

O clienteque

pede

uma mas­

sagista

tem direito aduasho­

rasde

serviço,

ondea massa­

gem é

obrigatória, já

que éa

fachadada

prostituição.

Jane

explica

as normasdacasa: uso

obrigatório

de

preservativo,

sexoanal

proibido

(o

medo da

Aids),

oral

optativo.

Além.dis­ so, a

garota

deve

apresentar

seus documentos

após

duas

semanas emaisumtesteanti­

Aids a cada 15 dias. Nenhum

cliente

pode

sabero

endereço

dacasa.

"Free-Lance" O

serviço

demassagens fun­

ciona das 11 da manhãàs3hs da

madrugada,

dividido em

turnos. Cada

garota

deveaten­

derao menos um cliente por

dia,

mas amaioria''é ganan­

ciosa" diz

Jane,

"trabalham

emquase todosos

horários,

pensam em dinheiro". Evi­

dentemente,

a

professora

não

precisa

teressa

preocupação,

afinalelafatura

50%

detodos

os

ganhos

desuas

pupilas.

Após

o

telefonema,

a massa­

gista

vai detáxi atéolocal do

encontro,

escolhido

pelo

fre­

guês.

Pode ser uma residên­

cia, boate,

hotel ou motel.

O,

cliente

pode

ser

jovem,

velho,

homem, mulher,

casal.

É

ele

quem, além da taxa

(atual-mente, Cz$ 10.000,(0),

pagao

táxi.

Jane é muito

"protetora":

mandaemboraquem

desobe-decer

qualquer

norma, mas

fazaressalva dequeasmeni­

nas nunca lhe deram

proble­

mas.

Segundo

ela,

suas garo­

tas nunca se

prostituiram

antes,

e na sua

opinião,

nem o

fazem agora. As massagens seriam apenas um "free-lan­ ce"que

complementao

salário

dosempregos

oficiais,

algo

de

alto nivel.

Afirmanão.permitir

quenenhuma

garota

trabalhe

em sua

agência

maisquecinco

meses,

tempo

suficiente para que superem as dificuldades

financeiras. Acrescenta ainda

mais uma

ínrormação:

agen­

cia também rapazes bisse­

xuais.

A

qualquer pergunta

sobre

possíveis complicações

com a

policia,

Jane dá um sorriso

tranqüilizador

e

responde

que

não há

problema algum:

"os

policiais

são

amigos.

De vez

emquandofazematéuma

visi­

ta,

sem mexer com as meni­

nas." Dizainda quese

alguém

maltratarumadas

garotas

po­ de se

prevenir,

pois

aPolicia Federalthe dá cobertura...

Convênios

Entre

perguntas

e respos­

tas,

a dona da casa

preenche

umafichacom

todos

osdados

da

candidata,

o turnoem que

ela

prefere

trabalhar,

alémde examinar o físico da

garota.

Entrega

cartões de visita de

massagistas quatro-estrelas,

acrescentando que mantém convêniocomtodososmotéis

do

continente,

e ainda com

hotéis como

Diplomata,

Flo­

rianópolis,

Plaza Caldas da

Imperatriz

eoutros.

Pergunta

qualonomequeagarotagosta­

riade adotar

profissionalmen­

te e avisa que é· necessário

possuirvestido

e

sapato

social,

"algofinoe discreto",

uma vez

que a

massagista

nuncasabe

aocerto paraondeterá queir

..

Jane só

declara,

orgulhosa,

que "os clientes sãotodos de

alto

nivel,

as meninas

an­

dam em carrões ef se derem

sorte,

nem

precisam

tran­

sar."

Esclarecidas todasasdúvi­ das ecuriosidadedacandida­

ta,

Janese

propõe

ámostraras

outras

dependências

da'

casa.

É

hora deencerrar aentrevis­

ta,

a

"empresária"

dizque tem outras candidatas aatender.

O restante dacasa

compõe­

se de uma salinha com um

colchão

sujo

no

chão,

onde são

dadasasaulas demassagem,

umacozinhaondeasduasou­

tras

massagistas

conversam e umagaragemescuraqueJane

afirmaser umestúdiodedan­ çae

ginástica.

Ela acrescenta que caso

alguma garota seja

recém-chegada

na cidade e

.esteja

semter onde

ficar,

pode

tomar-se residente. As de­

mais, cercade

seis

garotas,

só aparecemnoshoráriosdeseus

turnos.

Seacanditada

agradar,

Ja­ ne a leva até os fundos e

mostraumasaída

discreta,

a

"saída das

massagistas".

Es­

se

pode

seroiniciodeumanova

carreira habilmente

explora­

da.

Nilva Bianco

OS

HOMENS

Deixou

de ser exclusivida­ de das mu]heres a

prestação

de

serviços

de

"massagens

es­

peciais"em

Florianópolis.

Os homens começam a ter vez nestemercadoque crescedia' adia.Antes,

pensávamos

que só ern cidades maiores, isto

poderia

acontecer. O merca­ dode

"serviços especiais"

exe­ cutado por homens,

ultrapas­

sou astelasda TV-novela Olho por Olhoda Rede Manchete- e

chegou

ao cotidiano da

Capi­

tal.

"Dê

preferência

bissexual". Assim reagiu a Sônia

quando

tentei me inscrever ern sua

equipe.

Ao responder-lhe que

topava qualquer tipo

de

relação

sexual, ela começou a pedir

minhaficha

completa.

Altura, peso, cor da pelee dosolhos,

cabelo, e que fazia e outras coisas do

gênero

...

Primeiramente deveria pas­ sarpelomesmo cursodemas­ sagemdasmulherese

depois

...

Bom

depois

eraação.Transar corn' homens, mulheres, ho­

mens emulheres, agradare ser

contratado. "Vou trabalhar muito? Quanto vou ganhar?"

Foramas

perguntas

quefiz a

seguir.

Sôniarespondeuqueo

mercado estava crescendo. "Este

tipo

de

serviço

paraho­

mens está começando agora, mas

já existemalguns

clientes cadastrados. Estamos come­

çando

a ter lucro". Dez mil cruzadosacadaprograma para virar amante

aluguel.

