Programa de Pós-Graduação em Matemática Aplicada e Estatística
Mestrado em Matemática Aplicada e Estatística
Existência de soluções positivas para uma
classe de problemas elípticos em R
N
Artur Breno Meira Silva
Natal-RN Agosto de 2019
Existência de soluções positivas para uma classe de
problemas elípticos em R
NTrabalho apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Matemática Aplicada e Es-tatística da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento com as exigências legais para obtenção do título de Mestre.
Área de Concentração: Modelagem Matemá-tica
Linha de Pesquisa: Matemática Computaci-onal.
Orientador
Prof. Dr. Ailton Rodrigues da Silva
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Programa de Pós-Graduação em Matemática Aplicada e Estatística – PPGMAE
Natal-RN Outubro de 2019
Silva, Artur Breno Meira.
Existência de soluções positivas para uma classe de problemas elípticos em R^N / Artur Breno Meira Silva. - 2019.
163 f.: il.
Dissertação (Mestrado)-Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciência Exatas e da Terra, Programa de Pós-Graduação em Matemática Aplicada e Estatística, Natal, 2019. Orientador: Dr. Ailton Rodrigues da Silva.
Coorientador: Dr. Fagner Lemos de Santana.
1. Equações Elípticas Dissertação. 2. Método Variacional -Dissertação. 3. Solução Positiva - -Dissertação. 4. Método de Penalização - Dissertação. 5. Princípio de Concentração de Compacidade - Dissertação. I. Silva, Ailton Rodrigues da. II. Santana, Fagner Lemos de. III. Título.
RN/UF/BCZM CDU 517.956.22
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
Agradeço primeiramente a Deus, por todas as bênçãos e alegrias que me dá todos os dias.
Aos meus pais, por todos os ensinamentos, por sempre me apoiarem e por não medirem esforços para me ajudar.
A minha namorada, Islla Heloyse, pela compreensão e paciência durante esse momento em que estive distante e por sempre me incentivar.
Ao professor Ailton Rodrigues, por sua enorme contribuição para a conclusão deste trabalho e para a minha formação acadêmica. Mesmo não estando em um programa na área de análise, eu tive a oportunidade de seguir nessa linha de pesquisa que é a minha principal área de interesse.
Ao professor Fagner Lemos, por todos os ensinamentos, conselhos e orientações. Aos professores Claudianor, Diego e Geilson, pelas contribuições a este trabalho. Aos professores do PPgMAE por todos os ensinamentos.
Aos professores da graduação, em especial Luis Gonzaga e Thiago Bernardino com os quais aprendi muito e foram professores de fundamental importância para que eu chegasse aqui hoje.
Ao professor Marcelo Bourguignon, por ter respondido o meu e-mail às 23h da noite de um domingo confirmando que eu tinha conseguido a bolsa de estudos. Se não fosse por essa confirmação eu teria optado por assumir um concurso e teria me distanciado do tão sonhado mestrado.
A Sonayde e sua família, por me receberem em sua casa nos primeiros meses do mestrado.
Aos colegas do PPgMAE, pelos momentos compartilhados de estudos e conversas. A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho. À CAPES, pelo apoio financeiro.
problemas elípticos em R
Autor: Artur Breno Meira Silva Orientador: Dr. Ailton Rodrigues da Silva Co-Orientador: Dr. Fagner Lemos de Santana
Resumo
Neste trabalho, estudamos a existência de soluções positivas para a seguinte classe de problemas: −εp∆ pu + V (x)up−1= H(u), em RN, u > 0 em RN, u ∈ W1,p(RN), (Pε)
onde ε > 0 é um parâmetro positivo, 2 ≤ p < N, ∆pu = div(|∇u|p−2∇u) denota o
operador p-Laplaciano, H : R → R é uma função contínua verificando algumas condições e V : RN
→ R é uma função de classe C2 que pertence a duas classes de potenciais. O
nosso estudo está dividido em duas partes: na primeira, mostramos os mesmos resultados obtidos por Alves (2015) para p ≥ 2, estabelecendo a existência de solução positiva para o problema (P) quando H tem crescimento subcrítico; na segunda, mostramos a existência
de solução positiva considerando H com crescimento crítico. As principais ferramentas utilizadas são os Métodos Variacionais, Teorema do Passo da Montanha, Princípio de Concentração de Compacidade devido a Lions e o Método de Penalização de Del Pino e Felmer.
Palavras-chave: Equações elípticas; Método Variacional; Solução positiva; Método de Pe-nalização; Princípio de Concentração de Compacidade.
problems in R
Author: Artur Breno Meira Silva Advisor: Dr. Ailton Rodrigues da Silva Co-Advisor: Dr. Fagner Lemos de Santana
Abstract
In this work, we study the existence of positive solutions for the following class of problems: −εp∆ pu + V (x)up−1= H(u), em RN, u > 0 em RN, u ∈ W1,p(RN), (Pε) where ε > 0 is a positive parameter, 2 ≤ p < N, ∆pu = div(|∇u|p−2∇u) denotes the
p-Laplacian operator, H : R → R is a continuous function satisfying some conditions and V : R → R is a function of class C2 which belongs to two classes of potentials. Our
study is divided in two parts: firstly we show the same results obtained by Alves (2015) for p ≥ 2, establishing the existence of positive solution for the (P) problem when H has
subcritical growth; in the second we show the existence of positive solution considering H with critical growth. The main tools used are the Variational Methods, Mountain Pass Theorem, Lions’ Concentration-Compactness Principle and del Pino and Felmer’s Penalization Method.
Keywords: Elliptic equation; Variational method; Positive solution; Penalization method; Concentration-Compactness Principle.
V0, V∞ – Denotam inf
x∈RNV (x) e sup
x∈RN
V (x), respectivamente. Br – Bola aberta de raio r e centro 0.
Br(a)– Bola aberta de raio r e centro a.
Br – Bola fechada de raio r e centro 0.
Ω = Ω/ = {y/; y ∈ Ω}
p∗ = pN
N − p, p < N – Expoente crítico de Sobolev. [u < a] := {x ∈ RN; u(x) < a}. ∆pu :=div(|∇u|p−2∇u) = N X i=1 ∂u ∂xi |∇u|p−2∂u ∂xi
– Denota o operados p-Laplaciano. u+, u− – Denotam, respectivamente, as partes positiva e negativa de u. Ou seja,
u+(x) = max{u(x), 0} e u−(x) = max{−u(x), 0}.
Suppf – Denota o suporte da função f.
on(1) – Denota uma sequência de números reais que converge para zero quando n → +∞.
f = O(g)quando x → x0 – Significa que existe uma constante C tal que |f(x)| ≤ C|g(x)|
para todo x suficientemente próximo de x0.
q.t.p. – É uma abreviação para quase todo ponto.
X ,→ Y, X ,→→ Y – Denotam que X está imerso continuamente em Y e X está imerso compactamente em Y , respectivamente.
*– Denota a convergência fraca. ∂Ω– Denota a fronteira do conjunto Ω. Ω– Denota o fecho do conjunto Ω.
1 Introdução p. 12 2 Existência de soluções positivas para uma classe de problemas
en-volvendo o operador p-Laplaciano: Caso subcrítico p. 18 2.1 A estrutura variacional . . . p. 19 2.1.1 Regularidade do funcional associado ao problema (Q) . . . p. 28
2.2 O problema auxiliar . . . p. 39 2.2.1 Geometria do Passo da Montanha . . . p. 44 2.2.2 Condição de Palais-Smale . . . p. 45 2.2.3 Existência de solução para o problema (Q,Ω) . . . p. 56
2.3 Propriedades das soluções de (Q,Ω) . . . p. 65
2.4 Existência de solução para o problema (P) . . . p. 77
2.4.1 Existência de solução para o problema (P) com V pertencente a
Classe 1 . . . p. 77 2.4.2 Existência de solução para o problema (P) com V pertencente a
Classe 2 . . . p. 86 3 Existência de soluções positivas para uma classe de problemas
en-volvendo o operador p-Laplaciano: Caso crítico p. 88 3.1 O Problema auxiliar . . . p. 89 3.1.1 Geometria do Passo da Montanha . . . p. 91 3.1.2 Condição de Palais-Smale . . . p. 104 3.2 Solução do problema auxiliar . . . p. 116
3.3 Existência de solução para o problema (P∗
) . . . p. 120
3.3.1 Existência de solução para o problema (P∗
) com V pertencente a
Classe 1 . . . p. 120 3.3.2 Existência de solução para o problema (P∗
) com V pertencente a
Classe 2 . . . p. 126
Referências p. 128
Apêndice A -- Espaços de Lebesgue e Espaços de Sobolev p. 131 A.1 Espaços de Lebesgue . . . p. 131 A.2 Espaços de Sobolev . . . p. 132 A.2.1 Imersões de Sobolev . . . p. 136 Apêndice B -- Resultados e definições utilizados na dissertação p. 138 B.1 Resultados e definições de Análise Funcional . . . p. 138 B.2 Resultados e definições de Teoria da Medida . . . p. 139 B.3 Resultados Auxiliares . . . p. 140 B.4 Princípio de Concentração de Compacidade de Lions . . . p. 141 Apêndice C -- Estimativas na norma L∞
(RN) para o caso crítico p. 143 C.1 Estimativas na norma L∞
(RN) . . . p. 143 C.2 Demonstração alternativa: solução do problema (P∗
,Ω) pertence ao
es-paço L∞
(RN) . . . p. 149 Apêndice D -- Teorema do Passo da Montanha p. 157 D.1 Teorema do Passo da Montanha . . . p. 159 D.2 Variedade de Nehari . . . p. 160 Apêndice E -- Motivação de solução fraca para o problema (P) p. 162
1
Introdução
Neste trabalho, mostramos a existência de soluções positivas para a seguinte classe de problemas elípticos: −εp∆ pu + V (x)up−1= H(u) em RN, u > 0 em RN, u ∈ W1,p(RN), (Pε)
onde ε > 0 é um parâmetro positivo, 2 ≤ p < N, ∆pu = div(|∇u|p−2∇u) denota o
operador p-Laplaciano, H : R → R é uma função contínua, chamada de não linearidade, verificando algumas condições e V : RN → R é uma função de classe C2, chamada de
potencial, que pertence a duas classes de funções que serão apresentadas ao longo da dissertação.
O problema (Pε) tem uma motivação física, pois surge ao tentar encontrar soluções
da equação de Schrödinger iε∂Ψ
∂t = −ε
2∆Ψ + W (z)Ψ − h(Ψ), para todo z ∈ RN, (NLS)
onde as soluções dessa equação são funções de ondas estacionárias da forma Ψ(x, t) = exp(−iEt/ε)u(x), onde u é uma solução do problema (Pε) para o caso em
que p = 2. Mostrar a existência de solução para o problema (Pε), quando p = 2, equivale
a estudar a existência de soluções de ondas estacionárias para a equação (NLS). Essa equação aparece em problemas envolvendo óptica não linear, física de plasma e física de matéria condensada.
