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Revista
Portuguesa
de
Cardiologia
Portuguese
Journal
of
Cardiology
ARTIGO
DE
REVISÃO
Anomalias
congénitas
das
artérias
coronárias
Andrea
Silva
a,∗,
Maria
João
Baptista
b,c,
Emanuel
Araújo
daFaculdadedeMedicinadaUniversidadedoPorto,Portugal
bServic¸odaCardiologiaPediátrica,CentroHospitalSãoJoão,Porto,Portugal
cDepartamentodePediatria,FaculdadedeMedicinadaUniversidadedoPorto,Porto,Portugal dServic¸odeMedicinaInterna,CentroHospitalarSãoJoão,Porto,Portugal
Recebidoa17defevereirode2017;aceitea24desetembrode2017
PALAVRAS-CHAVE Anomaliasdas artériascoronárias; Anomaliasdaorigem dasartérias coronáriasnaaorta; Anomaliasdaorigem dasartérias coronáriasnaartéria pulmonar; Mortesúbitade origemcardíaca
Resumo Asanomaliascongénitasdasartériascoronáriassãoalterac¸õesdasuaorigem,trajeto ouestruturaeasuaincidênciavariaentre0,2e5,6%.Apesardeamaioriaserassintomática, sãoasegundacausamortesúbitadeorigemcardíacaemjovensatletas.
Oobjetivodestetrabalhoésalientarasprincipaisanomaliascomrepercussões hemodinâmi-cas,nomeadamenteasanomaliasdaorigemdasartériascoronáriasnaaortaeasanomaliasem queaartériacoronáriaesquerdatemorigemnaartériapulmonar.
Asanomaliasdaorigemdasartériascoronáriasnaaortacorrespondem a14-17%de todas asmortessúbitasdecausacardíaca,queocorreminesperadamenteemcrianc¸assaudáveisou jovensatletas duranteouimediatamenteapósoexercício físico.Omecanismo responsável pelacompressão/oclusãodaartériacoronáriacomorigemnoseiocoronárioopostoaindanãoé claroeexistemváriosmecanismospropostos.Aapresentac¸ãoclínicadessesdoentesébastante variável eoexamefísico énamaioria dasvezesnormal. Oecocardiogramatranstorácicoé oexame maisusadoparaodiagnóstico.A abordagem,otratamentoeoseguimentodesses doenteséaindaumtemacontroverso.
A origemanómaladaartériacoronáriaesquerdanaartériapulmonaréaindamaisrarae amaioriadosdoentesmorrenoprimeiroanodevida,senãoforfeitacorrec¸ãocirúrgica.O ecocardiogramaétambémométododeeleic¸ãoparaasuaconfirmac¸ão.Odiagnósticodessa anomalianumacrianc¸a,gravementedoente,éindicac¸ãocirúrgicadeurgência.
Pelasalterac¸õeshemodinâmicasqueacarretam,oseudiagnósticoetratamentoprecocesão importantes.
©2018SociedadePortuguesa deCardiologia.PublicadoporElsevierEspa˜na,S.L.U.Todosos direitosreservados.
∗Autorparacorrespondência.
Correioeletrónico:andreaaeps@hotmail.com(A.Silva).
https://doi.org/10.1016/j.repc.2017.09.015
KEYWORDS
Coronaryvessel anomalies; Anomalousaortic originofthecoronary artery;
Anomalousoriginof thecoronaryartery frompulmonary artery;
Cardiacsuddendeath
Congenitalanomaliesofthecoronaryarteries
Abstract Congenitalcoronaryarteryanomaliesaremodifications oftheirorigin, courseor structureanditsincidencevariesbetween0,2and5,6%ofthegeneralpopulation.Although themajorityisasymptomatic,theyarethesecondleadingcauseofsuddencardiacdeathin youngathletes.
Theaim ofthisstudy is tohighlightthemain anomalieswith hemodynamicsignificance, includingtheanomalous originofacoronaryarteryfrom theoppositesinusandanomalous originoftheleftcoronaryarteryfrompulmonaryartery.
Theanomalousaorticoriginofacoronaryarteryfromtheoppositesinusaccountsfor14-16% ofallcardiacdeaths,thatunexpectedlyoccurinhealthychildrenoryoungathletesduringor immediatelyafterexercise.Themechanismresponsibleforthecompression/occlusionofthe coronaryarteryoriginatingfromtheoppositesinusisstillunclearandthereareseveralproposed mechanisms.Theclinicalpresentationofthesepatientsisvariableandphysicalexaminationis normalinmostindividuals.Transthoracicechocardiogramisthediagnostictestmostcommonly used.Treatmentandmanagementarecontroversialtopic.
Theanomalousoriginoftheleftcoronaryarteryfrompulmonaryarteryisaveryrarecondition andwithoutsurgery,mostinfantsdiewithinthefirst12monthsoflife.Theechocardiogramis alsothemethodofchoicefordiagnosticconfirmation.Thediagnosisofthiscongenitalanomaly inaninfant,usuallyseriouslyill,isanindicationforurgentsurgery.
Becausetheseanomaliesproducehemodynamicchanges,itisimportantanearlydiagnosis andtreatment.
©2018SociedadePortuguesadeCardiologia.PublishedbyElsevier Espa˜na, S.L.U.Allrights reserved.
Introduc
¸ão
As anomalias congénitas das artérias coronárias (ACACs) foramdescritaspelaprimeiravezhádoismilénios,porGalen e Vesalius1, e são alterac¸ões da sua origem, estrutura e
trajeto2.
Defacto,essetematemganhomaiornotoriedadedevido à associac¸ão com morte súbita3, apesarde a maioria das
ACACsserbenigna,semimplicac¸õeshemodinâmicasouno prognóstico4.
Asdoenc¸asdasartériascoronáriassãodasprincipais cau-sasdemorbilidadeemortalidadeemtodoomundo.Dentro dessas, asACACs, apesar demenos prevalentes, são uma potencialfontedearritmiasmalignas,isquemiaedisfunc¸ão domiocárdio3.Emjovensatletas,asACACssãoconsideradas
asegundacausademortesúbitacardíaca(em12%das mor-tes),geralmenteprecipitadaporexercíciofísicovigoroso4,5.