Ah!Cín­

co mil ficam corn a

agência.

Você

topa?

João Carlos

Grando

(4)

o

General

com um

no

passado

Difícil

parto

Café da

manhã,

camas e

quartoslimpos,

umestatutode funcionamentoe uma

direção

de estudantes. Tudo isso por

umpreço simbólico. Esta éa

moradia estudantildaUniver­ sidade Federalde SantaCata­

rina(UFSC)a

queduraspenas sai do chão..

A

primeira parte

daobra deve estar

pronta

atéo finaldeste

semestre,

eteráuma

capaci­

dadepara130

lugares.

Aotér­

mino do

projeto,

1200uníversí­ táríos

poderão alojar-se

em

cercade 450

quartos.

Estudan­

tes quenão vão mais

precisar

sesubmeter à

exploração

dos

aluguéis

florianopolitanos,

queos

impede

muitasvezesde

concluirseu curso ouatémes­ mo

começá-los.

Porém,

falta

definiroscritériosde

seleção

dos futuros moradores. Para

isso,

o Diretório Central dos Estudantes

(DCE)

irá

reali-Escola

de

Guerra

propõe

Amnésia Nacional

A Escola

Superior

de Guerra

foicriadaem

1949,

eneste

tempo

sempe esteve subordinadaaoEs­ tado Maior das

Forças

Arma­ das- um

órgão

assessor do Pre­

sidente da

República. Seguindo

esta

lógica,

aESG ministra cur­ sosde"Altos EstudosdePolitica

e

Estratégia".

O atual comandante da

Escola,

GeneraldeExército Oswaldo Mu­

niz

Oliva, afirma,

porém,

que "não existea

intenção

deinterfe­ rênciana

politica

do

pais".

Masas

polêmicas

e

contradições

emtor­

nOdasidéiasdaESG,

edanecessi­

dade desua

existência,

nãoparam

ai.

Ao

longo

da conturbada histó­

ria do

brasil,

a Escola

Superior

deGuerra sempre esteve envolvi­

da em

questões

conflitantes. O

maior

exemplo,

edo

qual

aesquer­

dabrasileira

(jamais)

vaise es­

quecer, foia

aplicação

efetivada

Doutrinade

Segurança

Nacional,

durante um dos

períodos

mais

críticos da

nação:

aditaduramili­

tar,

iniciadaem1964. Eapesarde tudooque

houve,

a

Doutrina,

que

foi criada há mais de 30 anos,

permaneceintocada. Comosefos­

se umacartilhanaverdade.

Nosúltimosdias 19e20 desetem­

bro,

a

imprensa

de

Florianópolis

pôde

sedefrontarcomesta"ver­

dade".Alunos

daESG,

cuja

turma ironicamentesechama'

'Centená-zar um seminário com a in­

tenção

detornar este proces­

so menoselitista

possivel.

Amoradia estudantil está lo­ calizadaacimado

Colégio

de

Aplicação

e as obras inicia­

ram nocomeçodoano.Masa

construção

caminha lenta­ mentee quase

parando

- difi­

cilmente irá bater

algum

re­

corde

olímpico

na

engenharia

civil. - A Universidade não

liberaverbas

-parece quever­

ba neste

pais,

só para pagar divida externa.

-Libera ape­

nas

alguns

pedreiros,

alémde

ter fornecido o

projeto

arqui­

tetõnico daobra.Nestesemes­

tre,somenteodinheirodataxa

dematriculadosalunos - me­ nos de

quatro

milhões - foi

empregado

namoradia estu­

dantil. O resto é

conquista

dos

próprios

universitários,·

do

DCEedasCasas de Estudan­ tes

(CEUs).

-rioda

Abolição",

visitavamaCa­

pital.

Junto com

eles,

o General OswaldoMunizOliva. Cobertode medalhase

estrelas,

umaverda­ deira armadura

viva,

otodo

pode­

roso da ESG não teve estrutura

para enfrentarcertas

perguntas.

As mãos do General tremiam e suasfaces setornavamaverme­

lhadas

-nominimouma

situação

embaraçosa

paraquemsentepe­ sadeloscomestacor.Asassocia­

ções sugeridas

entre a ESG e a

Várias Universidadesdo

Bra­

sil

possuemamoradiaestu­

dantil.

Entre elasaUniversidadeFe­ deral do Rio Grande do SuI

(UFRGS),

Universidade Fe­ deral do Paraná

(UFPR),

Universidade de São Paulo

(USP).

Segundo Rejane

Gomes,

Pre­

sidente do DCE da

UFSC,

"

Em todas estas Universida­

des,

amoradia

estudantil,

nasceu

depois

deumahistória

política

de

força

eluta.Esem

dúvida,

sua

constução

vai

aju­

dar no crescimento do mo­

vimento estudantil em nosso

estado. Vamos descruzar os

braços!

Educaçãoéumdireito

quenosé

justo"

conclui

Reja­

ne.

João Carlos Grando

tortura no Brasil atormentaram

asidéiasdocomandante.

"Naque­

le

período

saimos de um triste

quadragésimo

lugar

naeconomia

mundial,

para subirmos àoitava

posição"

,

justificou

ele,

sem

expli­

carque mecanismo é esteque faza

tortura incrementaraeconomia. Paraevitar

ínconveníentes,

oGe­

neral Oliva tem uma

sugestão

fabulosa-aamnésianacional.

preciso

esquecero

passado,

olhar

paraofuturo"

,repetiueleaolongo

.

das

viagens

queaEscola realizou

no último mês e que

incluíram,

além de

Florianópolis,

passagens

por

Campo

Grande,

Corumbá,

Ponta

Porã,

Porto

Alegre,

Bento

Gonçalves,

CuritibaeFozdo

Igua­

çu.

A frase em

direção

ao

futuro,

pronunciada pelo

comandante,

se

contradizcom

outra,

enriquecida

com ranços do

passado:

"Não

vamosmudaraDoutrinade

Segu­

rança

Nacional",

assegurou,

"porque

ela

é

completa

etem

objetivos dignificantes

para·o

Brasil. Isso só_deve

ocorrer se

houveruma

mudança significati­

va no

pais".