Na literatura encontramos diversos trabalhos que estudam a relação entre a geometria do potencial e a existência de soluções, como também o comportamento da família de soluções, do problema (Pε). Por exemplo, em (FLOER; WEINSTEIN, 1986) foi provado que
a equação não linear de Schrödinger com o potencial V e a não-linearidade cúbica, iε∂Ψ ∂t = − ε2 2m · d2Ψ dx2 + V Ψ − γ|Ψ| 2Ψ
tem soluções de ondas estacionárias concentradas perto de cada ponto crítico não dege-nerado de V se γ > 0, V é limitado e ε é suficientemente pequeno. O trabalho (FLOER; WEINSTEIN, 1986) foi generalizado por (OH, 1988) - (OH, 1989).
Motivado por esses trabalhos sobre as equações não lineares de Schrödinger, em ( RA-BINOWITZ, 1992) foi mostrado, usando o célebre Teorema do Passo da Montanha, a
exis-tência de solução para a equação não linear de Schrödinger −∆u + V (x)u = f (x, u), x ∈ RN,
introduzindo a seguinte condição em V : 0 < inf
x∈RNV (x) < lim inf|x|→+∞V (x).
Em (DEL PINO; FELMER, 1996), usando o método que ficou conhecido por Método de
Penalização de del Pino e Felmer, foi mostrado a existência de soluções positivas que se concentram em torno do mínimo local de V . Os autores perceberam que era suficiente que a condição sobre o potencial V imposta por Rabinowitz fosse satisfeita localmente, mais precisamente, mostraram a existência de solução supondo que existe um conjunto aberto e limitado O compactamente contido no RN de modo que
0 < γ ≤ V0 = inf
x∈OV (x) < minx∈∂OV (x). (V1)
No artigo (DEL PINO; FELMER; MIYAGAKI, 1998), foi considerado o caso onde o potencial V
tem uma geometria de sela e h(t) = |t|p−2t com p ∈ (2, 2∗) se N ≥ 3 e p > 2 se N = 1, 2.
Essencialmente, os autores consideraram que V : RN
→ R é uma função de classe C1
positiva, limitada inferiormente por uma constante positiva e assumiram a existência de dois subespaços vetoriais X, Y ⊂ RN, X 6= {0}, com RN = X ⊕ Y tais que
(A1) Existe um número λ ∈ (0, 1), tal que
c0 = inf
R>0|x|=R,x∈Xsup V (x) < infy∈Yλ V (y),
onde Yλ é o cone sobre Y dado por
(A2) Existem constantes positivas b, γ tais que
V (¯z) ≤ sup
x∈X
V (x) = c1 implica |V0(¯z + z)| ≤ b exp (γz) ∀ z ∈ RN.
(A3) V satisfaz a condição Palais–Smale no nível c para qualquer c0 < c ≤ c1, ou seja,
qualquer sequência (zn) para a qual V (zn) → c e V0(zn) → 0 possui subsequência
convergente. (A4) c1 < 2
2(p−1) N +2−p(N −2)c
0.
Em (DEL PINO; FELMER, 1997) foi mostrado que existe 0 > 0 tal que para todo 0 < < 0 o problema (Pε) tem uma solução com exatamente um ponto máximo x∈ Ω,
tal que V (x) → c e ∇V (x) → 0quando → 0. Para tanto, assumiram
(B0) V é de classe C1 e existe α > 0 tal que V (x) ≥ α para todo x ∈ Ω.
Além disso, que existe um conjunto aberto e limitado Λ com fronteira suave tal que Λ ⊂ Ω e subconjuntos fechados B, D ⊂ Λ com B conexo e D ⊂ B. Definindo Γ o conjunto das classe de todas as funções contínuas φ : B → Λ tais que φ(y) = y para todo y ∈ D e o valor min–max c como
c = inf
φ∈Γsupy∈BV (φ(y)),
assumiram adicionalmente (B1) sup
y∈D
V (y) < c.
(B2) Para toda φ ∈ Γ, φ(B) ∩ {y ∈ Λ; V (y) ≥ c} 6= ∅.
(B3) Para todo y ∈ ∂Λ tal que V (y) = c, tem-se ∂τV (y) 6= 0, onde ∂τ denota a derivada
tangencial.
Motivado pelos artigos citados, (ALVES, 2015) mostrou a existência de solução positiva
para o problema (Pε), para o caso em que p = 2, considerando as condições:
(H0)Existe V0 > 0 tal que V (x) ≥ V0, ∀x ∈ RN.
(H1) V ∈ C2(RN) e V,∂V∂x
i e
∂2V
∂xi∂xj são limitadas em R
N para todo i, j ∈ {1, . . . , N}.
(H2) V verifica a condição Palais-Smale, isto é, se (xn) ⊂ RN é tal que (V (xn)) é
limitada e ∇V (xn) → 0, então (xn)possui subsequência convergente em RN.
(H3)Existe um domínio limitado Λ ⊂ RN, tal que ∇V (x) 6= 0 para todo x ∈ ∂Λ.
Ao longo desta dissertação, diremos que o potencial V pertence a Classe 1 quando V verifica (H0) − (H2)e que pertence a Classe 2 quando verifica (H0), (H1) e (H3).
Diversos trabalhos estudaram o problema (Pε) onde o potencial V satisfaz (V1),
consi-derando a não linearidade com crescimento crítico, destacamos (ALVES; SOUTO et al., 2001),
(ALVES; MIYAGAKI et al., 2001) e (DO Ó, 2005). Em (SANTOS; FIGUEIREDO, 2017) os
auto-res mostraram a existência de solução para o problema (Pε), quando p = 2, considerando
essas duas classes de potenciais e a não-linearidade do tipo descontínua. Recentemente, em (FIGUEIREDO; SANTOS, 2019), os autores consideraram uma classe de problemas não
locais de Kirchhoff assumindo que V pertence a classe 1 ou classe 2 com não-linearidade do tipo descontínua envolvendo expoente crítico.
Fazendo uma revisão bibliográfica da literatura não encontramos citações de (ALVES,
2015) envolvendo o operador p-Laplaciano onde V pertence a classe 1 ou classe 2. Motivado por este fato e pelos trabalhos supracitados, nesta dissertação, mostraremos a existência de soluções positivas para a classe de problemas (Pε) considerando V pertencente a classe
1 ou a classe 2.
A principal diferença encontrada entre o estudo do problema (Pε) para o operador
Laplaciano (p = 2) e o operador p-Laplaciano foi para mostrar a regularidade da família de soluções do problema auxiliar. Para o caso do Laplaciano, devido um Teorema tipo Agmon-Douglis-Nirenberg, é possível mostrar por meio de um argumento do tipo boots-trap que a família de soluções são C1,α(RN). Já no caso do p-Laplaciano, usamos um
argumento envolvendo iteração de Moser para concluir que as solução são C1,α loc(R
N).
Esta dissertação está dividida em dois capítulos e cinco apêndices organizados da seguinte forma:
No Capítulo 2, usando como texto base o trabalho (ALVES, 2015) mostramos a
exis-tência de solução positiva para o problema (Pε) considerando H(t) = f(t), t ∈ R, com
crescimento subcrítico. Num primeiro momento, apresentamos a estrutura variacional na qual o estudo se desenvolve e mostramos que o funcional associado ao problema é de classe C1. Em seguida, através do Método de Penalização de Del Pino e Felmer, construímos um problema auxiliar e mostramos que o funcional associado a esse novo problema sa-tisfaz as condições do Teorema do Passo da Montanha devido a Ambrosetti-Rabinowitz.
Através do teorema citado, conseguimos garantir a existência de pontos críticos e, conse-quentemente, soluções do problema auxiliar. Para mostrar a limitação na norma L∞ das
soluções fazemos uso da iteração de Moser. Além disso, usando resultados de ( DIBENE-DETTO, 1982) e (TOLKSDORF, 1984) mostramos que a família de soluções do problema
auxiliar são C1,α loc(R
N) ∩ L∞
(RN). Para a positividade das soluções usamos a Desigualdade de Harnack encontrada em (TRUDINGER, 1967).
O resultado principal deste Capítulo é enunciado como segue:
Teorema 1.1. Suponha que V pertence à Classe 1 ou 2 e f satisfaz (f1) − (f4). Então,
existe 0 > 0 tal que o problema (P) tem uma solução positiva para todo ∈ (0, 0).
No Capítulo 3, seguindo as ideias do capítulo 2 juntamente com os trabalhos de ( AL-VES; SOUTO et al., 2001) e (DO Ó, 2005), estudamos o problema (Pε) considerando as
mesmas classes de potenciais, porém com não linearidade envolvendo crescimento crítico de Sobolev, mais precisamente, do tipo H(t) = f(t) + |t|p∗−2
t, t ∈ R, onde p∗ = N −ppN é o expoente crítico de Sobolev e f tem crescimento subcrítico. Neste capítulo, também usa-mos o Método de Penalização de Del Pino e Felmer e usa-mostrausa-mos que o problema satisfaz a condição (PS)c para c < N1S
N
p. Para mostrar que o funcional satisfaz a condição (PS)
c,
devido a falta de compacidade para o expoente crítico, surge dificuldades, se comparado com o caso subcrítico, para mostrar a convergência da integral que envolve a não linea-ridade. Para contornar essa falta de compacidade, usamos o Princípio de Compacidade de Lions e um lema técnico baseado em (MIYAGAKI, 1997) e (ALVES, 1996) mostrando
que para suficientemente pequeno o nível do passo da montanha está abaixo de 1 NS
N p, onde S é a constante ótima da imersão de D1,p(RN) em Lp∗(RN). Na sequência, usando
uma técnica devida a (BREZIS; KATO, 1979) baseada no método de iteração de Moser e,
adaptando para o nosso problema, um resultado encontrado em (ALVES; SOUTO, 2012),
mostramos a limitação na norma L∞da família de soluções do problema auxiliar para
con-cluir a positividade e que a família de soluções do problema auxiliar é C1,α
loc(RN)∩L ∞
(RN).
Vale destacar que foi necessário algumas hipóteses adicionais em relação a f do capítulo 2, primeiramente, para controlar o nível do passo da montanha em relação a constante da imersão D1,p
(RN) ,→ Lp∗(RN) e também para poder caracterizar o nível do passo da montanha como o ínfimo sobre a variedade de Nehari.