Amorte súbitadecausa cardíacapodeser definida como umamorteinesperadadeorigemcardíaca,geralmenteem menosdeumahoraapósoiníciodossintomas,numindivíduo sempatologiapréviafatalconhecida4.Segundoumestudo
apartirdoregisto daMinneapolisHeartInstitute Founda-tion,asduascausasmaisfrequentesdemortesúbitaforam acardiomiopatiahipertróficaem36%easACACsem17%6.
ApesardeamaioriadasACACsserassintomáticaesem repercussãohemodinâmica,existemACACscomsignificado clínico7, classificadas em dois subgrupos: anomalias das
artérias coronárias com origem no seio coronário oposto (origemdacoronária esquerdanoseiocoronáriodireito e coronáriadireitacomorigemnoseiocoronárioesquerdo)e anomaliasemqueaartériacoronáriaesquerdatemorigem
naartériapulmonar(ACEOAP)3.Essasanomaliasestão
asso-ciadasàmortesúbita.Contudo,existemoutrasACACsmenos comuns,masquetambémpodemestarrelacionadascoma mortesúbitacardíaca,nomeadamenteapresenc¸adeuma artériacoronáriaúnicacomtrajetointerarterial,atrésiado óstiocoronáriooufístulasarteriais4,6,8.
Napresenc¸adeACACs,amortesúbitaestárelacionada comaisquemiadomiocárdio,resultaemarritmias ventricu-laresmalignas.Asexigênciasfisiológicasdaatividadefísica dependemdotipodeexercício.Osdoistiposdeexercício, isotónico ou isométrico, envolvemo uso de grandes mas-sasmuscularesqueaumentamoretornovenoso,ovolume telediastólico do ventrículo esquerdo e juntamente com a estimulac¸ão dosistema simpáticoadrenérgico implicam aumentodafrequênciacardíaca,pressãoarterial,dodébito cardíacoedacontractilidadedomiocárdio.Essasrespostas têmcomoobjetivoaumentarofornecimentodeoxigéniono miocárdio,com aumentodofluxo sanguíneo,que perante essasanomaliasestácomprometido6,9,10.
Essas anomalias são mais comuns em indivíduos com doenc¸as cardíacascongénitas,nomeadamente atetralogia deFallot,atransposic¸ãodasgrandesartériasealgumas for-mas deatrésia pulmonar, comparativamente àqueles com o corac¸ão estruturalmente normal. Os sintomas normal-mente sãomaisprecoces, assim comoo diagnóstico. Essa associac¸ãoafetaaabordagemeoprognósticodadoenc¸ade base7,11.
A verdadeiraincidência das ACACs na populac¸ão geral continua por esclarecer, varia entre 0,2% e 5,6%. Essa diferenc¸adependedométodo(autópsiaversusangiografia), doscritériosdediagnósticoedapopulac¸ãoestudada4,12,13.
Nãosãoconhecidasdiferenc¸asnaincidênciaentreetniasou géneros2.
As ACACs são frequentemente identificadas apenas na autópsiaeoseudiagnósticoéumdesafioqueexigeumalto índice de suspeic¸ão clínica, pois a maioria dos indivíduos afetados é assintomática e temum exame físico normal. Ossintomas,taiscomo dor torácica,dispneiaousíncope, ocorrememapenas18%a30%dosdoentes4,14,15.
O presente trabalho tem por objetivo salientar as principais ACACs primárias que apresentam repercussões hemodinâmicas, nomeadamenteas anomaliasdas artérias coronárias comorigemnoseiocoronáriooposto eas ano-maliasemqueaartériacoronáriaesquerdatemorigemna artériapulmonar.
Anatomia
e
embriologia
das
artérias
coronárias
Ocorreto estudodasACACs implicaumabreverevisãodo desenvolvimentodasartériascoronáriasedasuaanatomia. Definir a normalidade na anatomia das artérias coro-nárias é um desafio. Angelini et al. classificaram como normal qualquer anatomia presente em mais de 1% da populac¸ão geral,inclusive inúmerasvariantes anatómicas. Assim,pordefinic¸ão,asACACsocorrememmenosde1%da populac¸ão4,5,16.
Habitualmente, a artéria coronária esquerda surge do seiocoronárioesquerdo,adquireumtrajetoparaaesquerda e posterior, relativamente ao tronco daartéria pulmonar, bifurca-se em duas artérias: a artéria descendente ante-rior,situadanosulcointerventricularanterior,responsável pelairrigac¸ãosanguíneadosdoisterc¸osanterioresdaregião basal do septoe dasua região média e apical, e a arté-riacircunflexa,queseencontranosulcoauriculoventricular esquerdo,irrigaaparededoventrículoesquerdo2,17.
Por outro lado,aartériacoronária direitaoriginadano seiocoronário direitoé responsável pela irrigac¸ão sanguí-neada parede ventriculardireita e apresenta umtrajeto anterioreparaadireita,entreaaurículadireitaea arté-riapulmonar,situadanosulcoauriculoventricular.Durante essepercurso,dáorigemadiversosramos2,17,18.Emrelac¸ão
a variantesdo normal,podemos ainda referirque a arté-ria descendente posterior, que irriga a parede inferior e o terc¸o inferior do septo, pode ter origem na artéria coronária direita (dominância direita, a maioria), arté-ria coronária esquerda (dominância esquerda) ou ambas (codominância)16. Não há dado na literatura que permita
inferirqueadominânciatenhaimplicac¸õesnasobrevidado indivíduocomACACs.Noentanto,sabe-sequenumsistema dominanteesquerdoaartériacoronáriadireitanão contri-buiparaaperfusãodoventrículoesquerdo,oquepodeter implicac¸õesemcasodeevento.