Ou

seja:

trata-sedeum

invejável

descaso

com a nova

Constituição

Brasilei­

ra.

"

Os militares têm

papel

dife­

renciado dentro da

_

sociedade",

legisla

o comandante. No entan­

to,

ante à

sugestão

de

partícípa­

ção

da ESG na

sociedade,

atra­ vés de auxilio à defesa civil

-como nocombateaincêndiosem

florestas,

por

exemplo

-, retirou

a

tropa.

"Issoé coisa para bom­

beiros",

defendeu-se.

Aparentemente

o General se es­

quece que a vida é um

jogo

de

espelhos:

nãohácomoolhar para afrentesem

perceber

oque está

por trás.

Assim,

neste

jogo

de

espelhos,

surge o inevitável: .ê

impossivel

esquecer o

passado

-até porque certos atos não se

esquecem

jamais.

OndeoGeneral acerta é que o futuro do Brasil

pertence

aos

jovens.

O que se

espera,

porém,

é queumdia eles

seencontrem.

Milton

Spada

(5)

Mineiros sentam

no

lugar

do

reitor

Elesestavamem

operação

deguer­

ra.

Alguns

controlavamquem entrava e

saia.

Outrosdiscutiamtáticasa se­ remadotadasno

clarear

do dia.Notas eram

redigidas,

comissões dividiam tarefas. Emcolchonetes

dispostos

no

chão,

debruçados

sobreasmesas,sen­ tadosnacadeira doreitor,osestudan­ tes dormiam, marcados pelo ritmo frenéticodo dia. No recuo,alguns

joga­

vambaralho parao

tempo

passar mais

depressa.

Em nenhum momento, o campo de batalha foi abandonado. No ar, um sentimento de

angústia

com os últi­ mosboatos: a

Justiça

Federal havia dadoumprazoparaqueelessaíssem

e a

policia

dechoqueameaçava invadir olocal.

Foiestaa

situação

vividapelosestu­ dantes da Universidade Federal de

Viçosa,

emMinasGerais,nodia 10 de setembro

passado.

Elesinvadiramo

prédio

daReitoria e

exigiram

a no­

meação

do primeiro nome da lista

sêxtupla

de candidatosareitor,levada à Presidênciada

República.

A

alguns

metrosdali,

participantes

deumCon­ gresso de

Comunicação,

vindos deto­ dasaspartes do

pais,

surpreendiam­

se: osestudantes negavam-seaaban­ donar o

prédio

mesmo

depois

de circularanoticiadequesua

exigência

seriaaceita.

Aparentemente,

sabiamo

queestavamfazendo. "Nãosairemos

daqui

nem seremosdivididos

enquanto

a

nomeação

não foroficializada",de­ claravaRita, uma morenabaíxínha.­

dinâmica,decabeloaneladoecurtoe um

eterno

ar

vigilante

nosolhoscasta­ nhos

-Agora

não sei se vou dar

informações

avocês",disseelarepen­ tinamente para duas estudantes de Santa Catarina que

participavam

do

Congresso

de

Comunicação.

Aolado,

encostavaumacaminhonetedaRede

Globo,quelhes dariacarona.Aconfu­ são- e a

desconfiança

também tinha

espaço entreeles.

"Ataxadeaderência está sendolenta,

mas sepercebequeo

pessoaÍ

estácada

vezmais consciente", avaliava Celso Lins de Oliveira, da Assessoria de

Imprensa,

num dia

após

a invasão. Horas

depois,

a

situação

mudava:

pi­

quetes

foram formados em todos os

centros,umgrupo assumiaatarefade mantero

prédio limpo

e o

patrimônio

preservado,osinformes corriamcom

rapidezeeficiência.Numaassembléia que envolveu cerca de 600 alunos,

foram tomadas decisões fundamen­ tais para queomovimento retomas­

se a um

pique

de

campanha.

Não foi em vão. A comunidade uni­ versitáriade

Viçosa

fezo quenão foi

possivel

fazer nas universidades fe­ derais do Rio Grande do Sul e da

Bahia,naUNIRIO (RiodeJaneiro)e naUNIR(de Rondônia).

Nestas,

ape­ sarda revolta dos

estudantes,

osreito­ resempossadosnãoforamos mesmos escolhidospela

eleição partidária.

Na UniversidadedoMato

Grosso,

oreitor escolhido está

aguardando

hámeses sua

nomeação pelo

MEC.

Porisso,oexemplode

Viçosa

é,antes de maisnada,a

comprovação

dequea universidade democrática quesebus­ ca requerumtrabalho

insistente,

às vezes,commuitaaudácia.

BICICLETASE UDR

Durante umasemana, o movimento

grevista mobilizou a

Fundação

Uni­ versidadeFederal de

Viçosa,

que pos­ suicinco mil alunosemantém convê­ nioscomempresascomo a

Itamaraty

(de Mato Grosso do Sul) e a Dow

Quimica

(de São Paulo), que

foi

presidida

peloex-mínísto doSNI,Gol­

bery

doCoutoeSilva.Celso Lins coloca a

questão

como a

preparação

de "mão­ de-obraespecializada,comaltatecno­

logia,

para trabalhar

pelos

interesses doGovernoedasmultinacionais que

pagam.Não

de formarum

profissional

critico,

com

capacidade

decontestara sociedadeesabersua

função

social". Andandopelocampus,oquese

percebe

é uma

heterogênea manifestação

de camadas sociais.Há

alojamentos

ba­ ratosdo lado de dentroe

prédios

de

apartamentoscom

aluguéis

bemmais carosdo lado deforadauniversidade. Tudo está lotado. Hágentequeanda de bicicletaehácarrosdoano emotos. No

refeitório,

camisetas fazem propagan­ da tanto da UDRquanto da reforma

agrária,

mas todoscomemo mesmo

feijão

com arroz e tomam o mesmo leite.