O principal resultado do Capítulo 3 é:
Teorema 1.2. Suponha que V pertence à Classe 1 ou 2 e f satisfaz (f1) − (f5). Então,
No Apêndice A, apresentamos os Espaços de Lebesgue e os Espaços de Sobolev, mos-tramos que o espaço W1,p
(RN)é Banach e enunciamos os principais resultados utilizados como Teorema da Convergência Dominada e as imersões de Sobolev. No Apêndice B, abordamos os resultados de Análise Funcional e Teoria da Medida que foram utilizados no trabalho e o Segundo Lema de Concentração de Compacidade de Lions. No Apêndice C, mostramos os dois resultados de regularidade usados na limitação na norma L∞.
Mos-tramos ainda, adaptando os argumentos da iteração de Moser encontrada em (GERMANO,
2018), uma demonstração alternativa para mostrar que a solução do problema auxiliar pertence ao espaço L∞
(RN). No Apêndice D definimos derivada de Gateaux, enunciamos os dois Teoremas do Passo da Montanha e definimos a variedade de Nehari a fim de ca-racterizar o nível do passo da montanha. Por fim, no Apêndice E, motivamos a definição de solução fraca para o problema (Pε).
2
Existência de soluções positivas
para uma classe de problemas
envolvendo o operador
p-Laplaciano: Caso subcrítico
Neste capítulo, estamos interessados em mostrar a existência de solução positiva para a seguinte classe de problemas elípticos:
−p∆ pu + V (x)up−1= f (u) em RN, u ∈ W1,p(RN), u > 0 em RN, (P) onde ∆pu = div(|∇u|p−2∇u) é o operador p-Laplaciano, N ≥ 3, 2 ≤ p < N, > 0 é um
parâmetro positivo, V : RN → R é uma função de classe C2, chamada de potencial, que
satisfaz:
(H0)Existe V0 > 0 tal que V (x) ≥ V0, para todo x ∈ RN.
(H1) V,
∂V ∂xi
e ∂2V ∂xi∂xj
são limitadas em RN para quaisquer i, j ∈ {1, . . . , N}.
Além disso, o potencial V verifica uma das seguintes hipóteses:
(H2) Se (xn) ⊂ RN é tal que (V (xn)) é limitada e ∇V (xn) → 0, então (xn) possui
subsequência convergente em RN. Nesse caso, dizemos que V verifica a condição de
Palais-Smale1;
(H3)Existe um domínio limitado Λ ⊂ RN, tal que ∇V (x) 6= 0 para todo x ∈ ∂Λ.
Em relação a função f : R → R, chamada de não linearidade, assumimos que é contínua e satisfaz as seguintes condições:
(f1) lim sup s→0+
f (s) sp−1 = 0.
(f2) Existe q ∈ (p, p∗), tal que lim sup s→+∞ f (s) sq−1 = 0, onde p ∗ = pN N − p·
(f3) (Condição de Ambrosetti-Rabinowitz) Existe θ > p tal que
0 < θF (s) ≤ sf (s) ∀ s > 0, onde F (s) = Z s
0
f (t)dt.
Uma vez que estamos interessados em provar a existência de soluções positivas, vamos considerar a seguinte hipótese
(f4) f (s) = 0para todo s ≤ 0.
Um exemplo de não linearidade que verifica (f1) − (f4) é a função f : R → R dada
por: f (x) = a1sα−1+ a2sβ−1, se s > 0, 0, se s ≤ 0, com p < α < β < q e a1, a2 ≥ 0.
O principal resultado deste capítulo é enunciado como segue:
Teorema 2.1. Suponha que V pertence à Classe 1 ou 2 e f satisfaz (f1) − (f4). Então,
existe 0 > 0 tal que o problema (P) tem uma solução positiva para todo ∈ (0, 0).
2.1
A estrutura variacional
Nesta seção, apresentamos o espaço ambiente no qual o nosso estudo se desenvolve bem como algumas propriedades deste espaço. Além disso, definimos o funcional energia associado ao problema (P) e mostramos que o mesmo é de classe C1.
Em W1,p
(RN), para cada > 0, definimos a seguinte função k k: W1,p(RN) → R u 7→ kuk = Z RN |∇u|p+ Z RN V (x)|u|p p1 .
Note que essa função está bem definida. De fato, dado u ∈ W1,p(RN),
Z RN |∇u|pdx < +∞ e Z RN |u|pdx < +∞.
Sendo V limitada, Z RN V (x)|u|pdx ≤ V∞ Z RN |u|pdx < +∞, onde V∞= sup x∈RN
V (x), mostrando que k k está bem definida.
Vamos mostrar que k k é uma norma em W1,p(RN). Para este propósito, começamos
observando que k kV, : W 1,p(RN) → R definida por k kV,= Z RN V (x)|u|pdx 1p
é uma norma em W1,p(RN). De fato,
N1) Se kukV,= 0, então, por (H0),
0 ≤ V 1 p 0 Z RN |u|pdx 1p ≤ Z RN V (x)|u|pdx 1p = 0.
Assim, como V0 > 0, kukp = 0 o que implica u = 0. Por outro lado, se u = 0
kukV,= Z RN V (x)0pdx 1p = 0. N2) Seja u ∈ W1,p (RN)e λ ∈ R, kλukV = Z RN V (x)|λu|pdx p1 = |λ| Z RN V (x)|u|pdx 1p = |λ| kukV,. N3) Sejam u, v ∈ W1,p(RN). ku + vkV, = Z RN V (x)|u + v|pdx p1 = Z RN V (x)1p|u + v| p dx 1p = |V (x) 1 p(u + v)| p ≤ |V (x) 1 pu| p + |V (x) 1 pv| p = Z RN V (x)|u|pdx 1p + Z RN V (x)|v|pdx 1p = kukV,+ kvkV,, mostrando que k kV, é uma norma em W
1,p(RN).
Na sequência vamos verificar que k k é uma norma em W
N1) Se kuk= 0, então 0 ≤ kukV, ≤ Z RN |∇u|pdx + Z RN V (x)|u|pdx 1p = 0,
isso implica, pelo fato de k kV, ser norma, que u = 0. Se u = 0, então
kuk = Z RN |∇0|p+ Z RN V (x)0p 1p = 0. N2) Sejam u ∈ W1,p(RN) e λ ∈ R, kλuk = Z RN |∇(λu)|pdx + Z RN V (x)|λu|pdx 1p .
Pela linearidade do gradiente, kλuk = Z RN |λ|p|∇u|pdx + Z RN V (x)|λ|p|u|pdx p1 = |λ| Z RN |∇u|pdx + Z RN V (x)|u|pdx 1p = |λ| kuk. N3) Sejam u, v ∈ W1,p (RN), ku + vk = Z RN |∇u + ∇v|p+ Z RN V (x)|u + v|p p1 = k∇u + ∇vkpp+ ku + vkpV, 1 p ,
pela Desigualdade triangular, ku + vk ≤ k∇ukp+ k∇vkpp+kukV,+ kvkV,p 1p .
Por outro lado, pela Desigualdade de Minkowski (Ver Teorema B.1), k∇ukp+ k∇vkp p +kukV,+ kvkV, p1p ≤ k∇ukpp+ kukpV, 1 p + k∇vkpp+ kvkpV, 1p , o que implica, ku + vk ≤ Z RN |∇u|p+ Z RN V (x)|u|p 1p + Z RN |∇v|p+ Z RN V (x)|v|p 1p
ou seja,
ku + vk ≤ kuk+ kvk. O espaço vetorial W1,p(RN) munido da norma k k
será denotado por W.
Afirmação 2.1. As normas k k e k k1,p são equivalentes.
De fato, considerando m = min{1, V0}, temos
kuk1,p = Z RN |∇u|pdx + Z RN |u|pdx p1 = 1 m1p Z RN m|∇u|pdx + Z RN m|u|pdx 1p ≤ 1 m1p Z RN |∇u|pdx + Z RN V (x)|u|pdx 1p = 1 m1p kuk. (2.1)
Por outro lado, de (H1) existe V∞ = sup x∈RN
V (x). Considerando M = max{1, V∞}, temos
kuk = Z RN |∇u|pdx + Z RN V (x)|u|pdx 1p ≤ Z RN M |∇u|pdx + Z RN M |u|pdx 1p = M1p Z RN |∇u|pdx + Z RN |u|pdx 1p = M1pkuk 1,p. Desde que W1,p
(RN)é um espaço de Banach reflexivo com a norma k k1,p (ver Apên-dice A.2), pela equivalência que acabamos de mostrar, W é um espaço Banach reflexivo.
Conforme foi dito na introdução, faremos uso de métodos variacionais para obtermos pontos críticos para o funcional energia associado ao problema (P). Entendemos por uma
solução fraca do problema (P), como sendo uma função u ∈ W, tal que
p Z RN |∇u|p−2∇u∇vdx + Z RN V (x)|u|p−2uvdx = Z RN f (u)vdx, ∀v ∈ W.
defi-nimos um problema equivalente a (P), qual seja −∆pu + V (x)up−1 = f (u) em RN, u > 0 em RN, u ∈ W1,p(RN). (Q)
Observação 1. O problema (Q) é equivalente ao problema (P) no seguinte sentido: se
u ∈ W é solução de (P), então v(x) = u(x) é solução de (Q); por outro lado, se v ∈ W
é solução de (Q), então u(x) = v(−1x) é solução de (P).
De fato, seja u solução de (P). Considerando v(x) = u(x) e, para todo w ∈ W,
w(x) = ˜w(x), temos Z RN V (x)|v(x)|p−2v(x)w(x)dx = Z RN V (x)|u(x)|p−2u(x) ˜w(x)dx. Considerando a função x 7→ h1(x) = x
, pelo Teorema da Mudança de Variável, Z RN V (x)|u(x)|p−2u(x) ˜w(x)dx = Z RN V (h1(x)|u(h1(x)|p−2u(h1(x)) ˜w(h1(x))−Ndx = Z RN V (x)|u(x)|p−2u(x) ˜w(x)−Ndx. (2.2) Agora, definindo x 7→ h2(x) = x, temos
v(x) = (u ◦ h2)(x) e w(x) = ( ˜w ◦ h2)(x). Assim, Z RN |∇v(x)|p−2∇v(x)∇w(x)dx = Z RN |∇(u ◦ h2)(x)|p−2∇(u ◦ h2)(x)∇( ˜w ◦ h2)(x)dx. (2.3)
Vamos calcular primeiramente |∇(u ◦ h2)(x)|p−2:
|∇(u ◦ h2)(x)|p−2 = N X i=1 ∂(u ◦ h2) ∂xi (x) 2 p−2 2 = N X i=1 N X j=1 ∂(u) ∂xj (h2(x)) · ∂h2j ∂xi (x) 2 p−2 2 .
onde h2j é a j-ésima função coordenada de h2. Note que,
∂h2j ∂xi (x) = 0 se i 6= j, se i = j.