Durante as fases iniciais do desenvolvimento fetal humano, os sinusoides vasculares desenvolvem-se no interior do miocárdio embrionário. Quando esse se torna compacto, os sinusóides desaparecem e surge uma rede de veias, artériase capilares que comunicam com outros vasos do mediastino, aproximadamente aos 32 dias de gestac¸ão. Os vasos coronários primitivos aparecem por volta dasétima semana degestac¸ão,após a formac¸ão da aorta apartir da divisão dotruncus arteriosus. Àmedida
que a rede arterial coronária se desenvolve, surgem os botões endoteliais, na base do truncus arteriosus, que posteriormente se juntam com rede arterial coronária, quese desenvolvea partir dos sinusóides, estabelecem o sistemaarterialcoronáriodefinitivo.Ainvoluc¸ãoanómala, aposic¸ão dosbotõesendoteliaisouaseptac¸ãodotruncus arteriosuspodemlevar aodesenvolvimentodasanomalias naorigemdasartériascoronárias19,20.
Com essa embriologia complexa, é de esperar que alterac¸õesnodesenvolvimentopossamresultarem anoma-liascongénitas19.
Classificac
¸ão
Aclassificac¸ãodasACACséumtemacontroversoeexistem váriosmodelospropostos.
Aprimeiradatade1969efoipropostaporOgden21,foram
ordenadasem três categorias:variac¸õesminor, anomalias coronáriasmajoreanomaliascoronáriassecundárias. Con-tudo, esse sistema não enfatiza a importância clínica de certasalterac¸ões5,22,.
Aclassificac¸ãopropostaporAngelini23,inicialmenteem
1989e posteriormenteatualizada, é atualmente umadas maisusadasedivideasACACsem:a)anomaliasdaorigem edotrajeto,b)anomaliasdaanatomiaintrínsecada arté-ria;c)anomaliasdoleitocoronárioterminaled)anomalias dosvasosanastomóticos. Oprincípiobásicodesse sistema éque a denominac¸ãode umaartéria é determinadapelo territórioqueirriga,enãocombasenasuaorigemou tra-jetoinicial2,8.SegundoAngelini,sãoconsideradasnormaisas
seguintescaracterísticas:apresenc¸adedoisaquatroóstios, nosseioscoronáriosdireitoeesquerdo;umânguloentre45◦ a90◦dacoronárianonívelproximalcomaparededaaorta; a presenc¸a de umtronco comum, localizado à esquerda, quedá origemà artéria descendente anteriore à artéria circunflexa;umsegmentomédiosubepicárdico,comramos adequadosaomiocárdiodependenteeafinalizac¸ãodetodo osistemanumarededecapilares2,5,8.
Apesar de a classificac¸ão anterior ser detalhada, abrangente e compreensível, em 2000 Dodge-Khatami et al. introduziram um novo sistema de nomenclatura e classificac¸ão,comoparte integrantedoInternational Con-genitalHeartSurgeryNomenclatureandDatabaseProject
daEuropeanAssociationofCardio-ThoracicSurgerye Soci-etyofThoracicSurgeons.Esse sistemafoiadotadoparaa classificac¸ãodediagnósticoseprocedimentosnasbasesde dadosdecirurgiascardíacascongénitas,combaseemvários níveisdehierarquia.Essaclassificac¸ãotemsidousadapara registar asanomalias daartéria coronária comorigem na aorta,com o objetivo de desenvolver orientac¸ões para o seutratamentoeseguimento5,12.
Em 2003, surgiu uma nova classificac¸ão, proposta por Rigatellietal., comoobjetivodeser maispráticae sim-ples, padronizar os critérios de diagnóstico e os grupos de ACAC em sete categorias: hipoplasia/atrésia, arté-ria coronária única, fístulas, origem em outras artérias, origemnoseiocoronárioerrado,separac¸ão (origens sepa-radas da artéria descendente anterior e circunflexa) e trajeto intramiocárdico24. Essa classificac¸ão é mais
permiteestabelecerarelac¸ãoentreaclínicaeaanomalia, porsereferiraoterritórioirrigado.
Artéria
coronária
com
origem
anómala
na
aorta
(ACOAA)
AACOAA é umaanomaliacongénitada origemoutrajeto daartériacoronáriacomorigemnaaorta25,cujaincidência
variaentre0,28%e1,74%,emestudosfeitoscomangiografia coronária26. Dentro desse grupo, fazem parte as
anoma-lias da artéria coronária com origem no seio coronário oposto,alterac¸ãoquerepresentaumadasprincipaiscausas demortesúbita25.
A prevalência das ACOAA para a origem da coronária direitacomorigemnoseiocoronárioesquerdovariaentre 0,06%e0,9%.Nocasodaorigemdacoronáriaesquerdano seiocoronáriodireito,aprevalênciaémenor(de0,025%a 0,15%)1,25.
Em1962,foidescritaumaanomaliadaartériacoronária esquerdacomorigemnoseiocoronáriodireito,numrapaz saudávelencontradomortoapósumacorridadecorta-mato. Posteriormente,Cheitlinetal.,em1974,demonstraramque váriosdoentesautopsiados,comanomaliasdaartéria coro-náriacomorigemnoseiocoronáriooposto,tiverammorte súbita1.
A incidência anual de morte súbita cardíaca entre os jovens atletas com ACOAA com origem no seio coronário oposto é entre 1:43.800 e 1:200.000, corresponde a 14-17%de todasasmortesde causacardíaca.A maiorparte dasmortesassociadasaessa alterac¸ãoocorre inesperada-menteemcrianc¸assaudáveisoujovensatletasduranteou imediatamenteapós o exercício físico e estão mais asso-ciadasa desportos como basquetebol, futebol,natac¸ão e atletismo25,27.
Amaioriadesseseventosocorreentreos10e30anos25.
Amortesúbitacardíacaemindivíduosmaisvelhosémenos comum,está normalmente associada afenómenos ateros-cleróticos.Essemenorriscoéprovavelmenteexplicadopela menorparticipac¸ãoemdesportosdealtaintensidade13.
Devidoàdistribuic¸ãoetáriadasuaincidência,essacausa demortetemgrandeimpactosocial,pelograndenúmerode anosdevidapotencialmenteperdidos28.