O novoreitor, por sua vez,

conta com um

problema antecipado:

"não

nos interessa

qual

o nome

figura

no

topo

dalista

sêxtupla

doscandidatos. Oque queremos é queesse nome

seja

respeitado",

explicou

Antônio César deSouza,

presidente

doDCE.Ecom­

pletou

comdecisão: "apartirdopri­

meiro dia demandato,seremosoposi­

ção".

Antônio

Fagundes,

onomeado,

foi reitor da Universidadede

Viçosa

tido

como umdos

pais

dacidade univer­ sitária.Nasua

primeira gestão,

de 1974

a78,

praticamente

construiuo a cam­ pus,crioucargosedeuempregoscom salários quesãoo

triplo

doqueganham

os que executam a mesma

função'

fora doslimites daUFV.

Em83,nocargode

pró-reitor

deadmi­

nistração

-criado por ele na

gestão

anteriorfoiacusado porrepressão

poli­

ciale

perseguição

politica

aosuníversí­ tários.Aindasenãobastasse,criouo

140salárioe

suspeita-se

de desvios de verbas.

Aparentemente,

osestudantes sabemoque estão fazendo.

Maria Alauci

Macarini

OUT-88

ZERO

P

(6)

Cuidado!

.

Nino

Noya,

esteseucolunista ex-clu-si-vodo

ZERO,

vai fazer uma

peregrinação pelos

bares,

restaurantese similares desta

city.

Não, fofinhos,

nãovoutra­ zer

aquelas

dicazinhas chatas de

gastronomia

nemoutras bai­ tolices do

gênero,

e sim um verdadeiro

serviço

de utilidade

pública:

o

ranking

dos sanitá­ rios de

Floripa.

A

partir

do

próximo

número,

vou

divulgan­

doa

classificação

dos

lugares.

Bem

devagar

prá

ir

despertan­

do acuriosidade

(só

assim vo­ cês valorizam maismeu

ZERO,

gatões

...

).

Ai vãoumas peque­

nas

orientações

sobre aescala

Richter/Noya

de insalubridade embanheiros.

Esta escalafoiinventada

depois

de uma

feijoada

na casa de campo de umafamosa socialite. Sofriumrevertérioe,

enquanto

meditavano

trono,

resolvi pas­

sarotempo. Vejamoquesobrou

depois

que dei

descarga

pela

primeira

vez

(nem

tudo desce

na

primeira):

A

pontuação

vai de zeroadez,

sendo diretamente

proporcio­

nalà

periculosidade

do ambien­ te analisado.

Zero- Banheiro

perfumadinho,

geralmente apelidado

de toile­

te,

com

espelho redondo,

toalha

limpa,

sabonete

liquido

e

papel

higiênico

macio com odor

jas­

mim. A

descarga,

quando

acio­

nada,libera desodoranteno va­ so.

Um

-Tampa

do vaso

mijada.

Ah,

essa

rapaziada

de

hoje

não tem mesmo

pontaria!

Pente-lhosnochão. ,

Dois - Pia e chão

mijados.

Acompanha

ofe-dorzinhocarac­ teristico.

Faltaáguana

torneira eo

espelho

estátrincado. Você

tem uma

ligeira

pressa em

sair.

Três -

Barata esmagada

no es­

pelho.

Dentro dovaso,tal

qual

flotilhas

inglesas singrando

o

alto-mar,dois

tijolinhos

o enca­ ramcomternura. Você

prende

a

respiração

e olha o

relógio,'

rezandoprá

conseguirterminar

oxixi de

cerveja

omais

rápido

possível.

Quatro

-Toalha de pano molha­ da e

apresentando coloração

ligeiramente

estranha.

Papel

higiênico

comaspereza

equiva­

lente a lixa de metal.

Esgoto

abertonocanto maisescurodo W.C. As

portas

identificam masculino e feminino com ca­ pas da revista

Amiga.

Cinco

-Descarga quebrada.

Aliás,

nuncafoiusada,

pois

não há

ligação

de

água.

Numcanto,

umabaciacheia deum

liquido

turvo espera que

algum

incauto se

arrisque

a lavar o rosto.

Quando

issoacontece, umpro­ tozoário se

posta

de

braços

abertos diante da vítima. A

porta

do banheiro traz uma

porrada

de

grafitos

que cha­

mam você de

tudo,

menos de bonito. Fedor quase

insuportá­

vel.

Seis - Não hávaso. Prá soltar

barrovocê

precisa

ficarde có­ corassobreumburaconochão.

Papel?

Nem pensar. No máxi­ moum

jornal

dasemanapassa­

da,

página

dos

editoriais. Na sua

frente,

rabiscada

napare­

de,umafrase que é

impossível

deixar de ler: "Se você

deuo

rabinho, dê uma risadinha...

"

Na

saída,

você pensa

em

colo­ carafedentinanuma

garrafa

e

usarnaguerra

química

Irã-Ira-que. ,

Sete- °escuroé total. E estra­

nho, nenhum cheiro... Você se examina melhor e constata a

morte clínica de seunariz (foi

demais

prá

ele).

"Como avísar os

parentes?",

meditavocêen­

quanto pisa

em

alguma

coi­ sa maleável.

Oito

-Ambiente quase indescri­ tível. A

primeira imagem

que lhevemà

cabeça

é

aquele

filme

italiano,"A

Comilança".

Sobre a

pia

quebrada,

vômito ainda

quente,

porção

para

quatro

pes­

soas.

Nove -

Pesquisando

um pouco

mais,

é

possível

perceber

no

vômito um resto de

caipirinha

amargae

alguns

fiosdema­ carrão. Seolocalfor deluxo,a

caipirinha

éde vodca. Do con­

trário,

de

cachaça.

Dez-A atmosfera não

permite

a

existência de vida.

Donos debares,restaurantese

similares, tremei! Nino

Noya

vai pegar nos

pés

de vocês.

Tchau,

queridinhos

... I am the

best!

Quem

levou,

levou.

Agora.

vaiserdureza

Tiro

o

-moo,

tiro!