Então, |∇(u ◦ h2)(x)|p−2 = N X i=1 ∂(u) ∂xi (x) 2 p−2 2 = p−2|∇u(x)|p−2. (2.4)
Calculando o produto interno ∇(u ◦ h2)(x)∇( ˜w ◦ h2)(x),
∇(u ◦ h2)(x)∇( ˜w ◦ h2)(x) = N X i=1 ∂(u ◦ h2) ∂xi (x) · ∂( ˜w ◦ h2) ∂xi (x) = N X i=1 N X j=1 ∂u ∂xj (h2(x)) · ∂h2j ∂xi (x) N X j=1 ∂ ˜w ∂xj (h2(x)) ∂h2j ∂xi (x) ! = 2 N X i=1 ∂u ∂xi (x)∂ ˜w ∂xi (x), ou melhor, ∇(u ◦ h2)(x)∇( ˜w ◦ h2)(x) = 2∇u(x)∇ ˜w(x). (2.5) Substituindo (2.4) e (2.5) em (2.3) Z RN |∇v(x)|p−2∇v(x)∇w(x)dx = p Z RN |∇u(x)|p−2∇u(x)∇ ˜w(x)dx. Usando novamente a mudança de variável x 7→ h1(x) =
x , p Z RN |∇u(x)|p−2∇u(x)∇ ˜w(x)dx = p Z RN |∇u(x)|p−2∇u(x)∇ ˜w(x)−N dx. Sendo assim, Z RN |∇v(x)|p−2∇v(x)∇w(x)dx = p Z RN |∇u|p−2∇u(x)∇ ˜w(x)−Ndx. (2.6) Por outro lado,
Z RN f (v(x))w(x)dx = Z RN f (u(x)) ˜w(x)dx
por mudança de variável, Z RN f (u(x)) ˜w(x)dx = Z RN f (u(x)) ˜w(x)−Ndx. Desse modo, Z RN f (v(x))w(x)dx = Z RN f (u(x)) ˜w(x)−Ndx. Afirmação 2.2. ˜w ∈ W.
De fato, note que ˜w ∈ Lp(RN), pois Z RN | ˜w(x)|pdx = Z RN w(−1x) p dx,
e, usando a mudança de variável x 7→ h2(x) = x,
Z RN w(−1x) p dx = N Z RN |w(x)|pdx < +∞
Resta mostrar que |∇ ˜w| ∈ Lp(RN). De fato,
Z RN |∇ ˜w(x)|pdx = Z RN |∇(w ◦ h1)(x)|pdx = Z RN N X i=1 ∂(w ◦ h1) ∂xi (x) 2 p 2 dx = Z RN N X i=1 N X j=1 ∂(w) ∂xj (h1(x)) · ∂h1j ∂xi (x) 2 p 2 dx = Z RN N X i=1 −1∂(w) ∂xi (−1x) 2 p 2 dx = −p Z RN |∇w(−1x)|pdx
Considerando novamente a mudança de variável x 7→ h2(x) = x,
−p Z RN |∇w(−1x)|pdx = −p Z RN |∇w(x)|pNdx = N −p Z RN |∇w(x)|pdx.
Dessa forma ˜w ∈ W. Assim, para todo w ∈ W,
Z RN V (x)|u(x)|p−2u(x) ˜w(x)dx + Z RN |∇v(x)|p−2∇v(x)∇w(x)dx = = Z RN V (x)|u(x)|p−2u(x) + ˜w(x)−Ndx + p Z RN |∇u(x)|p−2∇u(x)∇ ˜w(x)dx = Z RN f (u(x)) ˜w(x)−Ndx = Z RN f (v(x))w(x)dx,
mostrando que v é solução de (Q). Analogamente, se v ∈ Wé solução de (Q), mostra-se
que u(x) = v(−1x)é solução de (P ).
dis-sertação. O primeiro deles, chamado crescimento de f, será útil para demonstrar a re-gularidade do funcional. Além disso, também serão usados para mostrar que o funcional associado ao problema (Q) satisfaz as hipóteses do Teorema do passo da montanha.2
Lema 2.1. Dado ξ > 0 existe cξ > 0 tal que
|f (s)| ≤ ξ|s|p−1+ c
ξ|s|q−1, ∀ s ∈ R. (2.7)
Demonstração. De (f1) temos que dado ξ > 0, existe δ > 0 tal que
|f (s)|
|s|p−1 < ξ, ∀ s ∈ (0, δ),
o que implica |f(s)| < ξ|s|p−1, para todo s ∈ (0, δ). De (f
2), existe k > δ tal que
|f (s)|
|s|q−1 < ξ, ∀ s > k.
Logo,
|f (s)| < ξ|s|q−1, ∀ s > k. (2.8) Sendo s 7→ f (s)
sq−1 contínua, existe M > 0 tal que
|f (s)| |s|q−1 ≤ M, ∀ s ∈ [δ, k], ou seja, |f (s)| ≤ M |s|q−1, ∀ s ∈ [δ, k]. (2.9) Por (2.8) e (2.9), |f (s)| ≤ cξ|s|q−1, ∀ s ≥ δ,
onde cξ = ξ + M. Recordando que f(s) = 0 para todo s ≤ 0 podemos concluir que
|f (s)| ≤ ξ|s|p−1+ c
ξ|s|q−1, ∀ s ∈ R.
A observação a seguir segue diretamente do resultado anterior. Observação 2. Dado ξ > 0 existe cξ > 0 tal que
|F (s)| ≤ ξ p|s| p+cξ q|s| q, ∀ s ∈ R. (2.10) 2Ver Apêndice D
De fato, basta observar que para todo s > 0, |F (s)| = Z s 0 f (t) dt ≤ Z s 0 (ξ|t|p−1+ cξ|t|q−1) dt = ξ p|s| p + cξ q |s| q e para s ≤ 0, |F (s)| = Z s 0 f (t) dt = 0 ≤ ξ p|s| p+cξ q |s| q.
Lema 2.2. Existem d1, d2 > 0 tais que, para todo s > 0,
F (s) ≥ d1sθ− d2.
Demonstração. Da condição de Ambrosetti-Rabinowitz (f3),
0 < θ t ≤
f (t)
F (t), ∀ t > 0. Assim, para qualquer s > 1,
0 < Z s 1 θ t dt ≤ Z s 1 f (t) F (t) dt, o que implica 0 < θ ln s ≤ ln F (s) − ln F (1), ∀ s > 1 então, por propriedades do logaritmo,
0 < ln sθ ≤ lnF (s)
F (1), ∀ s > 1. Como o logaritmo é crescente,
sθ ≤ F (s)
F (1), ∀ s > 1, consequentemente
F (s) ≥ d1sθ, ∀ s > 1, (2.11)
onde d1 = F (1). Pela continuidade da F , existe M > 0 tal que F (s) ≥ −M para todo
s ∈ [0, 1]. Daí, considerando d2 = d1+ M, temos
F (s) ≥ −M = d1− d2 ≥ d1sθ− d2, ∀ s ∈ [0, 1]. (2.12)
2.1.1
Regularidade do funcional associado ao problema (Q
)
Nesta subseção, nosso objetivo é mostrar que o funcional I : W → R, associado ao
problema (Q), definido por
I(u) = 1 p Z RN |∇u|pdx +1 p Z RN V (x)|u|pdx − Z RN F (u)dx (2.13) é de classe C1(W , R) com I0(u)v = Z RN
(|∇u|p−2∇u∇v + V (x)|u|p−2uv)dx −
Z
RN
f (u)vdx, ∀u, v ∈ W.
Observe que uma solução fraca do problema (Q) é exatamente um ponto crítico do
funcional I.
Primeiramente, vejamos que I está bem definido. Dado u ∈ W, temos
Z RN |∇u|pdx < +∞ Z RN V (x)|u|pdx ≤ V∞ Z RN |u|pdx < +∞.
pois u, |∇u| ∈ Lp(RN)e V é limitada. Por último, usando (2.10), dado δ > 0, existe c δ> 0 tal que Z RN F (u)dx ≤ δ p Z RN |u|pdx + cδ q Z RN |u|qdx. (2.14)
Desde que q ∈ (p, p∗), temos que W
,→ Lq(RN). Logo, u ∈ Lp(RN) ∩ Lq(RN) e, assim, Z RN F (u)dx ≤ δ p Z RN |u|pdx +cδ q Z RN |u|qdx < +∞,
mostrando que o funcional está bem definido.
Na sequência, vamos mostrar que I é de classe C1(W, R). Para tanto, considere os
funcionais I1, I2, I3 : W → R definidos por
I1(u) = Z RN |∇u|pdx, I2(u) = Z RN V (x)|u|pdx e I3(u) = Z RN F (u)dx.
Dessa forma, podemos escrever I(u) = I1(u)+I2(u)−I3(u)para todo u ∈ We, portanto,
vamos provar que Ii ∈ C1(W, R) para i ∈ {1, 2, 3}. Pela Proposição D.1, para mostrar
que Ii ∈ C1(W, R), é suficiente mostrar os seguintes itens:
(i) Para cada u ∈ W existe a derivada de Gateaux
∂Ii
∂(·)(u) : W → R. (ii) Para cada u ∈ W,
∂Ii
∂(·)(u) ∈ (W)
0
(iii) Se un → uem W, temos ∂Ii ∂(·)(un) → ∂Ii ∂(·)(u)em W 0 . Afirmação 2.3. I1 ∈ C1(W, R).
(i) Para cada u ∈ W existe a derivada de Gateaux
∂I1 ∂(·)(u) : W → R. Dados u, v ∈ W, temos ∂I1 ∂v(u) = limt→0 I1(u + tv) − I1(u) t = limt→0 Z RN |∇u − t∇v|p− |∇u|p t dx.
Considere h1 : [0, 1] → R definida por h1(s) = |∇u + st∇v|p. Note que h1 é diferenciável
em (0, 1) e contínua em [0, 1] com
h01(s) = p|∇u + st∇v|p−2(∇u + st∇v)t∇v, h1(1) = |∇u + t∇v|p e h1(0) = |∇u|p.
Pelo Teorema do Valor Médio, existe α ∈ (0, 1) tal que h1(1) − h1(0) = h01(α),
isto é,
|∇u + t∇v|p− |∇u|p = p|∇u + st∇v|p−2(∇u + αt∇v)t∇v, ou ainda,
|∇u + t∇v|p− |∇u|p
t = p|∇u + st∇v|
p−2(∇u + αt∇v)∇v.