Apesardeaanomaliadaorigemdacoronáriadireitano seio coronário esquerdo ser aproximadamente seis vezes maisprevalentedoqueaanomaliadaorigemdacoronária esquerda,essapareceserresponsávelporaté85%doscasos demortesúbitacardíacarelacionadoscomACOAA,oquea tornaumaanomaliamaisletal13,25.Aoclusãodaartéria
coro-náriaesquerdaresultanumamacic¸aisquemiaanterolateral eseptal,seguidaportaquicardia/fibrilhac¸ãoventricularou enfarteextensodomiocárdioe choquecardiogénico.Sea oclusãofornaregiãoproximaldaartériacoronáriadireita, oenfarteresultanteédaregiãoinferiordomiocárdio,oque geralmentenãoéfatal6.
A artéria coronária com origem no seio coronário contralateralapresentacincopotenciaistrajetos:(1) pré--pulmonar:quenormalmentenãoapresentaconsequências hemodinâmicas, frequentemente envolve a artéria coro-náriaesquerda e é particularmente comumna tetralogia deFallot; (2) retroaórtico: com curso posterior à raiz da aorta, variante que também não apresenta significado
hemodinâmicoeenvolvefrequentementeaartéria coroná-riadireita;(3)interarterial:situadoentreaaortaeaartéria pulmonare que estáassociado a umpiorprognóstico;(4) transeptal:comcursosubpulmonar,emqueaartériamais envolvida é a coronária esquerda e (5) retrocardíaco: no sulcointerventricularauriculoventricularposterior16,29.
Brothers et al.14 apresentaram a primeira série de
casos de famílias com ACOAA com curso interarterial, na populac¸ãopediátrica,levantaramaquestãodeumapossível ligac¸ãogenética.Defacto,existemváriascausasgenéticas demortesúbitaemcrianc¸as,paraoqualestárecomendado orastreioparaidentificac¸ãodeoutrosparentes.Aindanão foramidentificadasalterac¸õesgenéticasresponsáveispelas ACACs.Noentanto,pelapossibilidadedeassociac¸ão fami-liardemonstrada,orastreiocomrecursoaecocardiograma nosparentesdiretospodeserimportantenaprevenc¸ãode mortesúbita14.
Apesar daevidenteassociac¸ãoentreACOAA e a morte súbita,aindanenhumestudodemonstrouomecanismoque explique essa relac¸ão. Acredita-se que a coronária está sujeita a compressão/oclusão durante o exercício físico, leva àisquemiado miocárdioe taquicardia oufibrilhac¸ão ventricular13,25. O mecanismo responsável por essa
com-pressão/oclusãoaindanãoéclaro,existemváriashipóteses propostas:
Cursointerarterial
A artéria coronária com origem no seio coronário oposto podeapresentarumtrajeto entrea aortaea artéria pul-monar,oquepodelevaraartériaanómalaasercomprimida entreessesdoisgrandesvasosduranteoexercíciovigoroso. Contudo, estudos com ecografia intravascular mostraram queoestreitamentodosegmentoproximaldacoronária anó-malaacontecemesmoquandoaartériapulmonarseafasta durante o ciclo cardíaco25. Adicionalmente,a baixa
pres-sãoverificadanaartériapulmonar,quandocomparadacom a pressão da artéria coronária, mesmo durante o esforc¸o físico,parecetambémnãojustificaressacompressão13,25.
Cursointramural
Muitos doentes com ACOAA apresentam um comprimento variável do segmento proximal da artéria coronária, com umtrajetonointeriordaparedeaórtica,antesdaentrada nomediastino25.Dessemodo,éplausívelqueaexpansãoda
aortaduranteoexercíciofísicopossacomprimiressaporc¸ão intramuraldaartériacoronária13,25.Essecomprimento
seg-mentaréumamedidadegravidade2.
VáriosestudosdeAngelini2demonstraramaimportância
dessa alterac¸ão, descreveram vários mecanismosde este-nose.Comrecursoàecografiaintravascularverificou-seque a circunferência do segmento intramural da artéria, com origemectópica,é20%-70%menordoqueosegmentodistal extramuraldamesmaartériacoronária2,25.Essa
discrepân-cia foi quantificada num índice de hipoplasia. As artérias que apresentam congenitamente esse trajeto na parede daaorta provavelmentenãocrescemnormalmente, antes ou depois do nascimento2. A secc¸ão transversal do
seg-mentointramuralnãoécircular,masovoide.Acompressão lateral de umaartéria, com essas características, resulta
numa menor área, relativamente à forma circular com a mesma circunferência2,25, e essa alterac¸ão pode ser
ava-liada pela razão de assimetria. Adicionalmente, Angelini2
demonstrouqueessesegmentocommenordiâmetroé pro-gressivamentemaiscomprimidoduranteasístoleequeesse comportamento estaria relacionado com modificac¸ões no volumesistólico(e consequentementena pulsatilidadeda aortaascendente)ecomtaquicardia---atravésdasimulac¸ão deexercíciofísicovigorosocomtestedestresscom dobu-taminaousobrecargahídrica2,25.
Provavelmentecomaidade,oespessamentoeoaumento darigidezdaparededaaortadiminuemasua distensibili-dade,diminuemoriscodemortesúbitanapopulac¸ãomais velha6.
Anomaliasnoóstio
Devidoaotrajetooblíquo,naregiãoproximal,queaartéria coronáriaanómalaapresenta,oóstiocoronáriopodeserde tipofenda,emvezdecircular.Dessaforma,podecolapsar, exercerefeitodeválvula,pelaexpansãoaórticadurantea sístoleeduranteoexercício,comprometeairrigac¸ão san-guínea.Adicionalmente,nãoéraroexistirumaestenoseno óstiocoronário.Essasalterac¸õespodemlimitaroaumento dofluxosanguíneo,inerenteaoexercíciofísico6,13,25.
Origememânguloagudo
Habitualmente perpendicular no indivíduo com anatomia normal, a artéria coronária anómala pode iniciar-se num ângulo agudo a partir da aorta, o que pode alterar o fluxosanguíneo13,26.Essaorigemoblíquapoderesultarem
lesão da íntima e espasmo coronário, desencadeado pela estimulac¸ãoadrenérgicasimpática,resultantedaatividade física6.Pelasalterac¸õesdefluxo,essaanomaliapodetornar
aartériamaissusceptívelaaterosclerose16.