Bancade revistaemfrenteao

CentrodeConvivênciadaUFSC,

llh30 da manhã. Vinte e sete

pessoas num espaço de dezoito

metros quadrados: esta é uma

ótimaoportunidadeparavocêle­

varparacasaaquelarevista gos­ tosa, mas que está além deseu

orçamento.

Tudo o que você deve fazer é entrar com sua'

pasta

aberta,

aproveitarotumultopara "passar

amão"noque desejae "sair de fininho".

Osfurtossãofreqüentes,equando alguémésurpreendido,devolveo material,semque nada theacon­

teça de mais grave, a não ser

escutarumabroncadogarotoque

alitrabalha, Eduardo Di Biondi. Com três anos de casa, ele até arrisca a

traçar

um perfil das

preferênciasdos' 'arrochadores". Os rapazespreferemasrevistas de armas e esportes (principal­

menteInsideeFluir),bemcomo as pornográficas. As garotas fi­

camcom aBizz,Cláudiae

Capri­

cho.

Hátambémumaturmaespecial,

os colecionadores de selos, que rompemo

plástico

da"Selo"para carregaremasestampas deseja­

das. Porém, apreferência geral

dos furtadores recai sobreosdo­

ces,chocolates, chicletes,etc. "A maior parte do pessoal que rouba estuda na UFSC, mas os

alunos do

Colégio

de Aplicação também fazemsuasvisitas", diz Adriana Espindola que auxilia Eduardo. Elaseadmira que mui­ tosdos''espertinhos" sejamfilhos deprofessoresefuncionários.

A.C.G., um aluno da Universi­

dade,confessaque

levou

algu­

mas"Inside"paracasa,e sedes­

culpadizendoquetem vontade de lerarevista, mas achaque não valeapenacomprá-la.Háquem

.

-...,..

•• , ••• :I � •

Nino

Noya (D.V.)

acheospreçoscarosdemais,eque

com essacriseomelhormesmoé

"passaramão",

O dono da banca, Antônio Reis

de Carvalho, faz mensalmente

um balanço, e quando há dife­

.rençacomoacontece quasesem­

pre, cobra-adeseusempregados.

Paraelenão existeprejuízo,mas

lamentaqueodinheirotenhaque sair do bolso de EduardoeAdria­

na,E Antônioquestiona:

"De que valeadquirirculturarou­

bando?"

Mas se vocêpensouemdaruma

passada amanhapelabanca para furtaruma "Veja", uma "Play­

boy", ou umchocolate, émelhor pensar duas vezes antes, pois

Eduardoprometequeapartirde agoraadotaráuma atitude mais sériavaiacompanhar''o arrocha­ dor" até a Polícia do Campus,

Afinalcomoeledizesequeixa,"os

neguinhosnãoarrochamdodono, massim de quem trabalha todosos

dias, das 7h da manhã às 5h da tarde".

Glauco

Galenes

(7)

...'...- }L'.... _..._ ,.._ ...._ '"•__ '_..._�_-. ...�_" _••_",._..•••.... _. _..•,••, '••' ,••�.�... ....,...lo•••••••_ ...' �_' .._ ...� ', .._.,.,0_'...�,'.,_.,. ..._ ..

�."._ '."�__..'_...__ • � � _ • ... .. "�...._

Os

sem-terra

impõeml

a

luta

continua!

Os

agricultores

sem-terra de

Santa Catarina

não

se

.

assustaram

com o

fim

da

reforma

agrária

na

Constituição,

que

a nova

carta enterra

qualquer perspectivã.

Reunidos

em

Ponte

Serrada,

no

dia

11

de

setembro,

35 mil

agricultores

mostraram que

não vão

ficar calados.

Na 3a

Romaria da

Terra

de

Santa

Catarina,

eles expressaram

sua

religiosidade

e

disseram que

a

luta

pela

terra

continua.

Para

eles,

a

terra

pertence

a

todos

os

homens

e

não

pode

ser

apropriada

por

poucos

privilegiados.

Os trabalhadores urbanos também

participaram

da

Romaria,

pois

sabem que

os

problemas

que enfrentam

nas

cidades

tem

origem

no

monopólio

da terra

(leia-se:

latifúndios).

.

(8)

A

produção

pode

ser

coletiva

Um pouco além do trevodeIrani, à direitade quem vai paraoextre­ moOestecatarinense, pelaBR282, estáumdos

primeiros

assentamen­ tosinstalados

pelo

Mirad,emSanta Catarina. São 596 hectares traba­ lhados por32

famílias,

que

plantam

hádoisanosecolhemháum,

jáquea

terra tem

problemas

defertilidade. Elas têm que vencer mais esta

barreira,paranãoserem

despeja­

dascom a

alegação

dequenãotem

vontadedetrabalhar,maseles não

perderam

aesperançademelhorar suacondiçãodevida, nemabando­ naram aluta dequeforam

pioneiros

emSanta Catarina.

O assentamento25 de Maio

-uma

recordação

e

homenagem

à datada

primeira ocupação,

em1985- foi

a sede da 3aRomaria da Terra em SantaCatarina.

Em 1985, Santa Catarinaera co­ nhecida como um Estado que não tinhaproblemasfundiários.Isso foi atéodia25demaio, quandotrês mil pessoas ocuparam uma área em

Mondai,noextremoOeste.

Depois

dediversos assentamentos

provisó­

rios, 32familias- cercade 300

pes­ soas- acabaram sendo

instaladas,

ou

jogadas,

em Ponte Serrada, a oito

quilômetros

dacidadeea531de osromeiros,

cumprimentando

Florianópolis.

uns e

outros,

"comomilitanteda Nonovo

município

encontraram reforma

agrária"

,atéo

delegado

uma comunidade fechada, que se

doMirad/SC,JacóAnderle,inter-

esforçavapara

parecerocontrário.

pretou

a

manifestação

como Encontraram

umaIgrejabemdífe­ "mostrada

insatisfação

dos

agri-

rente cujo bispo, Dom

Henrique

cultores frente ao

projeto

de re- Müller,

da diocese de

Joaçaba,

três anos depois ainda faz

questão

de

formaagráriado

governo; umato lembrar queasfamíliasvieram de de

'repúdio

aos constituintes que outrasdioceses(comosenão

pudes-optaram pelo latifúndio,

que é a

semmudar de

lugar).