Aplicando o limite quando t → 0 na igualdade anterior, lim
t→0
|∇u + t∇v|p− |∇u|p
t = limt→0p|∇u + αt∇v|
p−2(∇u + αt∇v)∇v = p|∇u|p−2∇u∇v.
Além disso, pela desigualdade de Cauchy-Schwarz, |∇u + t∇v|p− |∇u|p t = p|∇u + αt∇v|p−2(∇u + αt∇v)∇v ≤ p|∇u + αt∇v|p−2|∇u + αt∇v||∇v| = p|∇u + αt∇v|p−1|∇v|. Considerando |αt| < 1, |∇u + t∇v|p− |∇u|p t ≤ p|∇u + ∇v|p−1|∇v| ≤ p |∇u| + |∇v|p−1 |∇v|.
Sendo u, v ∈ W, temos
(|∇u| + |∇v|)p−1∈ Lp−1p (RN) e |∇v| ∈ Lp(RN), Aplicando a Desigualdade de Hölder (ver Teorema A.2), para p e p
p−1 sendo expoentes
conjugados,
(|∇u| + |∇v|)p−1|∇v| ∈ L1
(RN)
Usando o Teorema da Convergência Dominada de Lebesgue, concluímos ∂I1 ∂v(u) = limt→0 Z RN |∇u + t∇v|p − |∇u|p t dx = p Z RN |∇u|p−2∇u∇vdx.
(ii) Para cada u ∈ W,
∂I1
∂(·)(u) ∈ (W)
0.
De fato, sejam v, w ∈ W e λ ∈ R. Então,
∂I1
∂(v + λw)(u) = p Z
RN
|∇u|p−2∇u∇(v + λw)dx.
Pela linearidade do gradiente, do produto interno e da integral, p Z RN |∇u|p−2∇u∇(v + λw)dx = p Z RN |∇u|p−2∇u(∇v + λ∇w)dx = p Z RN |∇u|p−2∇u∇vdx + λp Z RN |∇u|p−2∇u∇wdx = ∂I1 ∂v(u) + λ ∂I1 ∂w(u)
donde segue ∂I1
∂(v + λw)(u) = ∂I1
∂v(u) + λ ∂I1
∂w(u), mostrando que ∂I1
∂(·)(u) é linear. Resta mostrar que ∂I1
∂(·)(u) é limitada. Para qualquer v ∈ H
1(RN), ∂I1 ∂v(u) = Z RN |∇u|p−2∇u∇vdx ≤ Z RN |∇u|p−2|∇u∇v|dx.
Pela desigualdade de Cauchy-Schwarz, Z RN |∇u|p−2|∇u∇v|dx ≤ Z RN |∇u|p−1|∇v|dx.
Novamente, aplicando a Desigualdade de Hölder para os expoentes p p−1 e p, Z RN |∇u|p−1|∇v|dx ≤ k∇uk p p−1 k∇vkp ≤ k∇uk p p−1kvk. Portanto, ∂I1 ∂v(u) ≤ C1kvk, mostrando que ∂I1 ∂(·)(u) é limitada.
(iii) I1 tem derivada de Gateaux contínua.
De fato, seja (un) uma sequência em W tal que un → uem W. Dado v ∈ W, temos
p∇un|p−2∇un∇v − p|∇u|p−2∇u∇v
= Z RN p|∇un|p−2∇un∇vdx − Z RN p|∇u|p−2∇u∇vdx = p Z RN
(|∇un|p−2∇un− |∇u|p−2∇u)∇vdx
≤ p Z RN
(|∇un|p−2∇un− |∇u|p−2∇u)∇v
dx. Decorre da desigualdade de Cauchy-Schwarz,
p Z
RN
(|∇un|p−2∇un− |∇u|p−2∇u)∇v
dx ≤ p Z
RN
|∇un|p−2∇un− |∇u|p−2∇u
|∇v|dx.
Observe que |∇un|p−2∇un− |∇u|p−2∇u
∈ L p p−1(RN), pois Z RN
|∇un|p−2∇un− |∇u|p−2∇u
p p−1dx ≤ 2p−1p Z RN |∇un|p−1 p p−1 +|∇u|p−1 p p−1 dx = 2p−1p Z RN |∇un|pdx + 2 p p−1 Z RN |∇v|pdx.
Pela Desigualdade de Hölder para os expoentes p e p p−1,
p Z
RN
|∇un|p−2∇un− |∇u|p−2∇u
|∇v|dx ≤ p
|∇un|p−2∇un− |∇u|p−2∇u
p p−1 k∇vkp. Assim sendo, ∂I1 ∂v(un) − ∂I1 ∂v(u) ≤ p
|∇un|p−2∇un− |∇u|p−2∇u
p p−1 k∇vkp. (2.15) Vejamos que
|∇un|p−2∇un− |∇u|p−2∇u
p p−1 → 0.
Como un → uem W, segue que
|∇un− ∇u| → 0 em Lp(RN).
Logo, pelo Teorema A.3, a menos de subsequência, ∇un→ ∇u q.t.p. em RN
e existe h ∈ Lp
(RN)tal que
Desse modo,
|∇un|p−2∇un− |∇u|p−2∇u
p p−1 → 0 q.t.p. em RN e
|∇un|p−2∇un− |∇u|p−2∇u
p p−1 ≤ 2p−1p |∇u n|p + |∇u|p ≤ 2 p p−1 hp+ |∇u|p , ∀ n ∈ N, com 2p−1p hp+ |∇u|p ∈ L1(RN).Pelo Teorema da Convergência Dominada,
|∇un|p−2∇un− |∇u|p−2∇u
p p−1 p p−1 = Z RN
|∇un|p−2∇un− |∇u|p−2∇u
p p−1dx → 0. Logo, por (2.15), ∂I1 ∂v(un) − ∂I1 ∂v(u)v ∗ = sup kvk1,p<1 v∈W ∂I1 ∂v(un) − ∂I1 ∂v(u) ≤ sup kvk1,p<1 v∈W p
|∇un|p−2∇un− |∇u|p−2∇u
p p−1 k∇vkp ≤ p
|∇un|p−2∇un− |∇u|p−2∇u
p p−1 → 0,
mostrando que ∂I1
∂(·)(un) → ∂I1
∂(·)(u). Segue de (i), (ii) e (iii) que I1 ∈ C
1(W , R) e I10(u)v = ∂I1 ∂v(u) = p Z RN |∇u|p−2∇u∇vdx. Afirmação 2.4. I2 ∈ C1(W, R).
(i) Para cada u ∈ W existe ∂(·)∂I2(u) : W→ R.
Considere h2 : [0, 1] → R definida por h2(s) = V (x)|u + stv|p com t ∈ [0, 1]. Note que
h2 é diferenciável em (0, 1) e contínua em [0, 1] com
h02(s) = pV (x)|u + stv|p−2(u + stv)tv, h2(1) = V (x)|u + tv|p e h2(0) = V (x)|u|p.
Pelo Teorema do Valor Médio, existe α ∈ (0, 1) tal que h2(1)−h2(0) = h02(α)o que implica
V (x)|u + tv|p− V (x)|u|p
t = pV (x)|u + αtv|
p−2(u + αtv)v.
Aplicando o limite quando t → 0 na igualdade anterior, lim t→0 V (x)|u + tv|p− V (x)|u|p t = limt→0pV (x)|u + αtv| p−2 (u + αtv)v = pV (x)|u|p−2uv.
Além disso, para |αt| < 1, V (x)|u + tv|p− V (x)|u|p t = pV (x)|u + αtv|p−2(u + αtv)v = pV (x)|u + αtv|p−1|v| ≤ p2p−1V∞ |u|p−1|v| + |αt|p−1|v|p ≤ p2p−1V ∞ |u|p−1|v| + |v|p .
Aplicando a desigualdade de Hölder para os expoentes p e p
p−1 chegamos que
p2p−1V∞(|u|p−1|v| + |v|p) ∈ L1(RN).
Pela definição da derivada de Gateaux e usando o Teorema da Convergência Dominada, ∂I2 ∂v(u) = limt→0 Z RN V (x)|u + tv|p − V (x)|u|p t dx = p Z RN V (x)|u|p−2uvdx.
(ii) Para cada u ∈ W,
∂I2 ∂(·)(u) ∈ W 0 . De fato, sejam v, w ∈ W e λ ∈ R, ∂I2 ∂(v + λw)(u) = p Z RN V (x)|u|p−2u(v + λw)dx. Pela linearidade da integral,
p Z RN V (x)|u|p−2u(v + λw)dx = p Z RN V (x)|u|p−2uvdx + λp Z RN V (x)|u|p−2uwdx = I20(u)v + λI20(u)w
donde segue ∂I2
∂(v + λw)(u) = ∂I2 ∂v(u) + λ ∂I2 ∂w(u). Para qualquer v ∈ W, ∂I2 ∂v(u)v = p Z RN V (x)|u|p−1uvdx ≤ pV∞ Z RN |u|p−1|v|dx Aplicando a desigualdade de Hölder,
|∂I2 ∂v(u)| ≤ pV∞ |u|p−1 p p−1 kvkp ≤ C kvk, com C = pV∞ |u|p−1 p p−1. Logo, ∂I2 ∂(·)(u) ∈ W 0 .
Seja (un) uma sequência que converge para u em W. Para todo v ∈ W, ∂I2 ∂v(un)v − ∂I2 ∂v(u) = p Z RN V (x)|un|p−2unvdx − p Z RN V (x)|u|p−2uvdx = p Z RN
V (x)(|un|p−2un− |u|p−2u)vdx
≤ pV∞ Z RN |un|p−2un− |u|p−2u |v|dx.
Observe que |un|p−2un− |u|p−2u ∈ L
p p−1(RN), pois |un|p−2un− |u|p−2u ≤ |un|p−1+ |u|p−1∈ L p p−1(RN). Usando a desigualdade de Hölder para os expoentes p e p
p−1, obtemos ∂I2 ∂v(un) − ∂I2 ∂v(u) ≤ pV∞ Z RN |un|p−2un− |u|p−2u p p−1dx p−1p kvkp. Pela imersão de W em Lp(RN), |I20(un)v − I20(u)v| ≤ pV∞C Z RN |un|p−2un− |u|p−2u p p−1dx p−1p kvk. Assim, ∂I2 ∂v(un) − ∂I2 ∂v(u) ∗ = sup v∈W kvk<1 ∂I2 ∂v(un) − ∂I2 ∂v(u) ≤ pV∞C Z RN |un|p−2un− |u|p−2u p p−1dx p−1p .