A apresentac¸ão clínica dos doentes com ACOAAs é bastante variável, pode manifestar-se como dor torácica inespecífica, palpitac¸ões, dispneia ou síncope; mais rela-cionadas com o esforc¸o físico.Contudo, o indivíduo pode ser assintomático e a primeira apresentac¸ão ser a morte súbita1,25,30..Umestudomostrouquecercademetadedos
doentesqueapresentavamestaanomaliaemorreram subi-tamenteapósexercíciofísicoeraassintomática13.
Oexamefísiconamaioriadasvezesénormal,amenos queexistaumalesãocardíacaestruturalassociada.Assim, odiagnósticodessesdoentesconstituiumdesafio25.A
mai-oria dasACOAAs édescobertaincidentalmente,durante a angiografiacoronária,feitaemdoentescomdoenc¸a isqué-micaoudoenc¸avalvular26.
Oeletrocardiograma(ECG)ouaprovadeesforc¸opodem apresentaralterac¸ões sugestivasdeisquemia(ondasQ ou alterac¸õesnosegmentoST)ouarritmiacardíacas,masna maiorpartedasvezessãonormais.Essasalterac¸ões, espe-cialmenteemcrianc¸asoujovens,podemlevantarasuspeita de anomalias e ser o pontode partida para outros meios complementaresdediagnóstico29,31.
A imagiologia apresenta um importante papel na detec¸ão,categorizac¸ãoeestratificac¸ãodoriscodosdoentes comessasACOAAs15.
Opapel dacintigrafiadeperfusão miocárdicanãoestá totalmenteesclarecido.Váriosestudosdocumentaramque apenas uma pequena percentagem de indivíduos, inter-vencionada cirurgicamente, apresentava esse exame com alterac¸ões25.
O ecocardiograma transtorácico é o método de ima-gem mais usado para esse diagnóstico. É um excelente método, amplamente disponível, de baixo custo, não invasivo e que não expõe o indivíduo a radiac¸ão ioni-zante e por esses motivos deve ser preferido. É capaz de identificar artérias coronárias anómalas em indiví-duos jovens, pois a capacidade de observar a origem e os segmentos proximais das artérias coronárias é muito alta. A identificac¸ão da origem das artérias coroná-rias deve fazer parte da rotina de qualquer exame ecocardiográfico6,15. No entanto, vários estudos
demons-traram uma sensibilidade variável, justificada pela sua dependência do operador, da idade do doente e da anomalia em causa31,32. O ecocardiograma transesofágico
pode também mostrar a origem de ambas as artérias coronárias6,26.
Acoronariografiaconvencionaljáfoiconsideradaogold standard no diagnóstico das ACACs. No entanto, é um método invasivo e que usa radiac¸ão ionizante. Com a evoluc¸ão das técnicas de imagem, especialmente com a ressonância magnéticae a tomografia computorizada, foi possívelaavaliac¸ão tridimensionaldaorigeme dotrajeto dasartériascoronárias31,33.
A angiografia portomografia computorizada (angio-TC) ou angiografia por ressonância magnética (angio-RM) são métodosnãoinvasivos,muitasvezesusadosparaconfirmar odiagnósticodessasanomalias25.
A angio-RM é capaz de fornecer informac¸ões sobre a perfusãoe func¸ão miocárdica,viabilidade e fluxo arterial semrecorreràradiac¸ãoionizante.Contudo,emcrianc¸asé muitasvezesnecessáriorecorreràsedac¸ãoe,mais impor-tanteainda,nãoapresentaresoluc¸ãoespacialnecessáriae contrasteadequadosparaavaliaroóstioeocursoproximal daartéria coronária,de modoa distinguir curso intramu-raldeinterarterial.Tambémnãopermiteobterinformac¸ões sobreasalterac¸õesdinâmicasdolúmencoronárioduranteo ciclocardíaco25,34.
Osrecentesavanc¸osdaangio-TCcardíacatêmpermitido a obtenc¸ão de mais informac¸ão com essa técnica, assim comoouso dedosesmenoresderadiac¸ãoionizante.Com a angio-TC é possível definir com precisão a localizac¸ão, forma e angulac¸ão da origem de cada artéria coronária, o seu trajeto e a sua relac¸ão com os grandes vasos. A utilidadedessemeioauxiliaremdefiniraanatomiadas arté-riascoronáriastemsidoreportadaemdiversosestudos,tal comoevidenciouAmadoJetal.32bnumestudoretrospetivo
que comprovou autilidade deste examepara detec¸ão de ACACs9,34,35.
Um protocolo de diagnóstico proposto por Barriales--Villa26,paradoentescommenosde35anoscomsuspeita
dessas anomalias, define que na abordagem inicial deve ser feito ecocardiograma transtorácico, que permite a identificac¸ãodoóstio,mastemlimitac¸õesnoníveldo tra-jetodascoronárias.Sepersistiradúvidaouforimpossível aobservac¸ão da origeme dotrajeto dasartérias coroná-rias,deve-se optar porumecocardiogramatransesofágico ouangio-TC26.
A36a Conferência deBethesda,quedeu origema uma publicac¸ãoemabrilde2005,recomendaqueasanomalias dasartériascoronáriasdevamserconsideradasem atletas comsíncope associada ao exercícioouarritmias ventricu-laressintomáticaseinvestigadas,deve-serecorrerameios auxiliarescomoaecocardiografia,ressonânciamagnéticaou a tomografia computorizada. A angiografia coronária está indicadaseosestudosanterioresfalharemnodiagnóstico36.
Aabordagemterapêuticaéumdosaspetosmais contro-versos, umavez que nãoexistem orientac¸ões oficiais26,27.
Aslinhasdeorientac¸ãorelacionadascomadoenc¸acardíaca congénitadaSociedadeEuropeiadeCardiologiasãoomissas quantoàabordagemterapêuticadessesdoentes37.