E encontra­ basede

sustentação

do

poderpoli:

ramtambémumaterra

improduti­

tico

oligárquico

rural".

va, abandonada

pelos

quedetinham O coordenador estadualda Co- o

papel

de posseequesechamavam missãoPastoraldaTerra,Carlos de donos. Mas estes só souberam

Bellé,impressionadocomamaci-

tirara madeiraque existia nela. ça presençade

agricultores, prin-

Ainda assim talvez tenha sido

cipalmente

dooeste

catarinense,

mais fácil mudar a

situação

da

onde ocorrem mais conflitos de terra,embora

ninguém

saiba

expli­

terra,

avaliaque

"estafoiamaior car - ou não lembra - como as

romaria

realizadanoBrasil". famílias sobreviveramno

primeiro

Belléjácomeçaapensarnaquar-

ano,quandotrabalharamaterrae taromaria, que,

provavelmente,

nãocolheramnada.

seráemLages.

Elessabiamqueteriamqueadubar

Já o

teólogo

colombiano Al- e

corrigir

o solo para não colher fredoFerro,que percorreoPais nadana

primeira

safra.Masa von­

desde março desteanoparaum tadeeramaisforte(seráqueaUDR

acompanhamento

e estudo teo-

seriatãopersistentenotrabalho?)e

lógico

dasromarias,dizqueesseé eles continuaram.

.

.

umfenômeno

singular

doBrasil. Trabalho coletivo "Mostra que a

Igreja, aqui,

tem Os trabalhadorestiveramque

jo­

um trabalho de base como ne- gar 30 toneladas de calcário por nhum

partido politico.

hectare para

garantir,

na

segunda

As romarias das terras (são 40 safra, uma colheita total de 700 por ano no Pais) se

distinguem

sacasdemilho,150 dearroz e1M de das romarias tradicionais a lu-

feijão.

Mas issonão será suficiente gares

sagrados

por todoumtra- para asobrevivênciadas famílias balhode

preparação,

deconscien- duranteoano,porissoelasdeverão

tização prévia

da maioria dos continuar dividindootempoentreo

partícípantes".

trabalho em sua terra e na dos A Romaria de Ponte Serrada outros, onde pagam arrendamen­ terminou com o

plantio

da cruz to.

de cedro e a

bênção

e distribui- Aotodosã0317famílias-oscasais

ção

de 500 Kg de sementes de

têmentre30e50anos-quevivemem

arroz, milho e

feijão. É

o aviso um

município

marcado

pelas

gran­

dossem-terra de que, com a despropriedades.Dos 106 mile200 derrota da reforma

agrária

na hectares de Ponte Serrada, 52%

Constituinte, os

acampamentos pertencem

a25

proprietários.

Des­

vão continuar se

multiplicando

tes, quatromilsomam28 milhecta­ nas

propriedades

dos "tubarões res.

das terras sem-fim", como diz

Masosnovosdonosdaquelaárea­

"seu" Marcolino,umpequeno

quehojelevaonome

"Assentamen­

agricultor

deConcórdia. to 25 deMaio" - têm

mais coisasa Razões para invadir não fal-

ensinaraquemnãosabefazeroutra

tam. Os 20 maiores

proprietá-

coisa quenãosejaacumular terra. rios do Pais controlam20.219.412 O grupode

jovens

do assentamento

ha, 5%das terrasbrasileiras, tem uma área onde tentam fazer

igual

à mesma

quantidade

que uma

produção

coletiva.Elesestão possuemcerca

"e

3,3milhõesde apenas iniciando e por isso têm

agricultores.

As

multinacionais

muito que

aprender.

Mas sabem possuem36milhões deha., 9,7% que sóvão

conseguir

implantar

sua

do

Pais,

o dobro das terras dos

propriedadecoletivadepoisdemui­

camponeses. O maior latifúndio tas tentativas e iniciativas, como

do Pais tem 2,5 milhõesdeha. E aconteceuem85. falta terra?

Dom

José Gomes:

"A

UDR

"A

luta de

contra

o

povo

brasileiro"

classes está

Desde

sexta-feíra,

9,osromei­ ros começaram a acampar no assentamento "25 de Maio". No sábado vieram mais. Domingo, ummarde

gente, ônibus, paus-de­

ararae carrosde

passeio:

35mil

pessoas de todos

os pontos

do Estadoinundaramaterra

preta,

arada,seca eadubada à esperada semente. Vieram também dele­

gações

doParanáeRio Grandedo Sul e.observadores

estrangei­

ros.

Grupos

de violeiros e sanfo­

neiros, tocando músicas serta­

nejas adaptadas

a letras

agrá­

rias, embalavam a multidão crescente. Oroncodoscarros eraabafado

pelas

vozeshumanas que brotavam de todos os lados

numcanto de encontroe

protesto.

Umafilainterminávelde ônibus

despejava

homens, mulheres e

crianças

demãos

calejadas

echa­

péus

de

palha.

Ocampoe acidade

se

abraçavam

nosrostosdetodas asraçaseroças,nosolharesan­

gustiados

eesperançososdecolo­ nos e

operários.

A Romaria daTerra reuniu o povoemguerra contraolatifún­ dio.

A"classeroceirae aclasse

operá­

ria"

jánão

esperam maisaRefor­

ma

Agrária

da "nova"

Repúbli­

ca, que

prometeu

distribuir 43 milhões de hectaresnoPaise,até agora, não

desapropriou

nem 10 milhões.

.

Em Santa Catarina, 1.577 famí­ liasde

agricultores

sem-terra

conquistaram,

atravésde ocu-r,

pações

e

negociações,

....mil hec­

tares. O Mirad/SC

prometeu

as­ sentar29 milfamilias até 89.

Cento e

quarenta

e cinco mil famílias (700 mil

pessoas)

que­ remvera "terra

prometida"

.