Como (un)converge para u em Lp(RN), pelo Teorema A.3, existe w ∈ Lp(RN)tal que, a
menos de subsequência, un → u q.t.p. em RN e |un| ≤ w q.t.p em RN. O que implica |un|p−2un− |u|p−2u p p−1 → 0 q.t.p em RN e |un|p−2un− |u|p−2u p p−1 ≤ 2p−1p |u n|p+ |u|p ≤ 2 p p−1 |w|p+ |u|p ∈ L1(RN). Pelo Teorema da Convergência Dominada, podemos concluir que
Z RN |un|p−2un− |u|p−2u p p−1dx → 0. Consequentemente ∂I2 ∂(·)(un) converge para ∂I2 ∂(·)(u)em W 0 .
Pela Proposição D.1, segue de (i), (ii) e (iii) que I2 ∈ C1(W, R) e I20(u)v = ∂I2 ∂v(u) = p Z RN V (x)|u|p−2uvdx. Afirmação 2.5. I3 ∈ C1(W, R).
(i) Para cada u ∈ W existe
∂I3
∂(·)(u) : W → R.
Sejam u ∈ W e considere h3 : [0, 1] → R definida por h3(s) = |F (u + stv)| com
t ∈ [−1, 1]. Note que h3 é diferenciável em (0, 1) e contínua em [0, 1] com
h03(s) = f (u + stv)tv, h3(0) = f (u) e h3(1) = f (u + tv).
Pelo Teorema do Valor Médio, existe α ∈ (0, 1) tal que h(1) − h(0) = h0(α), isto é,
f (u + tv) − f (u) = f (u + αtv)tv
ou ainda,
f (u + tv) − f (u)
t = f (u + αtv)v. Aplicando o limite quando t → 0 na desigualdade anterior,
lim
t→0
f (u + tv) − f (u)
t = limt→0f (u + αtv)v = f (u)v.
Além disso, para |αt| < 1, usando o crescimento de f, obtemos f (u + tv) − f (u) t = |f (u + αtv)v| ≤ ξ|u + αtv|p−1|v| + c ξ|u + αtv|q−1|v| ≤ ξ2p−1(|u|p−1|v| + |αt||v|p) + cξ2q−1(|u|q−1|v| + |αt||v|q) ≤ ξ2p−1(|u|p−1|v| + |v|p) + c ξ2q−1(|u|q−1|v| + |v|q).
Desde que u ∈ W, temos |u|p−1 ∈ L
p
p−1(RN). Usando a desigualdade de Hölder pode-mos concluir que |u|p−1|v| ∈ L1
(RN). Pela imersão de W em Lq(RN), u, v ∈ Lq(RN) e,
consequentemente, |u|q−1 ∈ Lq−1q (RN). Aplicando a Desigualdade de Hölder, |u|q−1|v| ∈ L1(RN). Então, podemos concluir que o lado direito da última desigualdade está em
L1(RN). Pelo Teorema da Convergência Dominada,
∂I3 ∂v(u) = limt→0 Z RN f (u + tv) − f (u) t dx = limt→0 Z RN f (u + αtv)vdx = Z RN f (u)vdx. Portanto, ∂I3 ∂v(u) = Z RN f (u)vdx.
(ii) Para cada u ∈ W, ∂I3 ∂(·)(u) ∈ W 0 . Dados v, w ∈ W e λ ∈ R, ∂I3 ∂(v + λw)(u) = Z RN f (u)(v + λw)dx = Z RN f (u)vdx + λ Z RN f (u)wdx = ∂I3 ∂v(u) + λ ∂I3 ∂w(u). Para qualquer v ∈ W, pelo crescimento de f,
∂I3 ∂v(u) = Z RN f (u)vdx ≤ Z RN |f (u)||v|dx ≤ α Z RN |u|p−1|v|dx + c α Z RN |u|q−1|v|dx.
Usando a Desigualdade de Hölder para os expoentes p e p
p−1, assim como q e q q−1, ∂I3 ∂v(u) ≤ α |u|p−1 p p−1 kvkp+ cα |u|q−1 q q−1 kvkq. Por definição, |u|p−1
p ≤
|u|p−1
. Além disso, como W está imerso em L
q(RN), existe
c1 tal que kvkq ≤ c1kvk. Assim, considerando C = α |u| p−1 p p−1 + c1cα |u|q−1 q q−1, ∂I3 ∂v(u)
≤ C kvk,mostrando a limitação de ∂I3 ∂(·)(u). Logo, ∂I3
∂(·)(u) ∈ W
0
(iii) I3 tem derivada de Gateaux contínua.
Seja (un) uma sequência que converge para u em W. Para todo v ∈ W
∂I3 ∂v(un) − ∂I3 ∂v(u) = Z RN f (un)vdx − Z RN f (u)vdx ≤ Z RN |f (un) − f (u)||v|dx. (2.16) Fixado r > 0, Z RN |f (un)−f (u)||v|dx ≤ Z Br |f (un)−f (u)||v|dx+ Z RN\Br |f (un)||v|dx+ Z RN\Br |f (u)||v|dx. (2.17) Substituindo a desigualdade (2.17) em (2.16) ∂I3 ∂v(un) − ∂I3 ∂v(u) ≤ Z Br |f (un) − f (u)||v|dx + Z RN\Br |f (un)||v|dx + Z RN\Br |f (u)||v|dx.
Primeiramente vamos analisar a integral em Br. Pela imersão de W em Lp(RN)e Lq(RN),
temos que
Pelo Teorema A.3, a menos de subsequência, (un)converge para u q.t.p. em RN e existem
w1 ∈ Lp(RN) e w2 ∈ Lq(RN)tais que
|un| ≤ w1 q.t.p. em RN e |un| ≤ w2 q.t.p. em RN.
Desse modo, [f(un) − f (u)]v → 0 q.t.p. em Br. Além disso, dado ξ > 0, pelo Lema 2.1,
existe cξ tal que
|f (un) − f (u)||v| ≤ |f (un)||v| + |f (u)||v|
≤ ξ|un|p−1|v| + cξ|un|q−1|v| + ξ|u||v|p−1+ cξ|u|q−1|v|
≤ ξw1p−1|v| + cξwq−12 |v| + ξ|u| p−1|v| + c ξ|u|q−1|v|. Desde que up−1, wp−1 1 ∈ L p p−1(B r), uq−1, wq−12 ∈ L q q−1(B r) e v ∈ Lp(Br) ∩ Lq(Br), ξw1|v| + cξwp−12 |v| + ξ|u||v| + cξ|u|p−1|v| ∈ L1(Br).
Pelo Teorema da Convergência Dominada, Z
Br
|f (un) − f (u)||v|dx → 0. (2.18)
Temos ainda que Z RN\Br |f (un)||v|dx ≤ ξ Z RN\Br |un|p−1|v|dx + cξ Z RN\Br |un|q−1|v|dx ≤ ξ Z RN\Br w1p−1|v|dx + cξ Z RN\Br wq−12 |v|dx. (2.19) Usando a desigualdade de Hölder,
ξ Z RN\Br w1p−1|v|dx + cξ Z RN\Br wq−12 |v|dx ≤ ξ kvkLp(RN\B r) Z RN\Br w1pdx !p−1p + cξkvkLq(RN\B r) Z RN\Br wq2dx !q−1q , o que implica Z RN\Br |f (un)||v|dx ≤ ξ kvkLp(RN\B r) Z RN\Br wp1dx !p−1p + cξkvkLq(RN\B r) Z RN\Br wq2dx !q−1q . (2.20)
Pela imersão de W1,p
(RN\Br) em Lp(RN\Br) e Lq(RN\Br), existem c1, c2 > 0 tais que
kvkLp(RN\B r)≤ c1kvk e kvkLq(RN\Br) ≤ cwkvk. (2.21) Substituindo (2.21) em (2.20), Z RN\Br |f (un)||v|dx ≤ ξc1 Z RN\Br w1pdx !p−1p + cξc2 Z RN\Br w2qdx !q−1q kvk Considere r > 0 tal que
Z RN\Br w1pdx < 1 2c1 p−1p e Z RN\Br wq2dx < ξ 2cξc2 !q−1q . Logo, Z RN\Br |f (un)||v|dx ≤ ξ kvk, ∀ξ > 0. (2.22)
De forma similar é possível mostrar que Z RN\Br |f (u)||v|dx ≤ ξ kvk, ∀ξ > 0. (2.23) De (2.17), (2.18), (2.22) e (2.23) Z RN |f (un) − f (u)||v|dx ≤ on(1) + 2ξ kvk, ∀ξ > 0. (2.24) Sendo assim, ∂I3 ∂(·)(un) − ∂I3 ∂(·)(u) ∗ = sup v∈W kvk<1 ∂I3 ∂v(un) − ∂I3 ∂v(u) = sup v∈W kvk<1 Z RN f (un)vdx − Z RN f (u)vdx ≤ sup v∈W kvk<1 Z RN |f (un) − f (u)||v|dx ≤ sup v∈W kvk<1 on(1) + 2ξ kvk ≤ on(1) + 2ξ.
Aplicando o limite quando ξ converge para 0, ∂I3 ∂(·)(un) − ∂I3 ∂(·)(u) ∗ ≤ on(1),
mostrando que ∂I3 ∂(·)(un) → ∂I3 ∂(·)(u). Logo, I3 ∈ C1(W, R) e I30(u)v = ∂I3 ∂v = Z RN
f (u)vdx, para todo u, v ∈ W.
Portanto, das Afirmações 2.3, 2.4 e 2.5, concluímos que I ∈ C1(W, R) e sua derivada
é
I0(u)v = Z
RN
(|∇u|p−2∇u∇v + V (x)|u|p−2uv)dx − Z
RN
f (u)vdx, ∀ u, v ∈ W.
2.2
O problema auxiliar
Na procura por soluções para o problema (Q), vamos estudar a geometria do funcional
associado ao problema com o objetivo de encontrar ponto crítico. Para tanto, vamos fazer uso do Teorema do Passo da Montanha devido a Ambrosetti e Rabinowitz (ver Teorema D.2).
O funcional I satisfaz as duas geometrias do Teorema do Passo da Montanha, porém
não é mostrado em (ALVES, 2015) que Isatisfaz a condição (PS). Com o intuito de
contor-nar essa situação vamos definir um problema auxiliar, baseado no método de penalização de Del Pino e Felmer, e mostrar a existência de solução para o problema auxiliar.
Para definir o problema auxiliar, mostraremos primeiramente o seguinte resultado: Lema 2.3. Fixado o número k = pθ
θ−p > p existe a > 0 tal que
a = min s > 0; f (s) sp−1 = V0 k , onde V0 > 0 é dado em (H0). Demonstração. Seja A = ns > 0; sf (s)p−1 = V0
k o. Vejamos que esse conjunto é diferente do
vazio. Observe que por (f1), dado ξ = Vk0, existe δ > 0 tal que
f (s) sp−1 <
V0
k , ∀ s ∈ (0, δ).