Emindivíduoscommenosde30anos,comevidênciade isquemia ou arritmias ventriculares e com sintomas mais graves como a síncope, é consensual que deve ser ofe-recida a opc¸ão cirúrgica. Contudo, a gestão dos outros doentes permanececontroversa,nomeadamente dos indi-víduos assintomáticos com idade inferior a 30 anos sem isquemia documentada e doentes sintomáticos mas sem isquemiadocumentada, em que os sintomas não revelam com fiabilidade a existênciade isquemia1,6. É importante
considerarque a mortesúbita éum eventoraro em indi-víduos com idade superior a 30-35 anos e que nos mais velhos,assintomáticos, orisco decomplicac¸ões decorren-tesdacirurgiasuperaobenefícioterapêutico eacirurgia deveserevitada1,27.
Noqueconcerneaoexercíciofísico,asrecomendac¸ões sugerem a restric¸ão da prática de «desporto de competic¸ão». Essa definic¸ão é vaga e o seu cumpri-mento pelas crianc¸as e jovens pode ser um problema. Alémdisso,apossibilidadedemortesúbitacomexercícios mínimosnãoésalvaguardada.Poroutrolado,emcrianc¸as ejovensativos,obenefíciopodesermenordoqueorisco, pois a atividade física regular constitui uma componente importantedocrescimentoedesenvolvimento, com bene-fíciospsicológicosenasaúdefísicobemconhecidos.Vários autores sugerem que a atividade curricular da disciplina deeducac¸ão física pode ser feitadesde que nãoenvolva exercícioextenuante1,25.
Uma atitude de vigilância ou a terapêutica médica combloqueadoresbeta têmsidopropostas,comaparente sucesso.No entanto,os estudosque envolvemessa abor-dagemtêmseguimentosinferioresadois anos.Háregisto deapenasumestudo38 comseguimentodecincoanos,em
que foram usados bloqueadores beta em indivíduos com média de 55 anos e com a artéria coronária direita com origemnoseio coronáriooposto,sem aterosclerosee não submetidosacirurgia em quenãoforamreportadoscasos demortesúbita. Adicionalmente,essesfármacossão usa-dos em outrascondic¸õesque predispõem a morte súbita, comoacardiomiopatiahipertróficaousíndromecongénita doQTlongo.Porisso,adecisãodeinstituirterapêutica pre-ventiva com bloqueadores beta deve ser cuidadosamente avaliada1,39.
O tratamento cirúrgico inclui várias técnicas: bypass
coronário,reimplantac¸ãodovasoanómalonoseio coroná-riocorreto,ostioplastiaoutranslocac¸ãodaartériapulmonar para reduzir o risco de compressão do vaso anómalo (se esseapresentar umtrajeto interarterial). Recentemente, o unroofingdovaso anómalo noseu segmento intramural tornou-sedasopc¸õesmaisusadas4,25.Contudoessa última
técnicaapresentaumriscodeatingimentodaválvulaaórtica composteriorinsuficiência1.
Devido às controvérsias em torno desse tema, Mery etal.25criaramumalgoritmoclínico(figura1),baseadona
evidênciadaliteraturaexistenteàdata,equeéuma tenta-tivaparaaorientac¸ãoinicialdessesdoentes,épassívelde revisãoconsoanteaevidência25.
Esse algoritmo preconiza que todos os doentes com ACOAAsejamobservadospordoiscardiologistasefac¸amum conjuntodeexamespadronizados:ecocardiograma, angio--TC e cintigrafiade perfusão miocárdica. Posteriormente, todos os doentes são discutidos num programa multidis-ciplinar dedicado às ACAC, de modo a decidir a melhor estratégia a seguir. Aos indivíduos com artéria coronária esquerdacomorigemnoseiocoronário opostoéproposta intervenc¸ão cirúrgica.Aosque apresentem outras anoma-lias, a intervenc¸ão cirúrgica é proposta se apresentarem sintomas ou se osexames auxiliares de diagnóstico reve-laremalterac¸õesdealtorisco,taiscomoumlongotrajeto intramural dacoronária anómala oualterac¸ões dinâmicas doóstiocomociclocardíaco.Todososdoentessão acom-panhadosclinicamenteemintervalosdefinidos.Arestric¸ão deexercíciofísicodinâmicoéaconselhadaapenasaos doen-tesqueaguardamintervenc¸ãocirúrgicaouquearecusaram. Paraosdoentessubmetidosacirurgia,arestric¸ãoda ativi-dadefísicacessatrêsmesesapósaintervenc¸ão,seodoente estiverassintomáticoeseosexamesauxiliaresnão demons-traremalterac¸ões.
Por fim,é importante realc¸ar que qualquer explicac¸ão para amorte súbita relacionada comasACOAAs deve ter em conta certos factos, que têm sido bem documenta-dos:(a)amortesúbitaestáfrequentementeassociadacom ou imediatamenteapós o exercício físico vigoroso; (b) os indivíduosquemorremsubitamente,namaioriadasvezes, fazem o mesmo ou maior nível de atividade física sem qualquer sintoma, o que sugere que esse mecanismo de obstruc¸ão/compressãoé intermitentee imprevisível;(c)a morte súbita associada a essas anomalias é rara após os 30anos;(d)oECG,provadeesforc¸oeecocardiogramaantes ou depois deum episódio de paragem cardiorrespiratória súbitarevertidasãonormalmente negativos.Dessaforma, éprovávelquenessesdoentesaisquemiadomiocárdionão sejaprovocada com areproduc¸ão doexercício que preci-pitouoevento;(e)sejaqualforomecanismoresponsável pelaoclusão/compressãodaartériaanómala,éprovávelque envolvaaporc¸ãomaisproximaldaartéria.Nosdoentesque sobrevivemao episódiodeisquemiadomiocárdio,o terri-tório irrigadopor essa artéria torna-seumsubstrato para arritmiasventricularesmalignas6.