- Não

importa

terem

parado

a reforma

agrária

na Constituin­ te. Elavaiacontecer,porque este povo val

exigir

mudanças

naleie

fazercomque asterras abando­ nadas nas mãos dos latifundiá­

rios, um dia, caiam namão dos trabalhadores que delas

preci­

sam enelas querem

trabalhar,

diz

o

bispo

de

Chapecó,

Dom José Gomes.

A cena lembra os filmes de Franco Zefirelll ("Os Dez Man­

damentos", "Jesusde Nazaré") ou o

�xodo

doshebreus do

Egito

rumoà Palestina.

Depois

deum

quadro

sobrea

situação

dotraba­ lhadorno campo, o

formigueiro

humano toma formadeumrioe

começaa "caminhada" de dois

quilômetros.

Umanuvemde

poei­

raamarela da estrada que cortao assentamentoseergue por entre as faixas, cartazes e a cruz de

cedro, símbolodas romarias. "Eles (os sem-terra) enfrentam um faraó muito mais

poderoso

queodo

Egito,

que éamilitariza­

çãodocampoetodaessafaltade leis para

proteger

o

agricultor",

compara Dom José.

A

procissão

pára.

As mulheres

agricultoras

e

operários

sobem aopalco,

improvisado

sobre um

velhoScania,para denunciarsua

discriminação

e

marginalização.

O rio de

gente

avança mais um poucoeéa vezdojovemda roça dizerpor que estáem"êxodoru­ ral".Pede

articulação

entrecam­

poecidade. Maisadiante,exibe­ se oquadrodoentiodasaúdebra­ sileira:10milhõesde

leprosos,

13 milhões de deficientes,

doença

de

chagas,

câncer,

lombriga,

cá­

rie...Aids...

É

meio-diae o povo está com fome. Senta-se num

sub-bosque,

no meio da mata. Não há só oscinco

pães

etrês

peixinhos

do Monte Sinai, mas a "bóia" de cada um entra na

partilha.

Os

desprevenidos

pagamCz$ 100,00

por um sanduiche de

queijo

e mortadela. Para desembuchar, sete bicas de

água

corrente e

refrigerantes

apreço de merca­

do. Um show de músicas serta­

nejas recheadas de trovas des­ contraiatodos.

Depois vem a

celebração

das

conquistas:

a terra, a diversifi­

cação

da

produção, adubação

verde,

cooperação agricola,

as­

sociações-

de

produção

e comer­

cialização

e

sindicalização.

Os

primeiros

frutos da terra con­

quistada

são ofertas sobreoaltar coberto de lona

preta

dosbarra­ cos dos

acampamentos.

Juntam­ se também as colheitas das se­ mentes dístríbuídas na romaria anterior.

-Aqui

estáumaprovadequeo povo nãosedobra diante

dás

leis

injustas

e vai

conquistando

seus direitos. Pelas

propostas

do go­

vernoé quase

impossível

sair reforma

agrária.

Os assentamen­ tosaté agora realizadossãofruto -dapressãodo

próprio

povoenão da eficácia do Mirad. E a UDR está fadada a

desaparecer,

por­ que é contraopovobrasileiro",

declarou Dom José Gomes, sob

aplausos,

duranteosermão.

Geraldo

Hoffmann

Discretamente infiltrado entre

se

aguçando"

o

sociólogo

e

deputado

constituinte FlorestanFernandes(PT-SP),quees­ teveem

Florianópolis

eBlumenau,no último dia 31 de setembro, não vê

solução

paraa

questão agrária

dentro daordem

capitalista

institucionaliza­ da.As

mudanças

devemocorrerfora da ordem. Diz que,porfalta de visão

histórica,

aUDR

bloqueou,

naConsti­

tuinte,ocaminho que maisinteressava aela

própria,

oderesolvero

problema

fundiário

pacificamente.

Abaixo, re­

produzimos

trecho daentrevista coletí­ va que Florestan Fernandes conce­

deu no diretório

regional

do PT, e que nãofoi

publicado

pela

grande

imprensa.

,

De1967paracá,aumentoua

penetra­

çãodo

capitalismo

nocampo.Todaa economiado

pós-guerra

naAmérica Latina éde

incorporação

às economias centrais. O Brasile oMéxico foram

osdois

paises

quesofreramumaincor­

poração

maisintensa. Absorveramo

modo

monopolista

de

produção capita­

listaetiveram

alterações maciças

no processode

industrialização

edepene­

tração

do

capitalismo

nocampo. Ocurioso, no caso brasileiro, é que essa

penetração

do

capitalismo

no campose

acompanha,

nãoda

extinção,

masda

recomposição

do latifúndioede todososdramasanteriores,deexpul­ são da

população

do campo para a

cidade,o

inchaço

dacidadecomofenô­ meno

permanente.

Aditadura introduziu issocomo uma técnicapara aliviartensõessociaisno campo, transferindo-as paraacidade,

e através deum sistema

repressivo

modernizadoeconcentrado,submetê­ lasaocontrole

pela

violência.

As

condições

para resolvera

questão

agrária

não

surgiram.

Elasdeveriam ter nascidodo

próprio capitalismo.

Eo

capitalismo

nãogerou atéagoraessas

condições.

Deumlado,o

proprietário

daterra continuasendolatifundiário enãoabremão dolatifúndio.Associao latlfúndfoa suasegurança, ao seu

poder,

ao seu

prestígio

local,

regional

e nacional.Poroutro lado, nãohá por

parte

do governo

respostas

nosentido decriar programasdereforma

agrá­

riarealmente eficazes. Criou-seuma

política

de

colonização

edeslocamento detensões,deexpulsãodo trabalhador da terra para a cidade. A

questão

agrária apresenta

nuances distintas emcada

região

doBrasil,masapresen­ taem comum ofatode nãose

poder

arranjar solução

dentroda ordem

so-cialexistente.

Há dois

grandes

canais de mobi­

lízação:

ACPT-Comissão Pastoralda

Terra,que

representa

umaalternativa que procuraa

solução

da

questão

agrá­

riadentrodaordem. A

burguesia,

em vezdeficar furiosacom aCPT,deveria reconhecê-la.