Por outro lado, pelo Lema 2.2, existem d1, d2 > 0 tais que, para todo s > 0,
(d1sθ− d2) ≤ F (s).
Pela condição de Ambrosetti-Rabinowitz (f3), θF (s) ≤ sf(s) para todo s > 0, o que
implica
θ(d1sθ−p− d2s−p) ≤
f (s) sp−1·
Como θ > p, lim s→+∞θ(d1s θ−p− d 2s−p) = +∞. Daí, lim s→+∞ f (s) sp−1 = +∞.
Logo, existem s1, s2 ∈ R, com s2 > s1 > 0, tais que
f (s1) sp−11 < V0 k < f (s2) sp−12 . Desde que a função s 7→ f (s)
sp−1 é contínua em [s1, s2], segue, do Teorema do Valor
Inter-mediário, que existe a0 ∈ [s1, s2] tal que
f (a0)
ap−10 = V0
k , mostrando que A 6= ∅.
Agora, vamos mostrar que A possui um menor elemento. Desde que A é limitado inferiormente por 0, existe a = inf A. Suponha, por absurdo, que a = 0. Como o ínfimo de um conjunto é um ponto aderente do conjunto, existe uma sequência (an) ⊂ A tal
que an → a = 0. Assim, para todo δ > 0 existe n ∈ N tal que an ∈ Vδ = (0, δ),
consequentemente sup f(Vδ) ≥ Vk0 para todo δ > 0. Logo,
lim sup t→0+ f (t) tp−1 = limδ→0+sup f (Vδ) ≥ V0 k > 0
o que contradiz a condição (f1). Desse modo a > 0. Como s 7→ tf (t)p−1 é contínua para todo t > 0 e existe (an) ⊂ A tal que an → a, então lim
n→+∞
f (an)
ap−1n
= f (a)
ap−1. Por outro lado,
lim
n→+∞
f (an)
ap−1n
= V0
k . Pela unicidade do limite, f (a) ap−1 =
V0
k , implicando que a ∈ A.
Dado um domínio limitado Ω ⊂ RN, vamos usar os números a e k do Lema 2.3 para
definir as funções ˜f : R → R e g : RN × R → R, dadas por
˜ f (s) = 0, s ≤ 0, f (s), 0 ≤ s < a, V0 ks p−1, s ≥ a,
característica associada a Ω, isto é, χΩ(x) = 1, x ∈ Ω, 0, x ∈ RN\Ω.
Usando as funções acima, estudaremos a existência de uma solução positiva para o seguinte problema −∆pu + V (x)up−1= g(x, u), x ∈ RN, u ∈ W, (Q,Ω) onde g(x, s) = g(x, s), ∀ (x, s) ∈ RN × R.
Lema 2.4. Dado ξ > 0 existem constantes positivas c1 = c1(ξ) e c2 = c2(ξ) tais que
| ˜f (s)| ≤ c1|s|p−1+ c2|s|q−1, ∀ s ∈ R. (2.25)
Demonstração. Dado ξ > 0, pelo Lema (2.1), existe cξ tal que
|f (s)| ≤ ξ|s|p−1+ c ξ|s|q−1. Se s < a, então | ˜f (s)| = |f (s)| ≤ ξ|s|p−1+ c ξ|s|q−1. Se s ≥ a, então | ˜f (s)| = V0 k |s| p−1≤ V0 k |s| + cξ|s| q−1. Considerando c1 = max{ξ, V0/k} e c2 = cξ, | ˜f (s)| ≤ c1|s|p−1+ c2|s|q−1, ∀ s ∈ R.
Afirmação 2.6. A função g satisfaz, para todo x ∈ RN, as seguintes condições:
(g1) g(x, s) ≤ 0, ∀ s ≤ 0. (g2) lim sup s→0+ g(x, s) sp−1 = 0. (g3) lim sup s→+∞ g(x, s) sq−1 = 0. (g4)i 0 < θG(x, s) := θ Z s 0 g(x, t) dt ≤ sg(x, s), ∀ x ∈ Ω e ∀ s > 0. (g4)ii 0 < pG(x, s) ≤ sg(x, s) ≤ V0 k s p, ∀ x ∈ RN\Ω e ∀ s > 0.
e da definição de g. Para todo x ∈ RN\Ω e 0 < s < a,
pG(x, s) ≤ θG(x, s) = θF (s) ≤ sf (s) = sg(x, s).
Além disso, sendo s < a, pelo Lema 2.3, f (s) sp−1 6= V0 k. Suponha que f (s) sp−1 > V0 k. Por (f1),
existe 0 < δ < s tal que f (t) tp−1 <
V0
k para todo t ∈ (0, δ). Fixando t0 ∈ (0, δ), temos que a
função t 7→ f (t) tp−1 é contínua em [t0, s] e f (t0) tp−10 < V0 k < f (s) sp−1·
Então, pelo Teorema do Valor Intermediário, existe t1 ∈ [t0, s] tal que
f (t1)
tp−11 = V0
k (2.26)
o que contradiz o fato de a ser o menor valor para o qual ocorre a igualdade (2.26). Sendo assim, f (s) sp−1 < V0 k , o que implica sg(x, s) = sf (s) < V0 k s p , ∀ x ∈ RN\Ωe ∀ 0 < s < a. Para x ∈ RN\Ω e s > a, pG(x, s) = pV0 pk s p = V0 k s p = sg (x, s).
Afirmação 2.7. Dado ξ > 0 existem Mξ, cξ > 0 tais que
|g(x, s)| ≤ Mξ|s|p−1+ cξ|s|q−1, ∀ s ∈ R. (2.27)
De fato, dado ξ > 0, para todo (x, s) ∈ {Ω × R} ∪ {Ωc× (−∞, a]},
g(x, s) = f (s) ≤ ξ|s|p−1+ cξ|s|q−1. Para (x, s) ∈ Ωc× (a, +∞), g(x, s) = V0 k s p−1.
Logo, considerando Mξ = max
n ξ,V0
ko,
Afirmação 2.8. Dado ξ > 0 existem Mξ, cξ > 0 tal que G(x, s) ≤ Mξ|s|p+ cξ qs q . (2.28)
De fato, para todo (x, s) ∈ {Ω × R} ∪ {Ωc× (−∞, a]},
G(x, s) = F (s) ≤ ξ p|s| p + cξ qs q . Para (x, s) ∈ Ωc× (a, +∞), G(x, s) = V0 pks p. Considerando Mξ = max ξ p, V0 pk , temos G(x, s) ≤ Mξ|s|p+ cξ qs q, ∀ (x, s) ∈ Ω × R.
O problema (Q,Ω) está fortemente relacionado com (Q), pois se u é uma solução de
(Q,Ω) verificando
u(x) < a, ∀ x ∈ RN\Ω,
onde Ω = Ω/ = y/; y ∈ Ω , então u será uma solução para (Q). De fato, se u
solução de (Q,Ω), então Z RN |∇u|p−2∇u∇vdx + Z RN V (x)up−1vdx = Z RN g(x, u)vdx, ∀v ∈ W.
Se u(x) < a para todo x ∈ RN\Ω
, então, pela definição de g
g(x, u) = f (u), ∀ x ∈ RN. Daí, Z RN |∇u|p−2∇u∇vdx + Z RN V (x)up−1vdx = Z RN g(x, u)vdx = Z RN f (u)vdx, ∀v ∈ W,
mostrando que u é solução de (Q).
Associado a (Q,Ω), temos o funcional energia J : W → R dado por
J(u) = 1 p Z RN (|∇u|p+ V (x)|u|p)dx − Z RN G(x, u)dx, onde G(x, s) = Z s 0 g(x, t)dt, ∀ (x, s) ∈ RN × R.
De forma análoga como foi provado para I é possível mostrar que J ∈ C1(W, R) e
J0(u)v = Z
RN
(|∇u|p−2∇u∇v + V (x)|u|p−2uv)dx − Z
RN
g(x, u)vdx, ∀u, v ∈ W.
Então, pontos críticos de J correspondem a soluções fracas de (Q,Ω).
2.2.1
Geometria do Passo da Montanha
Com o intuito de aplicar o célebre Teorema do Passo da Montanha para o funcional J, a seguir, mostraremos que o mesmo verifica as chamadas geometrias do passo da
montanha.
Teorema 2.2. O funcional J verifica as duas geometrias do Teorema do Passo da
Mon-tanha para todo > 0, isto é,
(I1) Existem ρ > 0 e α > J(0) = 0 tais que
inf
kuk=ρJ(u) ≥ α.
(I2) Existe e ∈ W com kek > ρ e J(e) < 0.
Demonstração. (I1) Pela definição de J e usando o crescimento de G (Afirmação 2.8),
temos J(u) = 1 pkuk p − Z RN G(x, u)dx ≥ 1 pkuk p − ξ p Z RN |u|pdx − cξ q Z RN uqdx = 1 pkuk p − ξ pkuk p p− cξ q kuk q q. Pelas imersões W ,→ Lp(RN) e W ,→ Lq(RN), 1 pkuk p − ξ pkuk p p− cξ q kuk q q ≥ 1 pkuk p − C1kuk p − C2kuk q = C3kukp − C1kukq.
Logo, J(u) ≥ C3kuk p
− C1kuk q
, para todo u ∈ W. Note que
C3kuk p
− C1kuk q
> 0, ∀u ∈ W tal que kuk <
C3 C1 q−p . Escolhendo ρ = 1 2 C3 C1 q−p ,
temos que
0 < ρ < C3 C1
q−p
e C3ρp− C1ρq > 0.
Tomando α = (C3ρp− C1ρq)/2 > 0, para todo u ∈ W tal que kuk = ρ,
J(u) ≥ C3kuk p
− C1kuk q
= C3ρp− C1ρq> α,
mostrando que J satisfaz (I1).
(I2) Fixe ϕ ∈ C0∞(RN), ϕ ≥ 0, e seja K = Suppϕ.
J(tϕ) = 1 pktϕk p − Z RN G(x, tϕ)dx = 1 pkϕk p |t| p− Z K G(x, tϕ) dx = 1 pkϕk p |t| p− Z K∩[0<tϕ<a] G(x, tϕ) dx − Z K∩[a≤tϕ] G(x, tϕ) dx. Como G é não-negativa, J(tϕ) ≤ 1 pkϕk p |t| p− Z K∩[0<tϕ<a] G(x, tϕ) dx.