Artéria
coronária
esquerda
com
origem
na
artéria
pulmonar
Apesar de ser uma anomalia congénita mais rara que a ACOAA, tem um elevado significado clínico. Também conhecida por síndrome de Bland-White-Garland, nome dos autores que fizeram a primeira descric¸ão clínica, em 193340,apósaautópsiadeumlactentedetrêsmeses.Esse
apresentava dificuldade na alimentac¸ão, cardiomegalia e evidência de lesão no ventrículo esquerdo no ECG. No entanto, a descric¸ão anatómica dessa anomalia foi
Sintomas devido a isquemia - PCR revertida
- Síncope em esforço
- Outros sintomas altamente sugestivos de isquemia de esforço
Anatomia de alto risco (imagiologia) - intramural
- óstio anómalo
Grandes alterações na perfusão (CPM ou RM de perfusão em stress)
Intervenção cirúrgica£
Restrição do exercício até cirurgia**
Seguimento pós-operatório a curto-prazo - 1 semana: seguimento cirúrgico - 1 mês: consulta de cardiologia com ECG, ecocardiograma
- 3 meses: consulta de cardiologia com ECG, CPM, TC, RM de perfusão em stress - 6 meses: consulta de cardiologia com ECG Sem restrição do exercício após 3 meses++
Seguimento a longo-prazo - Consulta anual - ECG anual
- Ecocardiograma a cada 2 anos (opcional) - Prova de esforço a cada 2 anos (opcional)
Sintomas ou testes com alterações
Sem intervenção cirúrgica
Sem restrição de exercício Não Sim
Doente com artéria coronária com origem anómala na aorta
Consulta de cardiologia pediátrica Exames auxiliares de diagnóstico* - ECG
- CPM#
- RM de perfusão em stress#
Discussão numa consulta de grupo multidisciplinar
Origem anómala da coronária esquerda do seio direito
Outras anomalias coronárias (origem anómala da coronária direita do seio esquerdo; coronária única; estenose do óstio)
Figura1 Meryetal.criaramumprogramamultidisciplinarem2012,paraacriac¸ãodeumalgoritmoclínico. *Estudosadicionaispodemserpedidos,dependemdaavaliac¸ãoclínica.
–lEcocardiogramafeitonoexteriornãoprecisadeserrepetidoseoestudofoiadequado.
#Essesexamesnãosãonecessáriosemdoentescomparagemcardiorrespiratóriarevertida.ARMdependedaidadeecolaborac¸ão dodoente.
–l–lTCfeitanoexteriorpodeserusadaseasimagensestiveremdisponíveiseoestudofornecertodaainformac¸ãonecessáriaparaa tomadadedecisão.
£Unroffingsesegmentointramuralsignificativo,criac¸ãodeumnovoóstiooutranslocac¸ãosesegmentointramuralatrásdacomissura, translocac¸ãodacoronáriaouostioplastiasenãoexistirsegmentointramural.Emdoentesentre10-35anos,osoutroscasoacaso. **Restric¸ãonaparticipac¸ãoemdesportoscompetitivosouexercícioscomcomponentedinâmicamoderadaoualta(maisde>40% deusodeoxigéniomáximo;exemplo:natac¸ão,futebol,basquetebol).
++indivíduosnopós-operatóriosãoautorizadosapraticarqualquerexercíciooudesportocompetitivocombasenaavaliac¸ãoao 3◦mês,queincluiresultadosdaCPM,RMdeperfusãoemstressouTC.
ACOAA:artériacoronáriacomorigemanómalanaaorta,CPM:cintigrafiadeperfusãomiocárdica,ECG:eletrocardiograma,PCR: paragemcardiorrespiratóriarevertida,RM:ressonânciamagnética,TC:tomografiacomputorizada.
inicialmentefeitaporBrooks41,em1883.Agrandemaioria
morrenoprimeiroanodevida,senãoforfeitacirurgia,o queacontece até90% das crianc¸as. Desse modo,é pouco frequente que indivíduos com essa alterac¸ão cheguem à idadeadultasemumaintervenc¸ão42,43.AACEOAPapresenta
umaincidênciade1:300000nascidosvivos.Essaanomalia é um importante diagnóstico diferencial perante uma crianc¸acom insuficiência cardíaca e podeestar associada aoutras malformac¸ões, como comunicac¸ãointerauricular, interventricularoucoartac¸ãodaaorta43,44.
Váriasteoriastêmsidodescritasparaexplicaraorigem deuma artériacoronária na artéria pulmonar, especifica-menterelacionadascomadivisãoembriológicadotruncus arteriosus. Assumindo que as artérias coronárias surgem como dois botões endoteliais, pode ocorrer a deslocac¸ão dolocaldeorigemdeumaouambasasartériascoronárias paraaregiãodotruncusarteriousquedaráorigemàartéria pulmonar.Outrapossibilidadeéadivisãoanómalado trun-cus,peloseptoem desenvolvimento,edaqualresultaráa incorporac¸ãodeumadasorigensdasartériascoronáriasna artériapulmonar42.
Osdoentes comACEOAPgeralmenteapresentam sinto-masprecoces,habitualmentenoprimeiroanodevida,com isquemiacrónicae consequenteinsuficiência cardíaca. Os lactentestipicamentetêmdificuldadesnaalimentac¸ão, irri-tabilidade,diaforese,taquipneiaetaquicardiaeporvezes dor torácica, devido à isquemia do miocárdio. Se exis-tir circulac¸ão colateral suficiente entre as duas artérias coronárias,osdoentespodemserassintomáticosdurantea infância.Numafasemaistardia,surgirádispneia,dor torá-cica,síncope,intolerânciaaoexercíciofísicoouemúltima instância,mortesúbitadevidoaisquemiaagudaduranteo exercícioou a arritmias ventricularesgeradas apartir do tecidocicatricialmiocárdico42.