É

claro queexistemna

CPT correntes mais radicais e que

defendem

soluções

reformistaseaté revolucionárias. Masa

política

oficial daIgrejaéada

Conciliação,

doconvi­ vio

pacifico,

da

solução pacifica

dos

problemas.

ACPT procura viascom­

patíveis

com a

criação

deumasocie­ dade civilcivilizadae uma novaevolu­

ção

histórica.

Masa

burguesia

ruraleurbanaestá tão

. cega diante do

problema agrário

que,

se a

propriedade

é

ameaçada,

achaque elaserá

ameaçada

emtodosos

luga­

res . Eháumoutrocanal de

politiza­

ção, quevinculaaCPT, mas que

tem um'nexomais profundo com os

partidos politicos

- oPT,os PCs. São formas de

politização

maisradi­

cais,deconteúdo reformistamaispro­

fundo,eque colocamalternativasmais

amplas, mas que, ao mesmo

tempo,

não sãoviáveisnas

condições

atuais. Sea

Constituição

tivesse

aprovado

a

reforma

agrária,

ela teria dado um

impulsoàs tendências

pacificas

de

so­

lução

do

problema

(oquenão

pode,

no

entanto,ser

comparado

aoEstatutoda

Terra,elemento'

'pra inglês

ver" eque só funcionou noque diz

respeito

aos programas de

colonização).

A UDR

bloqueou

ocaminhode maiorinteresse para ela

própria,

porfalta de visão histórica.Aracionalidadedo

compor­

tamento

burguês,

nocaso,setransfor­ mou numairracionalidade,porque

produziu

efeitos contrários

àqueles

que deveriamservisados. .

Na medida em que os

oprimidos

nãovêem

condições

de

alteração

den­ trodaordem,eles vão procurar condi­

ções

de

alteração

forada ordem. Oque

significa

queosistemarepressivo,por

sua vez,temdese

reorganizar

eestáse

reorganizando.

O Exército Brasileiro nãoestá

Importando

armasmoderni­ zadasde

repressão

para brincar. Há umaprevisãode aumentodeluta de classesnacidadee nocampo.Eháum

reaparelhamento

dossistemas de re­

pressão policial-militar

para

Impedir

qualquer

subversão àordem.

A

geografia

é

• •

mais

Importante

do

que

a

política?

EnquantoJoséGomes, Bispode Cha­

pecóe ex-presidentenacionaldaComissão

Pastoral da Terra(CPT)sepreocupouem

explicarosentidoreligiosoepolíticoda lutapela terra,seucolegaDomHenrique

Müller,da diocese deJoaçaba,que tem

jurisdiçãosobre PonteSerrada,esforçava­

separalembrarumaquestãogeográfica:

que diocese teriacomofiéisas32 familias

que estão morando noassentamento 25

de Malo? Para ele esteproblemaassu­

miu proporções até maiores do que a

razão principalda romaria. Assim pa­

receu aos romeiros que escutavam o

bispo chamar a atenção para este as­

sunto. Pols, comoele insistiu, "a preo­

cupaçãodaIgrejadevesercom ospecados

cometidos pelo rebanho, ou em outras

palavras,deslizesespiritualsenão"peca­

dos"terrenos,como abrigapelaterra.

Dom Henrique fez questão de lem­

brar queoprefeitoAntoninho Rossi, de

Ponte Serrada, recebeu multo bem os

"irmãos vindos da diocese de Chape­

cô", como se não fosse responsabilida­

de dopoderpúblicoresolverosproble­

massociais

..Alémdisso,nosermão,que

deveriaserummanifesto de acolhida do

bispoanfitrião daRomaria,fezquestãode

ressaltar que ele visitou "todas as 32

famiJias",láinstaladas."Grandecoisa"

comentouumromeiro.

Mesmo tendo visitado todasas fanú­

lias,DomHenriquenãosoube citarmeta­

de dosproblemasenfrentadospeJasfanú­

lias,citadospor DomJoséGomes,em sua

mensagemdurantecelebraçãodatarde.É

claro queesteteve umaacolhida muito

melhorqueosromeiros. Eumdos motivos

foi ele ter dado muito malsimportânciaà

situaçãodo povooprimidodoqueafútil

questão dos limites entre as dioceses.

Principalmentenumaregiãoque foi

ce-nário da mals sangrenta guerra civil

brasileira porcausadeumadisputade

fronteiras.Quemnão conheceaGuerra do

Contestado?

AprimeiraRomaria da Terra há dois

anos, foiemTaquaruçu.local deumadas

batalhas do Contestadonomunicipiode

Fraíburgo(diocesedeJoaçaba);asegun­

da, no anopassado, foi emPapanduva (DiocesedeCaçador),numaárea decon­

flito entreagricultorese oexército,ea

terceira faina diocese deJoaçaba.Curio­

samenteduas foramnaDiocese doBispo

tidocomoomais conservador doRegional

Sul IV da CNBB, o Estado de Santa

Catarina, e nenhuma foi realizada na

dioceseemque maisavançounadefesa

dosoprimidos,deChapecó.

Paraseteruma idéia melhorda diferen­

çaentreosdoisbisposbasta fazeruma

análise dos movimentos existentes em

cada diocese.

Enquanto a CTP foi criada em Cha­

pecô,em1977,por DomJosé,quechegoua

presidiro movimento anível nacional,

bemcomooCIM!-Conselho

Indígenísta Missionário-só dezanosmais tarde Dom

Henriquecomeçouaaceitaromovimento

em sua diocese. Mas mesmo assim o

movimento surgiu pelamobilizaçãodos

agricultoresquecomeçaramaparticipar

decursosediscussõesemoutrasdioceses

por contaprópria.

Esse aspecto e arealização de duas

romarias najurisdição de Dom Henri­

querepresentamaconfirmaçãodateoria dobispodeChapecó,queopovo temo

poderde transformarasociedade. Pelo

menos umbispoestá sucumbindo.

Geraldo

Hoffmann

Ivonei

Fazzioni

Ivonei Fazzioni

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Referências

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