Recorde que, por definição, G(x, s) = F (s)para todo (x, s) ∈ RN× [0, a). Pelo Lema 2.2,
G(x, s) = F (s) ≥ d1sθ− d2, para todo (x, s) ∈ RN × (0, a). Assim,
− Z K∩[0<tϕ<a] G(x, tϕ) dx ≤ − Z K∩[0<tϕ<a] d1|t|θ|ϕ|θ dx + Z K∩[0<tϕ<a] d2 dx = −C1|t|θ+ C2, onde C1 = d1 Z K∩[0<tϕ<a] |ϕ|θ e C 2 = Z K∩[0<tϕ<a] d2 dx. Por conseguinte, J(tϕ) ≤ 1 pkϕk p |t| p− C 1|t|θ+ C2 t→∞ −−−→ −∞
Logo, existe t0 > 0 tal que kt0ϕk> ρ e J(t0ϕ) < 0.
2.2.2
Condição de Palais-Smale
Nesta subseção, temos por objetivo mostrar que o funcional J satisfaz a condição de
Palais-smale.
Sejam X um espaço de Banach, I ∈ C1(X, R) e c ∈ R.
I, ou simplesmente, (un) é uma sequência (PS)c para I, quando
I(un) → c e I0(un) → 0.
Definição 2.2. Dizemos que o funcional I satisfaz a condição Palais-Smale no nível c, ou simplesmente, que I satisfaz a condição (PS)c, se toda sequência (PS)c admite uma
subsequência convergente. Dizemos que I satisfaz a condição (PS) quando I satisfaz a condição (PS)c para todo c ∈ R.
O próximo resultado mostra que as sequências (P S) para o funcional Jsão limitadas.
Lema 2.5. Se (un) é uma sequência (PS)c para J, então (un) é limitada em W.
Demonstração. Seja (un) uma sequência (PS)c para J, isto é,
J(un) → c e J0(un) → 0. (2.29)
Observe que (2.29) implica que existe uma constante M > 0 tal que, para todo n ∈ N,
|J(un)| ≤ M (2.30)
e, dado ξ > 0, existe n0 ∈ N tal que, para todo n > n0,
J0(un) ∗ ≤ ξ, o que implica |J0(un)un| ≤ ξ kunk, ∀ n > n0. (2.31) Observe que J(un) − 1 θJ 0 (un)un = 1 pkunk p − Z RN G(x, un)dx − 1 θ kunk p + 1 θ Z RN g(x, un)undx = 1 p− 1 θ kunkp + 1 θ Z RN g(x, un)un− θG(x, un) dx.
Considerando, para cada n ∈ N, Λn = Ω ∪ {x ∈ RN\Ω; un(x) < a} temos, por definição,
g(x, un) = f (un) e G(x, un) = F (un), para todo x ∈ Λn. Assim, pela condição (f3),
1 θ Z Λn g(x, un)un− θG(x, un) ≥ 0. Daí,
1 θ Z RN g(x, un)un− θG(x, un) dx = 1 θ Z Λn g(x, un)un− θG(x, un) + 1 θ Z RN\Λn g(x, un)un− θG(x, un) ≥ 1 θ Z RN\Λn g(x, un)un− θG(x, un), o que implica J(un) − 1 θJ 0 (un)un ≥ 1 p− 1 θ kunkp + 1 θ Z RN\Λn g(x, un)un− θG(x, un). (2.32) Pela definição de g e G 1 θ Z RN\Λn g(x, un)un− θG(x, un) = 1 θ Z RN\Λn V0 k u p n− θV0 pk u p n = p − θ pkθ Z RN\Λn V0upn.
Como p − θ < 0 e V0 ≤ V (x)para todo x ∈ RN, temos que
p − θ pkθ Z RN\Λn V0upn dx ≥ p − θ pkθ Z RN\Λn V (x)upndx ≥ p − θ pkθ Z RN V (x)upndx. (2.33) Juntando (2.32) e (2.33), J(un) − 1 θJ 0 (un)un≥ 1 p − 1 θ kunk p + p − θ pkθ Z RN V (x)upndx. Agora, observe que, pelo fato de p − θ < 0 e 2p < pk,
p − θ pkθ Z RN V (x)upndx ≥ p − θ 2pθ Z RN V (x)upndx ≥ p − θ 2pθ Z RN V (x)upndx +p − θ 2pθ Z RN |∇un|pdx = p − θ 2pθ kunk p . Dessa forma, J(un) − 1 θJ 0 (un)un ≥ 1 p− 1 θ kunkp + p − θ 2pθ kunk p = (θ − p) 2pθ kunk p . (2.34)
Por outro lado,
J(un) − 1 θJ 0 (un)un≤ |J(un)| + 1 θ|J 0 (un)un|.
Por (2.30) e (2.31), para todo n > n0,
J(un) − 1 θJ 0 (un)un≤ M + ξ θkunk. (2.35)
Combinando (2.34) com (2.35), obtemos (θ − p) 2pθ kunk p ≤ ξ θ kunk+ M ≤ ξ θ kunk p + ξ θ + M, ∀ n > n0, ou ainda, θ − p − 2pξ 2pθ kunk p ≤ ξ θ + M, ∀ n > n0. Considerando ξ pequeno suficiente tal que θ − p − 2pξ > 0, obtemos
kunk ≤ M , ∀ n ∈ N, onde M = max{ku1k, ku2k, . . . , kun0k, 2pθ θ−p−2pξ ξ θ + M 1 p }. Portanto, (un) é limi-tada em W.
O próximo resultado é crucial para mostrarmos o funcional associado ao problema auxiliar satisfaz a condição (P S).
Lema 2.6. Seja (un) uma sequência (PS) para J. Então, para cada ζ > 0 existe
R = R(ζ) > 0 tal que lim sup n→+∞ Z RN\BR(0) |∇un|p+ V (x)|un|p dx < ζ.
Demonstração. Dado ζ > 0, fixe R > 0 e considere ηR ∈ C∞(RN)tal que
ηR(x) = 0, se x ∈ BR 2, 1, se x ∈ RN\BR.
com 0 ≤ ηR≤ 1 e |∇ηR| ≤ CR. A sequência (ηRun)é limitada em W, pois
kηRunk = Z RN |∇ηRun|pdx + Z RN V (x)|ηRun|pdx 1p = Z RN |un∇ηR+ ηR∇un|pdx + Z RN V (x)|ηR|p|un|pdx 1p ≤ 2p Z RN |un|p|∇ηR|pdx + 2p Z RN |ηR|p|∇un|pdx + Z RN V (x)|ηR|p|un|pdx 1p ≤ 2 pCp Rp Z RN |un|pdx + 2p Z RN |∇un|p+ Z RN V (x)|un|pdxdx 1p .
Escolhendo R suficientemente grande tal que 2pCp Rp < V0, 2pCp Rp Z RN |un|pdx ≤ Z RN V0|un|pdx ≤ Z RN V (x)|un|pdx. Daí, kηRunk ≤ 2p Z RN |∇un|p+ 2 Z RN V (x)|un|pdxdx 1p ≤ 2 kunk.
Uma vez que (un) é uma sequência (PS) para J, pelo Lema 2.5 existe M > 0 tal que
kunk ≤ M para todo n ∈ N. Por consequência, (ηRun) é limitada em W.
Por outro lado, observe que Z RN ηR|∇un|p+ V (x)|un|p dx = J0(un)ηRun+ Z RN g(x, un)ηRundx − Z RN un|∇un|p−2∇un∇ηRdx.
Escolhendo R de modo que Ω ⊂ BR
2 teremos, por definição, ηR = 0 em Ω. Então, Z RN\Ω ηR|∇un|p+ V (x)|un|p dx = J0(un)ηRun+ Z RN\Ω g(x, un)ηRun dx − Z RN\Ω un|∇un|p−2∇un∇ηRdx. Usando (g4)ii, Z RN\Ω ηR|∇un|p+ V (x)|un|p dx ≤ J0(un)ηRun+ Z RN\Ω 1 kV (x)|un| p ηRdx − Z RN\Ω un|∇un|p−2∇un∇ηRdx.
Sendo ηR≥ 0 por definição,
Z RN\Ω ηR|∇un|p+ V (x)|un|p dx ≤ J0(un)ηRun+ 1 k Z RN\Ω V (x)|un|pηRdx + 1 k Z RN\Ω ηR|∇un|p dx − Z RN\Ω un|∇un|p−2∇un∇ηRdx, donde segue, 1 − 1 k Z RN\Ω ηR|∇un|p+ V (x)|un|p dx ≤ J0(un)ηRun− Z RN\Ω |un||∇un|p−2∇un∇ηR dx ≤ J0(un)ηRun+ Z RN\Ω |un||∇un|p−2|∇un∇ηR| dx
ou seja, Z RN\Ω ηR|∇un|p+ V (x)|un|p dx ≤ C1J0(un)ηRun+ C1 Z RN\Ω |un||∇un|p−2|∇un∇ηR| dx, (2.36) com C1 = 1 − 1k −1
. Pela desigualdade de Cauchy-Schwarz, Z RN\Ω |un||∇un|p−2|∇un∇ηR| dx ≤ Z RN\Ω |un||∇un|p−2|∇un||∇ηR| dx ≤ C R Z RN\Ω |un||∇un|p−2|∇un| dx = C R Z RN\Ω |un||∇un|p−1 dx. (2.37)
Desde que W ,→ Lp(RN\Ω), un ∈ Lp(RN\Ω) e |∇un|p−1 ∈ L
p p−1(RN\Ω). Pela desigual-dade de Hölder, C R Z RN\Ω |un||∇un|p−1dx ≤ C R Z RN\Ω |un|p dx !1p Z RN\Ω |∇un|p dx !p−1p .
Como (un)é limitada em W, particularmente em LP(RN\Ω),
C R Z RN\Ω |un||∇un|p−1dx ≤ C2 R Z RN\Ω |∇un|p dx !p−1p . (2.38) Juntando (2.36), (2.37) e (2.38), Z RN\Ω ηR|∇un|p+ V (x)|un|p dx ≤ C1J0(un)ηRun+ C3 R Z RN\Ω |∇un|p dx !p−1p . Como RN\B R⊂ RN\Ωe ηR= 1 em RN\BR, Z RN\BR |∇un|p+ V (x)|un|p dx = Z RN\BR ηR|∇un|p+ V (x)|un|p dx ≤ Z RN\Ω ηR|∇un|p+ V (x)|un|p dx, o que implica Z RN\BR |∇un|p+ V (x)|un|p dx ≤ C1J0(un)ηRun+ C3 R Z RN |∇un|pdx 1p ≤ C1J0(un)ηRun+ C4 R kunk. (2.39)