Foram propostas quatro fases para explicar os sinto-masea progressãodessaanomalia43.No primeiromêsde
vida, a hipertensão pulmonar fisiológica e a hemoglobina fetal fornecem a perfusão e oxigenac¸ão para o miocár-dio,osindivíduosestãoassintomáticos16,43.Posteriormente,
numa segunda fase, pela diminuic¸ão da pressão pulmo-nar e dos níveis de oxigénio16,43, há muitas vezes uma
descompensac¸ão, que leva a umadiminuic¸ão daperfusão coronáriae isquemiadaparedeanterolateral. Essa isque-miaéagravadaduranteaalimentac¸ãoouochoro,situac¸ões emqueanecessidadedeoxigénioémaior.Aisquemia cró-nica,comconsequenteinsuficiênciacardíacaeassociadaa insuficiênciamitral,podeterrepercussõesnodiagnóstico, como surgimentodeondasQSnasderivac¸õesprecordiais, dilatac¸ão ventricular esquerda e insuficiência mitral fun-cional, nos casos mais graves. Se essa fase for tolerada, então ocorrem alterac¸ões compensatórias e remodelac¸ão domiocárdioao longodotempo43. Aterceira faseé tida
como uma fase de sobrevivência até a idade adulta, na qualsedesenvolvemcolateraisintercoronárias,apartirda circulac¸ão direita, e que mantêm a perfusão do territó-rio da artéria coronária esquerda16,43. Nessa última fase,
ocorre um shunt da artéria coronária direita, via colate-rais,paraacoronáriaesquerda43,cria-seassimumsistema
demaiorpressão em relac¸ãoà artéria pulmonar, inverte--se o fluxo da artéria coronária esquerda anómala para a artéria pulmonar16. Esse é um exemplo do fenómeno
de roubo coronário. Os doentes tornam-se sintomáticos,
podemapresentardortorácicaanginosa,fadiga,dispneia, palpitac¸ões,arritmiasventriculares,hipertensãopulmonar emortesúbita16,43.Àmedidaqueaidadeavanc¸a,esses
indi-víduosadaptam-senãosóàisquemiacrónicaprovocadapela artériacoronáriaesquerdaanómala,mastambémaoshunt
entreo sistemaarteriale venoso.Paraalémdaformac¸ão decolateraisedadominânciadaartériacoronáriadireita, ocorreestenosedoóstioourestric¸ãodaaberturadaartéria coronáriaesquerdaanómalanaartériapulmonar,diminui-se oshunt, comconsequentediminuic¸ãodoroubocoronário. Porfim,desenvolvem-secolateraisdasartériasbrônquicas paraomiocárdio,oqueaumentaaperfusão.Asalterac¸ões nodesenvolvimentodessas adaptac¸ões contribuempara a morbilidadeemortalidade,umavezqueadisfunc¸ão sistó-licaedilatac¸ãodoventrículoesquerdoresultamdeisquemia crónicadomiocárdio45,46.
O ECG dos doentes portadores dessa anomalia pode mostrarevidênciadeisquemiaouenfartedaparede antero-lateral(alterac¸õesdosegmentoST,ondasQemDI,aVL,V5 eV6).Contudo,20a45%dosdoentesnãoapresentamessas alterac¸ões29.
Odiagnóstico dessaanomalia requerumgrande índice de suspeic¸ão clínica, que no passado era confirmado por angiografia coronária42,43. Esse não se baseia apenas na
observac¸ãodaorigemdaartériacoronáriaesquerdana arté-riapulmonar,mastambémdofluxoretrógradodacoronária esquerdaanómalaparaaartériapulmonar.Atualmente, o ecocardiogramatranstorácicopermiteobservaressa carac-terística tão sugestiva, confirma o diagnóstico e permite ver a origemda artéria, a dilatac¸ão da artéria coronária direita, a dilatac¸ão cardíaca com insuficiência cardíaca e insuficiência mitral associadas31,42,43. A ressonância
mag-nética e a tomografia computorizada também são usadas para confirmar o diagnóstico, embora sejam particular-menteimportantesnoseguimentopós-operatório29.
Odiagnóstico dessa anomalia congénitanuma crianc¸a, gravementedoente,éindicac¸ãocirúrgicadeurgência.Em crianc¸as, o objetivo é restabelecera perfusão coronária, preservaro miocárdioe permitir arecuperac¸ão dafunc¸ão ventricular esquerda. O tratamento definitivo padrão da ACEOAP é a reimplantac¸ão direta da artéria coronáriana aorta, que restabelece o sistema coronário normal31,46,47.
Noscasosemqueessatécnicanãoépossível,existem técni-casalternativas,comoacriac¸ãodeumtúnelintrapulmonar, queligaoóstiodaartériacoronáriaanómalaàaorta(técnica deTakeuchi)47.
As anomalias na origem da artéria coronária direita na artéria pulmonar são extremamente raras, com uma incidência de 0,002%. De 25 a 30% estão associados a outras anomalias cardíacascongénitas45. Essas alterac¸ões
são assintomáticas em mais de 75% dos casos e sem evi-dência de isquemia do miocárdio. Estão descritos poucos casosdeepisódiosdemortesúbitacardíacaeinsuficiência cardíaca11,29,48.
Conclusão
AsACACssãoumgrupoheterogéneodealterac¸ões congéni-tasraras,cujasmanifestac¸õessãomuitovariáveis.Apesar deamaioriaserbenigna,algumassãopotencialmente gra-ves,causamisquemiadomiocárdioemortesúbita.Amaioria
dessas anomalias é assintomática, com exame físico sem alterac¸ões,requererumaltoíndicedesuspeic¸ãoclínica.
Aartériacoronáriacomorigemnoseiocoronáriooposto constituiumaimportanteentidadedasACACs,quemaisse encontraassociadaàisquemiadomiocárdioeemparticular àmortesúbita.Asuspeic¸ãoclínicadeveseralta, principal-menteem indivíduosjovenscomdortorácica,dispneiaou síncope relacionada com o exercíciofísico. O tratamento dessetipodeanomaliaséumdosaspetosmais controver-sos,nãoexistemaindaorientac¸õesclínicasoficiais,esseé umaspetoquedeviaseralvodemaiorinvestigac¸ão.
Anaturezaeidadedeapresentac¸ãodaACEOAPsão variá-veis e dependentes dacirculac¸ão colateralexistente. Em crianc¸ascomsintomasdeinsuficiênciacardíaca,alterac¸ões no ECG e diminuic¸ão da func¸ão sistólica do ventrículo esquerdo,deve-se suspeitardessaanomalia.Otratamento cirúrgicoapresentabonsresultadosmesmonosdoentescom disfunc¸ãoventricularesquerdagraveeinsuficiênciamitral. Devidoàsrepercussõeshemodinâmicasqueessas anoma-liasapresentam,oseudiagnósticoetratamentoprecocesão fundamentais.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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